sexta-feira, 11 de maio de 2012

A mãe de Moisés

Por Elben César
 
Meu nome é Joquebede, que quer dizer “Jeová é a minha glória”. Tenho algumas lembranças muito tristes, como o estupro de minha tia Diná e a vingança cruel que meu pai Levi e meu tio Simeão infligiram aos siquemitas. Sou casada com Anrão, que é meu sobrinho. Para mexer comigo, meu marido, de vez em quando, me chama de tia. Somos tementes a Deus. Acabamos de sair do Egito e estamos acampados ao pé do monte Sinai. Faraó custou a nos deixar sair e só o fez depois de grandes manifestações de julgamento da parte de Deus. Meus filhos Moisés e Arão foram os instrumentos que Deus usou para nos retirar do Egito. Nosso destino é Canaã, a terra que mana leite e mel,prometida aos nossos antepassados Abraão, Isaque e Jacó, que a percorreram de ponta a ponta. Estou bem avançada em anos. Não sei se chegarei até lá. Mas sinto-me realizada e profundamente grata a Deus por todos os seus benefícios.
 
Salvo do genocídio
 
Estou me lembrando agora de quando fiquei grávida pela terceira vez, há oitenta anos. A essa altura já tínhamos uma filha e um filho: Miriã e Arão. Os tempos eram muito difíceis. Faraó começava a apertar o cerco contra nós. Não valia a pena colocar mais filho no mundo. Anrão e eu evitávamos o relacionamento físico naqueles dias em que certamente poderia ocorrer uma gravidez. Mas houve um lapso e fiquei esperando um bebê. Orávamos diariamente para que fosse uma menina, porque Faraó havia ordenado a matança pura e simples de qualquer criança do sexo masculino nascida entre os hebreus. Era uma questão de segurança nacional, justificava o rei do Egito. Achamos por bem esconder a gravidez. Então passei a usar roupas ainda mais largas. De vez em quando uma comadre me dizia que eu estava engordando e eu, naturalmente, concordava com ela para encerrar a conversa o mais rápido possível. O parto foi bem discreto: meu marido mesmo cuidou de mim. Não era a menina que havíamos pedido insistentemente a Deus, mas um menino robusto e formoso. Todos nos entreolhamos e assumimos a situação. Como ninguém sabia da gravidez, resolvemos ocultar também a própria criança.
 
A tarefa não foi fácil. As fraldas eram lavadas e estendidas dentro de casa para não chamar a atenção das pessoas. Acho que nenhum recém-nascido tomou tanto mel quanto esse nosso filho: mal ele começava a chorar, Miriã pingava uma gota de mel na boca do garoto. Se insistisse no choro, a família inteira entoava o mais alto possível os cânticos do Senhor. Éramos conhecidos como a família cantante. Não podendo escondê-lo por mais tempo, calafetamos com betume e piche um pequeno cesto de junco e nele colocamos o menino, então com 3 meses de idade. Eu mesma levei o cestinho e o larguei no carriçal à beira do rio Nilo, nas proximidades do sítio onde a filha de Faraó costumava banhar-se. Era um lugar mais ou menos seguro, longe da correnteza, a salvo dos crocodilos, da famosa tilápia nilótica (que chega a pesar 90 quilos) e do peixe-elétrico (que é capaz de produzir uma descarga de 300 a 400 volts). Meu medo maior era de um tipo de cobra venenosa chamada naja haie, comum no Egito. Mas todo o nosso plano foi preparado na presença e na dependência de Deus, com muita oração. Desde o nascimento do menino, tive o pressentimento de que ele era formoso também aos olhos de Deus. Voltei para casa e deixei Miriã nas proximidades do lugar onde o menino ficara.
 
Salvo das águas
 
Deus fez infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos. O plano deu certo. A filha de Faraó desceu ao rio dos rios e logo viu o estranho cestinho. Curiosa, ela mesma o tomou e o abriu. Meu filho chorava — estava molhado de xixi, com fome e sem as gotinhas de mel de Miriã — e a princesa se ligou imediatamente a ele. Ela era uma das sessenta filhas de Ramessés II e se chamava Merris. A jovem logo percebeu que o menino era filho de hebreus e o adotou. Nesse momento, Miriã entrou em cena e se ofereceu para chamar uma mulher hebreia para amamentar a criança até o desmame. A princesa deu o seu consentimento — afinal o garoto estava morto de fome e chorava sem parar. Minutos depois, lá estava eu com meu próprio filho ao seio, sem que Merris soubesse que eu era a mãe dele. Por ironia da história, até recebi salário para cuidar do menino. A filha de Faraó deu-lhe o nome de Moisés, que significa “salvo das águas”. Só então percebi que nossas orações devem ser flexíveis e inteiramente sujeitas à vontade e à sabedoria de Deus. Felizmente, o Senhor não as ouviu ao pé da letra, quando lhe pedíamos que viesse uma menina e não um menino.
 
Salvo dos prazeres transitórios do pecado
 
Além de alimentar Moisés e lhe dispensar outros cuidados físicos, transmiti-lhe as primeiras impressões e informações recebidas de nossos ancestrais sobre Deus e sobre o nosso povo. Porém ele foi educado em toda a ciência dos egípcios. Tornou-se um homem poderoso em palavras e obras. Aos 40 anos, ele recusou ser chamado filho da filha de Faraó e se identificou conosco, preferindo ser maltratado junto com o povo de Deus a usufruir prazeres transitórios do pecado. Abandonou o Egito e permaneceu firme como quem vê aquele que é invisível. Mais tarde, já casado e com dois filhos, Deus lhe apareceu na terra de Midiã, numa chama de fogo, e o comissionou para liderar o êxodo de Israel.
 
Ao voltar ao Egito, aconteceu uma coisa terrível: Deus veio ao seu encontro numa estalagem e o quis matar. Pode parecer muito estranho o Senhor querer destruir o instrumento que Ele mesmo escolheu, preparou e equipou. Moisés e Zípora, sua mulher, logo entenderam que tratava-se de uma advertência divina para que eles circuncidassem os filhos, cumprindo assim “o sinal da aliança” dado por Deus a Abraão e aos seus descendentes.
 
Quanto ao êxodo e à nossa viagem até aqui, ao pé do monte Sinai, privo-me de narrar todos os fatos para não me alongar demais. Há vários dias, Moisés se encontra no alto do monte de Deus. Aqui embaixo há uma certa inquietação e uma movimentação que começa a me preocupar. Estou orando muito por Arão, três anos mais velho que Moisés. A responsabilidade dele é muito grande.
 
Nota
Retirado do livro Deixem Que Elas Mesmas Falem, de Elben César.
O título original é “Meu filho é homem. E agora?”.
Fonte: Ultimato
 
Extraído de www.ministeriobbereia.blogspot.com

Epiritualidade Egolátrica

Por Carlos Queiroz
Na espiritualidade ególatra, o sacerdote se confunde com a divindade.
A egolatria não é o simples cuidado do indivíduo consigo mesmo. Cuidar de si mesmo, afinal, é uma virtude. Quando praticamos o cuidado conosco mesmos, aprendemos a amar mais as pessoas. A egolatria não é também um sentimento de egoísmo. O indivíduo egoísta tem a expectativa de que todas as coisas e pessoas estejam em torno de seus interesses. Sem dúvida, isso é pecado; mas não é, ainda, um culto ao ego. Isso porque, enquanto o egoísta deseja que todas as coisas existam para atender seus interesses, o ególatra acredita que tem o poder para mover todas as coisas e pessoas em torno de si. A principal marca do ególatra é a cobiça, às vezes demonstrada por atitudes extremas. Tal sentimento foi muito bem exemplificado na proposta do diabo a Cristo: “Tudo isso te darei se, prostrado, me adorares.”  
A egolatria é mais danosa do que a idolatria. E existe, lamentavelmente, uma espiritualidade ególatra, aquela que é caracterizada pela prática religiosa cujas celebrações e liturgias favorecem a promoção de personalidades. Na idolatria, a divindade é inanimada; o ídolo não controla a situação. Já na egolatria, o ego-deus tem boca e fala; tem nariz e cheira; tem pés e anda. Ele tem uma inteligência cheia de artimanhas; em geral, possui carisma e cativa as massas. O ego-deus consegue passar a ideia de que foi o único dotado para uma missão especial – assim, possuiria poderes especiais, como uma capacidade mística de desvendar os mistérios escondidos no além e trazer revelações sobrenaturais.
Nas instituições caracterizadas pela egolatria, há a necessidade de intermediários entre os devotos e o divino. Por essa razão, os cargos e papéis espirituais são uma espécie de concessão do ego-deus a esses intermediários, sob a condição de trocas simbólicas e materiais. Diante de um ego-deus, todos os seguidores obedecem, sem o mínimo de discernimento. Qualquer atitude crítica é denunciada como rebeldia intolerável. A egolatria é marcada pela necessidade de promoção pessoal, vanglória e arrogância. Os ególatras necessitam de títulos que os façam diferentes. Em se tratando da vocação pessoal, os dons e ministérios não representam habilidades para servir às pessoas; eles são, isso sim, títulos particulares, espécie de insígnias ostentadas como demonstração de poder e domínio. Nos ambientes marcados pela egolatria, títulos que, em si mesmos, em nada credenciam seus detentores como sobre-humanos – como pastor, padre, bispo, apóstolo –, assumem um significado de divinização de indivíduos em seus feudos religiosos e redes de submissão ao seu controle.
Na espiritualidade ególatra, o sacerdote se confunde com a divindade. O agente mágico e a divindade fundem-se numa só personalidade. Mas o ego-deus é materialista, possessivo, vingativo; seu discurso não glorifica ao único Deus, Senhor dos céus e da terra, mas favorece a própria dominação, estimula a vassalagem dos seguidores e legitima a dinâmica do poder. A legítima pregação bíblica é substituída por um discurso caracterizado por frases-feitas e palavras de ordem supostamente capazes de mover a mão divina, decretar a bênção e promover bem estar físico e material aos adeptos – normalmente, em troca dos chamados sacrifícios, quase sempre realizados através do dinheiro.
Se, numa determinada comunidade, as pessoas estão dando mais ênfase à experiência espiritual que isola, discrimina os de fora e põe os supostamente espiritualizados em pedestais, é bem provável que estejamos diante da espiritualidade egolátrica, e não do modelo proposto por Jesus Cristo. No Evangelho de Cristo, o que é aparentemente oculto é revelado aos pequeninos do seu Reino. As boas novas “escondidas” em Deus, de fato, estavam sempre presentes; todavia, os seres humanos sofisticados não compreenderam a singeleza dessa mensagem: a de que aos pobres e aos pequeninos é que foram reveladas as boas novas a respeito do Reino de Deus (Lucas 10.18-19). As “revelações” recebidas pelos poderosos dos empreendimentos religiosos não dizem respeito à mesma revelação anunciada pelo Filho de Deus aos pobres e pequeninos.
É muito importante que saibamos discernir entre a espiritualidade revelada por Jesus de Nazaré e aquela praticada nas ambiências egolátricas da cristandade brasileira.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Solilóquio, uma conversa no espelho
 
A marca distintiva da sociedade contemporânea é a superficialidade. Somos rasos em nossas avaliações. Falta-nos reflexão. Falta-nos introspeção. Estamos atarefados demais e cansados demais para examinarmo-nos a nós mesmos. Corremos atrás de coisas e perdemos relacionamentos. Sacrificamos no altar das coisas urgentes, as coisas que de fato são importantes. Como muito bem afirmou George Carlin, num artigo sobre o paradoxo do nosso tempo: “Multiplicamos nossos bens, mas reduzimos nossos valores. Falamos demais, amamos raramente e odiamos frequentemente. Aprendemos a sobreviver, mas não a viver; adicionamos anos à nossa vida e não vida aos nossos anos. Fomos e voltamos à lua, mas temos dificuldade de cruzar a rua e encontrar um novo vizinho. Conquistamos o espaço sideral, mas não o nosso próprio espaço. Fizemos muitas coisas maiores, mas pouquíssimas melhores. Limpamos o ar, mas poluímos a alma; dominamos o átomo, mas não nosso preconceito. Construímos mais computadores para armazenar mais informação, mas nos comunicamos cada vez menos. Estamos na era do fast-food e da digestão lenta; do homem grande de caráter pequeno; lucros acentuados e relações vazias. Essa é a era de dois empregos, vários divórcios, casas chiques e lares despedaçados”.

Solilóquio é conversar consigo mesmo. É olhar nos olhos daquele que vemos no espelho e enfrentá-lo sem subterfúgios. É entrar pelos corredores da alma e não escapar pelas vielas laterais. É lidar com o nosso mais difícil interlocutor. É falar com o nosso mais exigente ouvinte. A introspecção, porém, é uma viagem difícil de fazer. Olhar para dentro é mais difícil do que olhar para fora. É mais fácil falar para uma multidão do que conversar com a nossa própria alma. É mais fácil exortar os outros do que corrigir a nós mesmo. É mais fácil consolar os aflitos, do que encorajar-nos a nós mesmos. É mais fácil subir ao palco e pregar para um vasto auditório do que conversar com aquele que vemos diante do espelho.


O salmista, certa feita, estava muito triste e percebeu que precisava endereçar sua voz não para fora, mas para dentro. Então disse: “Por que estás abatida ó minha alma? Por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, a ele, meu auxílio e Deus meu” (Sl 42.11). É preciso dizer à nossa alma que a tristeza não vai durar para sempre. Devemos levantar nossos olhos e saber que Deus está no controle da situação, ainda que agora isso não seja percebido pelos nossos sentidos. Devemos proclamar, em alto e bom som para nós mesmos, que o louvor e não o gemido; a alegria e não o choro é que nos esperam pela frente. Não nos alarmemos com nossas angústias; consolemo-nos com as promessas de Deus.


Não basta reflexão, é preciso introspecção. Não basta falarmos aos outros, precisamos falar a nós mesmos. Não basta lançarmos mão do diálogo, precisamos de solilóquio. O salmista, disse certa feita: “Volta minha alma ao teu sossego, pois o Senhor tem sido generoso para contigo” (Sl 116.7). Muitas vezes, ficamos desassossegados, quando deveríamos estar em paz. Curtimos uma grande dor na alma, quando deveríamos estar experimentando um bendito refrigério. E por que? Porque deixamos de pregar para nós mesmos. Deixamos de exortar nossa própria alma. Deixamos de fazer viagens rumo ao nosso interior. Deixamos de conversar diante do espelho. Deixamos o solilóquio. É preciso alertar, entretanto, que o solilóquio só é saudável, quando estamos na presença de Deus, quando nossa esperança está em Deus, quando encontramos em Deus nosso refúgio e fortaleza, quando podemos dizer como o salmista: “Espera em Deus, pois ainda o louvarei, a ele, meu auxílio e Deus meu”.


Rev. Hernandes Dias Lopes

O Que Vai Rolar no Congresso do Mackenzie sobre Cristianismo e Cultura

São raros os eventos no Brasil que tratam da relação entre o Cristianismo e a Cultura, com ênfase nas artes. Vejam o que vai ser abordado no Congresso do Mackenzie semana que vem sobre Cristianismo e Cultura. Não dá para perder!!!
  • Nancy Pearcey – “Estratégias para Cristãos numa Era de Secularismo Global”
  • Nancy Pearcey – “Sexo, Mentiras, e Secularismo”
  • Nancy Pearcey – “O Que Aconteceu com a Mente Cristã?”
  • Nancy Pearcey – “Apologética Cristã e os Dois Caminhos para o Secularismo”
  • Davi Charles Gomes - "Ars nostrum: Reflexões sobre uma visão cristã da arte e da cultura pop"
  • F. Solano Portela Neto – “Educação Cristã e Cultura: Desconstruindo um Falso Dilema”
  • Paulo Romeiro – “Pentecostalismo e Cultura: Distanciamentos e Aproximações”
  • Ricardo Bitun – “Nomadismo religioso: Desafio (pós)moderno ao Cristianismo”
  • J. Richard Pearcey – “Cosmovisão e Impacto Cultural: Uma Estrutura para a Resistência e Mudança Positiva em um Mundo Quebrado”
  • Guilherme Carvalho – "A Teologia Natural e a tarefa do artista cristão contemporâneo"
  • Guilherme Carvalho – "Fé Cristã na Era do Narcisismo"Fernando de Almeida – "Graça Comum: A relação do Cristão com a Cultura sob uma ótica reformada"
  • Wallace Tesch Sabaíni – “O mundo ocidental Cristão e as novas tendências de comportamento da sociedade”
 As inscrições podem ser feitas no site do Mackenzie.

Missões: Precisamos ir além


 
 
 
 
 
 
 
 
 
Em Jerusalém a promessa fora cumprida e no dia de pentecostes todos os que estavam reunidos foram revestidos com o poder do Espírito Santo. Milhares de pessoas se convertiam e eram batizadas. Viviam num ambiente de extraordinária comunhão. “Da multidão dos que creram eram um o coração e a alma” (At 4.32). Imagino o quanto deveria ser bom conviver naquela comunidade cristã. Pessoas que se desfaziam de seus próprios bens pelo prazer de ajudar o próximo, que diariamente estavam no templo adorando a Deus com fervor e que perseveravam na sã doutrina.

As coisas estavam caminhando quase que perfeitamente a não ser por um único detalhe. O evangelho também precisara ser anunciado em outras regiões e não apenas poderia ficar restrito aos irmãos de Jerusalém. “E sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como na região da Judéia e Samaria e até aos confins da terra” (At 1.8).  Foi em meio a este contexto que os cristãos começaram a enfrentar o que conhecemos como a primeira perseguição à Igreja primitiva desencadeada através da morte do piedoso Estevão. O diácono foi apedrejado e morto, após ter sido condenado pelo Supremo Tribunal de Jerusalém. A maioria dos judeus convertidos exceto os apóstolos foram obrigados a ir para outras regiões, devido o atormento causado pelos lideres religiosos judeus. Este acontecimento por mais que tenha sido doloroso, deve ser visto como a soberana intervenção de Deus na historia da Sua igreja, pois este acontecimento foi um fator providencial que contribuiu diretamente para que o evangelho começasse a ser difundido entre os gentios.

Quando olhamos para as Comunidades Evangélicas atuais, vemos que estas estão cada vez mais bem estruturadas. Tanto fisicamente através de seus templos que oferecem o máximo de conforto possível, quanto em suas programações que visam o entretenimento, o envolvimento e a unidade entre os membros de tal forma que estes não sentem nem um pouco impelidos de ir para outras localidades. Estamos tão bem aqui porque então ir para outro lugar? Poderíamos pensar. Mas na verdade fomos chamados para fora. A próprio vocábulo grego ekklesia traduzido para igreja  deriva de dois vocábulos que juntas trazem este significado. É como se alguém fosse “gentilmente” convidado a retirar-se de um ambiente. Não é uma cena muito elegante, não é mesmo?! Mas é este o convite que o Senhor faz ao seu povo para que esta cumpra o seu propósito.

Quanto ao crescimento numérico de nossas congregações. Não podemos pensar que isto irá nos eximir de nossa responsabilidade de irmos além e pensarmos que já executamos o nosso papel. A multiplicação da membresia local não deve ser vista como a totalidade do cumprimento de nossa tarefa. O nosso dever não estará completo enquanto não alcançarmos cada povo, raça, tribo e nação. Temos a obrigação expandirmos, pois esta foi uma atribuição dada por Deus exclusivamente a sua Igreja. Por isso, enquanto ela não conquistar o ultimo palmo de chão deste planeta, não pode se dar por satisfeita.

A apatia missionária da Igreja também deve nos levar a uma séria reflexão. Será que temos ansiado a volta de Cristo? E será pregado este evangelho do reino por todo o mundo, para testemunho a todas as nações. Então, virá o fim”. (Mt 24.14). Cristo condicionou a Sua volta ao nosso trabalho missionário. Mas a Igreja parece não ter despertado para isto. Não pode existir nenhuma motivação maior do que esta para trabalharmos do que a volta do Senhor Jesus. Ver o Reino de Deus ser estabelecido de forma definitiva significa nos empenharmos ao máximo em concluir o mais rápido possível este encargo.

Dificilmente enfrentaremos em nossos dias tal perseguição semelhante a que afligiu os convertidos do primeiro século e sejamos obrigados a nos refugiar em outras regiões. Podemos dizer que o que ocorreu a dois mil anos atrás foi à dispersão da providencia divina para que a igreja iniciasse a sua missão. E o que precisamos hoje é a dispersão da consciência cristã para que esta continue a Sua missão. Não nos esqueçamos que além da nossa Jerusalém existem as “Judéias”, as “Samarias” e confins que ainda precisam ser alcançadas.

Avante Igreja!

Missionário Ericon Fábio
@ericonfabio

terça-feira, 8 de maio de 2012

BREVE CATECISMO DE WESTMINSTER

PERGUNTA 26. Como exerce Cristo as funções de rei?
R. Cristo exerce as funções de rei, sujeitando-nos a si mesmo, governando-nos e protegendo-nos, contendo e subjugando todos os seus e os nossos inimigos.
Ref. Sl 110.3; At 2.36; 18.9-10; Is 9.6-7; 1Co 15.26-27.

PERGUNTA 27. Em que consistiu a humilhação de Cristo?
R. A humilhação de Cristo consistiu em Ele nascer, e isso em condição baixa, feito sujeito à lei; em sofrer as misérias desta vida, a ira de Deus e amaldiçoada morte na cruz; em ser sepultado, e permanecer debaixo do poder da morte durante certo tempo.
Ref. Lc 2.7; Fp 2.6-8; Gl 4.4; 3.13; Is 53.3; Mt 27.43; 1Co 15.3-4.

PERGUNTA 28. Em que consiste a exaltação de Cristo?
R. A exaltação de Cristo consiste em Ele ressurgir dos mortos no terceiro dia; em subir ao Céu e estar sentado à mão direita de Deus Pai, e em vir para julgar o mundo no último dia.
Ref. 1Co 15.4; Ef 1.20-21; At 17.31.

PERGUNTA 29.
Como nos tornamos participantes da redenção adquirida por Cristo?
R. Tornamo-nos participantes da redenção adquirida por Cristo pela eficaz aplicação dela a nós pelo Seu Santo Espírito.
Ref. Jo 1.12; 3.5-6; Tt 3.5-6.

PERGUNTA 30. Como nos aplica o Espírito a redenção adquirida por Cristo?
R. O Espírito aplica-nos a redenção adquirida por Cristo, operando em nós a fé, e unindo-nos a Cristo por meio dela em nossa vocação eficaz.
Ref. Gl 2.20; Ef 2.8; 1Co 12.12-13.

Boas notícias vindas de longe! Numero de cristãos cresce no Afeganistão, a despeito das dificuldades


Quando já estava me preparando para inserir um post no blog, me deparo com esta bela noticia e decidi então compartilhar! Boas notícias!
Numero de cristãos cresce no Afeganistão, a despeito das dificuldades
07 mai 2012 - Afeganistão
Um crescente número de afegãos, incluindo políticos, estão abraçando o cristianismo. Eles se reunem em igrejas domésticas, apesar da perseguição e ataques contra suas vidas por militantes islâmicos.
De acordo com a agência cristã de noticias Mohabat News, " informaram as autoridades afegãs", o cristianismo tem granhado espaço no país "entre os jovens e outras camadas da sociedade". "Igrejas domésticas" estão crescendo tremendamente", disseram funcionários do governo.
Um funcionário não identificado teria dito que, pelo menos, "mais de 10 igrejas operam secretamente em casas residenciais". A agência BosNewsLife noticiou ainda que, fora abordada por afegãos querendo obter mais informações sobre a Bíblia.
O Cristianismo no parlamento
A agencia de noticias Voz dos Mártires do Canadá (VOMC) informou que existem relatórios que indicam que alguns membros do parlamento afegão adotaram o cristianismo como nova fé.
Uma agencia de noticias irâniana publicou um relatório sobre essas conversões, dizendo: "Evangelismo e propaganda cristã estão ocorrendo no país em grande escala ", disse a VOMC.
"Esta é a primeira vez que aqueles que se dizem representantes do povo afegão não só se tornaram "apóstatas", mas se uniram a ministérios cristãos para evangelizar", concluiu.
Apostasia, ou abandonar o Islã, é um ato passível de morte pela legislação do Afeganistão. Há vários casos no país de cristãos foram detidos sob a acusação de apostasia.
A despeito disso, os parlamentares cristãos "querem servir aos muçulmanos do Parlamento através de atitudes cristãs". Nenhum nome foi revelado, por questões de segurança.
"Embora haja relativa liberdade para a prática de outras religiões no Afeganistão, não se pode propagar outras religiões ou converter um muçulmano", acrescentou a VOMC.
Os muçulmanos constituem a maioria da população afegã, estima-se que os cristãos sejam apenas apenas 0,01%, de acordo com diversas fontes.
FonteBosNewLife
TraduçãoMarcelo Peixoto

Os milagres de Valdemiro Santiago

Já faz algum tempo que venho assistindo os programas do Valdemiro. No início fiquei impressionado com o número de pessoas. Depois fiquei impressionado com a indelicadeza dele com algumas pessoas (até mesmo com pessoas de idade). Mas eu me interessei pelos milagres...
Observei algumas coisas nos milagres ali relatados e testemunhados. Farei minhas observações tendo em vista o modelo bíblico de cura:
1) As pessoas estão em pleno tratamento médico: Obviamente que todo mundo que está doente, em pleno juízo, irá buscar a cura da parte de Deus por meio dos médicos e pelos meios extraordinários. O que Valdemiro explora parece que nenhum resultado ali possa ter sido resultado de tratamento médico. Por exemplo, ele mostrou uma mulher que teve trigêmeos, embora não podia engravidar, segundo os médicos. No meio do testemunho ela dizia que estava fazendo tratamento. E todos sabem que os tratamentos para engravidar resultam, não raro, em gestação de gêmeos, etc.
Louvo a Deus por ela conseguir ser mãe, mas a exploração do ocorrido desconsidera o evidente. Deus usou os meios ordinários (que também são extraordinários).
2) Nunca houve um milagre instantâneo: As tentativas de milagres instantâneos sempre foram (e são) frustrantes. Ele passou as lágrimas (nos dias da reportagem da Record) na perna de uma senhora e mandou ela andar! Ela já estava andando com muita dificuldade e continuou, com muito esforço. Mas Valdemiro disse que ela estava curada, pois a unção estava nele. As pessoas recebem orações e por algum tempo depois, continuando o tratamento médico, remédios, etc. testemunham a cura.
A cura do leproso: Valdemiro tem explorado muito a cura de um homem que tinha lepra (ou algo semelhante). Pelo que parece, ele sofria muito. Era uma oportunidade muito grande para confirmar o que Valdemiro tem afirmado: “Os milagres da Bíblia” ... “Só vi esses milagres na Bíblia”. Pois bem, leio na Bíblia que todas as curas de lepra foram instantâneas: Mt 8.2,3; Mc 1.40-42; Lc 5.13. O caso dos dez leprosos também foi instantâneo, é só ler com atenção Lc 17.11-16.
3) Restauração de marcas visíveis: Jesus chamou o homem com a mão ressequida no meio da casa (Mc 3.1), diante de incrédulos, opositores, e disse: “Estende a mão. Estendeu-a, e a mão lhe foi restaurada.” (Mc 3.5). Os milagres que Valdemiro mostra, quando a natureza da doença deixam marcas na carne, não são restauradas. Os milagres são, pelo que parece, o modo que Deus tem feito em muitos casos. Usando os meios ordinários (os mecanismos de defesa do corpo, estimulados por remédios, ou mesmo, sendo resultado dos mesmos).
É o demônio que cura? Quando a entrevista de Edir Macedo com o demônio foi ao ‘ar’, eu fiquei impressionado com a desonestidade ali exibida. Dei risada, pois aquele demônio não sabia falar direito o nome de Valdemiro. Ele dizia ValdOmiro. Em um momento o demônio disse que o Edir tirou ele, ValdOmiro, da Universal... depois teria sido ele mesmo, o próprio demônio... Parei de ouvir a palhaçada.
ATENÇÃO: Valdemiro, na manhã de sábado, orou pelo cantor acidentado dizendo: 'Senhor, se for da tua vontade reverta o quadro, e onde o médico não consegue alcançar, que a Tua mão alcance.' Parece que a situação do jovem cantor era complicada demais, e muito pública, para Valdemiro colocar a unção em risco e dizer que ele ‘vai ser curado’.
Deus é Bom. E jamais duvidarei que Ele cura. Quer seja na Mundial, Universal, Internacional, no hospital, etc. Da mesma maneira, não sei se todas as curas ali, são fieis ao que se propagam.
(Além disso nesse Blog AQUI, mostra evidência que o 'Apóstolo' andou perto do esgoto Ariano.)

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Esboço Dominical do Missº Veronilton Paz (Congregação Presbiteriana do Sítio Serrote)

Texto: III João V.1-4

Tema: Características do Cristão Gaio

1. Tinha Felicidade Plena. V. 1-2

1.1 Era Amado Por Outros Irmãos. V.1

1.2 Sua Alma Era Satisfeita em Deus. V.2

2. Tinha Um Testemunho Verdadeiro. V.3-4

2.1 Eram Outros Que Falavam do Seu Bom Testemunho. V.3

2.2 Seu Testemunho fiel Alegrava e Animava Outros Cristãos. V.4

Aqui está apenas o esboço, mais informações o contato do Missionário Veronilton é cristaoreformado@gmail.com e 83 96790574.

BOAS INTENÇÕES QUE LEVAM A MORTE


Por Pr. Silas Figueira

2Sm 6. 1-23

A Bíblia nos relata que o Rei Davi depois que se estabeleceu como rei de Israel, quis trazer a Arca do Senhor que estava na casa de Abinadabe para Jerusalém. Só que nesse percurso ouve um incidente que marcou a sua vida, é que Uzá, um dos que estavam guiando o carro que trazia a Arca do Senhor quando viu que o boi havia tropeçado e a Arca estava para cair, ele colocou a mão nela para evitar que isso ocorresse. O texto bíblico relata que Uzá, por ter feito isso, o Senhor o matou. A narrativa bíblica é muito clara em relação a isso, veja: “Quando chegaram à eira de Nacom, estendeu Uzá a mão à arca de Deus e a segurou, porque os bois tropeçaram. Então, a ira do SENHOR se acendeu contra Uzá, e Deus o feriu ali por esta irreverência; e morreu ali junto à arca de Deus” (2Sm 6.6,7). Porque Deus fez isso com um homem tão bem intencionado? Havia naquele ambiente temor e tremor diante de Deus. As pessoas ali, a começar pelo próprio rei, estavam alegres e cultuando a Deus levando a Arca para Jerusalém, e de repente Deus se levanta com ira santa e mata aquele homem. Porque isso ocorreu? Porque a ira de Deus se acendeu contra Uzá? Durante muito tempo eu me questionei a respeito desse texto até o dia em que eu parei de questionar e procurei em oração estuda-lo e descobri porque isso tudo ocorreu. Vamos analisar esse texto e observar as lições que esse episódio tem para nos ensinar e que se adapta muito bem para os dias de hoje, mas para isso temos que retornar cerca de oitenta anos, no tempo do sacerdote Eli.

O contexto histórico. Na época do sacerdote Eli os seus dois filhos Hofni e Finéias, que eram também sacerdotes, estavam em pecado. Apesar de eles serem responsáveis em levar o povo a cultuar a Deus e interceder por ele, estes dois sacerdotes estavam agindo na contra mão das suas funções. Além de menosprezarem o sacrifício a Deus oferecido pelo povo, eles também se deitavam com as mulheres que serviam à porta da tenda da congregação (1Sm 2.12-17, 22-26). O Senhor então falou para o sacerdote Eli que sua família não continuaria mais no sacerdócio e o sinal que Eli receberia como prova de que isso provinha do Senhor era que os seus dois filhos morreriam no mesmo dia, pois Eli honrava mais aos seus filhos que a Deus (1Sm 2.27-34). Entenda uma coisa, os filhos do sacerdote Eli eram sacerdotes, mas eram homens que segundo a Bíblia, eram filhos de Belial, ou seja, eles eram homens sem valia ou rebeldes. Homens que não se importavam com o Senhor (1Sm 2.16). 

Nesse período, houve uma guerra entre Israel e os Filisteus. Na primeira batalha os filisteus venceram (1Sm 4.2), então os israelitas tiveram a brilhante ideia de levar para o campo de batalha a Arca do Senhor, pois para eles, aquela batalha havia sido perdida porque o Senhor não estava com eles através da Arca. Observe o texto: “Mandou, pois, o povo trazer de Siló a arca do SENHOR dos Exércitos, entronizado entre os querubins; os dois filhos de Eli, Hofni e Finéias, estavam ali com a arca da Aliança de Deus” (1Sm 4.4). Para o povo a Arca da Aliança representava somente um patuá, um amuleto, pois eles não entendiam que a manifestação da glória do Senhor no meio do seu povo vinha de uma vida consagrada e o Senhor não tem compromisso com quem não tem compromisso com Ele. No entanto, o povo era o reflexo do que era o ofício sacerdotal naquela época. Sacerdotes de si mesmos e não do Deus Altíssimo. Sacerdotes segundo a vontade do povo e não segundo os princípios estabelecidos por Deus em sua Palavra. Não eram diferentes dos líderes que temos visto nos dias de hoje. Como disse Judas, irmão de Jesus em sua epístola a respeito dos líderes que estavam se levantando em sua época: “Ai deles! Porque prosseguiram pelo caminho de Caim, e, movidos de ganância, se precipitaram no erro de Balaão, e pereceram na revolta de Corá. Estes homens são como rochas submersas, em vossas festas de fraternidade, banqueteando-se juntos sem qualquer recato, pastores que a si mesmos se apascentam; nuvens sem água impelidas pelos ventos; árvores em plena estação dos frutos, destes desprovidas, duplamente mortas, desarraigadas; ondas bravias do mar, que espumam as suas próprias sujidades; estrelas errantes, para as quais tem sido guardada a negridão das trevas, para sempre” (Jd 11-13). E este mesmo espírito está até hoje em nosso meio, agindo na vida e no ministério de muitos líderes por aí. 

Como Deus não compactua com o pecado e para cumprir a Sua Palavra já antes anunciada ao sacerdote Eli, os israelitas perderam a batalha, os seus dois filhos morreram e a Arca do Senhor foi levada pelos filisteus. Quando a notícia chegou a Siló, o sacerdote Eli que estava assentado numa cadeira ao pé do caminho, pois temia pela Arca do Senhor, quando soube que a Arca havia sido tomada pelos filisteus, caiu para trás, quebrou o pescoço e morreu, pois era um homem pesado e idoso, ele tinha noventa e oito anos. Ele havia julgado Israel por cerca de quarenta anos. A nora do sacerdote Eli, esposa de Finéias, quando soube que a Arca havia sido tomada, que seu sogro havia acabado de falecer e que seu marido havia morrido também; ela, que estava para dar a luz teve seu filho naquele momento, mas não se alegrou com o nascimento do filho e ainda pôs o nome dele de Icabô, que quer dizer: “Foi-se a glória de Israel” (1Sm 4.12-22). Tudo isso devido a consequência do pecado de um pai que não ousou com autoridade repreender seus filhos, por deixa-los exercendo o sacerdócio e ainda permitir levar a Arca da Aliança para o campo de batalha mesmo depois de ter ouvido o que o Senhor lhe havia dito.

A Arca ficou na terra dos filisteus por cerca de sete meses (1Sm 6.1). Nesse período eles foram atacados por várias enfermidades e pragas de ratos que estavam destruindo a terra (1Sm 6.5). Diz a Bíblia que lhes nasceram tumores e muitos morreram devido a isso.  A Arca do Senhor foi então enviada para cinco cidades diferentes e onde a Arca chegava isso ocorria. Então resolveram devolver a Arca aos israelitas com uma oferta de cinco ratos e cinco tumores ambos de ouro dentro de um cofre, representando os males que os estavam assolando. Colocaram em um carro novo guiado por duas vacas com crias. Diz-nos as Escrituras que elas foram em direção à terra dos israelitas andando e berrando, mas sem se desviarem nem para a direita nem para a esquerda (1Sm 6.12). Por fim chegou ao território dos israelitas e a Arca ficou na casa de Abinadabe e consagraram seu filho Eleazar para guardar a Arca do Senhor (1Sm 7.1).

Nos dias do rei Davi. Passaram-se cerca de oitenta anos, Davi já estava estabelecido como rei em Israel, então ele propôs em seu coração trazer a Arca do Senhor que estava na casa de Abinadabe em Quiriate-Jearim (1Cr 13.5), para Jerusalém. Nesse percurso houve então esse incidente e nos diz a Bíblia que Davi muito se desgostou por isso ter ocorrido. Mas a questão é, porque isso ocorreu já que o rei estava tão bem intencionado? Vamos mostrar os erros que Davi cometeu passo a passo e os erros que as outras pessoas cometeram também.

Primeiro erro: Davi foi consultar ao povo e não a Deus (1Cr 13.1-4). 

“Consultou Davi os capitães de mil, e os de cem, e todos os príncipes; e disse a toda a congregação de Israel: Se bem vos parece, e se vem isso do SENHOR, nosso Deus, enviemos depressa mensageiros a todos os nossos outros irmãos em todas as terras de Israel, e aos sacerdotes, e aos levitas com eles nas cidades e nos seus arredores, para que se reúnam conosco; tornemos a trazer para nós a arca do nosso Deus; porque nos dias de Saul não nos valemos dela. Então, toda a congregação concordou em que assim se fizesse; porque isso pareceu justo aos olhos de todo o povo.”

Davi agiu como alguns tipos de líderes que querem estar bem com o povo, fazer a vontade deles e ao mesmo tempo ver se a sua vontade está de acordo com o gosto dos liderados. E ainda usam o nome de Deus para satisfazerem o seu egocentrismo. Observe o final do texto: porque isso pareceu justo aos olhos de todo o povo”, ou seja, as pessoas é que estavam ditando o que queriam. O que mais temos visto hoje em dia são igrejas ao gosto do freguês, e esse tipo de “igreja” é formada por pessoas que não tem compromisso com Deus, mas com o seu prazer e suas vontades. Os líderes por sua vez são os balconistas que estão para servi-los e agrada-los.  

Segundo erro: Davi trouxe a Arca do Senhor imitando os filisteus (2Sm 6.3).

“Puseram a arca de Deus num carro novo e a levaram da casa de Abinadabe, que estava no outeiro; e Uzá e Aiô, filhos de Abinadabe, guiavam o carro novo.”

Isso deu certo com os filisteus, mas não foi isso que a Lei determinava. A Arca deveria ser levada nos ombros pelos levitas e não em carro novo:

“Também lhe farás moldura ao redor, da largura de quatro dedos, e lhe farás uma bordadura de ouro ao redor da moldura. Também lhe farás quatro argolas de ouro; e porás as argolas nos quatro cantos, que estão nos seus quatro pés. Perto da moldura estarão as argolas, como lugares para os varais, para se levar a mesa” (Êx 25.25-27). 

“Os filhos dos levitas trouxeram a arca de Deus aos ombros pelas varas que nela estavam, como Moisés tinha ordenado, segundo a palavra do SENHOR” (1Cr 15.15).

Outro detalhe importante, não era qualquer levita que podia levar a arca, deveria ser os filhos de Coate (Nm 4). Somente os coatitas que podiam lidar com as coisas santíssimas. Hoje em dia tem gente que pensa fazer tudo de qualquer maneira passando a frente dos verdadeiros responsáveis na igreja. Todo mundo pensa que pode ser pastor e vai por aí a fora. Outra coisa a Arca deveria ser coberta e quem pusesse a mão nela morreria (Nm 4.15). Uzá sofreu as consequências do que já estava escrito na Lei do Senhor. Tem gente que lê a Bíblia e pensa que o que está nela não é bem assim, que as coisas hoje estão diferentes, e vai por aí. Cuidado, com Deus não se brinca! Os filisteus simbolizam o mundo e Davi estava imitando o mundo. Mas isso tem ocorrido em muitas igrejas hoje. Tem muitas igrejas se mundanizando, ao invés de observarem a Palavra de Deus observam as últimas novidades e como podem aplica-las em suas igrejas, são como os atenienses na época de Paulo, que só queriam saber as últimas novidades (At 17.21). Recentemente eu vi uma igreja que tinha um ringue de luta livre dentro dela, outra tinha lutas de capoeira. Se a igreja pretende competir com o mundo em divertimento certamente irá perder, primeiro porque a igreja não tem esse papel e segundo, a igreja foi levantada para adorar a Deus e não agradar as pessoas. Devemos ir a igreja para ouvir a voz de Deus e não uma palavra que nos agrade. Devemos ir a igreja cultuar a Deus e não nos divertir. Para isso existem os cinemas, teatros e shows dos mais diversos por aí. Quer se divertir vá para o mundo, quer adorar a Deus vá a um culto. Eu não adoro a Deus imitando o mundo, mas negando a mim mesmo e tomando a minha cruz. Foi isso que Jesus nos ensinou (Lc 9.23).

Terceiro erro: Uzá e Aiô não quiseram contrariar o rei Davi. Esses dois homens eram netos de Abinadabe, filhos de Eleazar, eles sabiam muito bem como Arca deveria ser transportada e a maneira como o rei estava fazendo estava totalmente errada. O rei deveria ser corrigido, mas nenhum deles deve coragem de desafiar as suas ordens. Eles foram coniventes com o erro. Uma coisa é administrar uma nação outra é culto a Deus. Eles foram completamente diferentes dos sacerdotes da época do rei Uzias. Diz-nos a história bíblica que o rei Uzias resolveu oferecer incenso no templo e foi barrado pelos sacerdotes (2Cr 26.16-20). O texto nos fala assim:

“Mas, havendo-se já fortificado, exaltou-se o seu coração para a sua própria ruína, e cometeu transgressões contra o SENHOR, seu Deus, porque entrou no templo do SENHOR para queimar incenso no altar do incenso. Porém o sacerdote Azarias entrou após ele, com oitenta sacerdotes do SENHOR, homens da maior firmeza; e resistiram ao rei Uzias e lhe disseram: A ti, Uzias, não compete queimar incenso perante o SENHOR, mas aos sacerdotes, filhos de Arão, que são consagrados para este mister; sai do santuário, porque transgrediste; nem será isso para honra tua da parte do SENHOR Deus. Então, Uzias se indignou; tinha o incensário na mão para queimar incenso; indignando-se ele, pois, contra os sacerdotes, a lepra lhe saiu na testa perante os sacerdotes, na Casa do SENHOR, junto ao altar do incenso. Então, o sumo sacerdote Azarias e todos os sacerdotes voltaram-se para ele, e eis que estava leproso na testa, e apressadamente o lançaram fora; até ele mesmo se deu pressa em sair, visto que o SENHOR o ferira.” 

Aquele não era o papel do rei, ele poderia ser rei, mas dentro da Casa do Senhor quem tinha autoridade eram os sacerdotes. Eles desafiaram o rei e não permitiram tal atitude. Já Uzá e Aiô não tiveram a mesma coragem e permitiram que o rei Davi fizesse o que bem lhe agradara. O resultado com Davi foi morte de Uzá, já no caso de Uzias a lepra recaiu sobre ele. Devemos seguir a Palavra para agradar a Deus e não aos homens. Ainda que tais homens estejam revestidos de autoridade o que não nos obriga a satisfazê-los e nem seguir as suas leis. Estamos vivendo uma época em que muitas pessoas querem nos dizer como devemos adorar a Deus. Como devemos ver o pecado, não como pecado, mas como algo natural e que não ofende a Deus; afinal de contas Deus é amor. Estão tentando nos dizer como devemos educar nossos filhos. Dizem-nos que o homossexualismo não é pecado contra Deus (teologia inclusiva). Tentam até controlar o que fazemos com o nosso dinheiro ensinando que o dízimo é coisa do AT com suas mais esdruxulas teologias. Pessoas sem nenhuma autoridade espiritual tentando nos convencer a relativar a Palavra de Deus. Pessoas assim agem da mesma forma que Satanás agiu com os nossos primeiros pais (Gn 3). Mas nós não seguimos homens, o que nos direciona é a Palavra de Deus, pois se não for assim geraremos morte e não vida.

Outro problema aqui detectado é o que podemos chamar de culto à celebridade. Uzá e Aiô deixaram de cultuar a Deus para cultuar o rei Davi. Fizeram uma celebração não ao Rei dos reis, mas a um rei terreno e falho. Hoje o que mais se vê por aí é show e não culto a Deus. As pessoas vão ao culto para ver o cantor famoso, a banda de sucesso, o pregador das multidões, mas Deus que é bom mesmo não é cultuado. 

Quarto erro: indiferença para com as coisas de Deus. Aiô e Uzá eram netos de Abinadabe e filhos de Eleazar. Os dois sacerdotes cresceram com a Arca em sua casa e aquilo se tornou algo familiar para eles. O fato de toda a sua vida ter conhecido a Arca aliando à geral indiferença poderia ter gerado neles sentimento de excessiva familiaridade com a mesma. Eles não tinham zelo pelo sagrado, aquilo se tornou corriqueiro para eles. Daí eles fizeram como o rei queria, pois para eles aquilo não importava muito. Isso me chama a atenção para a nova geração que está crescendo em nossas igrejas, principalmente filhos de pastores que correm o mesmo risco de verem a igreja como um ganha pão do pai ou ver o pai pastor como uma celebridade e que ele, como filho do pastor, podendo fazer qualquer coisa na igreja e fora dela, pois ele é filho do “dono da igreja”. E é exatamente isso que temos visto por aí. Filhos de pastores que não tiveram ainda uma experiência de conversão e estão seguindo inclusive a “carreira” do pai. A culpa de tudo isso, geralmente, são dos pais. Veja a história do sacerdote Eli que é um bom exemplo disso e até mesmo das dos filhos de Samuel posteriormente:

“Tendo Samuel envelhecido, constituiu seus filhos por juízes sobre Israel. O primogênito chamava-se Joel, e o segundo, Abias; e foram juízes em Berseba. Porém seus filhos não andaram pelos caminhos dele; antes, se inclinaram à avareza, e aceitaram subornos, e perverteram o direito” (1Sm 8.1-3).

Muitas vezes o pastor tem tempo para as famílias da igreja, mas não dá a devida atenção aos seus próprios filhos. Filhos de pastor não são pastorzinhos e muito menos devem ser tratados de forma diferente dos filhos dos membros da igreja. Isso é muito sério.

E o que gerou tudo isso? Morte. Quem anda na contra mão da Palavra de Deus tendo a responsabilidade de ensiná-la e não a faz gera morte em sua vida e na vida dos outros. Deu não foi mau com Uzá, Deus foi bom com o povo, pois se Ele não fizesse isso o erro continuaria e Ele não compactua com o erro. Saiba de uma coisa, a Bíblia nos ensina como devemos cultuar ao nosso Deus, mas tem muita gente querendo fazer do seu jeito. O Senhor Jesus disse que devemos adorar a Deus em espírito e em verdade (Jo 4.23,24) e não com o espírito de mentira. Cuidado por onde você anda!

Devido a esse ocorrido, Davi deixou a Arca na casa de Obede-Edom por cerca de três meses. E nos diz o texto sagrado que a casa deste foi abençoada por causa da arca que estava em sua casa. Observe que em momento algum as Escrituras dizem que a casa de Abnadabe foi abençoada, mas nos diz que a casa de Obede-Edom e tudo que ele tinha foi abençoado (2Sm 6.11,12). Sabe por que disso? Postura diante do sagrado. Reverência diante das coisas de Deus. Isso faz toda diferença em nossas vidas também.

Davi então resolve trazer a Arca para Jerusalém, só que desta vez de forma correta. Os levitas a estavam trazendo em seus ombros:

“Os filhos dos levitas trouxeram a arca de Deus aos ombros pelas varas que nela estavam, como Moisés tinha ordenado, segundo a palavra do SENHOR” (1Cr 15.15).

Quais foram as consequências dessa atitude correta em relação a Arca do Senhor?

Primeiramente Davi se alegrou (2Sm 6.15). Desta vez não houve morte, mas abundância de alegria na presença de Deus. Como disse Deus a Caim: “Se procederes bem, não é certo que serás aceito?” (Gn 4.7a). Deus age de acordo com os seus preceitos pré-estabelecidos em Sua Palavra, ou seja, Deus é lógico. E bem sabemos que o salário do pecado é a morte (Rm 6.23). A Palavra de Deus é a nossa regra de fé e prática, mas tem muitas pessoas que são meros expectadores e não praticantes. O próprio Senhor Jesus falou para os saduceus que eles erravam por desconhecerem as Escrituras e o poder de Deus (Mt 22.29). Esse desconhecimento leva ao erro e o erro a morte. Mas quando conhecemos e praticamos temos abundante alegria em nossas vidas.

Segunda coisa, Davi abençoou o povo (2Sm 6.18). Por Davi estar abençoado ele tinha condições de abençoar as pessoas também. E isso ocorre conosco também. O senhor nos chamou para sermos canal de bênção na vida das outras pessoas. Quando Deus chamou Abraão para deixar sua terra, seus parentes e amigos e seguir para um lugar que ele ainda não sabia ao certo onde seria, para ali criar uma nova nação e estabelecer um povo para Deus, deu-lhe uma recomendação nestes termos: "Sê tu uma bênção". Tal imperativo definiu um perfil diferente na vida de Abraão. Ser bênção, e não simplesmente viver à procura dela, faz uma grande diferença. Muitos hoje perguntam por que a Igreja Evangélica no Brasil, que tanto cresceu nas últimas décadas, não tem promovido as mudanças que imaginávamos iria promover quando tivesse as oportunidades que tem hoje. Arriscaria uma resposta simples: tornamo-nos consumidores religiosos com todos os direitos que um consumidor tem.

Ao invés de ser bênção, queremos receber bênçãos; usamos a igreja, a família e a sociedade para alimentar nossas ambições mais mesquinhas. Não somos mais agentes de transformação; viramos espectadores ingratos e exigentes. Ao invés de promover a prosperidade social, transformamo-nos em parasitas sociais, querendo cada vez mais e melhor para nós e não para os outros. A conversão é a transformação do ser passivo num ser ativo; do paciente num agente; do parasita social num ser solidário; do consumidor religioso num canal de bênção e cura para os outros. A solução para as mazelas sociais que vivemos em nosso país não será conquistada por uma Igreja que exige o melhor para si; que reivindica o direito de ser cabeça e não cauda; que busca a sua prosperidade em detrimento da miséria dos outros. 

A vida de muitos homens e mulheres de Deus ao longo da História foi ricamente abençoada porque viveram dominados pelo sentimento de dívida. Isso fez deles pessoas gratas, generosas, entregues, corajosas. Não esperavam que os outros viessem consolá-los; eles consolavam. Não viviam exigindo ou reivindicando direitos, mas carregavam um enorme senso de dívida; não viviam aguardando que alguém fosse procurá-los - eles é que procuravam. Eram bênção na vida dos outros e, consequentemente, eram abençoados.

Ser bênção para a vida dos outros é criar os meios para que a graça de Deus os envolva trazendo salvação, reconciliação, cura e libertação. É criar os meios para que o cansado encontre alívio, para que o doente ache consolo, para que o perdido seja achado. E usar os dons e talentos que Deus nos deu para criar novas esperanças e para alimentar a fé dos outros [1].

Terceira coisa: Davi foi abençoar a sua casa (2Sm 6.20a). A manifestação da glória de Deus precisa estar em nossa casa. Parafraseando uma palavra de Jesus que disse: “Que adianta o homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua casa”. Há vários exemplos bíblicos de pais que enfrentaram problemas familiares sérios, isso não é para nos mostrar que ninguém está isento de problemas, mas acima de tudo, para nós vigiarmos e evitarmos seguir os mesmos exemplos negativos que eles cometeram. A Bíblia é um espelho e ela reflete a minha condição espiritual como também o da minha família, mas ela reflete para concertarmos o problema e não só para identifica-los. Há na Bíblia promessas de bênçãos sem medida para o nosso lar, leia o Salmo 128 e você verá isso. Mas para que eu possa ser canal de bênção para minha família é necessário eu ser uma pessoa abençoada, e de que forma eu sou abençoado, andando em conformidade com Deus e com a Sua Palavra. Não fazendo do Evangelho uma religião, nem uma filosofia de vida como muitos fazem, mas tendo o Senhor Jesus como SENHOR em minha vida. Entregando-lhe a direção da minha vida e deixando-o direcionar os meus passos assim como fez Rute a moabita: “Faça-me o SENHOR o que bem lhe aprouver” (Rt 1.17).

AS ADVERSIDADES EXISTEM

Agora entenda uma coisa, não é por andarmos de forma correta na presença de Deus que iremos agradar todo mundo. Quando Davi foi para sua casa para abençoá-la ele encontrou resistência e até mesmo rejeição pelo que havia feito. Mical, sua esposa, filha de Saul, não se agradou nem um pouco com a atitude de Davi:

“Voltando Davi para abençoar a sua casa, Mical, filha de Saul, saiu a encontrar-se com ele e lhe disse: Que bela figura fez o rei de Israel, descobrindo-se, hoje, aos olhos das servas de seus servos, como, sem pejo, se descobre um vadio qualquer!” (2Sm 6.20).

Mas Davi lhe respondeu sem pestanejar:

“Disse, porém, Davi a Mical: Perante o SENHOR, que me escolheu a mim antes do que a teu pai e a toda a sua casa, mandando-me que fosse chefe sobre o povo do SENHOR, sobre Israel, perante o SENHOR me tenho alegrado. Ainda mais desprezível me farei e me humilharei aos meus olhos; quanto às servas, de quem falaste, delas serei honrado” (2Sm 6.21,22). 

Que tenhamos essa mesma postura diante dos nossos opositores. Jesus já nos havia alertado que os nossos inimigos seriam os de nossa própria casa:

“Não penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas espada. Pois vim causar divisão entre o homem e seu pai; entre a filha e sua mãe e entre a nora e sua sogra. Assim, os inimigos do homem serão os da sua própria casa” (Mt 10.34-36).

A vida cristã é feita de escolhas, se escolhermos andar com Cristo seremos muitas vezes perseguidos, mas teremos a Sua companhia conosco todos os dias. Como disse Pedro em sua carta:

“Amados, não estranheis o fogo ardente que surge no meio de vós, destinado a provar-vos, como se alguma coisa extraordinária vos estivesse acontecendo; pelo contrário, alegrai-vos na medida em que sois co-participantes dos sofrimentos de Cristo, para que também, na revelação de sua glória, vos alegreis exultando. Se, pelo nome de Cristo, sois injuriados, bem-aventurados sois, porque sobre vós repousa o Espírito da glória e de Deus. Não sofra, porém, nenhum de vós como assassino, ou ladrão, ou malfeitor, ou como quem se intromete em negócios de outrem; mas, se sofrer como cristão, não se envergonhe disso; antes, glorifique a Deus com esse nome” (1Pe 4.12-16).

Que o Senhor nos ajude a sermos fiéis a Sua Palavra mesmo que venhamos sofrer perseguição. Que não venhamos ser encontrados desqualificados, mas aprovados pelo Senhor de nossas almas. Que o Senhor nos ajude a sermos suas fiéis testemunhas todos os dias.

Que Deus nos abençoe!
                                          
Nota:
1 - Barbosa de Sousa, Ricardo - Revista Eclésia (nº 85 - Jul/03).
 
Fonte: www.ministeriobbereia.blogspot.com