sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Não minta: você não ama o próximo


Por Mauricio Zágari

Cheguei a uma conclusão: eu não amo o próximo. Pior: você também não. A gente pode até tentar, mas não ama. E eu provo. Mas, para isso, precisamos entender antes de mais nada que estou usando aqui o conceito de “amor” da Bíblia e não o da sociedade secular e romantizada em que vivemos. E como um dos conceitos hermenêuticos elementares no estudo das Escrituras é que “a Bíblia explica a si mesma”, vamos ao texto sagrado desencavar qual é o conceito bíblico de “amar”. O versículo epicêntrico da Bíblia sobre o assunto é o bom e velho João 3.16: “Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna”. Vamos então destrinchá-lo.
Primeiro: Deus amou o mundo. E quem é o mundo? São absolutamente todas as pessoas que o rejeitaram, desobedeceram, que foram seus inimigos, que lhe viraram as costas. Ou seja: todo aquele que peca. Ou seja: todo mundo! “Todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus” (Rm 3.23). Então o que Jo 3.16 nos mostra, primeiro, é que Deus amou pessoas que o desprezaram, que lhe fizeram mal, que falaram mal dele, que roubaram dele, o caluniaram e fizeram todo tipo de desgraça contra Ele.
Aí, de repente, Deus decide fazer por esse grupo de bilhões e bilhões de pessoas algo impresionante: abre mão de sua posição confortabilíssima para ajudar cada um. Se você prestar atenção, verá que o Filho estava muito bem, obrigado, em sua glória celestial e não precisava ter mexido uma palha por essas pessoas. Mas Ele foi além: “Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, que, embora sendo Deus não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo tornando-se semelhante aos homens. E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até a morte, e morte de cruz” (Fp 2.5-8).
Em outras palavras: o amor abre mão do seu conforto para ajudar outras pessoas.
E isso para quê? “Para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna”. A questão aqui é que aquele bando de miseráveis não merecia a vida eterna. Mereciam, em português bem claro, arder por toda a eternidade no fogo do inferno. Mas Deus chega e mostra outro aspecto do amor: dá a eles algo que não merecem. E aqui nos deparamos com as cinco letras mais lindas do Evangelho: GRAÇA. Pois isso é a essência da graça: AMOR.
Qual é a conclusão a que chegamos a partir disso tudo? Que AMAR significa abrir mão do seu conforto para fazer coisas boas por quem te fez coisas ruins. Simples assim.
E…você faz isso?
Para responder nós temos que aplicar o que dissemos acima a sua (e à minha) vida: Pense em todas as pessoas que te desprezaram, fizeram mal, te viraram o rosto, falaram mal de você, te roubaram, te caluniaram e fizeram todo tipo de desgraça contra você. Não tem pressa. Esqueça que você está na Internet e que aqui todo mundo só quer ler coisas rapidinho. Invista tempo, vai valer a pena.
Pare.
Tire um tempo.
Pense em rostos. Lembre de nomes. Recorde-se de situações. Gente que te fez chorar, que te ofendeu, que te acusou injustamente. Que te molestou sexualmente. Que roubou seu dinheiro. Que mentiu para todo mundo a seu respeito. Que armou esquemas para te prejudicar e puxar o tapete. Que fez tudo o que há de pior contra você. Pense. E, só depois de ter lembrado de todas essas pessoas continue a ler, não tenho pressa alguma.
Ainda tem tempo. Pense mais um pouco. Gente que te magoou feio. Você vai lembrar.
Ok. Agora que você já deu nome e rosto aos bois, segundo passo: Deus saiu de seu conforto e fez algo de bom por elas que certamente elas NÃO mereciam. E eu, então, te pergunto: o que você já fez de bom por essas pessoas de quem acabou de se lembrar? Pode pensar. Mais um tempo pra ti.
Me atrevo a dizer que você gastou muito tempo chorando pelo que elas te fizeram, as denunciando, ou então metendo o malho nelas para outras pessoas, falando ao maior número possível de pessoas o que elas lhe fizeram. E até mesmo se vingando, pagando na mesma moeda. As odiando com todas as suas entranhas! Eu garanto que você fez isso. E sabe por quê? Porque é o que eu fiz. Muitas vezes. Paguei mal com mal. Paguei com vingança. Com comentários depreciativos. Com minha natureza humana.
Chegamos então à questão inicial. Você ama o seu próximo? Pois já vimos que AMAR significa abrir mão do seu conforto para fazer coisas boas por quem te fez coisas ruins. Simples assim. Mas meu irmão, minha irmã, concorde comigo que nós não fazemos isso.
Não fazemos.
E com isso, simplesmente descumprimos o mandamento maior da fé cristã: “Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?’ Respondeu Jesus: ‘Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento’. Este é o primeiro e maior mandamento. E o segundo é semelhante a ele: ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas”. (Mt 22.36-40)
Aí você pode até dizer: “Ah, mas Jesus era Deus, pra Deus é fácil amar assim! Eu sou só um humano!”. Ao que Jesus de Nazaré te responde: “Um novo mandamento lhes dou: Amem-se uns aos outros. Como eu os amei, vocês devem amar-se uns aos outros. Com isso todos saberão que vocês são meus discípulos, se vocês se amarem uns aos outros”. (Jo 13.34,35)
ÚLTIMAS PALAVRAS
Não tem jeito. Eu não amo meu próximo segundo o modelo bíblico, fato. Pois não abro mão de meu conforto, de meu tempo, de dizer que tenho razão, de meu orgulho… para fazer o bem a quem me detonou. E, afirmo sem medo de errar: você também não. Pois eu olho em volta e é o que vejo, nas igrejas, no twitter, no Facebook, nos programas evangélicos de TV, nas pregações de pastores anti-igreja da internet, na Igreja Emergente…em todo lugar onde haja um coração manchado pelo pecado, em todo lugar onde haja alguém que se chame cristão: nós somos vingtivos, ofendemos, pagamos na mesma moeda. Não fazemos o bem a quem nos faz mal. Não fazemos! Isso é um fato!
Ignoramos solenemente o que Paulo diz em Romanos 12.14-20: “Abençoem aqueles que os perseguem; abençoem, e não os amaldiçoem. Alegrem-se com os que se alegram; chorem com os que choram. Tenham uma mesma atitude uns para com os outros. Não sejam orgulhosos, mas estejam dispostos a associar-se a pessoas de posição inferior Não sejam sábios aos seus próprios olhos. Não retribuam a ninguém mal por mal. Procurem fazer o que é correto aos olhos de todos. Façam todo o possível para viver em paz com todos. Amados, nunca procurem vingar-se, mas deixem com Deus a ira, pois está escrito: “Minha é a vingança; eu retribuirei” diz o Senhor. Ao contrário: “Se o seu inimigo tiver fome, dê-lhe de comer; se tiver sede, dê-lhe de beber”.
Você já deu de comer ou de beber a quem te fez mal? Quantas vezes?
A BOA NOTÍCIA
Mas há uma boa notícia: é possível.
É possível viver o mandamento maior. Comece preferindo o outro em honra. Pondo em prática Filipenses 2.3b; “Humildemente considerem os outros superiores a si mesmos”.
Mas, Zágari, como se faz isso?
Não revide, abençoe. Não rebata, dê a outra face. Não se vingue, caminhe a segunda milha. Não fale pelas costas, elogie o que há de bom em quem só há coisa má. Só consegue amar o próximo da forma que Cristo espera quem faz o que Ele fez diante de Pilatos: engole sapos. Se cala. Se submete. Se humilha. É difícil? LÓGICO QUE É! E desde quando alguém disse que seria fácil? Jesus disse: “Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome diariamente a sua cruz e siga-me” (Lc 9.23). E você acha que carregar uma cruz é fácil?
Em outras palavras, só ama verdadeiramente o próximo quem contraria sua natureza. Pois só quando você contrariar a sua natureza e injetar em suas veias a natureza de Cristo é que você começará a amar o próximo como a Bíblia ensina. Até lá…somos bons fingidores.
Paz a todos vocês que estão em Cristo.
Fonte: Apenas
Cooperação de www.ministeriobbereia.blogspot.com 

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Sou Reformado, queiram ou não!


Que alguns Reformados não consideram-me um Reformado sei de longa data: desde que, e principalmente, enquanto ainda era pentecostal, ou quando ainda membro das Assembléias de Deus. A acusação é simples: “se ele aceita a atualidade deste e daquele dom, então, obviamente, não é um cristão Reformado, pois isso afeta a Doutrina do “Sola Scriptura””. Sim, eu conheço a objeção acima, e sei que um e outro a lançam contra mim. E, mesmo hoje, apesar de membro da IGREJA ANGLICANA REFORMADA, muitos continuam com o mesmo julgamento, uma vez que sigo convicto de que os carismas são para a Igreja de hoje. Aliás, Comunidade Anglicana Carisma é o nome da nossa comunidade aqui em São Mateus, Zona Leste de São Paulo (conheçam o site).

Sabendo disso, não fiquei surpreso ao encontrar certo comentário criticando minha teologia. O artigo em si, publicado no blog Filosofia Calvinista, não foi direcionado a minha pessoa, nem faz-nos qualquer referencia, contudo, dado o grande preconceito sobre o tema, meu nome acabou sendo citado nos comentários por um leitor chamado Gunnar Vingren (referencia ao nome de um dos pioneiros pentecostais no Brasil): Pentecostal calvinista é o mesmo que calvinista pentecostal - não existe. É um sonho impossível. Há um blog chamado Olhar Reformado por Marcelo Lemos que cai nessa esparrela antibíblica. Se diz até "reformado", mas advogada crenças pentecostais. O pentecostalismo é cria do liberalismo teológico que não morreu, mas continua muito vivinho sob novas roupas.O que devemos fazer: Fugir do pentecostalismo, bem como do calvinismo pentecostal...” 

Pretendo, com a Graça de Deus, pontuar algumas coisas não apenas a este leitor, como também a certos equivocos cometidos no próprio texto publicado pelo Blog. Nosso texto tem em mente, além do comentário do leitor, apenas o primeiro texto da série – Pentecostalismo e Reforma Protestante: Parte I -, que um leitor de lá achou que aplicava-se a minha teologia.

CARISMAS E “SOLA SCRIPTURA”

Em primeiro lugar, que não sendo Pentecostal a muitos e muitos anos, não sinto-me obrigado a responder criticas que são feitas ao movimento e a teologia pentecostal. E não responderei a elas. Criticas feitas ao Movimento Pentecostal preocupavam-me a dez anos atrás, hoje já não são assuntos meus. E quem já leu determinados artigos que escrevi, por mais que eu não seja um bom escritor, sabem que não sou pentecostal, e que nego abertamente as doutrinas distintivas do Pentecostalismo. “O Batismo com o Espírito Santo: Uma Análise Teológica” é um dos que eu recomendaria.

O único interesse que tenho em todo este debate resume-se a isto: se a crença na atualidade dos carismas afeta ou não o Sola Scriptura. O fato de eu acreditar na atualidade deste e daquele dom não me torna um Pentecostal, assim como a Doutrina da Predestinação não torna o “apóstolo” Miguel Angelo um Calvinista ou Reformado. Ainda que exista certa semelhança, não são a mesma coisa.

Além disso, o fato de acreditar na atualidade deste e daquele dom não me excluí do hall dos Teólologos Reformados. Por acaso nego qualquer um dos Cinco Solas? Se não faço tal coisa, não vejo qualquer motivo para tal acusação. Nossa Igreja, Anglicana Reformada, é uma Igreja totalmente apegada aos Solas, e ao mesmo tempo aberta a atuação do Espírito Santo. Qual o problema então? Certamente alguns imaginam que se o Espírito Santo pode, por exemplo, falar ao coração ou à mente dos cristãos, isso equivaleria a uma segunda fonte de autoridade. Seria o caso da Profecia. Tal objeção parece razoavel, no entanto, é anti-biblica e contradiz a própria Teologia Reformada. Ora, um dom que a própria Bíblia ordena que seja buscado, e não seja desprezado, pode ser um inimigo desta mesma Escritura? Além disso, outras reflexões podem ser feitas.

1. Deus tem inspirado sua Igreja a fazer uso de Credos e Confissões de Fé. Estes nos servem, em certo sentido, como “regras” e “guias”. Não é assim, irmãos Reformados? Certamente! Isso nos torna menos fiéis, ou mesmo traidores do Sola Scriptura? Bem, talvez hoje tal questionamento não pareça muito importante, mas ele foi feito ao longo da Hitória, e a própria Confissão de Westminister usada pelos presbiterianos aqui no Brasil, faz questão de esclarecer: Pessoas há que estranham adotar a Igreja Presbiteriana uma Confissão de Fé e Catecismo como regra de fé, quando sustenta sempre ser a Escritura Sagrada sua única regra de fé e de prática. A incoerência é apenas aparente. A Igreja Presbiteriana coloca a Bíblia em primeiro lugar. É ela só que deve obrigar a consciência (...)A Igreja Presbiteriana sustenta que a Escritura é a suprema e infalível regra de fé e prática; e também que a Confissão de Fé e os Catecismos contêm o sistema de doutrina ensinado na Escritura, e dela deriva toda a sua autoridade e a ela tudo se subordina”.

Observem que a estranheza aqui descrita não é em nada diferente daquela que encontramos em quem se recusa a ver-nos os Reformados que somos. Quando um Ministro presbiteriano subscreve os extensos capítulos de Westminister ele está negando o Sola Scriptura? Não! Ele parte do pressuposto de que suas afirmações estão de acordo com as Escrituras, de modo que a Confissão não se torna uma autoridade paralela ou rival. Alguma de todas as doutrinas que pregamos em nossas Comunidades baseia-se em outra fonte de autoridade que não o Santo Livro? Esse é o ponto aqui. Não se trata da opinião de alguém sobre a atualidade ou não dos dons, mas se procede a acusação que nos fazem de adotarmos outra fonte de autoridade que não a Escritura! Podem provar este ponto? Podem provar esta acusação? Se não podem, todos os seus argumentos contra sermos Reformados caem por terra.

2. O Espírito ilumina o coração e a mente dos cristãos. Nós, os Reformados, acreditamos no Sola Scriptura, e afirmamos ser necessário que, para compreendê-la, o homem carece ser iluminado soberanamente pelo Espírito. Mesmo o Cristão, quando lê a Palavra de Deus, necessita da iluminação interna dada pelo Espírito, a fim de que possa compreendê-la. Diz Westminister: “À Escritura nada se acrescentará em tempo algum, nem por novas revelações do Espírito, nem por tradições dos homens; reconhecemos, entretanto, ser necessária a íntima iluminação do Espírito de Deus para a salvadora compreensão das coisas reveladas na palavra, e que há algumas circunstâncias, quanto ao culto de Deus e ao governo da Igreja, comum às ações e sociedades humanas, as quais têm de ser ordenadas pela luz da natureza e pela prudência cristã, segundo as regras gerais da palavra, que sempre devem ser observadas”.

Como diz certo personagem de desenho animano: “Gente!” Será que os autores de Westminster eram Pentecostais? Westminster nos diz que nada, absolutamente nada pode ser acrescentado as Escrituras. E seu apego irrestrito ao Sola Scriptura não a impediu de afirmar também que,

 (a) faz-se necessária uma iluminação interna concedida pelo Espírito Santo, ou seja, o Espírito fala direta e pessoalmente ao coração dos cristãos;

(b) que em algumas circunstâncias, não abarcadas especificamente na Palavra de Deus, o cristão poderá ser guiado “pela luz da natureza e pela prudencia cristã, segundo as regras gerais da Palavra”.

Ora, isto significa que o Espírito Santo fala internamente, e fala até mesmo atravez da “luz da Natureza”. Ao que me parece, alguns reformados pretendem ser mais reformados que sua própria confissão de fé! É fato que temos na Bíblia nossa regra infalível, e suficiente para conduzir-nos a Verdade, mas isso não exclui o fato de Deus se comunicar conosco por outros meios; e tal comunicação – através da “luz da natureza”, por exemplo – não nos desobriga de avaliarmos tudo pelo crivo da Revelação, não implicando, portanto, numa negação do princípio reformado do Sola Scriptura.

Não tenho a pretenção de expor tudo sobre o assunto aqui, nem de responder a todas as objeções de meus irmãos cessacionistas, espero, entretanto, ter demonstrado como não é tarefa tão simples negarem-nos o direito de fazermos parte da Tradição Reformada, tomando como prova nossa convicção carismática. Discordam do meu posicionamento carismático? Não vejo problema com isso, o problema é quando, de modo contraditório, julgam-se os unicos detentores da Fé Reformada.

REFORMA E “CATOLICIDADE”.

Além da forma equivocada como certos Reformados tratam a relação entre Carismas e Sola Scriptura, podemos acrescentar ainda sua aparente incapacidade em compreender a “catolicidade” do Cristianismo. Ser for mais que uma mera impressão nossa, seria o mesmo que dizer que tais pessoas veem na Reforma não uma “reforma”, mas um “demolir” e “fazer de novo”. Muitos cristãos pentecostais pensam do mesmo modo, jogando fora quase dois mil anos de História e Tradição cristã, que ao contrário do que alguns pensam, não é patrimônio dos “católicos romanos”, mas de toda a Igreja. A Reforma, entretanto, jamais tentou ser uma demonição, apenas quis ser Reforma mesmo. O desejo não era o de destruir, mas limpar a casa. Quando não temos tal conciência, perdemos a noção de nossa catolicidade.

Este seria, acredito, tema apropriado para um segundo artigo, todavia, o problema que abordaremos agora parece ser útil para esclarecer o já analisado na primeira parte.

“Assim como ser Católico e Protestante ao mesmo tempo não é possível, também não é possível ser Protestante e Pentecostal”, diz o autor do artigo. O autor toma a segunda afirmação como certa, partindo do pressuposto de que a primeira seja inquestionável. Contudo, é um sofisma, já que a primeira frase não nos diz muita coisa, e por isso, acaba não dizendo nada e desembocando numa falsa conclusão. Podemos começar pelo básico: não é possível ser Protestante sem ser católico, pois o Protestantismo aceita os Credos da Igreja Indivisa, nos quais confessamos crer e ser parte da Igreja Católica. O Símbolo dos Apóstolos, por exemplo, diz-nos, quase nas últimas linhas: “Creio no Espírito Santo, na Santa Igreja Católica, na comunhão dos santos, na remissão dos pecados, na ressurreição do corpo, na vida eterna. Amém!”. Este Símbolo da fé cristã, bem como outros, como o Credo de Nicéia, são confissões de fé que remontam a Igreja Indivisa, e sempre foram aceitos e cridos pela Igreja Reformada. A liturgia de nossa comunidade em São Paulo traz essa confissão (confira aqui), bem como a liturgia de Calvino em Genebra, e muitas outras! Quem diz que não se pode ser “católico” e “reformado” nega o Credo Apostólico? Negam eles o Credo Niceno? Negam integrar a Corpo Universal de Cristo? Antes de recitar o Credo, a liturgia de Calvino ora: “Senhor aumenta-nos a fé” (confira aqui). Qual fé? A Fé da Igreja Indivisa, expressa nas palavras do Credo.

O problema talvez seja terem, ainda que sem intenção, confundido catolicismo “romano” com “catolicismo” (do mesmo modo que confundem pentecostalismo com carisma). Ser Reformado implica aceitar a fé da Igreja Indivisa, o que implica em aceitar também sua catolicidade, ou a universalidade da fé cristã (“católico” significa simplesmente “universal”). Do contrário, os Reformados de hoje pretendem ser mais Reformados que há 500 anos? Estão reinventando o cristianismo e a Reforma? Se não querem reformar a fé da Igreja Indivisa, pretendem reformar o que? A fé Budista? Não! Apenas que muitos parecem ter esquecido de aprender algo muito simples com os Reformadores: que ser católico não é o mesmo que ser “romano”. Mas, se é este o caso, nós anglicanos, e outros reformados, podemos ajudá-los.

É verdade que o autor pode ter simplesmente desejado usar o termo “católico” como sinonimo de “romanismo”. Isso é possível, contudo injustificável, especialmente em discurso escrito, com intenções apologéticas.

Em todo o caso, sendo mais que possível se insista em negar-nos o honroso título de “Reformados”, resta dizer que a salvação é exclusivamente pela fé, e não por títulos cunhados por uma tradição cristã. Não entraremos nos portais celestiais com uma carteirinha de anglicano, calvinista, pós-milenista, ou por seguir as rubricas do LOC 1662, ou preferir a liturgia de Calvino em Genebra! De fato, nosso único passaporte será a “Graça”, e nem um átomo do que quer que seja a mais. Pentecostal? Carismático? Cessacionista? Nada disso será de algum valor, se não chegarmos aos céus pelo “Sola Fidei”; mas com este, todos os demais serão supérfuos e, ali, desnecessários.

Minha impressão, seja pelo comentário do leitor do blog Filosofia Calvinista, seja pelo conteúdo do próprio texto do blog, é que muitos de nossos irmãos reformados tendem a defender um visão “denominacional” do que seria a Reforma Protestante, quando, de fato, a Reforma foi um opor-se justamente a idéia de que um grupo, uma tradição cristã particular, ou qualquer pessoa, detenha direito ao monopólio sobre a Igreja de Cristo.

Por Marcelo Lemos

Louvor, a causa da vitória

O louvor é uma expressão de júbilo do povo de Deus tanto nos momentos de profusa alegria como no vale da dor mais atroz. Jesus, estando com sua alma angustiada, na noite em que foi traído, depois de celebrar a ceia com seus discípulos, no cenáculo, cantou um hino e saiu para o monte das Oliveiras, onde travou uma luta de sangrento suor e derramou lágrimas, na mais titânica batalha da humanidade. Paulo e Silas cantaram na prisão, à meia noite, com seus pés presos no tronco e com seus corpos ensanguentados. O patriarca Jó, mesmo esmagado pela dor avassaladora da morte de seus dez filhos, num único acidente, prostrou-se com o rosto em terra e adorou a Deus. Mais tarde chegou a dizer que Deus inspira canções de louvor nas noites escuras.

Queremos examinar o assunto em tela, examinando a passagem de 2 Crônicas capítulo 20. Josafá, rei de Judá, homem piedoso e temente a Deus foi entrincheirado por três nações inimigas: Edom, Amom e Moabe. Esses inimigos entraram em acordo para atacar Jerusalém. A cidade de Davi estava cercada. Os adversários já estavam posicionados, estrategicamente, às margens do Mar Morto, muito próximo de Jerusalém. A notícia chegou ao rei de Judá numa hora em que não se tinha tempo suficiente para esboçar qualquer reação àquele grande exército invasor. Nesse momento, Josafá teve medo. Sabia que era uma causa humanamente perdida. Sabia que o tempo conspirava contra ele. Sabia que seus recursos eram insuficientes para entrar naquela peleja. Em vez de desesperar-se, porém, Josafá pôs-se a buscar o Senhor, e decretou um jejum em todo o Judá e conclamou o povo a orar. O próprio rei confessou não saber o que fazer, mas reafirmou sua confiança em Deus, quando disse: “os nossos olhos estão postos em ti”.


Quando o povo clama a Deus, a resposta vem e vem trazendo orientação segura. O povo não deveria temer. Deus lutaria por ele. A vitória não viria do braço da carne nem da estratégia militar. Deus mesmo desbarataria seus inimigos e lhes daria retumbante vitória. Surpreendentemente, Deus ordenou que se ordenasse cantores que, fossem à frente do exército, cantando louvores ao Senhor, em voz alta sobremaneira. A vitória viria não pela espada, mas pelo louvor. Viria não pelo combate, mas pela adoração. Diz a Escritura que, tendo eles começado a cantar e a dar louvores a Deus, o Senhor pôs emboscada contra os inimigos e eles foram desbaratados. A vitória não veio como resultado da batalha, mas como consequência do louvor. O louvor não é apenas arma de guerra, mas o brado do triunfo. O louvor não é apenas consequência da vitória, mas, sobretudo, a causa da vitória. Não devemos louvar a Deus apenas depois que o inimigo foi derrotado, mas devemos louvar para que o inimigo seja derrotado. Não devemos louvar apenas porque o sol está brilhando, mas devemos louvar mesmo nas noites escuras. Não devemos louvar apenas depois que a tempestade se foi, mas louvar para que ela se vá. O louvor é uma expressão de confiança inabalável de que Deus está no controle da situação, mesmo que nós já tenhamos perdido o controle. O louvor é a manifestação de nossa alegria em Deus, mesmo que as circunstâncias à nossa volta conspirem contra nós. O louvor não é apenas um sentimento ou uma emoção, mas uma atitude de descansar em Deus e exultar em sua bondosa providência.


Quando o povo de Israel chegou no acampamento do inimigo, o vale da ameaça, encontraram seus adversários mortos e o acampamento repleto de ricos despojos. O vale da ameaça foi chamado de “vale da bênção”. O lugar do perigo, tornou-se o território da vitória. O ambiente de apreensão e medo, transformou-se no palco da celebração. A arena da espoliação, converteu-se em campo fértil da provisão. Aquilo que apontava para a morte irremediável, transformou-se no cenário mais eloquente da vida. O louvor ainda hoje nos coloca acima dos problemas e mais perto daquele que está assentado na sala de comando do universo.

Rev. Hernandes Dias Lopes

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Salvação: dádiva de Deus e não conquista do homem
A salvação não é um prêmio que recebemos por causa das nossas obras, mas um presente que recebemos por causa da graça. Não conquistamos a salvação pelo nosso esforço, recebemo-la pela fé. Não é resultado do que fazemos para Deus, mas do que Deus fez por nós. Falando a Nicodemos, Jesus destacou essa verdade axial no versículo mais conhecido da Bíblia: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira, que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. Nesse versículo nós encontramos sete verdades preciosas acerca dessa tão grande salvação.
Em primeiro lugar, a salvação é grande pela sua procedência. “Porque Deus amou…”. O Deus Todo-poderoso, criador do universo e sustentador da vida tomou a iniciativa de nos amar, mesmo antes da fundação do mundo. Seu amor por nós é eterno, deliberado, autogerado e incondicional. Deus não nos amou por causa dos nossos méritos, mas apesar dos nossos deméritos. A causa do amor de Deus não está em nós, mas nele mesmo.
Em segundo lugar, a salvação é grande pela sua amplitude. “Porque Deus amou ao mundo…”. Deus amou as pessoas de todos os tempos, de todas as raças, de todos os lugares, de todas as classes e de todos os credos. Amou não aqueles que o amavam, mas amou-nos quando éramos fracos, ímpios, pecadores e inimigos. Amou-nos não porque correspondíamos ao seu amor, mas amou-nos apesar de nossa rebeldia.
Em terceiro lugar, a salvação é grande pela sua intensidade. “Deus amou ao mundo de tal maneira…”. Essa expressão de “tal maneira” aponta para o amor singular, incomparável e superlativo de Deus. Seu amor não foi apenas falado, mas demonstrado. Demonstrado não com cenas arrebatadoras, mas com o sacrifício supremo. O amor de Deus não foi esculpido com letras de fogo nas nuvens, mas demonstrado na cruz.
Em quarto lugar, a salvação é grande pela sua dádiva. “Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito…”. Deus não deu ouro e prata nem mesmo um anjo para a nossa redenção. Deus deu tudo, deu a si mesmo, deu o seu único Filho. Deu-o para que ele se esvaziasse e vestisse pele humana. Deu-o para que seu Filho fosse rejeitado e desprezado entre os homens. Deu-o para que seu Filho suportasse o escárnio das cusparadas e suportasse a maldição da cruz. Deu-o como sacrifício para o nosso pecado.
Em quinto lugar, a salvação é grande pela sua oportunidade. “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê…”. A salvação não é recebida como fruto do merecimento, mas como resultado da graça mediante a fé. A salvação não é dada àqueles que se julgam santos nem àqueles que praticam boas obras com o propósito de alcançarem o favor de Deus. A salvação é oferecida gratuitamente àqueles que crêem em Cristo. Não é crer em anjos nem em santos, mas crer em Jesus, o Filho de Deus. Jesus é o caminho para Deus, a porta do céu, o único mediador que pode nos conduzir ao Pai.
Em sexto lugar, a salvação é grande pela sua libertação. “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira, que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça…”. A salvação é o livramento da ira vindoura, é a soltura das cadeias da morte, é a alforria dos grilhões do inferno. Aqueles que permanecem incrédulos perecerão eternamente. Aqueles que se mantêm rebeldes contra o Filho jamais verão a vida nem desfrutarão do paraíso de Deus. Aqueles que não beberem da Água da Vida, terão que suportar o fogo que nunca se apaga.
Em sétimo lugar, a salvação é grande pela sua oferta. “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê, não pereça, mas tenha a vida eterna”. Deus não apenas livra da condenação os que crêem, mas também oferece a eles vida eterna. A vida eterna é uma perfeita e íntima comunhão com Deus pelo desdobrar da eternidade. A vida eterna será como uma festa que nunca mais vai acabar, no melhor lugar, com as melhores companhias, com a melhor música, com as melhores iguarias, trajando vestes alvas. Enquanto a eternidade durar, desfrutaremos dessa gloriosa vida. Bendito seja Deus por tão grande salvação!

Rev. Hernandes Dias Lopes

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

O Que é Um Homem de Verdade?

As vezes as pessoas sugerem que A ou B não é um homem de verdade porque discorda de um pensamento, tudo que a pessoa fala para esta outro é motivo de discordância, depois a própria pessoa reconhece que estava agindo de forma pessoal. Afinal o que é ser homem de verdade? Discordar ou agir de má fé? As pessoas que nos  conhecem de perto sabem quem somos.
Veja alguns príncipios de alguém que é um homem de verdade:
1. Falar a verdade
2. Não ter duas palavras, coisa que às vezes quem acusa age.
3. Reconhecer quando errar e ter humildade para pedir perdão.
4. Não fingir crer naquilo que não crer.
5. Participar de eventos como encontro de casais, evangelismos, cultos, mesmo não estando na frente.
6. Fazer a obra de Deus sem interesses egoístas, pensando apenas no seu status.
7. Não se levar por sentimnetos pobres como orgulho e vaidade.
8. Não ser leviano no falar, com relação a denúncias contra irmãos acreditar primeiro no crente para depois levar o caso a frente quando tiver provas.
VOCÊ É UM HOMEM DE VERDADE?

Pastor Altino Júnior é Reeleito Presidente do PRVP (Presbitério Vale do Pajeú)






O Rev. Altino Júnior, pastor efetivo da Igreja Presbiteriana do Brasil em Monteiro, foi reeleito pelo 3º ano consecutivo presidente do PRVP, confirma-se a enquete feita por este blog, onde o referido ministro seria reeleito com maioria ampla de votos, isto é uma marca deste espaço que demonstra muita credibilidade e respeito pelos navegantes virtuais. Já havíamos feito uma pesquisa para eleição pastoral no ano de 2009 quando contrariando alguns fizemos pesquisa opinativa com membros da igreja local sobre satisfação com o trabalho do sr. Altino, na pesquisa deu 95% favoráveis ao ministro e 5% contrários, na eleição deu próximo a isto com 94% favoráveis e 6% contrários. Portanto os que sugeriram insatisfação da igreja com o reverendo, representavam uma minoria inativa e não a maioria dos membros ativos, agora novamente acertamos na reeleição deste homem de Deus. Este blog tem demonstrado que suas publicações são verdadeiras e confiavéis. Parabéns Altino! Inclusive pelo seu aniversário no dia 12/12.