O
texto de Marcos 14.51,52 relata o episódio de um jovem vestido com um lençol. A
cidade de Jerusalém estava vivendo a noite mais dramática da sua história.
Judas liderava a turba de sacerdotes e soldados que iam prender Jesus. Já era
noite. Muitas pessoas apenas olharam a cena, mas um jovem não se conteve. Do
jeito que estava enrolado em um lençol, pulou de sua cama e infiltrou-se no
meio da turba que estava levando Jesus preso. Não se apercebeu que lençol
não é roupa. Não se deu conta que estava indevidamente vestido e que poderia
ser desmascarado e exposto ao vexame.
Esse jovem é um símbolo
daqueles que seguem a multidão, mas sem saber direito o que está acontecendo. Ele representa os
seguidores ocasionais e os discípulos de plantão. Ele estava seguindo a Jesus,
mas sem medir as conseqüências. Ele estava vestido inconvenientemente e
despreparado para enfrentar as dificuldades. O texto em tela nos enseja algumas
lições:
Em primeiro lugar, os
que se cobrem com um lençol são um símbolo dos que seguem a Cristo sem
compromisso.
Aquele jovem tornou-se um discípulo casual. Faltava-lhe o compromisso com
Jesus. Ele era um discípulo de improviso. Seguia Jesus movido apenas pela
curiosidade. Muitos ainda hoje, estão na igreja, mas não seguem a Jesus de
verdade. Estão no meio da multidão, mas não conhecem a Jesus nem tem qualquer
aliança com ele.
Em segundo lugar, os que
se vestem com um lençol são um símbolo daqueles que vivem superficialmente. O lençol era a única
cobertura que aquele jovem possuía. Era, portanto, um arranjo, uma proteção
superficial. Não havia mais nada além daquilo que era aparente. Quando lhe
arrancaram o lençol, não havia mais nada para lhe proteger a vergonha. Há
muitas pessoas ainda hoje, que vivem uma vida rasa, descomprometida,
superficial. Têm apenas um verniz, uma casca de piedade, mas nenhuma essência
de santidade.
Em terceiro lugar,
aqueles que se cobrem com um lençol são adeptos do pragmatismo. Eles preferem o que dá
certo em lugar do que é certo. Não era certo sair de lençol, mas naquele
momento deu certo. Era noite e pensou que poderia ficar despercebido. O lençol
enrolado no corpo, à noite, parecia-se com vestimenta decente. A escuridão
favorecia esse tipo de arranjo. Ele pensou: “ninguém saberá, então, eu vou
fazer”. Sua ética era a ética do momento, da conveniência. Muitos ainda hoje
agem desta mesma forma. Estão mais preocupados com resultados do que com a
verdade; buscam mais a conveniência pessoal do que fazer o que é certo diante
de Deus.
Em quarto lugar, aqueles que se cobrem com um
lençol são um símbolo daqueles que não podem se defender. O jovem viu-se
indefeso quando foi atacado. Ao precisar usar suas mãos, o lençol caiu e ele
ficou nu. Eram suas mãos que faziam com que o lençol aderisse ao corpo. Ao
liberar as mãos, o lençol caiu. Ficou vulnerável, exposto, desprotegido, nu. O
inimigo agarrou o lençol, a única coisa que lhe protegia. Ficou nu. Fugiu nu.
As máscaras podem nos esconder por um tempo. Mas ninguém consegue afivelar as
máscaras com segurança. Uma hora a máscara cai e deixa a pessoa em maus
lençóis, ou melhor, sem lençol. Há muitas pessoas que se infiltram no meio da
multidão, despreparados para a luta. Na hora da crise, quem estiver trajando
apenas um lençol ficará exposto ao opróbrio e à vergonha. Não é sensato
vestir-se com um lençol! Você precisa trajar toda a armadura de Deus. Você
precisa ser um discípulo de verdade, um seguidor de Cristo pronto a viver e morrer
com ele e por ele, sem precisar fugir envergonhado.
Rev. Hernandes Dias
Lopes