Por Josemar Bessa
"A
Expiação foi limitada?" grita alguém. "Como você se atreve limitar a
expiação?!" A pessoa pode gritar o quanto quiser sobre a grandiosidade
da expiação ( que é totalmente impressionante de fato ), mas todos a limitam em algum
grau, exceto os universalistas, o que os leva a clara heresia.
A verdade trazida de
volta da escuridão através da Reforma, mostra simplesmente os limites
tencionados pela expiação bíblica. Ou seja, 100% daqueles para quem ela foi
destinada, para quem o sangue de Cristo foi derramado, de fato os seus pecados são expiados, ela (a Expiação) é completamente
eficaz.
O Semi-pelagiano limita
o poder da expiação. Ou seja, diz que ela foi feita para todos os seres humanos
os que estarão no céu e ou que estão e estarão no inferno - ou seja, o pecado de todos foi pago, mas
muitos terão que pagar de novo – afetando completamente a justiça de Deus por
cobrar e punir o mesmo pecado duas vezes, em Cristo na cruz, e no pecador
perdido no inferno. É por isso que a posição universalista, apesar de
biblicamente ser clara heresia, pelo menos obedece a lógica – se o pecado de
todos foi efetivamente castigado em Cristo, logo todos estão salvos. Isto é
lógico (se o pecado de todos tivessem
sido expiados na cruz), não faz Deus injusto... mas claramente não é o que
o Bíblia ensina – Mas não há lógica em dizer que o pecado de todos foi expiado,
e que apesar disso o homem terá que pagar por esse pecado de novo, fazendo Deus
injusto de forma mais básica que se possa imaginar.
Por isso, John Owen, um
dos grande puritanos e um dos maiores teólogos da história da igreja, resume as
coisas dessa forma:
“O Pai impôs Sua ira
devido a, e o Filho suportou o castigo por, um dos três:
1. Todos os pecados de
todos os homens.
2. Todos os pecados de
alguns homens, ou
3. Alguns dos pecados
de todos os homens.
No qual caso pode ser
dito:
a. Que se a última
opção for a verdadeira, todos os homens têm alguns pecados pelos quais
responder, e assim, ninguém será salvo.
b. Que se a segunda
opção for a verdadeira, então Cristo, no lugar deles sofreu por todos os
pecados de todos os eleitos no mundo inteiro, e esta é a verdade.
c. Mas se a primeira
opção for o caso, porque nem todos os homens são livres do castigo devido para
os seus pecados?
Você responde: Por
causa da incredulidade. Eu pergunto: Esta incredulidade é um pecado, ou não é?
Se for, então Cristo sofreu o castigo devido por ela, ou não. Se Ele sofreu,
por que este pecado deve impedi-los mais do que os seus outros pecados pelos
quais Ele morreu? Se Ele não sofreu por tal pecado, Ele não morreu por todos os
seus pecados!”
Nada pode ser mais
claro – Se a Expiação pagou ( expiou – pagou uma dívida)... então a pergunta é “para
quem?”
Se a Expiação expiou
todos os pecados de todos os homens, então todos estão salvos e Rob Bell estaria certo... e é exatamente
nisso que ele se apega. Mas...
Considerando que Jesus
ensinou claramente que o inferno é
1) Uma realidade e
2) Não está vazio;
Muitas pessoas,
claramente, não tiveram seus pecados expiados e por essa razão, eles serão
punidos por seus pecados no inferno, porque ninguém foi punido em seu lugar. Se
a Expiação expiou todos os pecados de alguns homens:
“Porque
Deus nos escolheu nele antes da criação do mundo, para sermos santos e
irrepreensíveis em sua presença. Em amor nos predestinou para sermos adotados
como filhos por meio de Jesus Cristo, conforme o bom propósito da sua vontade, para
o louvor da sua gloriosa graça, a qual nos deu gratuitamente no Amado.”
- Efésios 1:4-6 – A salvação destes
é certa e a expiação é 100% eficaz em suas vidas.
Agora, se a Expiação
expiou somente alguns pecados de todos os homens, então estamos todos
certamente condenados, porque ninguém é totalmente salvo.
A beleza maravilhosa da
Expiação Limitada está em sua reivindicação plena de ser completamente
vitoriosa e mostrar a perfeita Justiça de Deus e o valor perfeito do sangue e
sofrimento de Cristo.
O sangue de Cristo
salva absolutamente todos para quem se destina. O Sinergista, o Semi-Pelagiano,
tem que admitir a verdade de que a Expiação não conseguiu salvar a grande
maioria de quem ele se destinou ( fraturando toda a verdade sobre a Justiça de
Deus, por exemplo ) – transformando Jesus não em um Salvador, mas num
pseudo-salvador.
Dada a lógica
inquestionável ( e claramente fundamentada nas Escrituras ) O Sinergista fica sem
escolha a não ser admitir que o sangue de Cristo de fato não salva, apenas
torna o homem salvável. Ou seja, não há poder no sangue de Cristo, mas apenas
potencial. O sangue de Cristo então, só é eficaz se for combinado com algo do
homem, sua ação, sua atitude, parceria (sinergia)... a fim de proporcionar salvação. O sangue de
Cristo se torna (ao abandonarmos o ensino bíblico) então só uma parte da
equação que salva o homem.
Se o sangue de Cristo
foi derramado por todos os homens (esquecendo o problema insolúvel dos que já morreram
perdidos) – salvos e perdidos – então temos uma pergunta que permanece sem
resposta: por que o sangue de Jesus salva uma pessoa e não salva outra? O
Sinergista terá que alegar que é a fé que nos salva, salvação que foi
POSSIBILITADA pelo sangue de Cristo. Ou seja, tem que ser admitido que não é o
sangue que salva.
Mas o testemunho claro
das Escrituras é que é o sangue derramado pelos pecados que salva:
“Isto
é o meu sangue da aliança, que é derramado em favor de muitos, para perdão de
pecados.” - Mateus
26:28 – “Assim, Jesus também sofreu
fora das portas da cidade, para santificar o povo por meio do seu próprio
sangue.” - Hebreus 13:12 – “Portanto, irmãos, temos plena confiança
para entrar no Santo dos Santos pelo sangue de Jesus” - Hebreus 10:19 – “Mas
agora, em Cristo Jesus, vocês, que antes estavam longe, foram aproximados
mediante o sangue de Cristo.” - Efésios
2:13
Olhemos para Apocalipse
5.9: “"Tu és digno de receber o
livro e de abrir os seus selos, pois foste morto, e com teu sangue compraste
para Deus homens de toda tribo, língua, povo e nação.” - Com teu sangue COMPRASTE...!!
Todos foram resgatados
e comprados para Deus? É óbvio que não, a não ser que você creia na heresia do
Universalismo. Obviamente que nem todos são resgatados, nem todos tiveram seus
débitos pagos. Ainda assim, é o sangue de Jesus que nos resgatou. Ele não
resgata a todos. Devemos perguntar então: “É porque a Expiação não era poderosa
o suficiente para resgatar todos, ou não se destina a resgatar a todos?”
Sim, nós somos
justificados pela fé (Romanos 5:1). Há um ajuste de contas ( um termo de
contabilidade ) com Deus – sendo nós sendo feitos justos diante dele pela fé (que ele nos dá de acordo com Efésios 1:9-12
– “...E nos revelou o mistério da sua
vontade, de acordo com o seu bom propósito que ele estabeleceu em Cristo... Nele
fomos também escolhidos, tendo sido predestinados conforme o plano daquele que
faz todas as coisas segundo o propósito da sua vontade, a fim de que nós, os
que primeiro esperamos em Cristo, sejamos para o louvor da sua glória.” )
Ou seja, a imputação da
justiça de Cristo a nós é pela fé, mas a
imputação de nossos pecados a Cristo não foi no momento (no tempo) em que
Deus gerou a fé em nós - ( pois devemos lembrar que ela é um dom de Deus – no homem
natural não habita bem algum e nada do que o homem natural faz pode agradar a
Deus – “Porquanto a inclinação da carne é
inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o
pode ser. Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus. Vós, porém,
não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós.”
- Romanos
8:7-9 – Só o que o que é fruto da habitação do Espírito – começando na
Regeneração – pode agradar a Deus ) – mas lá na cruz.
A imputação do nosso
pecado a Cristo ocorreu muito antes da imputação da justiça a nós ( na nossa
justificação ) no tempo – ela ocorreu na cruz. O Semi-Pelagianismo é obrigado a
afirmar uma posição insustentável de que a fé sinergista “dá ao sangue de
Cristo o poder de salvar” – Mesmo a nossa fé, que é uma benção espiritual... nos é
dada em Cristo pela cruz: “Bendito o Deus
e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos
espirituais nos lugares celestiais em Cristo” - Efésios 1:3 – Nossa fé não supre poder para salvar ao sangue de
Cristo, ela é uma dádiva conquistada na cruz e dada a nós por graça.
Mas o argumento
necessário do Sinergista, tem de ser de que a nossa fé ( nascida em nossa
própria natureza caída, natureza essa que não pode produzir nada que agrade a
Deus ) dá ao sangue de Jesus o seu poder e capacidade para salvar.
Isso coloca a sinergia,
a fé sinergista ( que significa “parceria” – ação
conjunta - Sinergia é quando dois
objetos, ou até mesmo duas pessoas, agem da mesma forma para atingir um
determinado objetivo. Sinergia significa
cooperação, e é um termo de origem grega. Sinergia é um trabalho ou esforço
conjunto para realizar uma determinada
tarefa muito complexa, e poder atingir seu êxito no final.) em posição de
heresia, pois é a afirmação de fato, de que damos ao sangue de Cristo o seu
poder.