sexta-feira, 8 de junho de 2012

Refutação Bíblica a palavra do Silas Malafaia sobre "Uma Vida de Prosperidade"

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Por Ruy Marinho

Recentemente, o tele-pastor Silas Malafaia veio a público desafiar os "blogueiros, críticos de meia-tigela e sites de bandidos travestidos de evangélicos... quem planta notícia em internet, invejosos, caluniadores..." [1], a mostrar biblicamente onde é que se encontram as falhas teológicas de sua pregação sobre a teologia da prosperidade, que “ele prega e crê” [2].

Talvez o título dessa postagem fosse mais conveniente com a frase: Ensinando Silas Malafaia a deixar a colher e comer de garfo! Seria uma resposta a própria afirmação dele de que, quem o critica “come de colher e quer ensiná-lo a comer de garfo”. Porém, não posso deixar de lado o que a Bíblia diz em 1 Pedro 3.14-17: 
“Ora, quem é que vos há de maltratar, se fordes zelosos do que é bom? Mas, ainda que venhais a sofrer por causa da justiça, bem aventurados sois, Não vos amedronteis, portanto, com as suas ameaças, nem fiqueis alarmados, Antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pede razão da esperança que há em vós, fazendo-o, todavia, com mansidão e temor, com boa consciência, de modo que, naquilo em que falam contra vós outros, fiquem envergonhados os que difamam o vosso bom procedimento em Cristo, porque, se for da vontade de Deus, é melhor que sofrais por praticardes o que é bom do que praticando o mal.” (negrito meu)
É de conhecimento de todos que, há alguns anos o tele-pastor desvirtuou-se de sua posição clássica contrária aos modismos e heresias, inclusive que ele mesmo criticava e condenava [3], para aderir à perniciosa teologia da prosperidade. Com isso, o mesmo vem promovendo uma série de distorções bíblicas e heresias gravíssimas, além de abrir a porta para pregadores heréticos da tal teologia mercantilista vindos de outros países. Basta pesquisar aqui no blog para constatar que existem inúmeros artigos de refutação e denúncias das práticas anti-bíblicas de Silas. Inclusive, destaco um ótimo resumo crítico que foi publicado recentemente no Púlpito Cristão, no qual você pode ver aqui!

Embora Silas Malafaia tenha feito o desafio com um tom ofensivo de deboche e covardia, eu farei a refutação de sua palavra supra-citada não pelo desafio em si, mas pelo dever em defender o evangelho, aja visto ter detectado em sua pregação várias distorções bíblicas e conclusões errôneas feitas pelo tele-pastor, referentes ao que ele defende. Portanto, para ser mais direto e categórico, vou me conter em refutar somente a pregação do Silas Malafaia neste programa específico, onde ele desafia os blogueiros (dos quais incluo-me).

A primeira parte de sua pregação - com base na teologia da prosperidade - denominada “uma vida de prosperidade”, foi ao ar no último sábado, dia 2 de maio de 2012. Veja abaixo:


Em sua pregação, para começar ele cita três pontos que serão abordados: o que é a oferta, características de um ofertante e o resultado na vida do ofertante. Silas utiliza 2Co 9.1-15 de uma maneira desconexa e fragmentada, utilizando somente de alguns versículos desta passagem para fazer a sua defesa da teologia da prosperidade, algo normal de uma pessoa que prega tal conceito, pois não há o costume de utilizar uma pregação expositiva equilibrada. Ele ainda afirma que esta passagem é o “melhor compêndio no Novo Testamento sobre o assunto". 

Porém, ao sair do círculo fechado e fragmentado que Silas arma em torno de 2Co 9.1-15, afirmando a prosperidade financeira como recompensa para todos os crentes que ofertam, não tem como ignorar todo o contexto bíblico que trata de dinheiro, principalmente as passagens que afirmam o contrário do que Silas defende. Como harmonizar, por exemplo, a sementeira e a colheita de 2Co 9 com esta outra passagem que diz “Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes. Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição. Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores.” (I Tm 6.8-10, ARA) ? 

O que dizer então das palavras do Mestre: “Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam; mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam; porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração. São os olhos a lâmpada do corpo. Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso; se, porém, os teus olhos forem maus, todo o teu corpo estará em trevas. Portanto, caso a luz que em ti há sejam trevas, que grandes trevas serão! Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas.” (Mt 6.19-24, ARA ) ?

Enquanto uma passagem supostamente afirma (segundo Silas) que podemos ofertar com a promessa de prosperidade financeira plena, outras afirmam exatamente o contrário, que não devemos enfatizar a prosperidade financeira! Tem alguma coisa errada aí! Será que Silas Malafaia está pregando algo correto à luz do contexto bíblico? Será que Deus ficaria preso na condição de obrigação em recompensar financeiramente quem oferta?
2Co 9.1-15 pode ser o “melhor compêndio” sobre o assunto conforme ele afirma, porém não é o único, principalmente no Novo Testamento! Não se pode interpretar uma passagem isolada de outras que tratam do mesmo assunto (regra básica de hermenêutica).

Quando desfragmentamos os versículos isolados que Silas utiliza e analisamos a luz do contexto imediato desta passagem, veremos facilmente que o foco de Paulo não é a prosperidade financeira para os crentes em resposta ao ato de ofertar, mas sim a necessidade de ajudar financeiramente - com alegria e deliberadamente - os irmãos mais pobres. Paulo usa como exemplo aos Coríntios (uma igreja com membros financeiramente estáveis) de como os irmãos macedônios foram generosos nas ofertas enviadas à igreja de Jerusalém. Mesmo com sérias limitações financeiras (profunda pobreza, 2Co 8.2) eles tiveram alegria em ajudar os irmãos pobres. Este exemplo deve ser aplicado a nós nos dias de hoje com total significância. Porém, não com o objetivo de barganhar com Deus, esperando algo em troca.

Uma pergunta que devemos fazer: será que as ofertas e desafios financeiros que, tanto Silas Malafaia, quanto os demais tele-pastores fazem em seus programas são destinados aos pobres da Igreja? Não, pois eles categoricamente afirmam qual é o destino do dinheiro doado em suas coletas: sustentar os programas de TV (valores milionários), viagens nacionais e internacionais, mega-cruzadas caríssimas, jatinho particular etc. Posso estar errado, mas eu nunca vi Silas fazendo um desafio financeiro para ajudar os pobres da Igreja. 

Continuando a análise ao vídeo, Silas comete outro erro grave: ao citar 2Co 9.4, ele afirma que “a oferta tem sólida base no mundo espiritual”. Para chegar a esta conclusão, ele utiliza a tradução bíblica Almeida Corrigida Fiel onde diz na parte final “...firme fundamento de glória”[4]. Porém, ao analisar melhor outras traduções da bíblia (inclusive o grego original), bem como o contexto direto (vs 1 a 5), veremos exatamente o que Paulo afirma: “Não tenho necessidade de escrever-lhes a respeito dessa assistência aos santos. Reconheço a sua disposição em ajudar e já mostrei aos macedônios o orgulho que tenho de vocês, dizendo-lhes que, desde o ano passado, vocês da Acaia estavam prontos a contribuir; e a dedicação de vocês motivou a muitos. Contudo, estou enviando os irmãos para que o orgulho que temos de vocês a esse respeito não seja em vão, mas que vocês estejam preparados, como eu disse que estariam, a fim de que, se alguns macedônios forem comigo e os encontrarem despreparados, nós, para não mencionar vocês, não fiquemos envergonhados por tanta confiança que tivemos.”(NVI, grifo meu)

Portanto, concluímos facilmente duas coisas: primeiro, que não se deve fazer uma exegese profunda em um texto bíblico considerando somente uma tradução da bíblia; segundo, que a passagem em si não há, absolutamente, nada de super sobrenatural como Silas afirma, mas a passagem narra a demonstração de confiança e orgulho que Paulo tinha pelos crentes de Corinto, na certeza dos mesmos ajudarem através das ofertas os irmãos pobres da Judéia, conforme fizeram os irmãos da Macedônia. 

Mais um erro teológico de Silas: Ele cita, estranhamente de forma fragmentada parte de 2Co 9.5, onde diz “...e preparassem de antemão a vossa bênção” [negrito meu], afirmando que a palavra “benção” nesta passagem significa “um meio de receber favor Divino e meio de felicidade”. Ou seja, segundo Silas, em resposta a oferta haverá uma ação direta de Deus em abençoar os ofertantes! Isto é uma distorção forçada do texto, pois no contexto direto a palavra benção está direcionada a uma ação direta dos ofertantes aos que receberiam as ofertas! Embora reconheça que Deus pode, segundo a vontade Dele, abençoar a vida financeira de quem ajuda, não é o que este versículo em si afirma. Os “abençoados” são os que recebem as ofertas e não os que ofertam!

Veja a mesma passagem em outra tradução: “...concluam os preparativos para a contribuição que vocês prometeram. Então ela estará pronta como oferta generosa, e não como algo dado com avareza.” (NVI, negrito meu) No original grego, a palavra utilizada é eulogia (benção), empregada neste contexto como "generosidade" [5]. Lembrando que o significado da palavra “benção” é variável, no caso desta passagem se enquadra na definição de “expressão ou gesto com que se abençoa. Benefício, favor especial.” [6]

Continuando, Silas cita 2Co 9.10 “Ora, aquele que dá a semente ao que semeia, e pão para comer, também multiplicará a vossa sementeira, e aumentará os frutos da vossa justiça”, afirmando que Deus nos dá a semente para ofertar. Está correto! Afinal, Deus é o provedor de tudo, o homem não dá do que é propriamente seu, e sim daquilo que Deus lhe tem dado (veja At 17.25). Mas, para quê serve esta semente que Deus nos dá? Para sustentar ministérios milionários de tele-pastores que cada vez mais ficam ricos para esbanjar “prosperidade”, em troca de uma suposta benção financeira sobrenatural? Não! 

A semente que provém de Deus é para ajudar os pobres da igreja para que todos sejam abençoados e Deus seja glorificado! Veja o contexto direto no versículo 9: “Como está escrito: Distribuiu, deu aos pobres, a sua justiça permanece para sempre” (ACF, negrito meu), uma citação que Paulo faz de Salmos 112.9 para mostrar que a generosidade à quem precisa é característica de todo Cristão. Deus abençoa a nossa vida para “aumentar os frutos da nossa justiça”(vs9), para “toda a generosidade”(vs11) e para “suprir as necessidades dos santos” (vs10). Ou seja, Deus pode, segundo a vontade Dele, prover em nossas vidas quando ajudamos os pobres da Igreja, principalmente para aumentar a possibilidade desta ajuda continuar cada vez mais: “Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós; e devemos dar nossa vida pelos irmãos. Ora, aquele que possuir recursos deste mundo, e vir a seu irmão padecer necessidade, e fechar-lhe o seu coração, como pode permanecer nele o amor de Deus?” (1Jo 3.16-17, ARA)

Mais um erro de Silas: Ele cita parte do VS 12 “...porque a administração deste serviço”, para afirmar que a oferta é um serviço para Deus. Logo em seguida, ele cita 1Co 15.58 que diz “que o nosso trabalho não é em vão” para afirmar que, se é um trabalho, Deus vai recompensar. Ainda cita Jr 21.14 que diz “o Senhor recompensará a cada um segundo o fruto das tuas ações”. E termina afirmando que: “se a oferta é um serviço para Deus, Ele vai nos recompensar da mesma forma que alguém trabalha e tem que receber salário.”

Errado Pr. Silas! O contexto de 1Co 15.58 em nenhum momento é formalizado um contrato de trabalho entre nós e Deus com promessa de honorários financeiros, muito pelo contrário, fala da esperança que os Coríntios deveriam ter no dia da ressurreição para continuarem perseverando na fé, mesmo sob ensinos falsos e várias tentações, sabendo que os esforços para o serviço à Deus nunca será em vão (veja Is 65:17-25). 

Segue o contexto direto da passagem em questão: “Isto afirmo, irmãos, que a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus, nem a corrupção herdar a incorrupção. Eis que vos digo um mistério: nem todos dormiremos, mas transformados seremos todos, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao ressoar da última trombeta. A trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. Porque é necessário que este corpo corruptível se revista da incorruptibilidade, e que o corpo mortal se revista da imortalidade. E, quando este corpo corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal se revestir de imortalidade, então, se cumprirá a palavra que está escrita: Tragada foi a morte pela vitória. Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?  O aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei. Graças a Deus, que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo. Portanto, meus amados irmãos, sede firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão.” [1Co 15.50-58, ACF, negrito meu]. 

E sobre Jeremias 21.14, veja o que diz: “Eu vos castigarei segundo o fruto das vossas ações, diz o SENHOR; e acenderei o fogo no seu bosque, que consumirá a tudo o que está em redor dela.” O texto fala de castigo e não de recompensa financeira! Que distorção bíblica grosseira Pastor Silas!

Dando continuidade na análise do vídeo, Silas agora discorre para os resultados na vida de um ofertante. Logo de cara ele afirma que “Deus trabalha com a lei da recompensa”. Para tal afirmativa, ainda divide esta lei em “5 leis que funcionam na vida de um ofertante”. Chamo a atenção para algo gravíssimo: colocar a condição de lei para Deus é neutralizar a onisciência Dele! É afirmar que Deus trabalha somente em troca do nosso dinheiro! Afinal, se temos que cumprir esta lei, Deus também tem o dever de cumpri-la. Estaria Deus amarrado em uma condição humana?

Para a 1ª lei, Silas utiliza 2Co 9.6 afirmando a “lei da semeadura”: “E digo isto: o que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia em abundância, em abundância também ceifará.” Esta passagem está em conexão com todo o contexto direto, no qual já tratamos nesse artigo (veja explicação acima sobre os versos 9 e 10). 

Se esta suposta lei da semeadura financeira funcionasse como Silas afirma, porque existem cristãos pobres que precisam de ajuda da própria Igreja? Falta de fé para ofertar o que não tem? Porque então Paulo organizou esta coleta de ofertas aos Pobres da Judeia, ao invés de fazer um desafio financeiro para eles serem abençoados com a lei da semeadura? Inclusive o próprio Paulo passou por muitas necessidades ( Fp 4.10-20, 2Co 11.27). Porque Jesus se fez pobre durante seu ministério na terra (2 Co 8.9) não tendo sequer aonde reclinar a cabeça (Mt 8.20)? Porque Jesus também disse que dificilmente entraria um rico no reino dos Céus (Mt 19.23-24), e ainda disse para não juntar tesouros na terra, mas no Céu (Mt 6.19-24)? Estaria Paulo pregando uma teologia contrária à Bíblia e entrando em contradição consigo próprio? Claro que não! A teologia contrária a Bíblia é a que Silas Malafaia tenta defender sem êxito.

Paulo cita esta metáfora baseada na vida agrícola para mostrar que, aquilo que é doado nunca se perde, é semeado. Embora Deus, às vezes, proveja uma colheita generosa no terreno físico, principalmente para aumentar as possibilidades de ajuda aos pobres da Igreja, esse não é o padrão e nem é a promessa do Novo Testamento, muito pelo contrário, veja: 2 Co 8:9, 11:27, Lc 6:20-21, 24:25, Tg 2:5.

Tentando justificar a demora na “colheita” de muitos, Silas ainda faz uma analogia entre o tempo de cumprimento da “lei da semeadura” com as sementes de frutas naturais. Dentre várias frutas, ele cita tamarindo, uma fruta que demora até 60 anos para começar a dar frutos. Com isso, ele justifica que pode demorar muito para alguém receber o pagamento da tal “lei da semeadura”. Ou seja, o que você ofertar, talvez nem receba de Deus nesta vida. Na verdade, trata-se da famosa "desculpa espiritual" dos adeptos da teologia da prosperidade para os que não receberam a sua colheita, mesmo depois de ofertar. Engraçado que na hora dos desafios televisivos é exaustivamente enfatizado que Deus vai nos abençoar, que vamos colher cem vezes mais, que vamos ter uma vida próspera, que vamos pagar nossas contas e ter prosperidade em abundância etc.

Na 2ª lei, Silas cita 2 Co9.7 onde diz “...porque Deus ama a quem dá com alegria”, o que seria a “lei do amor de Deus sobre o ofertante”. Logo após, solta uma pérola histórica: “você não vê Deus usando essa palavra de amor pra salvação” E ainda pede para avisá-lo se alguém souber de outra passagem bíblica que utiliza esta expressão de amor de Deus, pois ele não sabe de tudo da Bíblia. 

Sinceramente, alguém que faz tal afirmação deixa-me mais desconfiado ainda do quanto a pessoa é desprovida de conhecimento Bíblico, veja: Jo 3.16 “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu filho unigênito para que todo que Nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. (negrito meu) Leia também 1Jo 4.9 e Rm 5.8. 

A 3ª lei, segundo Silas, consta no versículo 8, onde diz: “Deus pode fazer-vos abundar em toda graça, a fim de que, tendo sempre, em tudo, ampla suficiência, superabundeis em toda boa obra,”(ARA) o que seria a “lei total do favor de Deus, a graça”. Silas afirma – corretamente – que a graça é o favor imerecido, benevolente e amoroso de Deus para o homem. Mas comete um erro gravíssimo afirmando que “a oferta chama a graça de Deus para nós”. Ora, se a graça é um favor imerecido, como pode ser merecido ao mesmo tempo? 

Para piorar, segundo este pensamento Silas afirma que através da oferta nós podemos obter soluções de problemas emocionais, curas e soluções de problemas financeiros. Enfim, erros gravíssimos e infantis que nem um aluno novo de Escola Bíblica dominical confunde.
O versículo em questão não dá margem para esta interpretação incorreta. No verso 8 diz que Deus pode nos abençoar para sermos um instrumento de sua graça, fazendo que tenhamos o suficiente para continuar ajudando os pobres. Quando os santos carentes recebem uma generosa doação de outros crentes, eles reconhecem que Deus é a fonte da generosidade, reconhecendo o dom inefável de Deus (vs 15). E assim eles respondem com ações de graças e louvor a Deus por Sua graça em suas vidas (v. 11). E isto acontece segundo a vontade Dele e não por nosso merecimento. Nós não merecemos e nunca vamos merecer a graça Dele, é Ele quem nos ama e nos concede a sua graça, segundo o Seu querer.

A 4ª lei que Silas cita, segundo 2Co 9.9 é a “lei da multiplicação”, que na verdade é o mesmo que a “lei da semeadura”. Ou seja, a refutação para a 1ª lei serve para esta 4ª lei também.

Enfim, a 5ª lei. Silas cita o verso 11 que diz “para que tudo enriqueçais para toda a beneficência, a qual faz que por nós se dêem graças a Deus”, para fundamentar a “lei da abundância”. Com isso, Silas afirma que Deus é um Deus de sobra, sem mesquinharia. 

Obviamente, ele utiliza este argumento para justificar a suposta abundância da teologia da prosperidade. Mas, ao contrário que ele afirma, o que esta passagem mostra é que, quando Deus nos dá uma provisão financeira, mesmo sendo com sobras, não é para o proveito próprio, e sim para ser usada em generosidade aos necessitados, para a glória de Deus. O versículo é claro quando afirma “...para toda a beneficência”(ACF), “para toda generosidade”(ARA). Veja como viviam os convertidos naquela época: “Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum. Vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade.” (At 2.44-45, ARA) Este conceito de abundância financeira é, de fato, o mais claro sinal de avareza na vida de alguém: “Tende cuidado e guardai-vos de toda e qualquer avareza; porque a vida de um homem não consiste na abundância dos bens que ele possui” (Mt 12.15, ARA)

Silas ainda cita exemplos do que aconteceu com Adão e Eva no jardim do Éden e a prosperidade de Abraão para afirmar que Deus fará o mesmo com quem ofertar. Isto é um absurdo! Afinal, estes são casos isolados em que Deus agiu com um propósito específico e exclusivo para cumprir os seus planos! Por exemplo: não é porque Deus sustentou o povo no deserto enviando o maná dos céus (Ex 16:35) que ele fará o mesmo hoje da mesma forma conosco. Vai deixar de trabalhar esperando o maná para ver o que acontece!

Para terminar, mostro na Bíblia a verdadeira prosperidade para o Cristão:
"Também, irmãos, vos fazemos conhecer a graça de Deus concedida às igrejas da Macedônia; porque, no meio de muita prova de tribulação, manifestaram abundância de alegria, e a profunda pobreza deles superabundou em grande riqueza da sua generosidade. Porque eles, testemunho eu, na medida de suas posses e mesmo acima delas, se mostraram voluntários". (2Co 8.1-3). 
Antigamente, Silas Malafaia concordava que esta passagem nos mostra a verdadeira prosperidade bíblica, veja o que ele disse muitos anos atrás: "Os pobres da Macedônia dividiram o pouco que tinham com os pobres da Judeia. Isto é prosperidade. Prosperidade é você compartilhar com o outro... é viver bem com aquilo que Deus tem te dado... é mesmo você tendo pouco, você ainda tem forças e capacidade de ajudar alguém que está pior do que você." [7]

Fico na esperança de que esse artigo sirva de alerta para todos aqueles que ainda acreditam na teologia da prosperidade, onde infelizmente nos últimos anos muita gente se corrompeu, contaminando-se nas heresias importadas da teologia de Mamon. 
Espero de coração que Silas Malafaia se arrependa verdadeiramente, voltando ao evangelho puro e verdadeiro. Não existe nada mais nobre para um Cristão do que assumir sua condição de pecador e humildemente reconhecer os seus erros para nunca mais praticá-los.
Soli Deo Gloria!

Notas:
1 – Vídeo onde Silas Malafaia faz o desafio aos blogueiros e sites de notícias com palavras ofensivas: Clique aqui p/ ver!
2 – Idem.
3 – Como a teologia de Malafaia mudou radicalmente em alguns anos: Clique aqui p/ ver!
4 – A Almeida Corrigida e Fiel é baseada no Textus Receptus (ou texto majoritário), onde a interpretação bíblica segue o método de equivalência formal (literal-gramatical-histórico) das palavras nos originais da Bíblia. Sendo assim, há muitas palavras de difícil entendimento devido à literalidade da tradução. Neste caso, é necessária a análise do contexto direto para um claro entendimento, bem como a leitura de outras versões da bíblia em paralelo. Para mais informações, veja aqui.
5 - GINGRICH, F. W.; DANKER, F. W. Léxico do N.T. grego/português. São Paulo: Vida Nova, 2003. pág. 88.
7 - Idem a nota 3.
Fonte: Bereianos

O suicídio pela palavra

"Veja", uma das cinco revistas semanais de informações mais importantes do mundo, levou 2.272 edições, em 44 anos de circulação, para cometer o maior "nariz de cera" da sua história, do jornalismo brasileiro em muitos anos e talvez da imprensa mundial. Sua matéria de capa do último número, do dia 6, abre com 98 linhas da mais medíocre "encheção de linguiça", como se diz "no popular".
Se tivessem mesmo que sair, esses quatro enormes parágrafos, numa matéria de apenas oito períodos, tirando boxes e penduricalhos outros para descansar a vista (e relaxar a cabeça), caberiam na Carta ao Leitor, espaço reservado à opinião do dono. Mas lá já estava o devido editorial da "casa", repleto de adjetivações e subjetividades, conforme o estilo.
A tarefa do repórter Daniel Pereira não era competir em fúria acusatória com a voz do dono, mas dar-lhe — se fosse o caso — suporte informativo. Sua matéria devia conter fatos, que constituem a arma de combate do repórter, infalível diante de qualquer assunto sob sua investigação.
Ao invés disso, metade da sua falsa reportagem, com presunção de trazer novidades e gravidades suficientes para merecer a capa da edição, é um rosário de imprecações opiniáticas, no mais grosseiro e primário estilo, num desabamento de qualidade em relação à Carta ao Leitor.
Em tom professoral digno de um sábio de almanaque Capivarol, o editor da sucursal de Brasília, distinto e ilustre desconhecido (ainda, claro), faz gracejo insosso com o fracasso da estratégia de Lula de usar a "CPI do Cachoeira" como manobra diversionista para tirar o foco do julgamento dos integrantes da "quadrilha do mensalão".
Tentando reparar o efeito inverso gerado pela iniciativa, Lula procurou o ministro Gilmar Mendes, do STF, para um acerto, "movimento tão indecoroso que, ao contrário do imaginado pela falconaria petista, se voltou contra o partido", sentencia o jornalista.
Não sou petista. Nunca fui. Também não sou nem nunca serei filado a qualquer partido político, enquanto minha profissão me conceder um espaço para opinar e interpretar. É onde faço política: tentando armar o meu leitor para ter sua agenda atualizada aos grandes temas ao alcance da sua vontade.
Votei uma única vez em Lula para presidente da República, na primeira tentativa dele, contra Collor, em 1989. Ninguém encontrará um artigo de louvor a ele no meu Jornal Pessoal. Como não moro em Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro ou Belo Horizonte, mas em Belém do Pará, distante dois mil quilômetros da capital federal, não me atrevo a escrever reportagens a respeito dele.
Para isso, precisaria estar em contato com pessoas do centro do poder, testemunhar acontecimentos, criar fontes com acesso às informações diretas. Mas minhas análises, feitas à distância, não ultrapassam o limite da possibilidade de demonstrar com fatos o que digo. E só digo o que os fatos me autorizam.
Ao autorizar um repórter, encarregado de produzir uma reportagem, que requer tudo que está fora do meu alcance, justamente porque não disponho dos recursos ao alcance de Daniel Pereira, "Veja" mostra que não respeita a si, aos seus jornalistas e ao leitor. Desrespeita a própria história, que a fez ocupar um lugar tão destacado na imprensa mundial e ter-se estabilizado há muitos anos em 1,2 milhão de exemplares de tiragem.
O respeito e a admiração que as pessoas tem hoje pelos jornalistas da TV Globo era o mesmo, com outra substância, do início dos anos 1970, quando "Veja" se consolidou como a mais importante novidade na imprensa brasileira. Antes de passar a trabalhar na revista, via-me diante de humilhação partilhada por repórteres das outras publicações, como as minhas. Depois de dar entrevista coletiva, o personagem da reunião se desculpava e atendia à parte o representante de "Veja", que costumava assistir calado ao pingue-pongue de perguntas e respostas entre os colegas e o entrevistado.
Mas não ficávamos furiosos ou nos revoltávamos pelo privilégio dado ao concorrente. Veríamos, quando a revista circulasse, que o tratamento diferenciado tinha uma motivação fundamentada na qualidade do trabalho da revista. Por opção editorial, as matérias não eram assinadas. Mas tanto os profissionais que iam às ruas atrás das notícias eram bons como ótimos eram aqueles que reescreviam tudo na redação, estabelecendo uma homogeneidade de alto nível em todos os textos, do primeiro ao último.
Essa boa novidade levou ao exagero da padronização, logo corrigido pela liberação dos freios da centralização: cada jornalista pode desenvolver seu estilo e as matérias começaram a sair assinadas.
Muitas das matérias que forniram as páginas da revista eram do melhor jornalismo, vizinho dos textos de autores da melhor literatura. Tanto pelo domínio do vernáculo como pela consciência de que jornalismo é a vida pulsando todos os dias em sua materialização factual, sempre sujeita ao humano, demasiado humano (o que serviu de halo para o "novo jornalismo" americano).
Com a sucessão de textos do tipo que agride a essência do jornalismo já há bastante tempo, "Veja" está prestando um grave desserviço ao Brasil, a pretexto de brecar o avanço do "lulismo" tirânico e irresponsável. Está fazendo o país retroceder a um jornalismo praticado até seis décadas atrás, quando o Diário Carioca introduziu o lide no manual de redação jornalística. Sucederam-se a partir daí os aperfeiçoamentos que "Veja" consolidou.
A começar pelo curso de formação que deu aos seus futuros integrantes antes de começar a circular, uma revolução em matéria de recrutamento de quadros. E pelo elevado padrão de profissionalismo que estabeleceu, tornando-se uma meta para todos aqueles que queriam avançar no seu ofício e ter uma vida digna, decente e confortável — conquistas das quais só a última era frequente, à custa da venda da alma ao diabo; até "Veja" demonstrar que jornalista também pode ganhar bem sem se prostituir.
É profundamente lamentável que essa mesma revista esteja agora, num paroxismo editorial difícil de explicar e mais difícil ainda de entender, renunciando a todas essas conquistas para se entregar a uma voragem de apoplexia palavrosa, se a tipologia cabe nessa forma surpreendente de patologia. Lula pode sobreviver a esse tipo de vírus. O jornalismo, não.
Querendo ser a coveira de um líder político esquivo e ambíguo, "Veja" está, na verdade, cometendo um haraquiri patético, capaz de arrastar consigo muito mais gente do que a que sucumbiu sob outro desses líderes em transe: Jim Jones.
(Saio da bitola amazônica nesta carta jornalística pela necessidade de desabafar, que partilho com meus leitores. Quase meio século de jornalismo autorização a quebra da bitola, I presume.)

quarta-feira, 6 de junho de 2012

O Presbitero e Missionário Veronilton Paz da Silva Apresenta Resenha na UEPB sobre Livro da Linguista Roxane Rojo e Fica com Nota 9,5

Veja o Conteúdo da Resenha Abaixo:
  
Universidade Estadual da Paraíba
  Campus VI – Poeta Pinto de Monteiro
Curso de Licenciatura Plena de Letras – Língua Portuguesa
Disciplina: Prática Pedagógica II
Professor: Paulo Vinicius
Aluno: Veronilton Paz da Silva
     
ROJO, Roxane. Letramentos Múltiplos, escola e inclusão social. São Paulo: Parábola Editorial, 2009.
          Este trabalho é baseado na obra Letramentos múltiplos, escola e inclusão social de Roxane Rojo, doutora em lingüística aplicada ao ensino de línguas pela PUC – SP, professora do curso de letras e do programa de pós – graduação em lingüística aplicada do IEL/UNICAMP, onde é chefe do departamento de lingüística aplicada (DLA), fez pós – doutoramento na Universidade de Genebra, na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, setor de Didática de Línguas. Tem se dedicado às questões de política da educação lingüística, por meio de pesquisas, assessorias, consultorias e projetos desenvolvidos junto a entidades políticas e privadas, nos âmbitos municipal, estadual e federal. Atualmente participa da avaliação do livro didático de língua portuguesa do PNLD, como coordenadora dos trabalhos da equipe paulista de avaliação. É organizadora dos volumes Alfabetização e letramento: Perspectivas lingüísticas; A prática de linguagem em sala de aula: Praticando os PCNs; Livro didático de língua portuguesa: Letramento e cultura da escrita; ajudou na tradução do livro Gêneros orais e escritos na escola, pesquisadora e colaboradora do CNPq.
          A obra é dividida em seis capítulos e mais outros pontos, ordenados da seguinte forma: I - O insucesso escolar no Brasil do século XX – Um processo de exclusão social; II - Letramento escolar, resultados e problemas – O insucesso escolar no Brasil do Século XXI; III - Letramentos da população brasileira – Alfabetismo funcional, níveis de alfabetismos e letramentos; IV - Alfabetização – O domínio das relações entre os sons da fala e as letras da escrita; V - Alfabetismos - Desenvolvimento de competências de leitura e escrita; VI - Letramentos – Práticas de letramentos em diferentes contextos; referências bibliográficas e anexos.
         Aqui trataremos a partir do segundo capítulo que traz dados recentes no Brasil sobre capacidades de leitura, escrita e letramentos escolares mostrando que alunos são avaliados por órgãos nacionais e internacionais de avaliação (PISA, ENEM, SAEB), expõe que a população conquistou o acesso ao ensino, ainda não conquistou, entretanto, a escolaridade de longa duração, isso alude ao fracasso e exclusão escolar traduzido em reprovação, evasão, e parcos resultados de aprendizagem, conhecimento e letramentos que o ensino em geral tem alcançado no Brasil, faz um questionamento critico construtivo para levar-nos a refletir sobre o porquê de alunos com uma longa escolaridade e desenvolver capacidades leitoras tão limitadas. De quem seria a culpa? Onde estaria o erro? Encerra com uma atividade de análise de capacidades leitoras de alunos de ensino médio a partir dos descritores de desempenho.   
          No terceiro capítulo a autora leva questiona o leitor sobre os letramentos que os brasileiros apresentam dentro e fora da escola. Como a escola poderia ampliar estes conhecimentos? Leva o leitor a conhecer eventos e praticas de letramentos, experimentar e refletir sobre conceitos de alfabetização, alfabetismo, alfabetismo funcional, letramento, como atualizar-se em relação aos índices recentes de alfabetismo funcional e letramentos da população brasileira em geral; o acesso aos impressos está mais democratizado e a população possui acesso a outros letramentos que não se aprende necessariamente na escola, apresenta ainda implicações para escola: A escola da forma como popularizou os impressos, deve se preocupar com acesso a outros espaços valorizados de cultura como museus, bibliotecas, teatros, espetáculos e outras mídias como do tipo analógicas e digitais; deve rever suas praticas de letramentos, uma vez que os resultados tanto escolares como alfabetismo da população são elitizados e insuficientes para a grande maioria da população, apresenta que a escola como agencia cosmopolita deve estabelecer a permeabilidade entre as culturas e letramentos locais/globais dos alunos e a cultura valorizada como um possível caminho para a superação do insucesso escolar e da exclusão, apresenta atividades para identificar eventos e praticas de letramentos.    
          No quarto capitulo retoma alguns aspectos dos capítulos anteriores como no primeiro sobre o acentuado fracasso escolar dos meios populares nos últimos séculos; no terceiro sobre o conceito de alfabetização e o que ela leva o aluno a fazer, ou seja, conhecer o alfabeto, mecânica da leitura/escrita e ser alfabetizado. O leitor aprenderá um pouco sobre a história da escrita alfabética desde a época das cavernas, passando por fenícios, gregos, latinos e aramaicos, árabes e indianos. Fala sobre os conceitos de as letras e suas regularidades que Moraes chama de: Regulares contextualizadas, definido no contexto da palavra ou da sílaba em que ocorrem como rr, ss, m antes de p e b; regulares morfológico – gramaticais, definidas por aspectos ligados a morfologia, não envolve fonemas, mas morfemas. Apresenta que alfabetização se comparado ao alfabetismo se resume na construção do conhecimento  sobre os sons e as letras, mas não é tão simples assim e exige longo trabalho de construção por parte dos alunos e de ensino pelos professores, por isso muitas obras foram criadas sobre  o melhor método de ensino da alfabetização, antes no Brasil pensava-se que tratava-se apenas de associação de uma letra a um som,  a criança já tendo esta habilidade já podia grafar, isto fez a escola ensinar do mais simples ao mais complexo, obtendo resultados equivocados, tardios e artificiais. Traz exercícios sobre a analise do texto da criança em termos de ortografização. 
          No quinto capitulo Rojo trata mais profundamente sobre os níveis de alfabetismo e o diferencia de letramento, faz uma discussão das competências e habilidades de leitura, em seguida de escrita. Relata que ler na segunda metade do século XX era visto como decodificação, mas através das pesquisas e estudos verificou-se num primeiro momento que não seria só decodificação, mas cognição, compreensão de mundo, práticas sociais e conhecimentos lingüísticos, posteriormente passou-se a ver o ato de ler como uma interação entre o leitor e o autor, ainda tratou sobre as capacidades de compreensão que são: Ativação de conhecimentos de mundo prévios à leitura ou durante o ato de ler; antecipação ou predição de conteúdos ou de propriedades dos textos, por hipóteses levantadas pelo leitor sobre o conteúdo do trecho seguinte; checagem de hipóteses ao longo da leitura, confirmando ou desconfirmando-as; localização ou retomada de informações na leitura em outras fontes; comparação de informações ao longo da leitura do texto ou de outros textos; generalização, síntese resultante da leitura realizada; produção de inferências locais em lugar de palavras desconhecidas; produção de inferências globais, a leitura pode ir além do texto. Critica a leitura escolar que segundo ela parece ter parado no início da segunda metade do século passado, ainda critica os equívocos das praticas de leitura adquiridas e definidas como dom, texto literário como modelo padrão, desenvolver temas como o foco principal, o aluno deve ser guiado e não incitado, avaliação com correção gramatical, regras ou rotinas pré – dadas. A autora informou ainda que as matérias retórica, poética e gramática fundiram-se na disciplina português, que a profissão de professor antes era elitizada, mas começou a desprestigiar-se e perder autonomia, ainda trata que a  formação do aluno tem como alvo principal a aquisição de competências e habilidades, preparação cientifica  e capacidade para utilizar tecnologias. Este capítulo ainda apresenta exercícios para verificar capacidades de leituras e produção de texto.  
          No último capítulo ela fala retoma autores como Soares, Kleiman citando do primeiro que letramento envolve habilidades individuais e práticas sociais ligadas à leitura e escrita dos indivíduos em seus contextos sociais e da segunda fala dos diversos agentes de letramento fora a escola, como igreja, família, rua, local de trabalho que apresentam letramentos diferentes. Ainda apresenta tipos de letramentos como leitura em sala de aula, frase de vendedor de balas lido pelos compradores, uso de caixa eletrônico para retirar dinheiro ou comprar, toques e frases ditas em terreiro de umbanda que vira projeto de pesquisa acadêmica, retoma mais uma vez Kleiman para dizer que o conceito de letramento nos meios acadêmicos visavam destacar as competências individuais no uso e prática da escrita, ainda trouxe à baila que o termo alfabetismo funcional foi criado nos Estados Unidos e passou a ser utilizado para designar  a capacidade de leitura e escrita para fins pragmáticos em contextos próprios em contraposição a concepção tradicional acadêmica. Para a autora o letramento busca recobrir os usos e praticas sociais de linguagem que envolvem a escrita de uma ou outra maneira sejam valorizados ou não, locais ou globais em contextos diversos como: Família, igreja, mídias, numa perpectiva sociológica, antropológica ou sociocultural. Traz os novos estudos de letramento voltados em especial para os letramentos locais ou vernaculares, não valorizadas ou pouco investigadas. Além disso o mundo está em transformação e os letramentos precisam acompanhar, por outro lado a escola, em especial, a pública mudou com o ingresso de alunos e professorado das classes populares nas escolas públicas criando um conflito entre práticas letradas valorizadas e não valorizadas, traz ainda gráficos apresentando as culturas locais, escolares e valorizadas. Apresenta atividades com sobre letramentos dominantes e dominados e outra sobre um samba enredo sobre a cultura regional do Brasil.
          Esta obra é excelente, pois a escola brasileira está necessitando romper com vários preconceitos com relação a letramento, alfabetização e afins, incitando o aluno a ter saberes diversos e acesso a vários métodos que não estão necessariamente na escola, mas que fazem parte do cotidiano dos alunos e podem muito bem ser usados pela escola para melhorar seus conteúdos nestes assuntos tratados nesta obra.
          Esta obra é indicada para todos os professores de língua portuguesa do Ensino Fundamental e Médio da rede estadual e municipal de Monteiro-PB, bem como alunos de pedagogia e letras da UEPB, ainda para cientistas da linguagem e todo aquele que pretenda transmitir conhecimentos nas áreas de letras e afins.
        Resenhado por Veronilton Paz da Silva, bacharel em Telogia pelo ITG, aluno do 3° Período de Licenciatura em Letras – Língua Portuguesa na Universidade Estadual da Paraíba (UEPB).    

Por que idolatro pastores e artistas gospel


 
Por Maurício Zágari

É inegável o fenômeno que existe hoje em dia na Igreja brasileira da idolatria a certos pastores ou artistas. Os que os idolatram vão dizer que não, que apenas os admiram, tomam como exemplo ou coisa parecida. Mas se você for analisar a fundo o relacionamento de multidões com essas figuras verá que os idólatras de celebridades gospel têm uma coisa em comum: põem o objeto de sua idolatria acima do bem e do mal: não admitem que os critiquemos, não admitem que se discorde deles, se alguém fala algo contrário ao que os tais dizem seus fãs partem numa defesa altamente aguerrida de seus ídolos e aquilo que os ídolos dizem torna-se lei para eles. Então pode-se usar a semântica e jogos de palavras para se negar o fato, mas a verdade é que sim: esse comportamento denuncia o bom e velho pecado da idolatria. Só que praticado por cristãos no que se refere a outros seres humanos.

Tendo ficado claro isso, passamos à pergunta: por que existe essa idolatria? Vamos refletir um pouco sobre essa questão. Espero que ao final desse texto você possa olhar para dentro de si e, se for o caso, se perguntar "Afinal, por que idolatro pastores e artistas gospel?". E, ao ver o absurdo bíblico que é isso, mude de comportamento e passe a enxergar tais pessoas pecadoras como elas são: pessoas pecadoras, como eu e você. E se identificar erros em seus ensinos, letras de música, comportamentos ou teologias, possa abandonar aquilo que transmitem e buscar a sã doutrina em outros arraiais.
 
A primeira explicação dessa idolatria é a mais triste de todas: falta de intimidade com Deus. Muitos começam a frequentar a igreja (convertidos ou achando que foram convertidos) e passam a cumprir a cartilha tradicional de comportamento cristão (vão aos cultos, ouvem só "música cristã", usam jargões da igreja, assumem um visual de crentes, colam adesivos com versículos bíblicos no automóvel, entre outras coisas) e por isso acham que estão vivendo a fé em sua plenitude. Mas, infelizmente, apesar de cumprir todos esses itens, não têm intimidade com Deus. De fato não o conhecem. Conhecem superficialmente a Bíblia, a entendem puerilmente, pouco ou nada oram fora da igreja ou nas comunidades eclesiásticas que frequentam, não praticam disciplinas espirituais e, por isso, não desenvolveram um relacionamento íntimo com Jesus. Sua relação é superficial.

Com isso, por não conhecer Deus profundamente, praticam o que Freud chamou de "transferência": transferem para certas pessoas a imagem que têm do que seria Deus em sua opinião. É comum isso acontecer com novos convertidos e seus pastores: os sacerdotes são vistos como o que há de mais divino. É por isso, por exemplo, que, quando um néscio vê um pastor num mau dia, se decepciona com a igreja e se desvia ou desigreja: não entende que o pastor não é Deus e que o Senhor não tem culpa se um sacerdote - tão humano como eu e você - o decepciona.

O mesmo ocorre com artistas. O irmão sem intimidade com Deus vê aquela pessoa no palco com toda a  aparência de devoção, levantando as mãos, falando em tom de voz choroso entre as músicas frases feitas de louvor a Deus, clichês de "ministração" que sabem que dá certo, apertando os olhos...parecem estar em alfa. E pensam: "Esse aí é de Deus!". Muitas e muitas vezes é apenas uma forma teatral de se apresentar, sem nenhuma devocionalidade real, mas o irmão sem intimidade com o Altíssimo aplica o processo inconsciente de transferência e passa a enxergar naquele cantor ou cantora o supra sumo do que seria a santidade. Passa a deificar tal pessoa. E aí já era: diga-se qualquer verdade desabonadora sobre tal celebridade que os olhos, ouvidos e coração do fã estarão blindados e lacrados para isso. Afinal, ninguém admite que se critique seus ídolos: sejam eles de gesso ou de carne e osso.
 
A segunda explicação é: a cultura de celebridadesstar system em que vivemos. Esse fenômeno é milenar. Muitos vinham de longe para estudar com Platão ou Aristóteles, na Grécia Antiga. Muitos eram fãs de seus gladiadores prediletos nas lutas do Coliseu. E assim foi, ao longo dos séculos, até que Hollywood soube explorar a tendência natural dos humanos em deificar outros para faturar seus milhões. A indústria do cinema, visando ao lucro, criou o chamado (algo como "sistema de astros"), que funciona muito bem, obrigado, até hoje. Tem como forma de agir promover atores e diretores para que o público se torne seus fãs e passe a assistir a um filme não pela história ou outra razão qualquer, mas apenas porque seu astro preferido está atuando. Você mesmo, quantas vezes não assistiu a um longa-mertragem porque "é o mais recente filme de George Clooney" ou "a nova produção de Steven Spielberg"?

E os cristãos não estão isentos disso, pois são humanos. Então têm a tendência natural de fidelizar-se a certos indivíduos. No meio artístico isso é visibilíssimo: basta você criticar a cantora que rasteja como um  leão no palco ou que vai a programas de TV em emissoras anticristãs para vender mais CDs e logo multidões de fãs ardorosos daquela semideusa partirão com dentes e unhas afiados contra você, em defesa daquela que "afinal, está fazendo alguma coisa" ou que "prega o Evangelho a tempo e fora de tempo". São tão cegos em sua idolatria que não conseguem nem ao menos cogitar que aquela diva pode muito bem estar fazendo aquilo só pra faturar uns bons trocados. Esse é um dos males da idolatria: ela cega os idólatras.
 
Com pastores e teólogos idem. É só você se tornar fã de uma dessas celebridades que não adianta nada alguém mostrar por A+B que o que ele ensina é heresia ou que suas motivações são mercadológicas ou escusas: o idólatra de pastores não te ouvirá. Em São Paulo há um pastor que usa mais poesia que Bíblia para pregar, que chamou os irmãos calvinistas de "malditos", que rompeu com o movimento evangélico mas continua assinando seus artigos com um dos 5 solas dos evangélicos (Soli Deo Gloria), que afirma que Deus abriu mão de sua soberania e criou sua tresloucada Teologia Relacional, que elogia Rudolf Bultmann (teólogo que afirmou que a Bíblia é um aglomerado de mitos), que é a favor do casamento gay e que recentemente soltou a última pérola: Jesus não é o único caminho para o Céu. A vontade que dá é pedir pelo amor de Deus que alguém ponha uma silver tape em sua boca, de tão herege que ele se tornou, mas sua legião de seguidores idólatras o defende furiosamente (afinal ele fala de amor e é tão poético!) e estão cegos para as doutrinas de demônios que ensina.
 
Há o cavalheiro que coordena a pós-graduação de uma faculdade em São Paulo e que tuíta coisas tão lindas! Mas diz que Deus não controla forças da natureza, que isso é um conceito grego e não cristão, afinal o Evangelho "é relacional". Meu Deus, quantos alunos esse homem não está estragando! Seu liberalismo teológico satânico vem influenciando os incautos da internet, que replicam furiosamente seus escritos heréticos. Soube que até a revista Cristianismo Hoje vai entrevistá-lo. Meus Deus...

Há o pastor que caiu em adultério, não se arrependeu, casou-se com uma terceira e obviamente não recebeu a bênção da Igreja por sua conduta - e começou a usar a web como seu púlpito principal, arrebanhando em especial os jovens que não viveram a sua época de ouro e não viram o que ele era e no que se tornou. E suas bobagens, como que não precisamos mais dar dízimo (algo que o sustentou muitos anos enquanto era pastor presbiteriano mas que agora que é um desigrejado condena, vingativamente), contaminam suas multidões de idólatras. Chama pastores sérios, homens de Deus, de "bundões" em seu programa de web, mas diz que ensina o caminho da graça. Sua postura, porém, é a coisa menos graciosa que há. Mas é o ídolo dos revoltados e dos desigrejados.

Há o herege mais terrível da TV evangélica, o telepastor com problemas graves de domínio próprio que em seu programa de TV grita, esbraveja, vende os produtos de sua editora e cospe em berros contra os que o criticam. Ensina a demoníaca, antibíblica e anticristã Teologia da Prosperidade. Mas tem batalhões de seguidores, que o idolatram cegamente, diga você o que diga. Promoveu a unção diabólica dos 900 reais, coisa que bastaria para afundar o ministério de qualquer pastor que tivesse seguidores pensantes, mas como é ídolo de massas que não pensam e se ajoelham perante qualquer absurdo que ele proponha, sai incólume de suas propostas bizarras e infernais. Resultado: a compra de um jato particular e passeios de limusine (fotos). Para o Reino de Deus? Nada. Outro dia fui a um casamento em uma igreja da denominação a que ele pertenceu antes de fundar a sua própria e ouvi de membros que ali estava sendo imitado o que ele faz pois, afinal, "dá certo". Quase chorei quando escutei isso.

Há os mais conhecidos neopentecostais, com suas emissoras de TV, seus exorcismos, sua guerra por dizimistas e suas heresias. Mas sobre esses você já sabe tudo. Os mais conhecidos começaram a caminhada de fé numa igreja séria, a Igreja Cristã Nova Vida, e quando propuseram ao seu líder, Bispo Roberto McAlister, que os deixassem fazer na denominação um culto nos padrões dos que fazem hoje e ele não concordou abandonaram a denominação e fundaram sua própria igreja. Virou esse império do mal que é hoje - e ainda o pobre Bispo Roberto ficou conhecido, sem culpa, como o "pai dos neopentecostais". Mas é um império com milhares de seguidores que dizem amém a qualquer campanha doida que seu ídolo bispo (ou missionário ou sei lá mais o quê) proponha. E seus clones estão seguindo pelo mesmo caminho.

Há outros de menor expressão, mas sempre sobrevivendo sob o mesmo conceito: idolatria de pessoas sem intimidade com Deus, entregues a um sistema que deifica homens e faz deles celebridades e, assim, enchem seus bolsos, destilam seu veneno herético e arrebentam homens e mulheres que tudo o que buscam... é o Evangelho simples de Jesus Cristo.

Sobre os artistas é até difícil falar. Tem o que saiu da sala da diretora da gravadora berrando palavrões porque não conseguiu o contrato como queria. Tem a ídola (não tem "bispa"? Então por favor permita-me inventar essa palavra) teen, que se atraca com músicos nas madrugadas de gravação de seus CDs "ungidos". Tem a famosa cantora devassa que faz apelos de altar magníficos em seus shows. Tem os ministérios que se prostituem com empresas do mundo. Tem de tudo, meu irmão, minha irmã.

E o que mantém essa máquina funcionando? Idolatria.

Querido, querida, sei que você deve estar de queixo caído por coisas que escrevi aqui. E que caia. Porque a coisa está feia. Quando você diz no seminário em que dá aula há anos que a unção dos 900 reais é demoníaca e é repreendido pela direção da instituição por ter dito isso...é porque o sistema está falido mesmo, como diz Walter Mcalister no livro "O Fim de Uma Era". Levantamos bezerros de ouro e amamos! Olhamos para homens de carne e osso, mulheres normais e achamos que eles são ungidíssimos, santíssimos e que veem Deus face a face. Mas mal sabemos nós a podridão dos bastidores.
 
Precisamos olhar para Deus. Olhe para Deus. Basta de ficar deificando homens. Basta dessa idolatria cega, que tem destruído vidas e afastado multidões do caminho da vida eterna. Não dê ouvidos a essas vozes que têm aparência de piedade mas por dentro são sepulcros caiados. Chega dos poetas. Chega dos artistas. Chega dos telepastores. Chega dos vaidosos, gananciosos e lobos em pele de cordeiro. Vamos voltar à simplicidade. Abandone a fama - e os famosos. Entenda, meu irmão, minha irmã: ser famoso não quer dizer absolutamente nada. Não torna biblicas as heresias que o famoso diz. Não torna suas ideias cristãs. Celebridade não é atestado de correção bíblica, de boas intenções ou de vida com Deus. Se fosse assim, todo participante do Big Brother Brasil seria o mais santo dos homens. Muitos famosos que falam lindamente sobre amor, a fé e a graça ensinam doutrinas tão demoníacas que chega a ser difícil crer que alguém que passou por um processo sólido de discipulado acredite em suas loucuras. Esqueça os outros. Olhe para a sua vida. Quem você idolatra? Que sacerdote famoso você não admite que critiquem? De quem são as ideias e teologias que você vive repetindo, retuitando ou compartilhando nas redes sociais? Que cantor ou cantora "gospel" você põe acima do bem e do mal? De quem são os shows que você "não pode perder"?

Conseguiu detectar? Agora, faça um favor a sua alma: esqueça essas pessoas... e olhe somente para a Cruz. Olhe para a Cruz e chore pelo estado calamitoso que vive a Igreja brasileira, cheia de ídolos e idólatras. Se você estiver entre os idólatras, irmão, irmã, comece a fugir dos bezerros de ouro e prostre-se aos pés do Cordeiro de Deus, que tira os pecados do mundo. Com simplicidade, sem raio laser, sem púlpitos nababescos, sem máquina de fumaça, sem dançarinas no palco ou videocasts charmosos na Internet.

Pois tudo o que importa é um homem pregado numa Cruz, pingando sangue, dor e amor por você.

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

Fonte: Apenas
 

O Espiritismo "é racional"? (Rev. Júlio Andrade Ferreira)

"Quanto à doutrina espírita basear-se num conjunto de idéias muito bem sistematizado, sendo, portanto, passível de aceitação racional, precisa de uma resposta. O espiritismo procura firmar-se em três pilares principais: a comunicação com os mortos, a reencarnação e a salvação pela prática das boas obras.

 
Todos esses pilares do espiritismo são condenados pela Palavra de Deus. Sobre a comunicação com os mortos, veja Deuteronômio 18.11, 12 e Isaías 8.19, 20. A crença na salvação pela prática das boas obras é amplamente refutada nas Escrituras. Basta ler Efésios 2.8, 9; 2 Timóteo 1.9 e Tito 3.5-7. Agora, abraçar a tais doutrinas do espiritismo, claramente condenadas pela Palavra de Deus, é algo racional?


Mas, há outras questões intrigantes no espiritismo. Um delas é o ensino de Allan Kardec de que outros planetas são habitados: “De todos os globos que constituem o nosso sistema planetário, segundo os Espíritos, a terra é daqueles cujos habitantes são menos adiantados, física e moralmente; Marte lhe seria ainda inferior, e Júpiter, muito superior, em todos os sentidos...


Muitos Espíritos que animaram pessoas conhecidas na Terra disseram estar reencarnados em Júpiter” (O Livro dos Espíritos, capítulo IV, 188, nota 1). Os espíritos também ensinaram a Kardec que o planeta Marte não tem qualquer satélite, que Saturno só tem um anel formado pelo mesmo material do planeta, e que algumas estrelas como Sírio são milhares de vezes maiores do que o sol (A Gênese, capítulo VI, 27). 


Ao contrário do que os espíritos ensinaram a Kardec, a ciência já descobriu que Marte possui dois satélites, que o anel de Saturno não é formado da mesma matéria do planeta e que Sírio tem um tamanho entre 13 a 15 vezes maior do que o sol. Tudo isso é racional? É lógico que não. Trata-se, então, de espíritos mentirosos.


Diante das informações mencionadas acima, pode-se confiar nos espíritos que influenciaram e revelaram as doutrinas espíritas a Allan Kardec? A resposta lógica e racional é não. Se os espíritos por trás de Allan Kardec não são confiáveis quando tratam das coisas deste mundo, muito menos o serão ao tratar de coisas espirituais, coisas relacionadas com a salvação da alma e com a vida eterna. 


Os espíritos também ensinaram Allan Kardec e outros expoentes do espiritismo como Léon Denis, a atacar a Bíblia Sagrada, a Palavra de Deus. Kardec declarou: “A Bíblia contém evidentemente narrativas que a razão, desenvolvida pela ciência, não poderia aceitar hoje em dia” (A Gênese, IV, 6).


Léon Denis afirmou: “Daí segue que não poderia a Bíblia ser considerada ‘a palavra de Deus’ nem uma revelação sobrenatural. O que se deve nela ver é uma compilação de narrativas históricas e legendárias, de ensinamentos sublimes, de par com pormenores às vezes triviais”. 


Ora, usar a Bíblia para formular doutrinas e atacá-la ao mesmo tempo é racional? Trata-se, no mínimo, de uma contradição. Seria como namorar uma jovem, desejar casar-se com ela e difamá-la ao mesmo tempo. 


Léon Denis   
    

Quanto à salvação em Cristo, Léon Denis afirma: “Não; a missão do Cristo não era resgatar com o seu sangue os crimes da humanidade. O sangue, mesmo de um Deus, não seria capaz de resgatar ninguém. Cada qual deve resgatar-se a si mesmo, resgatar-se da ignorância e do mal. Nada de exterior a nós poderia fazê-lo.

É o que os Espíritos, aos milhares, afirmam em todos os pontos do mundo”. [5] Basta comparar essa declaração de Léon Denis com Atos 20.28 para se constatar o engano do espiritismo: “Cuidem de vocês mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo os colocou como bispos, para pastorearem a igreja de Deus, que ele comprou com o seu próprio sangue”. Há muitos textos na Bíblia que demonstram os equívocos de Léon Denis (veja Efésios 4.13, 15 e Hebreus 9.11-15).  Insistir com Léon Denis é racional? É óbvio que não.
Como pode alguém afirmar que a doutrina espírita se baseia num conjunto de idéias muito bem sistematizado, sendo, portanto, passível de aceitação racional, pois quando Allan Kardec codificou a doutrina espírita, deu-lhe um revestimento científico?


Como afirmar que o espiritismo se vale de uma roupagem racional no mundo moderno se as suas doutrinas são condenadas pela Palavra de Deus? E por que as pessoas não conseguem perceber isso? A resposta pode ser encontrada em 2 Coríntios 4.4: “O deus desta era cegou o entendimento dos descrentes, para que não vejam a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus”. O testemunho das Escrituras Sagradas permanece, afirmando que só Jesus Cristo pode salvar do pecado e da morte eterna (João 14.6 e Atos 4.12)."


Autor: Rev. Júlio Andrade Ferreira
 
Fonte: www.mcapologetica.blogspot.com

terça-feira, 5 de junho de 2012

Religião do Coração

Por J.C. Ryle

Auto exame
 
Nós vivemos num tempo de peculiar perigo espiritual. Talvez nunca, desde que o mundo começou, tenha havido uma tal imensidão de profissão de religião meramente exterior, como existe nos dias atuais. Uma proporção dolorosamente grande de todas as congregações da terra consiste de pessoas não convertidas que nada conhecem sobre uma religião do coração e nunca confessam Cristo nas suas vidas diárias. Milhares daqueles que estão seguindo pregadores e amontoando-se para ouvir sermões não são melhores do que címbalos que retinem, sem uma gota de cristianismo verdadeiro em casa.

As vidas de muitos crentes professos, receio, não são melhores do que um trajeto contínuo de embriaguez espiritual. Estão frequentemente sedentos de novos excitamentos, e parecem pouco se importar com significados e consequências, contanto que consigam a excitação almejada. Toda pregação parece ser igual para eles. E são aparentemente incapazes de ver diferenças, contanto que ouçam o que é talentoso e sintam seus ouvidos deleitados. Muitos destes professos, ah!, comportam-se como jovens recrutas que mostram quão pouco profundas são suas raízes e conhecem pouco seus próprios corações — pelo barulho, exterioridade, prontidão para contradizer e censurar cristãos antigos e confiança presunçosa em sua própria imaginária sanidade e sabedoria recente. Certamente, em tempos como estes há grande necessidade de auto-exame.

Deixe-me perguntar se você está tentando satisfazer sua consciência com uma religião meramente formal. Milhares há que estão naufragando neste rochedo. Como os fariseus de outrora, eles têm em alta conta o cristianismo exterior, enquanto que a parte interior, espiritual, está totalmente negligenciada. Eles são cuidadosos em assistir a todos os trabalhos do seu lugar de adoração e são regulares em usar seus ritos e ordenanças. Frequentemente eles são vivos partidários da sua própria igreja ou congregação e estão prontos para brigar com qualquer um que não concorde com eles. Contudo, o tempo todo, não existe coração em sua religião. Qualquer um que os conheça intimamente pode ver até de olhos fechados que sua afeição está colocada nas coisas de baixo, não nas coisas de cima, e que estão tentando compor a falta de cristianismo interior com uma ênfase excessiva na forma exterior.

Esta religião formal não lhes faz bem realmente. Eles não estão verdadeiramente satisfeitos.  Começando pelo lado errado, fazendo primeiro as coisas exteriores, eles nada conhecem da paz e alegria interiores, passando suas vidas num constante esforço, secretamente conscientes de que existe algo errado, embora não saibam porque quando cristãos professos desta espécie são tão dolorosamente numerosos, a ninguém causa admiração se eu pressiono sobre eles a suprema importância de um íntimo auto-exame; se você ama a vida e o Senhor, não se contente com a casca e o invólucro da religião. Meios de graça e ritos de religião são úteis a seu modo e Deus raramente faz algo para a Sua Igreja sem eles. Mas, tenhamos cuidado para não nos chocarmos contra o mesmo farol que mostra o canal para o porto.

Deixe-me perguntar: “Você conhece algo, por experiência, de conversão a Deus?”. Sem conversão não há salvação. Nós somos por natureza tão fracos, tão mundanos, tão propensos ao que é terreno, tão inclinados ao pecado, que sem uma profunda mudança não podemos servir a Deus em vida nem usufruí-lo após a morte. Um senso de pecado e profunda aversão a ele, fé em Cristo e amor por Ele, deleite na santidade e desejo ardente por mais santidade, amor ao povo de Deus e aborrecimento das coisas do mundo — são estes sinais e evidências que sempre acompanham a conversão.

União na Comunhão
 
Você conhece alguma coisa do viver a vida de comunhão habitual com Cristo? Por comunhão eu quero dizer aquele hábito de permanecer em Cristo, do qual nosso Senhor fala como algo essencial para a fertilidade cristã (Jo 15.4-8). Fica entendido que União com Cristo é uma coisa e Comunhão é outra. Não pode haver qualquer comunhão com o Senhor Jesus sem primeiro haver união; infelizmente porém, frequentemente há união mas, depois, pouca comunhão. União é o privilégio comum de todos quantos sentem seus pecados e, verdadeiramente se arrependem e vêm a Cristo pela fé, e são aceitos, perdoados e justificados por Ele. Receia-se que muitos crentes jamais ultrapassam este estágio. Em parte por ignorância, em parte por preguiça, em parte por medo dos homens, em parte por um secreto amor ao mundo, em parte por bloqueio de algum pecado não mortificado, eles contentam-se com uma fé pequena, uma  pequena esperança, uma pequena paz e uma pequena medida de santidade. E continuam vivendo suas vidas nestas condições — duvidando, fraquejando, vacilando e dando frutos apenas “a trinta” até o fim de seus dias.

Comunhão com Cristo é o privilégio daqueles que estão continuamente procurando crescer na graça, fé, conhecimento e conformidade à imagem e mente de Cristo em todas as coisas. União é o botão, mas comunhão é a flor; união é o bebê, mas comunhão é o homem forte. Aquele que tem união com Cristo faz bem, mas aquele que goza comunhão com Ele faz muitíssimo melhor. Ambos têm uma vida, uma esperança, uma semente celestial em seus corações — um Senhor, um Salvador, um Espírito Santo, um lar eterno, mas, união não é tão bom quanto comunhão. O grande segredo da comunhão com Cristo é estar continuamente “vivendo a vida de fé n’Ele” e retirar d’Ele, cada hora, a provisão que cada hora requer. “Para mim”, diz Paulo, “o viver é Cristo”, “Eu vivo; não mais eu mas, Cristo vive em mim” (Fp 1.21 Gl2.20).

Comunhão como esta é o segredo de permanente “alegria e paz em crer”, o que eminentes santos como Bradford e Rutherford possuíram. A comunhão genuína é o segredo de vitórias esplêndidas que homens como aqueles tiveram sobre o pecado e o medo da morte. A comunhão com Cristo é uma coisa comum? Ah! E’ muito rara, realmente! A maioria dos Cristãos parece satisfeita com a mais pobre e elementar posse da justificação pela fé e uma dúzia de outras doutrinas, e continuam duvidando, manquejando, lamentando ao longo do caminho para o céu; e pouco experimentam do senso de vitória ou júbilo. As igrejas estão cheias de crentes fracos, sem poder e sem influência, salvos no fim das contas, “como que pelo fogo” porém jamais abalando o mundo e nada sabendo sobre uma “entrada abundante” (1Co 3.15; 29 e 1.11). Em “O Peregrino” os personagens Desânimo, Débil e Muito-Medroso alcançaram a Cidade Celeste, como também Valente Pela-Verdade e Grande-Coração, mas, certamente, não com a mesma comodidade. Acho que assim é com muitos em nossos dias. Leitor, em matéria de comunhão com Cristo eu pergunto: ”como está a sua alma?”

J.C.Ryle (1816-1900) serviu como bispo de Liverpool, Inglaterra, durante vinte anos e foi um ávido escritor da teologia Reformada, prática.

Algumas diferenças entre Justificação e Santificação
 
1. A substância da justificação é a justiça de Cristo. A substância da santificação é a graça de Cristo.
2. Justificação muda nosso estado. Santificação muda coração e vida.
3. Na justificação, a justiça de Cristo é imputada aos crentes. Na santificação a graça de Cristo é infundida neles.
4. A justificação é perfeita. A santificação é imperfeita
5. A justiça da justificação é meritória. A graça da santificação não é
6. A justificação é igual para todos os crentes. A santificação é desigual.
7. A justificação diz respeito a nossas pessoas. A santificação diz respeito a nossas naturezas.
8. A justificação revela o amor de Deus em nosso perdão e aceitação. A santificação expressa nosso amor em Seu serviço e na obediência.
9. A justificação liberta os crentes da lei como um pacto. A santificação os prende à lei como uma regra de vida.
10.A justificação jorra principalmente do ofício sacerdotal de Cristo. A santificação jorra principalmente do seu ofício real.
11. A justificação dá aos crentes um título para o céu. A santificação prepara-os para o céu.
12. A justificação é ato de Deus removendo a culpa e declarando os crentes justos. A santificação é obra de Deus removendo sua iniquidade e fazendo-os justos.
13. A justificação estabelece-nos  no favor de Deus. A santificação conforma-nos à sua imagem.
14. A justificação é pela graça por meio da fé somente. A santificação é pela graça por meio da fé e boas obras.
15. O sujeito da justificação é uma pecador crente. O sujeito da santificação é um pecador justificado.
  
Fonte: Os Puritanos