Veja o Conteúdo da Resenha Abaixo:
Universidade Estadual da
Paraíba
Campus VI – Poeta Pinto de
Monteiro
Curso de Licenciatura Plena de Letras – Língua Portuguesa
Disciplina: Prática Pedagógica II
Professor: Paulo Vinicius
Aluno: Veronilton Paz da Silva
ROJO, Roxane. Letramentos Múltiplos, escola e inclusão
social. São Paulo: Parábola Editorial, 2009.
Este trabalho é baseado na obra
Letramentos múltiplos, escola e inclusão social de Roxane Rojo, doutora em
lingüística aplicada ao ensino de línguas pela PUC – SP, professora do curso de
letras e do programa de pós – graduação em lingüística aplicada do IEL/UNICAMP,
onde é chefe do departamento de lingüística aplicada (DLA), fez pós –
doutoramento na Universidade de Genebra, na Faculdade de Psicologia e Ciências
da Educação, setor de Didática de Línguas. Tem se dedicado às questões de
política da educação lingüística, por meio de pesquisas, assessorias,
consultorias e projetos desenvolvidos junto a entidades políticas e privadas,
nos âmbitos municipal, estadual e federal. Atualmente participa da avaliação do
livro didático de língua portuguesa do PNLD, como coordenadora dos trabalhos da
equipe paulista de avaliação. É organizadora dos volumes Alfabetização e letramento:
Perspectivas lingüísticas; A prática de linguagem em sala de aula: Praticando
os PCNs; Livro didático de língua portuguesa: Letramento e cultura da escrita;
ajudou na tradução do livro Gêneros orais e escritos na escola, pesquisadora e
colaboradora do CNPq.
A obra é dividida em seis capítulos e
mais outros pontos, ordenados da seguinte forma: I - O insucesso escolar no
Brasil do século XX – Um processo de exclusão social; II - Letramento escolar,
resultados e problemas – O insucesso escolar no Brasil do Século XXI; III - Letramentos
da população brasileira – Alfabetismo funcional, níveis de alfabetismos e
letramentos; IV - Alfabetização – O domínio das relações entre os sons da fala
e as letras da escrita; V - Alfabetismos - Desenvolvimento de competências de
leitura e escrita; VI - Letramentos – Práticas de letramentos em diferentes
contextos; referências bibliográficas e anexos.
Aqui trataremos a partir do segundo
capítulo que traz dados recentes no Brasil sobre capacidades de leitura,
escrita e letramentos escolares mostrando que alunos são avaliados por órgãos
nacionais e internacionais de avaliação (PISA, ENEM, SAEB), expõe que a população
conquistou o acesso ao ensino, ainda não conquistou, entretanto, a escolaridade
de longa duração, isso alude ao fracasso e exclusão escolar traduzido em
reprovação, evasão, e parcos resultados de aprendizagem, conhecimento e
letramentos que o ensino em geral tem alcançado no Brasil, faz um
questionamento critico construtivo para levar-nos a refletir sobre o porquê de
alunos com uma longa escolaridade e desenvolver capacidades leitoras tão
limitadas. De quem seria a culpa? Onde estaria o erro? Encerra com uma
atividade de análise de capacidades leitoras de alunos de ensino médio a partir
dos descritores de desempenho.
No terceiro capítulo a autora leva questiona
o leitor sobre os letramentos que os brasileiros apresentam dentro e fora da
escola. Como a escola poderia ampliar estes conhecimentos? Leva o leitor a
conhecer eventos e praticas de letramentos, experimentar e refletir sobre
conceitos de alfabetização, alfabetismo, alfabetismo funcional, letramento, como
atualizar-se em relação aos índices recentes de alfabetismo funcional e
letramentos da população brasileira em geral; o acesso aos impressos está mais
democratizado e a população possui acesso a outros letramentos que não se
aprende necessariamente na escola, apresenta ainda implicações para escola: A
escola da forma como popularizou os impressos, deve se preocupar com acesso a
outros espaços valorizados de cultura como museus, bibliotecas, teatros,
espetáculos e outras mídias como do tipo analógicas e digitais; deve rever suas
praticas de letramentos, uma vez que os resultados tanto escolares como
alfabetismo da população são elitizados e insuficientes para a grande maioria
da população, apresenta que a escola como agencia cosmopolita deve estabelecer
a permeabilidade entre as culturas e letramentos locais/globais dos alunos e a
cultura valorizada como um possível caminho para a superação do insucesso
escolar e da exclusão, apresenta atividades para identificar eventos e praticas
de letramentos.
No quarto capitulo retoma alguns
aspectos dos capítulos anteriores como no primeiro sobre o acentuado fracasso
escolar dos meios populares nos últimos séculos; no terceiro sobre o conceito
de alfabetização e o que ela leva o aluno a fazer, ou seja, conhecer o
alfabeto, mecânica da leitura/escrita e ser alfabetizado. O leitor aprenderá um
pouco sobre a história da escrita alfabética desde a época das cavernas,
passando por fenícios, gregos, latinos e aramaicos, árabes e indianos. Fala
sobre os conceitos de as letras e suas regularidades que Moraes chama de:
Regulares contextualizadas, definido no contexto da palavra ou da sílaba em que
ocorrem como rr, ss, m antes de p e b; regulares morfológico
– gramaticais, definidas por aspectos ligados a morfologia, não envolve
fonemas, mas morfemas. Apresenta que alfabetização se comparado ao alfabetismo
se resume na construção do conhecimento
sobre os sons e as letras, mas não é tão simples assim e exige longo
trabalho de construção por parte dos alunos e de ensino pelos professores, por
isso muitas obras foram criadas sobre o
melhor método de ensino da alfabetização, antes no Brasil pensava-se que
tratava-se apenas de associação de uma letra a um som, a criança já tendo esta habilidade já podia
grafar, isto fez a escola ensinar do mais simples ao mais complexo, obtendo
resultados equivocados, tardios e artificiais. Traz exercícios sobre a analise
do texto da criança em termos de ortografização.
No quinto capitulo Rojo trata mais profundamente
sobre os níveis de alfabetismo e o diferencia de letramento, faz uma discussão
das competências e habilidades de leitura, em seguida de escrita. Relata que ler
na segunda metade do século XX era visto como decodificação, mas através das
pesquisas e estudos verificou-se num primeiro momento que não seria só
decodificação, mas cognição, compreensão de mundo, práticas sociais e
conhecimentos lingüísticos, posteriormente passou-se a ver o ato de ler como
uma interação entre o leitor e o autor, ainda tratou sobre as capacidades de compreensão
que são: Ativação de conhecimentos de mundo prévios à leitura ou durante o ato
de ler; antecipação ou predição de conteúdos ou de propriedades dos textos, por
hipóteses levantadas pelo leitor sobre o conteúdo do trecho seguinte; checagem
de hipóteses ao longo da leitura, confirmando ou desconfirmando-as; localização
ou retomada de informações na leitura em outras fontes; comparação de
informações ao longo da leitura do texto ou de outros textos; generalização,
síntese resultante da leitura realizada; produção de inferências locais em
lugar de palavras desconhecidas; produção de inferências globais, a leitura
pode ir além do texto. Critica a leitura escolar que segundo ela parece ter
parado no início da segunda metade do século passado, ainda critica os
equívocos das praticas de leitura adquiridas e definidas como dom, texto
literário como modelo padrão, desenvolver temas como o foco principal, o aluno
deve ser guiado e não incitado, avaliação com correção gramatical, regras ou
rotinas pré – dadas. A autora informou ainda que as matérias retórica, poética
e gramática fundiram-se na disciplina português, que a profissão de professor
antes era elitizada, mas começou a desprestigiar-se e perder autonomia, ainda
trata que a formação do aluno tem como
alvo principal a aquisição de competências e habilidades, preparação
cientifica e capacidade para utilizar
tecnologias. Este capítulo ainda apresenta exercícios para verificar capacidades
de leituras e produção de texto.
No último capítulo ela fala retoma
autores como Soares, Kleiman citando do primeiro que letramento envolve
habilidades individuais e práticas sociais ligadas à leitura e escrita dos
indivíduos em seus contextos sociais e da segunda fala dos diversos agentes de
letramento fora a escola, como igreja, família, rua, local de trabalho que
apresentam letramentos diferentes. Ainda apresenta tipos de letramentos como
leitura em sala de aula, frase de vendedor de balas lido pelos compradores, uso
de caixa eletrônico para retirar dinheiro ou comprar, toques e frases ditas em
terreiro de umbanda que vira projeto de pesquisa acadêmica, retoma mais uma vez
Kleiman para dizer que o conceito de letramento nos meios acadêmicos visavam
destacar as competências individuais no uso e prática da escrita, ainda trouxe
à baila que o termo alfabetismo funcional foi criado nos Estados Unidos e
passou a ser utilizado para designar a
capacidade de leitura e escrita para fins pragmáticos em contextos próprios em
contraposição a concepção tradicional acadêmica. Para a autora o letramento
busca recobrir os usos e praticas sociais de linguagem que envolvem a escrita
de uma ou outra maneira sejam valorizados ou não, locais ou globais em
contextos diversos como: Família, igreja, mídias, numa perpectiva sociológica,
antropológica ou sociocultural. Traz os novos estudos de letramento voltados em
especial para os letramentos locais ou vernaculares, não valorizadas ou pouco
investigadas. Além disso o mundo está em transformação e os letramentos
precisam acompanhar, por outro lado a escola, em especial, a pública mudou com
o ingresso de alunos e professorado das classes populares nas escolas públicas
criando um conflito entre práticas letradas valorizadas e não valorizadas, traz
ainda gráficos apresentando as culturas locais, escolares e valorizadas.
Apresenta atividades com sobre letramentos dominantes e dominados e outra sobre
um samba enredo sobre a cultura regional do Brasil.
Esta obra é excelente, pois a escola
brasileira está necessitando romper com vários preconceitos com relação a
letramento, alfabetização e afins, incitando o aluno a ter saberes diversos e
acesso a vários métodos que não estão necessariamente na escola, mas que fazem
parte do cotidiano dos alunos e podem muito bem ser usados pela escola para
melhorar seus conteúdos nestes assuntos tratados nesta obra.
Esta obra é indicada para todos os
professores de língua portuguesa do Ensino Fundamental e Médio da rede estadual
e municipal de Monteiro-PB, bem como alunos de pedagogia e letras da UEPB,
ainda para cientistas da linguagem e todo aquele que pretenda transmitir conhecimentos
nas áreas de letras e afins.
Resenhado por Veronilton Paz da Silva, bacharel em Telogia pelo ITG, aluno
do 3° Período de Licenciatura em Letras – Língua Portuguesa na Universidade
Estadual da Paraíba (UEPB).
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