sexta-feira, 16 de novembro de 2012

OBSTÁCULO A SER VENCIDO

“Vós sois o sal da terra; ora, se o sal vier a ser insípido, como lhe restaurar o sabor? Para nada mais presta senão para, lançado fora, ser pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder a cidade edificada sobre um monte; nem se acende uma candeia para colocá-la debaixo do alqueire, mas no velador, e alumia a todos os que se encontram na casa. Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus.” (Mateus 
5:13-16).

Nossos pecados nos separam de Deus, mas nem todo mundo sabe disto. O profeta afirma: “Mas as vossas iniqüidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça.” (Isaías 59:2). Nosso pecado nos afasta de Deus.

Nossos pecados também podem separar outras pessoas de Deus. Disto poucos têm consciência. É possível que nossos pecados separem os outros de Deus, que nossas ações de alguma maneira os impeçam de ver a face de Deus.

A Bíblia nos diz com freqüência que nosso comportamento pode influenciar profundamente os outros e seu relacionamento com Deus. Ao considerarmos este aspecto da comunhão com Deus, refletir sobre a pureza do nosso “sangue espiritual” se torna especialmente importante.

No entanto, apesar do nosso pecado afetar outras pessoas, uma vida de relacionamento profundo com Deus também o faz. Quando admitimos nossos pecados honestamente, pedimos perdão e procuramos viver uma vida que ajuda a manifestar a bondade de Deus ao mundo, as pessoas vêem em nós um cristianismo real. E saberão que Jesus está do lado daqueles que o buscam com sinceridade.

Pense nisto: Nossos pecados podem separar outras pessoas de Deus.

Esboço do Sermão Dominical do Missº Veronilton Paz na Congregação do Sítio Serrote



TEXTO: I JOÃO 3.11-24

TEMA: VERDADES SOBRE O AMOR VERDADEIRO

1.        O AMOR VERDADEIRO REVELA A DIFERENÇA ENTRE O CRENTE E O MUNDO. V.11-15

1.1       Desde o principio já havia a diferença entre o servo de Deus e o que não o serve. V.11-12
“[11] Porque esta é a mensagem que ouvistes desde o princípio, que nos amemos uns aos outros, [12] não sendo como Caim, que era do Maligno, e matou a seu irmão. E por que o matou? Porque as suas obras eram más e as de seu irmão justas”.

1.2       A prática principal do mundo é o ódio a Deus e a seus servos. V.13
“[13] Meus irmãos, não vos admireis se o mundo vos odeia”.

1.3       O cristão que já foi liberto por Cristo precisa amar o próximo. V.14-15

1.3.1              O amor  é a prova que já temos uma nova vida em Cristo. V.14
“[14] Nós sabemos que já passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos. Quem não ama permanece na morte”.

1.3.2              A falta do amor é um pecado tão grave quanto o assassinato. V.15
“[15] Todo o que odeia a seu irmão é homicida; e vós sabeis que nenhum homicida tem a vida eterna permanecendo nele”.

2.        O AMOR VERDADEIRO DEVE CAUSAR NO SERVO DE DEUS ALGUMAS REAÇÕES CRISTÃS. V.16-22

2.1       Cristo demonstrou seu amor dando sua vida por nós, e nós devemos demonstrar nosso amor compartilhando esta vida ao próximo. V.16-18

2.1.1              Demonstramos amor socorrendo os necessitados. V.16,17
“[16] Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós; e nós devemos dar a vida pelos irmãos. [17] Quem, pois, tiver bens do mundo, e, vendo o seu irmão necessitando, lhe fechar o seu coração, como permanece nele o amor de Deus?”

2.1.2              Demonstramos amor quando nossas palavras e ações são verdadeiras. V.18
“[18] Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por obras e em verdade”.

2.2       O amor verdadeiro presente em nós deve causar confiança diante de Deus. V.19-22

2.2.1              A nossa confiança em Deus não deve baseia-se em nosso coração humano e seus sentimentos, mas apenas em Deus que é maior que o nosso coração. V.19-21
“[19] Nisto conheceremos que somos da verdade, e diante dele tranqüilizaremos o nosso coração; [20] porque se o coração nos condena, maior é Deus do que o nosso coração, e conhece todas as coisas. [21] Amados, se o coração não nos condena, temos confiança para com Deus”.

2.2.2              A nossa confiança em Deus nos faz achegarmos-nos a Deus em oração. V.22

2.2.2.1                      Oramos de acordo com seus mandamentos. V.22a
“[...] e qualquer coisa que lhe pedirmos, dele a receberemos, porque guardamos os seus mandamentos [...]”

2.2.2.2                      Oramos buscando fazer a sua vontade. V.22b
“[...] e fazemos o que é agradável à sua vista”.

3.        O AMOR VERDADEIRO E SEU CONTEÚDO. V. 23-24

3.1       O conteúdo do amor verdadeiro é nossa crença e amor por Cristo e amor ao próximo. V.23a
“Ora, o seu mandamento é este, que creiamos no nome de seu Filho Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros [...]”.

3.2       O conteúdo do amor verdadeiro é segundo os seus mandamentos revelados em nós. V.23b, 24a
“Ora, o seu mandamento é [...] como ele nos ordenou”. “Quem guarda os seus mandamentos, em Deus permanece e Deus nele [...]”.

3.3       O conteúdo do amor verdadeiro só é aplicado em nós pelo agir soberano do Espírito Santo no nosso coração. V.24b
“[...] E nisto conhecemos que ele permanece em nós: pelo Espírito que nos tem dado”.

CONCLUSÃO:
Vimos nesta mensagem algumas verdades sobre o verdadeiro amor que são: 1. que este revela a diferença entre o crente e o mundo; 2. deve causar no cristão algumas reações cristãs como fazer o bem e ter confiança em Deus; 3. o amor verdadeiro possui um conteúdo que é crê em Jesus e amar o amar o próximo, guardar seus mandamentos e só o Espírito Santo pode aplicar este amor em nós. Nós amamos verdadeiramente?

APLICAÇÃO
1.        Cântico: Qual o adorno desta vida?
2.        Desafio: Amar verdadeiramente, demonstrar o amor com a vida.
3.        Oração: Pelo amor a Cristo e ao próximo

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Doença ou possessão demoníaca?




 
Por Maurício Zágari
Quero começar este texto pedindo perdão. Pois estou tão transtornado com o que li em dois comentários deixados no mesmo dia aqui no APENAS que posso soar um pouco rude - embora esteja lutando contra minha natureza humana para ser manso nas minhas palavras. Há duas coisas que me tiram do sério, confesso: injustiças e pessoas que impõem jugos sobre o próximo que Deus não impõe - gente que julga irmãs por usar calça ou saia, que não perdoa quem Deus perdoou, que diz que se alguém não foi curado de uma doença foi por falta de fé... ou que acusa outros de estarem possessos por demônios. Isso mesmo. Fiquei horrorizado ao ler dois comentários sobre pessoas que tiveram de ouvir que estavam possuídas por demônios. A falta de amor e a ignorância de quem fez esse tipo de afirmação mostram o estado de analfabetismo bíblico e de ausência de discernimento em que se encontra grande parte da Igreja de nossos dias. Quero falar sobre isso, correndo o risco de irritar alguns e de provocar polêmica. Mas vale a pena o risco, em nome da verdade bíblica e do amor cristão.
Reproduzo aqui sem alterar uma vírgula o que o primeiro irmão escreveu. Note a agonia contida em suas palavras, causada pelo que ele ouviu (a bem da verdade, um esclarecimento: eu não sou pastor):
"olá amado Pastor, só fugindo um pouco do tema que o senhor postou, eu queria te fazer uma pergunta . Hoje eu fui numa loja evangélica atrás de um livro que falasse de doenças depressivas, ou mentais, não sei se é a mesma coisa, então o vendedor me indicou o senhor me garantindo que o senhor é muito bom e confiável, é que eu tenho uma irmã que é esquizofrênica, e muitas pessoas dizem que é possessão demoníaca, e as vezes isso deixa ela muito triste, ela é uma pessoa totalmente normal, mas a base de remédios, se ela não tomar ela entra em crise, queria saber sua opinião sobre isso. Esquizofrenia é possessão ou não, é muito importante pra mim."
Já vai longe o tempo em que se desconheciam transtornos mentais como a esquizofrenia. Hoje a psiquiatria entende bem essa e outras moléstias de origem cerebral, como síndrome do pânico, fibromialgia, EPT, TOC, depressão clínica e por aí vai. Embora em alguns casos não se saiba ainda a causa ou o mecanismo exato de funcionamento de tais distúrbios, a medicina humana que Deus nos deu por sua graça comum permite diagnosticar e tratar com uma considerável taxa de sucesso a maioria dessas patologias. No caso específico da esquizofrenia, estima-se que 1% da população mundial sofra desse mal.
Creio na existência de demônios. Creio em possessão demoníaca. Já vi pessoas endemoninhadas e, pelo nome de Cristo e seu amor, eu mesmo já expulsei demônios. Mas não é por isso que vou ignorar as descobertas da ciência e dizer que tudo é possessão. Essa é a resposta mais fácil, rápida e ignorante que há. Sempre desconfio. Recentemente preguei em certo lugar e, ao final do culto, um irmão me procurou. Saímos para beber alguma coisa e ele me contou estar com pensamentos de morte e um sentimento de opressão. Não tive nenhuma prova de que era algo de origem espiritual. Então oramos e recomendei a ele que buscasse seu pastor para avaliar essa possibilidade e que em paralelo fosse a um psiquiatra para fazer uma avaliação. Sendo uma ou outra causa, ele estaria coberto e bem amparado.
Meu pensamento e minha experiência me levam a uma prática simples: oremos. Se for um mal de causa espiritual, revelará sua presença e agiremos como Jesus agiu: "Cala-te e sai". Sem shows. Sem espetáculos. Sem alto-falantes. Sem berrarias. Sem câmeras de televisão. Sem expor ao vitupério público ou traumatizar ainda mais aquela pobre alma aprisionada, que tem de ser amada e cuidada. Prestamos tanta atenção ao demônio que nos esquecemos do ser humano que está sofrendo sob sua influência. Antes de pensarmos em poder temos de pensar em amor. Tendo isso na mente e no coração, expulsar aquela imundície da vida da pessoa ocorre naturalmente. Sem dar chance de falar muito: "Cala-te". E sai. Pronto. E, depois, é fundamental iniciar um discipulado com aquela vida. O exorcismo não é a última etapa, é a primeira. Pois mais do que ser liberto de demônios, importa caminhar com Cristo. Expulsar e largar pra lá não adianta nada.
Se na oração e em um eventual acompanhamento não houver nenhum indício de influência espiritual (seja opressão ou possessão), costumo recomendar à pessoa que procure um bom psiquiatra, para que faça um diagnóstico e inicie um tratamento. Já vi mais de uma dezena de "possessos" terem seus "demônios" expulsos por comprimidos e pílulas.
Lembro quando, alguns anos atrás, comecei a sentir tonteiras diárias. Após exames como ressonância, tomografia e eletroencefalograma, o neurologista diagnosticou um tipo leve de epilepsia, que causa tonturas e dores de cabeça. O tratamento: três anos tomando carbamazepina. Nessa época ouvi de um cristão que "não existe epilepsia, todo caso de epilepsia é na verdade possessão". Pois bem, depois dos três anos recebi alta e nunca mais senti nenhum dos sintomas: os neurotransmissores descompassados do meu cérebro estavam equilibrados e tudo ficou bem. Se fosse acreditar no que aquela pessoa disse, teria de admitir que a carbamazepina tem o mesmo poder que o nome de Jesus para expulsar demônios. Que tal?
O segundo relato veio de um jovem que estava, em suas próprias palavras, "numa aflição enorme, com dores no peito, deprimido e coisas do gênero". A razão? Mostrou para os pais um texto que escrevi sobre batalha espiritual (leia AQUI) e teve de ouvir deles que o que falei "é coisa do diabo" e que por isso ele "precisava de libertação". Segundo esse irmão, "meu pai me disse duas vezes que eu estava com o diabo no corpo de pensar isso que você diz no texto". Compreensivelmente assustado, o jovem concordou em ir a um "culto de libertação". Lá, segundo contou, na hora em que foram orar por ele o intercessor "chamou o inferno inteiro e repetia várias vezes: Eu sei que você está aí dentro desse rapaz, sai daí agora em nome de Jesus!! Nessa hora eu pensei: estou sendo liberto ou carregado com coisas ruins espiritualmente?". E desde aquele dia esse jovem, que estava bem, passou a se sentir mal, aflito, confuso, com dores e depressão.
Não preciso dizer o quanto me entristece, choca e abate ler relatos como esse. Você consegue sentir na sua pele a dor de um filho que ouve dos próprios pais que "tem o diabo no corpo"? Que jugo terrível foi posto sobre um jovem cristão simplesmente por ter uma visão teológica diferente da de outros irmãos. Por preferir crer na Bíblia em vez de nas doutrinas de demônios ensinadas por esses grupos de batalha espiritual que baseiam seus ensinos apócrifos em "revelações" de supostos ex-satanistas ou de demônios, feitas em sessões de exorcismo. Como se demônios fossem revelar as verdades do inferno, esses mentirosos. E os irmãos seduzidos por essas histórias deixam a Bíblia sagrada de lado e preferem acreditar em "guerreiros da luz" e "divinas revelações do inferno" - enormes absurdos do ponto de vista bíblico. Onde está a sã doutrina? Onde está o amor pelo próximo? Como crer que poder de Deus se manifesta independentemente do amor de Deus? Desculpem, estou realmente muito triste e abalado por essas histórias.
O que mais incomoda nesses relatos é que pessoas desinformadas, patologicamente místicas ou seguidoras desses grupos irresponsáveis de batalha espiritual acabam jogando legiões de demônios nas costas de pessoas normais ou de vítimas de doenças bioquímicas - demônios que simplesmente não estão lá. Fazem pessoas espiritualmente saudáveis crer que são possessas. Você consegue ter ideia do que sente alguém que ouve isso a seu respeito? Da sensação de desamparo, culpa e uma lista enorme de emoções negativas? Afirmações irresponsáveis como essas podem piorar o estado de saúde dos doentes, sem falar que, enquanto dez "obreiros" ficam berrando no ouvido do pobre coitado e sacudindo sua cabeça tentando expulsar um suposto demônio que não está lá, ele está deixando de ser tratado adequadamente. E sendo severamente traumatizado.
Quando falamos dos dons do Espírito mencionados em 1 Coríntios 12, muitos ficam salivando para profetizar, sobem o monte e fazem correntes e campanhas para receber dons de curar e por aí vai. Mas pouquíssimos pedem a Deus discernimento de espíritos. E, ao meu ver, é um dos dons mais necessários e mais ausentes da Igreja em nossos dias. Falta discernimento. Pior: falta bom senso.
Perdoe-me o tom chateado, por favor. Mas me ponho no lugar da irmã desse querido que escreveu o comentário acima e do jovem acusado de ter o diabo no corpo e a dor que sinto por eles é muito grande. Vitimada por uma enfermidade psiquiátrica e ainda por cima acusada de possessão demoníaca. Chamado de endemoninhado pelos próprios pais. Que jugo enorme! É muita falta de amor dizer uma coisa dessas para alguém. Mesmo que fosse o caso, não se deveria falar nada, mas orar e deixar o nome de Jesus fazer o resto, sem penalizar aquela alma mais ainda. São seres humanos, por Deus! Onde estão nossa compaixão e nossa graça!?
Vivamos com olhos espirituais abertos sim. O mundo espiritual existe, todos sabemos que nossa luta não é contra carne e sangue, que Jesus expulsou demônios e Satanás vive em derredor buscando quem possa tragar. Creio em tudo isso. Mas não podemos jamais deixar de lado a razão ou o coração. A ciência e a compaixão. As descobertas da medicina e as misericórdias com os que sofrem. Senão daqui a pouco estaremos novamente torturando epiléticos, afogando quem discorda de nossas crenças teológicas e queimando pessoas com síndrome de Down na fogueira achando que são bruxos e feiticeiros. Ou, quem sabe, duendes e fadas.
Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício
Fonte: Apenas

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

A origem do Calvinismo

 
Por John Piper

Claro, assim como qualquer homem com exceção de Jesus Cristo, João Calvino era imperfeito. Sua reputação não se deve à infalibilidade, mas à sua incansável submissão às Escrituras como a Palavra de Deus em uma época em que a Bíblia havia sido praticamente engolida pela tradição da igreja. Ele nasceu em Julho de 1509, em Noyon, França, e estudou nas melhores universidades de Direito, Teologia e Línguas Clássicas. Aos vinte e um anos de idade, foi dramaticamente convertido de um Catolicismo medieval centrado em tradições para uma fé evangélica bíblica e radicalmente centrada em Cristo e Sua Palavra. Ele disse:
Deus, através de uma repentina conversão, subjugou e levou minha mente para um estado em que agora ela podia ser ensinada, e ela estava mais endurecida em relação a esses assuntos do que já estivera em fases anteriores de minha vida. Tendo, pois, recebido um pouco do gosto e conhecimento da verdadeira piedade, fui imediatamente inflamado por um desejo tão intenso de entender melhor que, apesar de não ter abandonado completamente os outros estudos, passei a buscá-los com menor entusiasmo.
Há uma razão de por que Calvino afastou-se de seus outros estudos para ingressar em uma vida dedicada a Palavra de Deus. Algo dramático aconteceu em sua percepção da realidade conforme ele mesmo lia as Escrituras. Ele ouviu nelas a voz de Deus e viu a majestade de Deus:
Assim sendo, esse poder que é peculiar às Escrituras se torna claro a partir do fato de que, dentre todos os escritos humanos, embora artisticamente belos, não existe um único capaz de nos afetar como as Escrituras o fazem. Leia Demóstenes ou Cícero; leia Platão, Aristóteles e outros desse porte. Eles irão, admito, encantá-lo, agradá-lo, emocioná-lo, entusiasmá-lo de uma maneira maravilhosa. Mas lance mão deles e vá para a leitura sagrada. Então, seja você quem for, elas irão te impactar tão profundamente, penetrarão tanto seu coração e se fixarão no âmago de seu ser que, considerando as impressões mais profundas delas, o vigor dos oradores e filósofos praticamente desaparecerão. Consequentemente, é fácil perceber que as Sagradas Escrituras, que em muito ultrapassam todos os dons e graças do empreendimento humano, sopram algo divino.
Após essa descoberta, Calvino foi completamente “aprisionado” pela Palavra de Deus. Ele foi um pregador em Genebra por vinte e cinco anos até sua morte, aos cinquenta e quatro, em Maio de 1564. Seu costume era pregar duas vezes no domingo e uma vez todos os dias em semanas alternadas; ou seja, pregava, em média, dez vezes a cada duas semanas. Seu método era pegar poucos versículos, explicá-los e aplicá-los para a fé e vida do povo. Trabalhou dessa forma livro após livro. Por exemplo, ele pregou 189 sermões no livro de Atos, 271 em Jeremias, 200 em Deuteronômio, 343 em Isaías e 110 em 1 Coríntios. Uma vez ficou exilado por cerca de dois anos. Retornando à Genebra, foi para seu púlpito na Igreja de São Pedro e retomou os sermões a partir do texto em que havia parado.

Essa incrível devoção à exposição da Palavra de Deus ano após ano foi devido a sua profunda convicção de que a Bíblia é a própria Palavra de Deus. Ele disse:
A lei e as profecias não são ensinamentos que provêm da vontade humana, mas decretados pelo Espírito Santo… Devemos às Escrituras a mesma reverência que é devida a Deus, porque ela procede dEle somente, e não tem nada do homem misturado nela.
O que Calvino viu na Bíblia, acima de tudo, foi a majestade de Deus. Ele disse que através das Escrituras, “de um modo que excede o julgamento humano, somos completamente convencidos, como se contemplássemos nela a majestade do próprio Deus”

A Bíblia, para Calvino, era acima de tudo um testemunho de Deus sobre a majestade de Deus. Isso levou inevitavelmente ao que é o coração do Calvinismo. Benjamin Warfield coloca da seguinte maneira:
Calvinista é a pessoa que vê Deus por trás de todos os fenômenos, e em tudo que ocorre reconhece a mão de Deus… ‘que faz da atitude da alma voltada a Deus em oração uma atitude permanente…’ e se lança na graça de Deus somente, excluindo qualquer traço de dependência em si próprio em todo o processo de salvação.
É isso o que quero ser: alguém que exclui todos os traços de dependência em si mesmo em todo o processo de salvação. Dessa maneira, desfrutarei da paz que reside em Deus somente, e Deus receberá toda a glória como aquele do qual e através do qual e para o qual são todas as cosias, e a mensagem da igreja ressoará para todas as nações.

É isso o que quero ser: alguém que exclui todos os traços de dependência em si mesmo em todo o processo de salvação. 

Fonte: Ipródigo