quarta-feira, 4 de abril de 2012

ARMAS EFICAZES CONTRA AS TENTAÇÕES DO DIABO

“A seguir, foi Jesus levado pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo. 2 E, depois de jejuar quarenta dias e quarenta noites, teve fome. 3 Então, o tentador, aproximando-se, lhe disse: Se és Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães. 4 Jesus, porém, respondeu: Está escrito: Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus. 5 Então, o diabo o levou à Cidade Santa, colocou-o sobre o pináculo do templo 6 e lhe disse: Se és Filho de Deus, atira-te abaixo, porque está escrito: Aos seus anjos ordenará a teu respeito que te guardem; e: Eles te susterão nas suas mãos, para não tropeçares nalguma pedra. 7 Respondeu-lhe Jesus: Também está escrito: Não tentarás o Senhor, teu Deus. 8 Levou-o ainda o diabo a um monte muito alto, mostrou-lhe todos os reinos do mundo e a glória deles 9 e lhe disse: Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares. 10 Então, Jesus lhe ordenou: Retira-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás, e só a ele darás culto. 11 Com isto, o deixou o diabo, e eis que vieram anjos e o serviram.”(Mateus 4.1-11)

O texto acima deixa claro que este misterioso acontecimento deu-se imediatamente após o batismo de Jesus (3.13-17), pois o texto diz “A seguir”, ou “então” (v.1). No Seu batismo, Jesus se dedicou ao caminho da cruz. Na tentação, satanás lhe apresentou meios pelos quais o Senhor podia efetuar Seu ministério sem ir à cruz. A tentação de satanás ocorreu em um período de plenitude do Espírito Santo na vida de Jesus, após o seu batismo, quando Deus disse: “… Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo.”(Mt 3.17).

Onde há consagração e dedicação a Deus, o inimigo está pronto para tentar! Gostaria de refletir sobre algumas lições importantes nesse texto. Veremos algumas “ARMAS EFICAZES CONTRA AS TENTAÇÕES DO DIABO”. A primeira é:

TER O CORAÇÃO VOLTADO PARA A PALAVRA DE DEUS (V.1-4)

Jesus foi levado pelo Espírito ao deserto (v.1) - Jesus é Rei e sumo sacerdote. Ele é “... sumo sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque.”(Hb 6.20). Por ser nosso sumo sacerdote, Ele teve de sofrer para pagar os nossos pecados (No AT o sacerdote sacrificava cordeiros para o culto a Deus, Jesus é o sumo sacerdote que se entregou na cruz como o Cordeiro de Deus). O autor aos Hebreus diz: “Pois, naquilo que ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados.”(Hb 2.18). A tentação foi parte de seu sofrimento necessário para cumprir sua obra. Por isso o texto diz que Ele “foi levado pelo Espírito” (ler 3.16 e 4.1). Mas Deus não seria o culpado pela tentação de Jesus? Não, porque Ele não tenta ninguém (cf Tg 1.13). As tentações estão incluídas no eterno plano de Deus para no nosso bem. As tentações de Jesus faziam parte do plano de Salvação. Os quarenta dias correspondem aos quarenta anos do povo no deserto (Nm 14.34). Jesus venceu onde o povo falhou.

A primeira tentação (v.2-3) – Jesus “teve fome” (v.2b) – Isso nos mostra que Ele era um homem, perfeito e sem pecado, mas era um homem que tinha suas necessidades fisiológicas. A tentação de satanás: “Se és Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães.” (v.3) – O diabo quis colocar à prova a verdade antes ouvida por Jesus: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo.”(Mt 3.17). “Já que você é o Filho de Deus, mande esta pedra virá pães, assim matará a tua fome”. Ele queria destruir o segundo Adão (1Co 15.45), pois o primeiro havia falhado.

Um coração voltado para o Reino de Deus (v. 4) – Embora houvesse uma necessidade física, Jesus disse a satanás: “... Está escrito: Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus.” – “Está escrito” – Jesus faz referência ao livro de Deuteronômio (Dt 8.3), que não era uma fraude piedosa, mas a Palavra de Deus. O que Jesus disse pode ser parafraseado: “Tentador, você esta com uma falsa ilusão de que o que sustenta o homem é o alimento, mas é de Deus que vem a força do homem!” Jesus confiou nas Escrituras para obter a vitória em sua luta espiritual. A Palavra é a “espada do Espírito,”(Ef 6.17).

Armas eficazes contra as tentações do diabo. O que fazer quando se tentado por satanás? Tenha “O CORAÇÃO VOLTADO PARA A PALAVRA DE DEUS”! Paulo disse que temos que nos armar contra as ciladas do diabo (Ef.6.10-20), e uma dessas armas é e Palavra de Deus: “…a espada do Espírito, que é a palavra de Deus”(v.17b). Que a Palavra de Deus faça morada em seu coração para vencer as tentações do diabo. Porque ele: “… anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar”(1Pe 5.8).

Ainda, no texto lido, a exemplo de Jesus, a segunda arma que temos contra as tentações do diabo é:

SABER QUE NÃO SE PODE COLOCAR DEUS À PROVA (V.5-7)

O que seria colocar “Deus a prova”? – Seria testá-lo, impondo que Ele faça uma prova absurda, ou contrária a Sua vontade. O povo de Deus fez isso com Deus no deserto: “E chamou o nome daquele lugar Massá e Meribá, por causa da contenda dos filhos de Israel e porque tentaram ao SENHOR, dizendo: Está o SENHOR no meio de nós ou não?”(Ex 17.7). O povo se rebelou contra Moisés porque queria água, a ponto de quase apedrejá-lo (cf Ex 17.4). Não esperaram em Deus e queria que Ele mostrasse seu poder.

A segunda tentação (v.5-6) – O diabo queria por Jesus em uma situação de perigo para ver qual seria a reação de Deus. Essa era a idéia de satanás: “Então você confia em seu Pai? Muito bem, então vamos provar se Ele te ama mesmo”. Com isso ele estava colocando Deus à prova. Ele levou Jesus ao pináculo do templo de Jerusalém (v.5b) - Como ele fez isso? A Bíblia não nos diz. Calvino entendia, prudentemente, que poderia ter acontecido em uma visão, onde satanás o fez ter uma visão real da situação. Visões assim foram realizadas por Deus: “Em visões, Deus me levou à terra de Israel e me pôs sobre um monte muito alto; sobre este havia um como edifício de cidade, para o lado sul.”(Ez 40.2). A citação do Salmo 91.11-12 feita por satanás está exatamente oposto ao seu sentido original. O salmo 91 é uma exortação para se confiar em Deus, o diabo tenta substituir a confiança por um teste, lançando dúvida sobre a fidelidade de Deus. Ele distorceu a Palavra de Deus.

Tentar Deus é desrespeitar sua autoridade e Seu poder – Falando sobre os Israelitas no deserto, o salmista diz: “Quantas vezes se rebelaram contra ele no deserto e na solidão o provocaram! Tornaram a tentar a Deus, agravaram o Santo de Israel. Não se lembraram do poder dele, nem do dia em que os resgatou do adversário; de como no Egito operou ele os seus sinais e os seus prodígios, no campo de Zoã; e converteu em sangue os rios deles, para que das suas correntes não bebessem.”(Sl 78.40-44).

Armas eficazes contra as tentações do diabo. O que fazer quando se tentado por satanás? Saiba QUE NÃO SE PODE COLOCAR DEUS À PROVA. Muitas vezes o diabo vem com esse argumento para provar a Deus. Em nossos dias existe uma “teologia” herética que, para mim veio das entranhas de satanás. Ela se chama “teologia da prosperidade”. Pessoas que, por não aceitarem sua situação, “colocam Deus na parede” e diz: “não aceito esta situação (ou enfermidades), eu sou seu filho então, te vira!”. Isso é falta de reverência a Deus! Tomemos cuidado, satanás está a procura de corações que concordem com ele, para destruí-los.

Por fim, no texto lido, a exemplo de Jesus, a terceira arma que temos contra as tentações do diabo é:

ADORAR SOMENTE A DEUS (V.8-11)

Levou-o ainda o diabo a um monte muito alto (v.8) – Onde seria este monte? Não há registro em que no deserto de Israel exista um monte tão alto, a ponto de mostrar: “todos os reinos do mundo”. Assim, podemos mais uma vez compreender como destacou Calvino, como anteriormente falamos “uma visão real”. O diabo colocou diante aos olhos de Jesus todos os reinos do mundo.

A terceira tentação (v.9) – Satanás ofereceu à Jesus todas as riquezas do mundo. Mas as riquezas do mundo são do diabo? Veja o que João escreveu: “Sabemos que somos de Deus e que o mundo inteiro jaz no Maligno.”(1Jo 5.19; outras Ef .2.2; 6.12). Essas passagens nos mostram que ele tem influência muito poderosa na vida dos homens ímpios. Estas referências não provam que ele seja o dono de tudo. A realidade é o oposto: “Por que se enfurecem os gentios e os povos imaginam coisas vãs? Os reis da terra se levantam, e os príncipes conspiram contra o SENHOR e contra o seu Ungido, dizendo: Rompamos os seus laços e sacudamos de nós as suas algemas. Ri-se aquele que habita nos céus; o Senhor zomba deles. Na sua ira, a seu tempo, lhes há de falar e no seu furor os confundirá. Eu, porém, constituí o meu Rei sobre o meu santo monte Sião. Proclamarei o decreto do SENHOR: Ele me disse: Tu és meu Filho, eu, hoje, te gerei. Pede-me, e eu te darei as nações por herança e as extremidades da terra por tua possessão.”(Sl 2.1-7). As nações são do Senhor e não de satanás. Ele é, na verdade, o pai da mentira (cf Jo 8.44). Satanás queria adoração: “Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares.”(v.9). O que satanás quer é desviar adoração que é de Deus.

Ao Senhor, teu Deus, adorarás, e só a ele darás culto (v.10, cf Dt 6.3) – Jesus rejeita a idolatria como forma de culto a Deus. Satanás quer que o povo de Deus coloque outro deus no culto. Jesus deixa claro que no culto a Deus não há lugar para a idolatria. Mas o que é idolatria? Temos a tendência de achar que idolatria é somente quando se tem uma imagem de escultura. Mas os prazeres do mundo são deuses que podem tomar o lugar de Deus. O pecado toma o lugar de Deus. Ou seja, tudo aquilo que se torna primazia em seu coração. Veja o que Paulo diz: “… buscai as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus.”(Cl 3.1b).

Armas eficazes contra as tentações do diabo. O que fazer quando se tentado por satanás? Tenha o desejo de “ADORAR SOMENTE A DEUS” – O diabo quer usar artifícios para o culto a Deus. Em nossos dias temos presenciado com tristeza que muitos “líderes” cristãos têm se prostrado diante de satanás. E isso acontece quando deixam o Senhor e se prostram diante das riquezas: “Não podeis servir a Deus e às riquezas.”(Mt 6.24). Alguns já venderam a alma para o diabo para alcançarem a riqueza usam a Palavra de Deus como pretexto. Outra forma de idolatria é o misticismo que enfrentamos. Pessoas usam de coisas “sagradas” para culto a Deus. Seja “unção com óleo”, “sal grosso”, “água abençoada”, “lenço ungido de suor”. Tudo isso é idolatria e tudo isso tira o foco do que é verdadeiro! Reflitamos no que escreveu João: “Filhinhos, guardai-vos dos ídolos.”(1Jo 5.21).

CONCLUSÃO E APLICAÇÃO FINAL: ARMAS EFICAZES CONTRA AS TENTAÇÕES DO DIABO - Como vencer as tentações do diabo? A Bíblia está cheia de ensinamentos que nos responderão esta pergunta, mas no texto que lemos encontramos três armas para o nosso crescimento. TER O CORAÇÃO VOLTADO PARA A PALAVRA DE DEUS (V.1-4) – Tenha um conhecimento da Palavra, medite no que ela diz e coloque em prática. Outra arma: “SABER QUE NÃO SE PODE COLOCAR DEUS À PROVA” (V.5-7) – Tentar Deus é o desejo do diabo e não pode ser o nosso. Respeite a autoridade e a soberania de Deus. E por fim: “ADORAR SOMENTE A DEUS (V.8-11) - Muitas vezes, por ouvir nosso coração e a voz do diabo, queremos introduzir no culto a Deus algo que na verdade vai tomar o Seu lugar. Devemos somente adorar a Deus. O texto diz que logo após Jesus vencer a tentação: “e eis que vieram os anjos e o serviram” – Tudo que o diabo ofereceu a Jesus, ele recebeu depois da prova. Sem contar que os reinos já eram todos dEle. Então fiquemos com o que disse Tiago: “Sujeitai-vos, portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós.” (Tg 4.7).


Por: Rev. Ronaldo P Mendes

Leandro Quadros e o Site Na Mira da Mentira

Ellen White, A Mentirosa

Leandro Quadros, na tentativa de refutar o MCA disse que ‘Ellen White nunca ensinou nada sobre uma teoria da porta da graça fechada em 1844’.

Somente um desinformado, pedante, dopado pela propaganda ASD e promotor da inocência de Ellen White e do ‘papismo whiteano’, poderia dizer isso. Um mínimo de leitura além dos burgos adventistas descobriria que Ellen White [e outros pioneiros adventistas] ensinou que a porta da salvação fechou-se em 22 de outubro de 1844.

Guilherme Miller é uma testemunha que tal teoria estava em voga logo após a decepção de 1844: “Não tenho confiança alguma nas novas teorias que surgiram no movimento; isto é, que Cristo veio como Noivo, e que a porta da graça foi fechada; e que em seguida à sétima trombeta tocou, ou que foi o cumprimento da profecia em qualquer sentido."

Ellen White escreveu algo no livro O Grande Conflito, que podemos perceber isso. Veja ‘nas entrelinhas’: ““[...] não mais sentiam o dever de trabalhar pela salvação dos pecadores [...]” (O Grande Conflito, pg.428). Ela chega a dizer sem rodeios: “A proclamação:’ Ai vem o Esposo!’ foi feita no verão de 1844.”(WHITE,1975, p.425). Lembre que na parábola Jesus diz que ‘a porta se fechou’. Eu já mostrei isso em uma postagem (Veja AQUI).

Notamos que ela estava no bojo adventista da época. Mas ainda não é tudo, como veremos mais adiante.

O Leandro Quadros, apologista adventista a qualquer custo, cita o que Ellen White escreveu sobre a acusação da porta fechada:

“... ninguém nunca me ouviu dizer ou leu da minha pena declarações que justifiquem [os críticos] nas acusações que tem feito contra mim nesse ponto [...] Jamais declarei ou escrevi que o mundo estava condenado ou reprovado. Nunca, sob nenhuma circunstância, empreguei tal linguagem para com alguém, por mais pecador que fosse [...]”

LEANDRO QUADROS TEM SUGERIDO QUE EU ESTOU MENTINDO... Mas vejamos quem é o mentiroso.

Além das provas acima, que essa teoria estava em vigor entre os adventistas, vejamos agora as pesquisas de Dik Anderson:



A Profetisa da Porta Fechada



Quando Cristo não regressou no tempo em que era esperado em 22 de outubro de 1844, houve grande confusão entre os seguidores de Guilherme Miller. Nos meses seguintes, a maioria dos mileritas regressou a suas igrejas, mas outros estavam demasiado envergonhados para admitir seu erro ou sentiam-se demasiado humilhados para regressar. Alguns sentiram que suas antigas igrejas os haviam tratado com um espírito nada cristão, e preferiram adorar com os que tinham experimentado uma peregrinação semelhante. Estas pessoas eram conhecidas como "adventistas", e foi entre elas que o ensino da "porta fechada" se desenvolveu por primeira vez. O ensino da "porta fechada" se baseia na parábola das dez virgens de Mateus 25. De acordo com a parábola, os mensageiros do Esposo clamam à meia-noite que o Esposo, que representa a Jesus, vem à festa das bodas. (Mat. 25:6). Muitos adventistas continuaram crendo que o movimento de 1844 anunciando o regresso de Cristo era o clamor da meia-noite. Os seguidores da porta fechada ensinavam que o Esposo veio à "ceia das bodas" em 22 de outubro de 1844:



E saindo elas [as virgens insensatas] para comprar, chegou o noivo, e as que estavam apercebidas entraram com ele para as bodas; e fechou-se a porta!”Mat. 25:10”.



Ensinavam que o versículo anterior se cumpriu em 22 de outubro de 1844, quando Cristo se levantou no santuário celestial e passou do Lugar Santo ao Lugar Santíssimo. Ao fazê-lo, Cristo fechou a porta da salvação para todos, exceto para "as virgens prudentes", os crentes adventistas que haviam participado do movimento de Guilherme Miller de 1844. Criam que Jesus agora estava "encerrado" com seu povo especial, preparando-o e purificando-o por meio de uma série de provas e tribulações para que fosse digno de receber o Seu reino. Criam que, desde 22 de outubro de 1844, Cristo estava ministrando só a Israel – os crentes adventistas. Ensinavam que Cristo estava provando Seus filhos sobre certos pontos da verdade, como o sábado, e que Sua obra em favor da salvação dos perdidos havia terminado. A princípio, Guilherme Miller ensinou a doutrina da porta fechada, como se pode ver no artigo que escreveu em dezembro de 1844:



"Ao advertir os pecadores e tentar despertar uma igreja formal, cumprimos nossa obra. Em sua providência, Deus fechou a porta; só podemos instar-nos mutuamente a ser pacientes."30



Em 19 de fevereiro de 1845, Miller expressou sua crença de que nenhum pecador se havia convertido na terra durante os últimos cinco meses: "Não vi nenhuma conversão legítima desde então [22 de outubro de 1844]”.31

No entanto, pelo final de 1848 quase todos os crentes na porta fechada, incluindo Miller, haviam abandonado a doutrina. No entanto, havia uns poucos adventistas que persistiam na doutrina da porta fechada. Joseph Bates era um firme crente na doutrina da porta fechada. Sustentava que haveria um período de sete anos durante o qual Cristo provaria Seus filhos. Cria que ao final desse período, em 1851, Cristo regressaria à terra. Em 1847, Bates escreveu:



"A porta aberta de Paulo, então, era a pregação do evangelho aos gentios. Feche-se esta porta, e a pregação do evangelho não terá nenhum efeito. Isto é exatamente o que dissemos que ocorre. A mensagem do evangelho terminou no tempo assinalado com a terminação dos 2300 dias [em 1844]; e quase todos os crentes honestos que estão observando os sinais dos tempos o admitirão”.32



Como Bates, Tiago e Ellen White eram ardentes partidários da doutrina da porta fechada. Já em 1845, Ellen estava recebendo visões que mostravam que a porta da salvação estava fechada. Uma senhora que vivia no Maine, e que tinha mais ou menos a idade de Ellen, era Lucinda Burdick. Ela descreve como conheceu Ellen:



"Ouvi falar pela primeira vez da Srta. Ellen G. Harmon (depois Sra. Ellen G. White) em princípios do inverno (janeiro ou fevereiro) de 1845, quando meu tio Josiah Little veio à casa de meu pai e informou que havia visto uma tal Ellen Harmon no ato de ter visões que ela assegurava receber de Deus. Meu tio disse que ela afirmava que Deus lhe havia revelado que a porta da misericórdia tinha-se fechado para sempre, e que de agora em diante não havia mais salvação para os pecadores. Isto me causou grande inquietude e angústia mental, porque eu não havia sido batizada e meu jovem coração se preocupou muito pelo que sucederia com a minha salvação se a porta da misericórdia estivesse realmente fechada”.33


Ter a informação de que a porta da salvação estava fechada para os pecadores deve ter sido angustioso para a jovem Lucinda. Ela recorda mais experiências espantosas com a profetisa:



"Ellen estava tendo o que se conhecia como visões: Dizia que Deus lhe havia mostrado em visão que Cristo Jesus se levantou no dia décimo do sétimo mês de 1844 e fechou a porta da misericórdia; que havia abandonado para sempre o trono mediador; que o mundo inteiro estava condenado e perdido, e que jamais se salvaria qualquer outro pecador”.34



A mensagem de Ellen White para seus seguidores era de que não restava qualquer obra por fazer a favor dos não-adventistas. O ministro adventista Isaac Wellcome recorda tê-la ouvido relatar esta mensagem em visão em 1845:



"Amiúde, estive em reuniões com Ellen G. Harmon e Tiago White em 1844 e 1845. Várias vezes a sustive enquanto caía ao solo, -- às vezes quando desmaiava durante uma visão. Ouvi-a relatar suas visões destas datas. Várias foram publicadas em panfletos, dizendo que todos os que não apoiavam o movimento de 1844 estavam perdidos, que Cristo havia abandonado o trono da misericórdia, que todos os que seriam selados o haviam sido, e que ninguém mais se arrependeria. Ellen e Tiago ensinaram isto por um ou dois anos. Recentemente, em suas visões publicadas, chamadas ‘Testemunhos,’ suas visões diferem amplamente, e contradizem suas visões anteriores direta e patentemente”.35



Em princípios de 1846, Ellen escreveu acerca de uma experiência em que suas visões ajudaram a convencer almas que duvidavam de que a porta da salvação estava realmente fechada:



"Enquanto em Exeter, Maine, ao estar reunida com Israel Dammon, Tiago, e vários outros, e muitos deles não criam numa porta fechada. Eu sofria muito no início da reunião. A descrença parecia estar por todo lado. Havia uma irmã ali que era considerada muito espiritual. Tinha viajado e fora uma poderosa pregadora pela maior parte do tempo durante vinte anos. Ela havia sido verdadeiramente uma mãe em Israel. Mas uma divisão havia surgido no grupo sobre a questão da porta fechada. Ela tinha tido grande misericórdia, e não podia crer que a porta estava fechada. (Eu nada soubera da diferença entre eles). A irmã Durben levantou-se para falar. Sentia-me muito, muito triste. Minha alma parecia em agonia o tempo todo, e enquanto ela falava, caí de minha cadeira ao chão. Foi então que tive uma visão de Jesus erguendo-Se de Seu trono de Mediador e indo para o Lugar Santíssimo, como o Noivo indo receber o Seu reino. Todos estavam profundamente interessados na visão. Todos disseram que era algo inteiramente novo para eles. O Senhor operou com grande poder estabelecendo a verdade em seus corações. A irmã Durben sabia o que era o poder do Senhor, pois o havia sentido muitas vezes; e pouco tempo depois que eu caí, ela foi atingida, e caiu ao chão, clamando para que Deus tivesse misericórdia dela. Quando eu saí da visão, meus ouvidos foram saudados com o cântico e clamores da irmã Durben em alta voz. A maioria deles recebeu a visão, e ficaram estabelecidos quanto à porta fechada.”36”.



Pode ser que suas visões hajam convencido a Irmã Durben e outros presentes na reunião de que a porta da salvação estava fechada, mas outros ainda não estavam convencidos. Os White começaram a viajar num esforço por convencer outros adventistas, como o Irmão Stowell, de que a porta da salvação estava fechada. Ellen escreve:



"O primeiro sábado que passamos em Topsham [24 de março] foi doce e interessante. Parecia que Jesus mesmo passava pelo meio de nós e espalhava sua luz e sua glória sobre nós. Todos bebemos um grande sorvo do poço de Belém. O Espírito veio sobre mim e fui arrebatada em visão. Vi muitas coisas importantes, algumas das quais as descreverei antes de fechar esta carta. Vi que o irmão Stowell, de Paris, vacilava sobre a questão da porta fechada. Pareceu-me que devia visitá-los. Embora o lugar ficasse a cinqüenta milhas de distância e o caminho estivesse em condições muito más, cria que Deus me daria forças para fazer a viagem. Fomos e encontramos a necessária força. Não tinha havido uma reunião no lugar por mais de dois anos. Passamos uma semana com eles. Nossas reuniões foram muito interessantes. Tinham fome da verdade presente. Tivemos com eles reuniões livres e poderosas. Deus me deu duas visões enquanto estive ali, para grande consolo e fortaleza dos irmãos e irmãs. O Irmão Stowell foi firmado na doutrina da porta fechada e em toda a verdade presente de que havia duvidado”.37



Os esforços dos White para estabelecer a doutrina da porta fechada foram observados por outros adventistas. Um crente na porta fechada, Otis Nichols, escreveu a William Miller em abril de 1846 elogiando a Irmã White por suas visões acerca da porta fechada:



"Sua mensagem sempre era acompanhada pelo Espírito Santo, e onde quer que fosse recebida como de parte do Senhor, quebrantava e derretia seus corações como se fossem criancinhas, e alimentava, consolava, e fortalecia os débeis, e os animava a apegar-se à fé, e ao movimento do sétimo mês; e que nossa obra para a igreja nominal e o mundo estava terminada, e o que restava fazer era a favor da casa da fé”.38



Ellen teve algumas de suas visões sobre a porta fechada na casa de John Megquier, que vivia em Poland, Maine. Ele compartilha sua experiência como segue:



"Conhecemos bem a trajetória de Ellen G. White, a visionista, enquanto esteve no estado do Maine. Algumas das primeiras visões que teve ocorreram em minha casa de Poland. Dizia que Deus lhe havia dito em visão que a porta da misericórdia se havia fechado, que não havia mais oportunidade para o mundo, que ela podia dizer quem tinha manchas em sua veste, e que essas manchas eram obtidas pondo em dúvida se suas visões eram do Senhor ou não. Então, ela dizia o que fazer, o que cumprir, para recuperar outra vez o favor de Deus. Então Deus lhe mostrava, por meio de uma visão, quem estava perdido, e quem estava salvo em diferentes partes do estado, segundo houvessem aceitado ou rechaçado as visões." 39



Novamente encontramos a Sra. White predizendo quem estava perdido e quem era salvo, baseandose na receptividade de suas visões. Depois de um tempo, os White pensaram que simplesmente ir de localidade em localidade pregando a porta fechada não era suficiente. Em 1847, Tiago publicou um documento intitulado "A Word to the Little Flock" [Uma Palavra ao Pequeno Rebanho], no qual ele e Ellen promoviam sua doutrina da porta fechada. Nessa publicação, Ellen descreve uma assombrosa visão que recebeu de Deus:



“Enquanto orava no altar da família, o Espírito Santo veio sobre mim, e parecia que estava sendo transportada mais e mais para o alto, bem acima do escuro mundo. Ergui os olhos, e vi um caminho reto e estreito que se estendia muito acima do mundo. Nesse caminho o povo do Advento estava viajando para a cidade, que se situava na sua extremidade. Tinham por detrás e no princípio do caminho uma luz brilhante que um anjo me assegurou ser o clamor da meia-noite. Essa luz brilhava ao longo do caminho inteiro e fornecia luz para os seus pés de modo a que não tropeçassem. Se mantivessem os olhos fixos em Jesus, que estava à frente deles, conduzindo-os para a cidade, estariam seguros. Mas logo alguns negaram grosseiramente a luz atrás deles e disseram que não fora Deus quem os conduzira até tão distante”. A luz por detrás desses extinguiu-se hes deixando os pés em total escuridão, e tropeçaram e perderam de vista o marco e a Jesus, e caíram para fora do caminho, mergulhando para o mundo escuro e ímpio em baixo. Era tão impossível para eles alcançar o caminho novamente e seguir para a cidade, como também para todo o mundo ímpio que Deus havia rejeitado.”40.



De acordo com esta visão, os adventistas caídos não podiam retornar ao caminho que conduzia ao céu porque a porta da salvação estava fechada. Como o "mundo ímpio que Deus havia rejeitado”, os adventistas caídos não tinham esperança de salvação. No mesmo documento, Tiago acrescentou seus próprios pensamentos sobre a porta fechada:



"Jesus está claramente representado na Bíblia em seus diferentes caracteres, ofícios, e obras. Na crucifixão, foi o manso cordeiro que foi morto. Desde a ascensão até que a porta se fechou em outubro de 1844, Jesus continuou com seus braços de amor e misericórdia abertos, pronto para receber e advogar a causa de cada pecador que viesse a Deus por meio dEle. No dia décimo do mês sétimo de 1844, entrou ao Lugar Santíssimo, onde desde então tem sido um misericordioso ‘sumo sacerdote sobre a casa de Deus.’"41



Enquanto Tiago e Ellen continuavam ensinando que em 1847 Jesus já não advogava a causa dos pecadores, a maré estava começando a volver-se contra a doutrina. Pelo fim de 1848, a maioria dos adventistas se dera conta de que a doutrina estava errada abandonando-a. Nesse entretempo, a profetisa de Deus não estava disposta a abandoná-la. Esta era a mensagem que Deus lhe havia dado para pregar, e não ia renunciar a ela, apesar de que sua popularidade estava desaparecendo.

Deveriam os profetas alterar suas mensagens só porque são impopulares? Não! Por isso os White e Bates continuaram pregando a doutrina da porta fechada. Na realidade, Tiago iniciou uma nova revista mensal intitulada Present Truth [A Verdade Presente]. A doutrina da porta fechada recebeu atenção especial nessa revista quase todos os meses de sua curta publicação. No outono de 1849 tinham decorrido quase cinco anos desde que os adventistas da porta fechada recusaram trabalhar pela salvação dos perdidos. É doloroso imaginar quantas almas perdidas nunca ouviram falar do evangelho durante esse período. Quantos dos que se perderam poderiam ter-se salvado? Depois de cinco anos do dogma da porta fechada, alguns provavelmente se perguntavam quando iam os anjos tocar a Ellen no ombro e dizer-lhe que o ensino da porta fechada era ficção. Ao contrário, porém, os anjos lhe diziam que o dia da salvação para os perdidos havia terminado. Em agosto, Ellen compartilhou com os leitores de Present Truth o que o seu anjo acompanhante lhe havia dito:



"Meu anjo acompanhante me convidou a buscar ver o trabalho pelas almas dos pecadores, como antes existia. Olhei, mas não pude vê-lo, porque o tempo da salvação deles havia passado”.42



Em princípios de 1850, os adventistas da porta fechada enfrentaram um dilema. Sua doutrina capengava, e tinham dificuldade para atrair novos adeptos. De acordo com a maneira como Bates entendia a profecia, Jesus devia regressar no outono de 1851, e eles só tinham dezoito meses para se preparar! O mais preocupante de tudo era que seus seguidores somavam apenas centenas e eles necessitavam de 144.000 para o outono do próximo ano. Que iam fazer? Talvez houvessem fechado a porta de forma demasiado hermética! Em princípios de 1850, apareceram os primeiros sinais de que a porta fechada estava começando a se abrir um pouquinho. Numa carta escrita a alguns amigos em fevereiro, a Sra. White anunciava alguns novos conversos à mensagem adventista:



"As almas estão encontrando a verdade por toda parte aqui. São os que não ouviram a doutrina adventista, e alguns deles são os que saíram a encontrar o Esposo em 1844, mas que desde esse tempo foram enganados por falsos pastores até ao ponto de não saberem nem onde estavam nem no que criam."43



Aqui encontramos o primeiro indício de que os que não eram parte do movimento de 1844 podiam salvar-se. Logicamente, a Sra. White cuida em dizer que essas pessoas eram cristãos que nunca haviam ouvido falar da doutrina adventista. Ainda não havia esperança para os não cristãos e os cristãos que tinham rechaçado a mensagem de Miller de 1844 fixando uma data para a segunda vinda. Em abril de 1850, a porta fechada se abriu um pouquinho mais para deixar entrar os filhos dos santos. Tinham-se passado quase seis anos desde o grande Desapontamento, e muitas crianças foram nascidas durante esse período. Poderiam salvar-se essas crianças, posto que não fizeram parte do movimento de 1844? A questão foi decidida na revista Present Truth:



"Como elas [as crianças] estavam então [em 1844] num estado de inocência, tinham tanto direito a que seus nomes fossem registrados no peitoral do juízo como os que haviam pecado e tinham sido perdoados; portanto, estão sujeitos à presente intercessão de nosso grande sumo sacerdote”.44


Durante 1850, Tiago White continuou promovendo a mensagem da porta fechada em sua revista. Apesar da crescente impopularidade da mensagem da porta fechada, Tiago e Ellen estavam decididos a seguir promovendo-a. Em maio, Tiago escreveu:



"Mas o pecador, a quem Jesus havia estendido seus braços todo o dia, e que havia desprezado a oferta da salvação, ficou sem advogado quando Jesus saiu do Lugar Santo e fechou essa porta em 1844”.45



Finalmente, pelo final de 1850, a porta fechada se abriu outro pouquinho. Abriu um pouco mais para deixar entrar Herman Churchill, um homem que havia sido inconverso em 1844. A decisão de Herman Churchill de unir-se aos crentes adventistas em agosto de 1850 causou considerável comoção entre os crentes da porta fechada. Tiago escreveu acerca do acontecimento numa carta:



"Um irmão [Herman Churchill], que não havia estado no Advento, e não havia feito profissão de religião até 1845, mostrava-se forte e claro na verdade inteira. Nunca se opusera ao Advento, e é evidente que o Senhor lhe havia estado guiando, embora sua experiência não tinha sido como a nossa. Os que, como ele, vêm para a verdade à hora undécima, podem esperar grandes provas."46



Quase seis anos depois do grande Desapontamento, os adventistas tinham feito o primeiro converso que não havia sido cristão em 1844. Os adventistas se surpreenderam de que alguém, que não era parte do movimento de 1844, estivesse interessado em unir-se a eles. George Butler, presidente da Associação Geral, escrevendo na Review and Herald de 7 de abril de 1885, recorda a assombrosa natureza da decisão de Churchill:



"O seu foi um dos primeiros casos de conversão do mundo à verdade presente, que ocorreram depois de 1844... Lembro-me bem quando chegou a Waterbury, Vermont, e assistiu às reuniões na casa de meu pai, onde uns poucos se reuniam de quando em quando. A princípio, ficaram bastante surpresos de que alguém que havia sido incrédulo manifestasse interesse na doutrina adventista. Não foi rejeitado, mas bem acolhido. Era fervoroso e zeloso, e ao discernir sua sinceridade, aceitaram-no como a um verdadeiro converso”.47



Ao transcorrer o ano de 1851, começou a ser mais e mais evidente para todos que Cristo já não ia regressar no outono. Esperavam sinais que não ocorriam, e sem dúvida as pessoas estavam se cansando de ouvir predições acerca do regresso de Cristo. Também se estavam cansando do ensino da porta fechada. Depois de quase sete anos, Tiago e Ellen finalmente abandonaram a doutrina da porta fechada. Nenhum anjo lhes advertiu de seu erro. Ellen não recebeu nenhuma visão mostrando-lhe seu engano. O tempo mesmo havia matado a doutrina. Simplesmente, já não fazia sentido. O abandono da doutrina da porta fechada pôs Ellen White numa situação em que todo profeta odeia estar. Como explica alguém a seus seguidores que suas visões estavam erradas? As pessoas esperam que um profeta corrija falsos ensinos, não que os estimule. Bem, a Sra. White permaneceu relativamente tranqüila durante os poucos anos seguintes. Felizmente, o dano foi de extensão limitada. É improvável que mais do que uns poucos milhares de pessoas tivessem sequer ouvido falar de Ellen White. Talvez esta fosse uma ferida que o tempo curaria. Mudar-se para uma nova localidade e a um novo campo de trabalho parecia ser o certo a fazer, posto que sua influência se havia perdido no nordeste do país. Em meados da década de 1850, os White se haviam mudado para o Michigan, e enfocavam seus esforços sobre os estados do meio-oeste norte-americano. Lucinda Burdick escreve acerca da perda da influência deles na área da Nova Inglaterra:



"Pouco tempo depois disso, a confiança e o interesse nesse fanático casal desapareceu, pois as visões, não só eram infantis e vazias de sentido, como absolutamente contraditórias... Havendo perdido tanto sua influência quanto seu campo de trabalho no Maine, logo partiram para o oeste, onde tiveram êxito em despertar considerável interesse e levantar um grande número de seguidores por meio de seus ensinos relativos ao sábado”.48



Imediatamente, Tiago se dispôs a restaurar a imagem de Ellen. Iniciou o que haveria de converter-se na tarefa de toda sua vida – revisar os escritos da esposa. Tiago revisou todos os artigos de sua esposa, e eliminou as partes objetáveis que tratavam da doutrina da porta fechada. Deu fim à revista Present Truth, que alguns haviam chegado a crer que era qualquer coisa, menos a verdade presente. Logo iniciou uma nova revista, chamada "Advent Review and Sabbath Herald”. Voltou a imprimir a versão "corrigida" das visões de sua esposa em 1851 num folheto de 64 páginas intitulado Vida e Ensinos. Enquanto Tiago aparentemente não sentia embaraço em eliminar os escritos de uma profetisa de Deus, isso não foi do agrado de todos os irmãos. Quando saiu o novo folheto com 19% do texto original faltando, tal fato ameaçou deflagrar uma crise. Como é de se imaginar, alguns membros da diminuta igreja se horrorizaram de que visões inteiras, que criam proceder diretamente de Deus, houvessem sido omitidas. Alguns dirigentes convocaram uma reunião com Tiago. A Sra. White descreve como Tiago acalmou a perigosa crise:



“Certa ocasião nos primeiros dias da mensagem, o Pai Butler e o Ancião Hart se sentiram confusos em relação com os testemunhos. Mui angustiados, gemeram e choraram, mas durante algum tempo não quiseram dar as razões de sua perplexidade. Todavia, pressionados para que explicassem a causa de sua conversação e comportamento sem fé, o Ancião Hart se referiu a um pequeno folheto que havia sido publicado como as visões da Irmã White, no qual, disse ele que sabia com certeza, que algumas visões não tinham sido incluídas. Diante de um grande auditório, estes irmãos falaram vigorosamente dizendo que haviam perdido a confiança na obra”. “Meu esposo entregou o folhetinho ao Ancião Hart, e lhe pediu que lesse o que estava impresso na página do título. ‘A Sketch of the Christian Experience and Views of Mrs. E. G. White’ [Um Bosquejo da Experiência Cristã e Visões da Sra. E. G. White], leu”. “Por um momento, houve silêncio, e a seguir meu esposo explicou que havíamos estado muito destituídos de meios econômicos, e que a princípio só pudemos imprimir um pequeno folheto, e prometeu aos irmãos que quando levantássemos os meios suficientes, as visões seriam publicadas mais completamente em forma de livro”. “O Ancião Butler ficou profundamente comovido, e depois de que se havia dado a explicação, disse: ‘Inclinemo-nos diante do Senhor.’ Seguiram-se orações, pranto, e confissões, como raras vezes temos ouvido. O Pai Butler disse: ‘Irmão White, perdoe-me; temia que nos estivesse ocultando algo da luz que devíamos ter. Perdoe-me, Irmã White.’”. "Então, o poder de Deus desceu sobre a reunião de uma maneira maravilhosa”.49



Nesse dia, o Irmão Butler aprendeu uma lição que muitos aprenderiam mais tarde. Quando Tiago White corrigia e eliminava partes dos escritos da Sra. White, não estava ocultando "a luz do céu”. Antes, estava ocultando erros e equívocos que, se examinados pelas pessoas, as levariam a indagarse se sua esposa era realmente profeta. Cumpriu Tiago alguma vez sua promessa de imprimir todas as visões quando tivessem mais dinheiro disponível? Apesar de sua posição financeira ter melhorado dramaticamente em anos posteriores, Tiago nunca reimprimiu as doutrinas. Gradualmente, foram esquecidas como relíquias do passado. A porta fechada foi "branqueada”, eliminada da história da igreja, e o tema raras vezes suscitado no princípio da década de 1850. A doutrina da porta fechada poderia ter descansado para sempre no cemitério do silêncio, se não tivesse sido pelos acontecimentos da década de 1880...

30. Advent Herald, 11 de dez. de 1844.



31. Voice of Truth, 19 de fev. de 1845.



32. Joseph Bates, Second Advent Waymarks, 1847, pp. 97-110.



33. Carta de Lucinda Burdick, Bridgeport, Connecticut, 26 de set. de 1908.



34. Miles Grant, An Examination of Mrs. Ellen White’s Visions, Boston: Advent Christian Publication Society,



1877.



35. Ibid.



36. Ellen White, Manuscript Releases, Vol. 5, p. 97



37. Ibid., p. 93.



38. DF 105, de Otis Nichols para Guilherme Miller, 20 de abril de 1846. (Extraída de The Early Years, Vol. 1,



pp. 75-76).



39. Ibid.



40. A Word to the Little Flock, 1847.



41. Ibid., pp. 1-2.



42. Present Truth, ago., 1849.



43. Carta 4, 1850, pp. 1, 2.



44. Present Truth, abril, 1850.



45. Present Truth, maio, 1850.



46. Tiago White, AR, ago., 1850, (Early Years, p. 191).



47. George Butler, Review and Herald, 7 de abril de 1885.



48. Carta de Lucinda Burdick, Bridgeport, Connecticut, 26 de set. de 1908.



49. Mensagens Escolhidas, Vol. 1, p. 53.



FONTE:
A Nuvem Branca


Quem está mentindo? Eu, conforme acusou Leandro Quadros, ou Ellen White?

terça-feira, 3 de abril de 2012

PREGANDO O EVANGELHO ― QUAL DELES MESMO?


Por Zilton Alencar
A ordem de Jesus para que todos os seus discípulos preguem o Evangelho é imperativa e inegociável. Textos registrados de sua comissão, como “Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda a criatura” (Mc 16:15) e ...ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado...” (Mt 28:19-20) deixam claro não somente Sua ordem, mas também o teor da mensagem que deverá ser pregada. A mensagem tem que ser as coisas que o próprio Cristo ensinou. Entretanto, mais uma vez estão tentando justificar a pregação de qualquer evangelho, buscando calar qualquer oposição aos falsos evangelhos. Agora estão usando a Bíblia, as palavras do apóstolo Paulo, alegando-se que ele afirmou que o importante é pregar a Cristo, que de uma forma ou de outra o nome de Cristo está sendo propagado, e não importa como isso está sendo feito...

Será mesmo? Vamos então analisar o texto em questão e tentar esclarecer mais esta falácia:

E quero, irmãos, que saibais que as coisas que me aconteceram contribuíram para maior proveito do evangelho; De maneira que as minhas prisões em Cristo foram manifestadas por toda a guarda pretoriana, e por todos os demais lugares, E muitos dos irmãos no Senhor, tomando ânimo com as minhas prisões, ousam falar a palavra mais confiadamente, sem temor. Verdade é que, também, alguns pregam a Cristo por inveja e porfia, mas outros de boamente; Uns por amor, sabendo que fui posto para defesa do evangelho, Mas outros, na verdade, anunciam a Cristo por contenção, não puramente, julgando acrescentar aflição às minhas prisões. Mas, que importa? contanto que Cristo seja anunciado de toda a maneira, ou com fingimento ou em verdade, nisto me regozijo, e me regozijarei ainda.” (Fp 1:12-18 – grifos meus).

O Evangelho é uma mensagem que tem compromisso absoluto com a verdade. O verdadeiro Evangelho está intimamente associado com o que Jesus ensinou, e não com o que os seus pregadores acham conveniente. Não basta apenas pregar Jesus, mas também ensinar a guardar as coisas que Ele mandou (Mt 28:20). Fazer a primeira coisa dissociando-a da segunda transforma a pregação do Evangelho em uma mera pregação hipócrita! Ora, de que adianta convencer um pagão que Jesus Cristo é o Senhor, “ganhar sua alma” e em seguida ensiná-lo a adorar ídolos, ou a desobedecer a Palavra de Deus?

O próprio Senhor ensinou que não adianta ganhar alguém para o Reino e desencaminha-lo na doutrina. “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que percorreis o mar e a terra, para fazer um prosélito; e, depois de o terdes feito, o fazeis filho do inferno, duas vezes mais do que vós” (Mt 23:15). Tão importante quanto trazer alguém ao caminho da salvação é ensiná-lo acerca do Caminho, para que o neófito não se desvie.

Neste aspecto, bem afirmou Jesus: “Pode porventura o cego guiar o cego? Não cairão ambos na cova? O discípulo não é superior a seu mestre, mas todo o que for perfeito será como o seu mestre” (Lc 6:39-40). Eis um problema: os homens não querem ser IGUAIS ao Mestre, mas superiores, criando normas, doutrinas e condutas que nada têm a ver com Seus ensinamentos. Pregam “evangelhos” dissociados da verdade e comprometidos com suas visões e revelações deturpadas, ensinando falsas doutrinas aos seus seguidores. Assim, tornam-se cegos guiando cegos; pregam o nome de Cristo, mas desfazem sua pregação ao ensinar o caminho errado aos novos convertidos. Seu fim é óbvio, e previsto pelo próprio Senhor Jesus: entrarão em perdição, e levarão após si todos aqueles que seguirem seus ensinamentos errados. Honram a Deus com os lábios, mas se afastam dEle e da Sua Palavra com as ações, pois valorizam mais suas próprias doutrinas que a pura Palavra de Deus (Mt 15:1-9)!

Isto se dá entre católicos, espíritas, testemunhas de Jeová, mórmons e outras seitas. Eles inegavelmente também pregam a Cristo e ganham almas supostamente para Ele. Em seguida ensinam os convertidos a andarem baseados em muitas doutrinas erradas, antibíblicas e até anticristãs! Podemos citar incontáveis casos de pessoas que conheceram a Cristo através das seitas citadas acima, que modificaram suas vidas, tornando-se inegavelmente pessoas transformadas. Nem mesmo os mais ferrenhos opositores destas seitas podem negar que [1] Eles pregam Cristo e [2] sua pregação transforma vidas. Podemos então concordar com suas pregações, e compreender que, já que estão pregando Cristo, devemos aceita-los, assim como a seus erros, e deixá-los em paz?

O problema do texto encontrado na epístola aos filipenses, que PARECE concordar com a pregação de qualquer evangelho, desde que Cristo seja pregado, é que interpretado desta forma fere a UNIDADE DA BÍBLIA e a sua impossibilidade de contradizer-se. Esta unidade bíblica está terrivelmente comprometida e abalada quando comparamos o texto usado com outro texto bíblico, oriundo da mesma pena de Paulo, que afirma:

Maravilho-me de que, tão depressa, passásseis daquele que vos chamou à graça de Cristo, para OUTRO EVANGELHO; O qual não é outro, mas há alguns que vos inquietam e querem transtornar o evangelho de Cristo. Mas, ainda que nós mesmos, ou um anjo do céu, vos anuncie OUTRO EVANGELHO, além do que já vos tenho anunciado, seja anátema. Assim como já vo-lo dissemos, agora de novo, também, vo-lo digo. Se alguém vos anunciar OUTRO EVANGELHO, além do que já recebestes, seja anátema. Porque, persuado eu agora a homens ou a Deus? ou procuro agradar a homens? se estivesse ainda agradando aos homens, não seria servo de Cristo” (Gl 1:6-10 – grifos meus).

Desde os meus primeiros dias na fé cristã aprendi acerca da inerrância bíblica e da impossibilidade de contradição do texto sagrado. Nos casos onde a mesma aparentasse qualquer contradição, se fazia necessário esclarecer tudo considerando a unidade da Escritura. Como é possível, então, conciliar dois textos tão antagônicos, aonde Paulo elogia que se pregue DE TODA MANEIRA, e depois anatematiza o OUTRO EVANGELHO e quem o prega?

Vamos desfazer esta “contradição”: na carta aos filipenses, Paulo não se alegra com os falsos evangelhos; ele se alegra com o VERDADEIRO EVANGELHO, mesmo que pregado por motivos de contenda, quem sabe por alguém que queria ser maior que o apóstolo, ganhar mais almas que ele, por mera contenda. Fazendo uma comparação, é como se dois pastores brigassem entre si, dividissem a Igreja, e a partir daí cada um buscasse formar um ministério maior que o outro, ganhar mais almas que o outro, PREGANDO O MESMO EVANGELHO, sem deturpações. Neste caso, o Evangelho realmente está sendo pregado, e Cristo está sendo realmente proclamado, embora por motivos mesquinhos.

Divisões e contendas existem, e a Bíblia relata que isto aconteceu até mesmo entre Paulo e Barnabé, a ponto de se apartarem um do outro (At 15:35-41), mas os dois homens de Deus não passaram a pregar dois evangelhos diferentes. As divisões e os divisores, as mesquinhezas e as contendas, o Senhor as julgará. O Evangelho do Reino, entretanto, não foi adulterado. Muito diferente dos “evangelhos espúrios” que estão sendo pregados Brasil afora, e que seus defensores tentam ― usando a Bíblia fora de seu contexto e de sua unidade, como sempre fazem! ― defender a qualquer custo...

Na carta aos filipenses, Paulo trata de dois ou mais pregadores, mas de UM ÚNICO EVANGELHO sendo pregado, e ele se alegra com isto. Já na carta aos gálatas, percebem-se claramente dois pregadores, e DOIS EVANGELHOS distintos, e Paulo NÃO SE ALEGRA com esta duplicidade, nem com este novo evangelho, apesar de Cristo estar sendo inegavelmente anunciado. O apóstolo levanta-se ferrenhamente contra este falso evangelho que surge na Galácia, questiona-o, desmoraliza-o e declara-o como anátema, não só ele, mas todo e qualquer evangelho diferente do que foi ensinado, assim como seus pregadores. Mesmo que ELE MESMO, Paulo, viesse a cair no mesmo erro algum dia, já deixa os crentes avisados de antemão: todo evangelho pregado que se contraponha ao Evangelho da Graça de Deus, SEJA ANÁTEMA.

O uso indevido deste texto me faz lembrar a tentação do Senhor Jesus pelo diabo no deserto, narrado em Mateus 4:1-11, quando o adversário também usou o texto bíblico ― fora de seu contexto e de sua unidade, exatamente como os defensores dos falsos “evangelhos” fazem! ― para tentar confundir o Senhor. A sua leitura do texto “Porque aos seus anjos dará ordem a teu respeito, para te guardarem em todos os teus caminhos, e eles te sustentarão nas suas mãos, para que não tropeces com o teu pé em pedra” (Sl 91:11-12) foi refutada pelo Mestre com outra porção da Escritura, “Não tentareis o Senhor, vosso Deus” (Dt 6:16), como prova de que as Escrituras não podem ser usadas a bel-prazer do homem, mas em sua plenitude, sempre considerando sua unidade doutrinária. Que tal, defensores dos “outros evangelhos”, seguir o exemplo do Senhor Jesus e observar o que diz a toda a Bíblia, e não somente um texto isolado e fora o contexto? Assim, permitam-me uma paráfrase do texto da tentação do Senhor, para que vos sirva de exemplo mais claro:

Então o diabo o transportou o crente à igreja, e colocou-o púlpito, e disse-lhe: Se tu és filho de Deus, prega um evangelho diferente; porque está escrito: ‘contanto que Cristo seja anunciado de toda a maneira, ou com fingimento ou em verdade, nisto me regozijo, e me regozijarei ainda. Porque sei que disto me resultará salvação...’. Disse-lhe o crente: Também está escrito: ‘Se alguém vos anunciar outro evangelho, além do que já recebestes, seja anátema’“. (paráfrase do texto de Mt 4:5-7).

Desculpem-me a sinceridade, irmãos defensores dos “falsos evangelhos”: Jesus foi aprovado na tentação porque conhecia e manejava bem a Palavra; vocês são reprovados porque a desconhecem, recusam-se a conhecê-la e a manejam com o objetivo de apenas corroborar com vossos achismos e perversidades do coração!

Ao invés de “dar as mãos” a estes pregadores, concordarmos com suas deturpações e tentarmos justificá-las, é necessário que façamos como Paulo apóstolo: levantemo-nos contra os falsos evangelhos! Estes evangelhozinhos medíocres que se espalham no meio do trigo como o joio pernicioso não têm compromisso com a Verdade do Evangelho trazido pelo Senhor e pregado pelos Seus apóstolos. Mesmo pregando Cristo, estes “evangelhos” afastam o homem do caminho de Cristo, levando-o por outros atalhos, ao ensinar-lhe doutrinas estranhas à Palavra de Deus. Por mais que estas falsas doutrinas se espalhem, cresçam e prosperem, nunca deixarão de ser falsos evangelhos, que mais afastam do que aproximam o pecador de Deus!

A pregação do Evangelho que interessa a Jesus, que promove verdadeiro crescimento do Reino de Deus e que alegra a Paulo não é qualquer um, mas é um só: o Evangelho do Reino, o genuíno, o centrado nas Escrituras, que está em pauta nos ensinamentos do Cristo. Paulo se alegra com a honra que lhe foi concedida de poder pregar este Evangelho, quando afirma: em nada tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha carreira, e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da graça de Deus” (At 20:24). Não é qualquer “evangelho”. Paulo o nomeia: é o EVANGELHO DA GRAÇA DE DEUS.

Quando Jesus falava acerca do fim das coisas, ele menciona que o fim só viria quando o genuíno Evangelho fosse pregado a todas as nações: “Nesse tempo, muitos serão escandalizados e trair-se-ão uns aos outros, e uns aos outros se aborrecerão. E surgirão muitos falsos profetas, e enganarão a muitos. E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará. Mas aquele que perseverar até ao fim será salvo. E ESTE EVANGELHO DO REINO será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as gentes, e então virá o fim” (Mt 24:10-14 – grifo meu). Mais uma vez, não é qualquer um evangelho! Não é o evangelho da graça barata; não é o evangelho da prosperidade; não é o evangelho da barganha com Deus, mas O EVANGELHO DO REINO.

Desta forma, fica fácil compreender as palavras do Mestre, quando disse: “Nem todo o que me diz: ‘Senhor, Senhor!’ entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade do meu Pai que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi, abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade” (Mt 7:21-23). Dentre estes que ficarão de fora, com certeza estarão muitos pregadores de “evangelhos”, e muitos defensores de tais pregadores e de tais “evangelhos”.

Que Deus nos dê a graça de estarmos entre os que não serão enganados, mas entre os que perseverarão na Palavra e no verdadeiro Evangelho do Reino, sem nos desviarmos nem para a esquerda e nem para a direita!

Fonte: Mulheres Sábias Blog da Rô
 
Extraído de www.ministeriobbereia.blogspot.com

As razões de casamento e divórcio entre cristãos


Por Mauricio Zágari

Conversando com irmãos em Cristo sobre as razões de haver tantos casamentos desfeitos ou infelizes entre cristãos, chegamos à conclusão de que muitos tanto dos que têm fé em Jesus quanto dos que não têm estão se casando pelas razões erradas. Pelas estatísticas do IBGE, a porcentagem de divórcios entre cristãos e não cristãos no Brasil é igual. No passado, os casamentos eram negociações entre famílias, em que os pais arranjavam a união de seu filhos visando à manutenção de riquezas ou a ampliação de fortunas, os maridos arranjavam amantes, as esposas cuidavam dos filhos e tudo seguia como mandava o figurino da época. Era uma relacionamento utilitário em sua grande maioria. Mas do século passado para cá os indivíduos se emanciparam, o sexo feminino foi para o mercado de trabalho, elas se tornaram e consumidora e eleitoras e tudo mudou. O que passou a ditar a escolha do marido ou da esposa passou a ser, em teoria, mas essencialmente, o sentimento. Homens passaram a se casar não mais com a filha do homem mais rico da região, mas sim com aquela que fazia seu coração acelerar. Já elas passaram a votar, trabalhar, consumir e dispensaram o dote, tomando como razão de seus relacionamentos o sentimento.

Ou não?

Por que não? Bem, até aqui falamos da sociedade como um todo. Mas agora pensemos somente na igreja, que tem valores e práticas diferentes do mundo. Ou... deveria ter. Porque nem todas as servas e os servos de Deus estão baseando seu relacionamento naquela que biblicamente é a motivação maior do casamento: o amor. Semana passada, durante três dias, lancei uma enquete aqui no APENAS com duas perguntas: "Qual deve ser a grande motivação de um cristão para se casar?" e "Se o cristão não encontrar uma pessoa que preencha o quesito que você apontou ele deve aguardar solteiro pelo tempo necessário ou deve casar-se assim mesmo?". Naturalmente eu sei que essa está longe de ser uma pesquisa feita com metodologias cientificas, mas ao mesmo tempo o anonimato dos votantes garantiu que entre os 3.910 irmaos e irmãs que votaram houve sinceridade nas respostas. Ou seja: não clicaram na opção politicamente correta (a versão oficial, aquilo que falam para a família, a igreja e a sociedade), mas sim o que de fato as (os) motiva a se unir a alguém em matrimônio. Lembre-se: estamos falando de crentes. E aí voltamos ao "por que não?". Porque, ao contrário do que um irmão do twitter, por exemplo, comentou, que "é lógico que todos vão votar na opção amor", houve surpresas que valem a pena analisar.

Eu confesso que esperava que mais cristãos soubessem que o amor é o grande alicerce e a grande razão de um casamento. No entanto, só 81.1% assinalaram essa resposta. A meu ver, uma porcentagem baixíssima. Veja: Deus é amor. 1 João 4.16 diz: "Deus é amor, e aquele que permanece no amor permanece em Deus, e Deus, nele". O maior mandamento de todos tem como essência também o amor: "Respondeu-lhe Jesus: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas" (Mateus 22.37-40). Além disso, nosso relacionamento com Jesus tem como maior valor o amor: "Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me manifestarei a ele." (João 14.21). O que une as pessoas da Trindade é... adivinha? "O Pai ama ao Filho" (João 2.35a). O fruto do Espírito de Gálatas 5.22,23 traz entre suas virtudes o amor. A Bíblia é amor de Gênesis a Apocalipse. Mesmo a ira e a justiça de Deus são expressões de seu amor.

Ou seja, amor é a essência de Deus, é o que determina nossa relação com Ele e com nosso próximo, é o fundamento de nosso relacionamento com Jesus e é o que une as pessoas da Trindade. Ou seja: o amor é o cerne de tudo.

Tá, mas... o que é amor? Não vamos entrar aqui pelos caminhos da interpretação do grego, eros, ágape, phileo, storges etc, vamos falar apenas da essência. E a essência está no conhecidíssimo João 3.16: "Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna". Isso é amor. É sentimento e ação. Começa no sentimento e não em um aspecto racional. Foi o afeto, o carinho, o cuidado, a preocupação, o ciúme, o zelo de Deus por seu povo (o coração do Senhor) que o levou à ação de enviar o Filho. Já ouvi pregadores dizerem que "amor é decisão". Discordo. Perdão é decisão. Amor? Não se escolhe. Não escolho quem amo ou deixo de amar. Apenas amo e a partir daí ajo segundo esse sentimento, esse bem-querer, esse afeto. É algo que começa dentro, no abstrato, e se torna atitude, concreta. Do mesmo modo que é bobagem um pregador dizer "sinta a presença de Deus" (isso não é coisa que se sente porque alguém mandou), diga a uma mãe: "Decida parar de amar seu filho hoje" e depois pergunte a ela se parou. Não funciona assim. Pois amor não nasce na razão. Não se constrói: para erguer um prédio é preciso haver tijolos.

E aí chegamos ao amor daqueles que foram feitos à imagem e semelhança de Deus; que devem ser imitadores de Cristo; que não vivem mais eles, mas Cristo vive neles; dos que foram transformados para viver em novidade de vida segundo Cristo. É evidente que, se o amor é o que norteia a essência e as ações do Criador, também deve ser a nossa bússola. Paulo diz em Efésios 5.1,2: "Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados; e ANDAI EM AMOR, como também Cristo nos AMOU e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em aroma suave". Logo: Exortar? Em amor. Evangelizar? Em amor. Discipular? Em amor. Perdoar? Em amor. Consolar? Em amor. Liderar? Em amor. Obedecer? Em amor. Edificar? Em amor. Relacionar-se? Em amor. Viver? Em amor. Casar?

Adivinha...

Veja o que o apóstolo Paulo diz em Efésios sobre o casamento: "Maridos, AMAI vossa mulher, como também Cristo AMOU a igreja e a si mesmo se entregou por ela". Sim, aqui fica claro o que deve levar um homem a unir-se a uma mulher: a mesma virtude que fez Cristo se entregar por nós. E essa não é uma prerrogativa somente masculina. O mesmo principio aplicado aos homens aplica-se à mulheres. Veja o que as Escrituras dizem em Tito 2: "Quanto às mulheres idosas, semelhantemente, que sejam sérias em seu proceder, não caluniadoras, não escravizadas a muito vinho; sejam mestras do bem, a fim de instruírem as jovens recém-casadas a AMAREM ao marido". Sim, novamente, o amor.

Gênesis 29 mostra que Jacó queria se casar com Raquel, mas o pai dela, Labão, só a daria a ele se por 7 anos trabalhasse para o futuro sogro. E veja o que diz o texto: "Assim , por AMOR a Raquel, serviu Jacó sete anos; e estes lhe pareceram como poucos dias, pelo muito que a AMAVA"

A Bíblia é clara: a grande motivação de um cristão para se casar é o amor. O resto vem depois. Leve-se o tempo que se levar até encontrá-lo ou poder concretizá-lo. Como Jacó amava, 7 anos foram como poucos dias. E assim deve ser conosco.

Resumo da ópera: se não for por amor, o casamento é antibíblico.

E aí chegamos aos resultados da enquete. Cerca de 19% dos cristãos votantes deram razões diferentes do amor para se casar. Quando se vê que a taxa estimada de divórcios entre casais cristãos é de 24%, dá para desconfiar que os que se casam pelas razões erradas estão estatisticamente a um passo da infelicidade e, logo, da separação. Os itens incluídos na pesquisa foram selecionados com base naquilo que os internautas e as pessoas a quem dou aconselhamento justificam como tendo sido o motivo para se casar. A opção "outros" foi a segunda mais votada, com 8,9% dos votos. Isso deixa claro que esses quase 9% dos irmãos não creem no amor como a causa principal da únião de um casal, embora não possamos saber exatamente as razões que alegariam aqui.

Já a terceira causa apontada foi, para o meu espanto, "profecia ou revelação de Deus": 3,42% acreditam que quem vai apontar seus futuros cônjuges será um profeta, um "vaso". Ou seja: ainda que não haja amor, se um "homem usado" ou uma "varoa de fogo" disserem que fulano ou fulana é "sua bênção", uma expressiva parcela da Igreja vai seguir vozes humanas de terceiros na escolha de seus cônjuges. Detalhe: isso é antibíblico. Em momento algum do Novo Testamento vemos o dom de profecias sendo apontado como "dom casamenteiro". Mas muitos ainda estão presos a essa antiga crença pentecostal (e falo como pentecostal que sou) de que "Deus usou o vaso e disse que fulano era minha bênção". O problema não está no dom em si nem em seu uso: está na total ausência de autorização bíblica para que o dom de profecia ou o de palavra de conhecimento (a popular "revelação") sejam usados na escolha do cônjuge. Casar por profecia é simplesmente má cultura popular pentecostal, não é teologia bíblica.

Em quarto lugar na enquete ficou um fator bíblico que influencia a resposta: o "não abrasar-se". Foram 3,08% dos votos. A base dessa resposta está em 1 Coríntios 7: "E aos solteiros e viúvos digo que lhes seria bom se permanecessem no estado em que também eu vivo. Caso, porém, não se dominem, que se casem; porque é melhor casar do que viver abrasado". A leitura desses dois versículos podem passar a impressão que Paulo está pondo o sexo como a causa central para um casamento. Como se ele dissesse "Segura as pontas, mas se a tua libido estiver te deixando doido é melhor se casar, para ter um corpo humano à sua disposição e, assim, poder desfrutar dele sem viver com vontade de fazer sexo". Além de ser algo animalesco, unir-se a alguém só para poder saciar os desejos sexuais é um erro hermenêutico. Tomar esses dois versículo isolados do resto da Bíblia é fazer violência às Escrituras. Esse versículos devem ser vistos à luz do todo, como a hermenêutica bem nos ensina. Aqui, a questão do sexo é indissociável do amor. Qualquer pessoa que teve uma conversão após ter sido iniciado sexualmente sabe o horror que é sexo sem amor: consumado o ato, a vontade é sumir e não olhar mais para a cara da pessoa. Com amor é totalmente diferente. Então aqueles que pensam no sexo, no "não abrasar-se", como a causa principal do matrimônio, estão errando por interpretar mal as Escrituras, por construir uma "doutrina" a partir de versículos isolados do restante das Sagradas Letras. No contexto da Bíblia, o que Paulo está dizendo é: "Você ama seu (sua) noivo (a) e está difícil conter os impulsos sexuais? Então não demore a se casar".

Quinto fator mais votado, com 1,03% dos votos é o "receio de ficar só". Aqui fica clara a confusão que existe na mente das pessoas sobre as funções e as motivações que devem levar alguém a se casar. O medo da solidão é compreensível e humano. Mas novamente o problema é a falta de base bíblica para essa justificativa. "Não é bom que o homem viva só", disse Deus, e deu a Adão alguém para fazer-lhe companhia, certo? Errado. Deu-lhe alguém para amar. Contra a solidão Deus inventou um santo remédio: amigos. Amizades, irmãos da igreja, parentes de sangue, muitas são as opções. Mas usar o casamento para aplacar a solidão é - expressão que ouvi recentemente - usar uma máquina de café para fazer pipoca. Uma coisa tem finalidades totalmente diferentes da outra. E se você jogar milho na cafeteira... prepare-se para o desastre. Então partir para um matrimônio com medo de ficar só demonstra falta de entendimento de que com Deus nunca estamos sós, em primeiro lugar. Mas aí entra o fator humano, ok, sejamos carinhosos. Se mesmo tendo Jesus em sua vida você sente falta de companhia humana, envolva-se em grupos de comunhão da igreja, faça amigos, busque contato com pessoas. Mas casar-se para isso? É anticristão.

Carência afetiva, pressão da igreja e desejo de ter filhos empataram em sexto lugar, com 0,68% dos votos. Analisemos cada item. Carência afetiva demonstra pessoas que não se bastam a si mesmas. Precisam de alguém que as elogiem, que lhes digam que são importantes, que exaltem-nas. Em geral isso tem origem em problemas da infância que geraram uma baixa autoestima. Novamente não há na Bíblia base para tratar essa questão por meio do casamento. É muito mais um problema a ser tratado em gabinete pastoral ou em consultório psicológico (e não há demérito algum em buscar auxílio psicológico) do que numa noite de núpcias. A pessoa precisa aprender a se amar sem precisar de um cônjuge que a ame por ela.

No caso da pressão da igreja isso é o absurdo dos absurdos. Decidir casar-se é uma opção individual que virá quando a pessoa certa chegar e não na hora em que a congregação quiser. Tive uma aluna de seminário que tinha decidido não se casar (uma opção de vida bíblica). A pobre era metralhada com piadinhas e gente tentando empurrar namorados para ela dia após dia. O cristão tem que perder esse péssimo hábito de cobrar dos irmãos o casamento. É uma fixação incômoda da Igreja e precisa parar, pois isso cria ansiedades e tomadas de decisão erradas. Se você conhece um solteiro na sua igreja não fique perguntando "e aí, quando sai o casório?!". Você pode estar colaborando para um futuro adultério, divórcio ou coisa pior. Deixe cada um decidir sua vida, não ponha jugo sobre o pescoço de ninguém. Conduzir os irmãos a um caminho errado é pecado. A vida não é sua, não será você a arcar com as consequências então...não force a barra.

A enquete indicou ainda os 0,68% que veem como causa principal do casamento ter filhos. Isso é um erro gravíssimo do ponto de vista bíblico. Escute bem: filhos são a consequência e não a causa de um casamento. Quem casa para ter um doador doméstico de sêmen age de modo torpe. Engana o marido, faz votos mentirosos no altar, põe o carro na frente dos bois e subverte a ordem natural que Deus criou para a humanidade. Primeiro houve a Trindade. Depois Cristo nos fez filhos. E a Trindade não existe em função de seus filhos. Do mesmo modo, primeiro vem o casal, unido em amor, e depois os filhos - o resultado desse amor. Primeiro cresce a árvore, depois nascem os frutos. 2 Coríntios 12.14 diz "Além disso, os filhos não devem ajuntar riquezas para os pais, mas os pais para os filhos". Veja que essa passagem fala de herança, de legado, de uma ordem lógica. Os pais vêm primeiro, depois os filhos. Essa é a sequüência bíblica. Pensar nos filhos antes do pai ou da mãe é pura subversão dos propósitos de Deus em se tratando de motivações para o casamento. Logo, é pecado.

Penúltimo mais votado: "Pressão da família", com 0,34% dos votos. Pobre de quem se casa por pressão da família. Une-se a quem não ama por insistência de quem ama. Por amor vive o desamor. Por esses só nos resta orar. E, por fim, com zero voto, "idade". Aqui eu vejo a imperfeição da minha própria pesquisa, a famosa "margem de erro" em ação. Certamente são muitos, em especial mulheres, que se casam para "não ficar para titia". Outro dia ouvi de uma irmã "Deus me livre de chegar aos 40 solteira e sem filhos!". Sim, aqui a enquete falhou. Pois certamente há as que se casam porque todas as amigas já se casaram e elas ficaram por último. "Sobraram". Querem viver o sonho da Cinderela. Querem entrar de branco na igreja. E o primeiro que passar pela frente disposto a topar a parada será a vítima.

A segunda pergunta

A segunda pergunta da enquete era "Se o cristão não encontrar uma pessoa que preencha o quesito que você apontou ele deve aguardar solteiro pelo tempo necessário ou deve casar-se assim mesmo?". Aqui suspirei aliviado. A esmagadora maioria demonstrou o entendimento que Jacó demonstrou ao esperar o tempo que fosse pela amada. O entendimento de que não existe tempo certo, mas a pessoa certa: 94,95% afirmaram que é melhor permanecer solteiro pelo tempo necessário do que se casar pelas razões erradas. E, lamentavelmente, 5,05% disseram que seja qual for a razão que leve alguém ao altar, o melhor é se casar do que viver solteiro. Sinto pena por esses 5,05%, pois estão pondo como indispensável algo que o próprio Paulo disse que não era. Acredite: a Bíblia não considera o casamento imprescindível.

Veja que interessantes as palavras do apóstolo em 1 Coríntios 7.36-40: "Entretanto, se alguém julga que trata sem decoro a sua filha, estando já a passar-lhe a flor da idade, e as circunstâncias o exigem, faça o que quiser. Não peca; que se casem. Todavia, o que está firme em seu coração, não tendo necessidade, mas domínio sobre o seu próprio arbítrio, e isto bem firmado no seu ânimo, para conservar virgem a sua filha, bem fará. E, assim, quem casa a sua filha virgem faz bem; quem não a casa faz melhor. A mulher está ligada enquanto vive o marido; contudo, se falecer o marido, fica livre para casar com quem quiser, mas somente no Senhor. Todavia, será mais feliz se permanecer viúva, segundo a minha opinião; e penso que também eu tenho o Espírito de Deus". Ou seja: Paulo diz que o casamento não é obrigação e não há idade para ele: o mesmo se aplica a virgens e viúvas. E, pela enquete, 95% da a Igreja estão conscientes de que é melhor permanecer solteiro pelo tempo que for do que se casar errado. Mesmo que essa consciência não se reflita da prática, pois embora saibam disso muitos se casam por razões esdrúxulas como "profecias" e "para ter filhos".

Conclusão

Há muitos e muitos cristãos infelizes no casamento. Cerca de 1/4 dos casais cristãos acaba se divorciando e, pelo que mostra a enquete, isso ocorre porque se casaram por qualquer outra razão que não o amor, que é a motivação bíblica. Está você solteiro? Não tenha pressa. Não ceda a pressões. Não use cônjuges para realizar sonhos. Respeite aquele com quem você vai se casar. E, biblicamente, esse respeito se traduz em chegar até ele e dizer-lhe na cara, sem um pingo de dor na consciência pelo que está dizendo: "Meu amor, estou me casando com você porque te amo tanto que daria minha vida por você, como Cristo amou a Igreja"". Essa é a afirmação bíblica. Qualquer outra razão que tornasse essa frase uma mentira é puro mundanismo travestido de Cristianismo.

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

Fonte: Apenas
 
Extraído de www.ministeriobbereia.blogspot.com