sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Os Pilares do Teísmo Aberto: Parte 1


Bem, agora que já falamos sobre as origens do Teísmo Aberto, vamos conhecer seus pilares.

O Teísmo Aberto ou Teologia Relacionai ensina, basicamente, cinco coisas:

1) 0 maior atributo de Deus é o amor — Na Teologia Relacionali ou Teísmo Aberto, este atributo divino é normalmente enfatizado em detrimento a todos os demais atributos de Deus. Todos os atributos divinos, mesmo sua imutabilidade, sua onisciência e sua onipotência, são diminuídos e reinterpretados para favorecer o atributo do amor. Porém, a Bíblia nos apresenta todos os atributos divinos coexistindo em equilíbrio. Deus não é amor e mais ou menos onisciente e onipotente. Ele é amor e plenamente onisciente e onipotente (Gn 17.1; Jó 42.2; SI 139; Is 46.10). A Bíblia não apresenta incoerência na coexistência dos atributos de Deus.

O crente deve saber em quem tem crido. Ele precisa saber e aceitar as qualidades naturais e morais de Deus, para que tenha uma idéia correta a respeito de seu Senhor, e não uma concepção com base apenas na intuição e no “achismo”, uma concepção frágil e deformada.

Deus é onipotente e justo ao mesmo tempo. O que é onipotência? É a qualidade de ter todo o poder. O vocábulo oni significa “tudo” ou “todo”. Logo, quando dizemos que Deus é onipotente, não estamos dizendo simplesmente que Ele é poderoso, mas afirmando que só Ele detém todo o poder. Há muitas passagens na Bíblia que realçam esse atributo divino (Gn 18.14; 2 Cr 20.6; Jó 42.2; SI 62.11; 147.5; Is 14.27; 43.13; Dn 4.35; Lc 1.37). Deus se apresentou como o Onipotente a Abraão (Gn 17.1) e a Jó (Jó 40.1-2). Jesus, Deus encarnado, afirmou que “todo o poder” lhe foi dado “no Céu e na Terra” (Mt 28.18). Ele “sustenta todas as coisas pela palavra do seu poder” (Hb 1.3). E mais: “Todas as coisas foram feitas por Ele, e sem Ele nada do que foi feito se fez” (Jo 1.3).

Porém, apesar de a onipotência divina ser asseverada inúmeras vezes nas Sagradas Escrituras, há pessoas que tentam filosoficamente desacreditá-la, usando de um infantil silogismo para tentar provar que é impossível algum ser no universo deter todo o poder. O teólogo norte-americano Russell E. Joyner ressalta e desfaz esse logro: “Um antigo questionamento filosófico indaga: ‘Deus é capaz de criar uma rocha tão grande que Ele não possa mover? Se Ele não consegue movê-la, logo Ele não é todo-poderoso. E se Ele não é capaz de criar uma rocha tão grande assim, isso também comprova que Ele não é todo-poderoso’. Essa falácia da lógica simplesmente brinca com as palavras e desconsidera o fato de que o poder de Deus está relacionado com seus propósitos”. “A pergunta mais honesta seria: Deus é poderoso para fazer tudo quanto pretende, e que esteja de acordo com o seu propósito? De acordo com os seus decretos, Ele demonstra que realmente tem a capacidade de realizar tudo quanto desejar: ‘Porque o Senhor dos Exércitos o determinou; quem pois o invalidará? E a sua mão estendida está; quem, pois, a fará voltar atrás?’, Is 14.27” (Teologia Sistemática — uma perspectiva pentecostal, editor Stanley M. Horton, CPAD, 1996).

Um exemplo claro dessa afirmação de Joyner está no Plano de Salvação em Cristo. Um dos propósitos de Deus é salvar os seres humanos (1 Tm 2.3-4). Em Marcos 10.25-27, Jesus falou a seus discípulos que é impossível ao ser humano salvar-se a si mesmo, mas isso não é impossível para Deus, porque “para Deus todas as coisas são possíveis”. Deus proveu nossa salvação por meio de Cristo (Jo 3.16). Portanto, todos quantos quiserem aceitá-lo sinceramente como Salvador e Senhor de suas vidas podem ser salvos hoje e agora (Jo 1.11-12). Em outras palavras, podemos e devemos louvar a Deus não só pela sua onipotência, mas também por seus sublimes propósitos, que nos garantem a Salvação.

 
Fonte: www.cincosolas.blogspot.com

Livres para servir

Por Neiva Maria Galvão Penno

Há poucos dias recebi, via internet, a seguinte historinha (autor desconhecido) que não “deletei” da minha mente tão rápido como muitas outras informações.
 
Um filho se dirige à mãe:
 
- Mamãe, meu coração tá doendo, passa pomada? 
 
Preocupada a mãe pergunta,
 
- Seu coração, filho? Como assim? O que aconteceu?
 
- Não aconteceu nada mamãe, começou a doer do nada, mas tá doendo muito, passa a pomadinha!
 
- Não tem como passar pomada no coração, filho. O que você estava fazendo quando começou a doer?
 
- Eu estava conversando com a Laura, lá no balanço da escolinha. Aí ela me contou que gostava do Hugo, aquele meu amigo que vem sempre aqui em casa. Aí quando ele passou perto dela, ela levantou do balanço e foi atrás dele e me deixou sozinho. Aí o meu coração começou a doer, e tá doendo até agora.
 
A mãe, assustada, não sabia o que dizer ao filho e então simplesmente o abraçou e sussurrou no ouvido dele:
 
- Filho, você conheceu o amor.
 
O filho, meio sem entender, perguntou:
 
- O amor? Mas você sempre disse que o amor era uma coisa boa, e então por que ele está machucando meu coração?
 
- Não são todos os que sabem valorizar o amor. Quando esse amor se oferece para alguém e esse alguém não dá valor, o amor fica triste e volta pra sua casinha, que é o coração. E para o amor entrar de novo no coração, deixa um machucado bem grande nele.  Esse machucado que fica no coração se chama decepção.
 
A historinha mostra como bem cedo na nossa vida podemos experimentar sentimentos como o amor e a decepção.
 
Poderíamos desejar e esperar que algo especial e diferente do resto do mundo acontecesse dentro da nossa família. Mas também ali decepcionamos e experimentamos decepção. E lá no fundo somos agradecidos pela história de José do Egito. Foi traído por seus irmãos, mas deu a volta por cima. Puxa vida!  Que irmãos são esses? Abomináveis, não? No entanto, nada mais nada menos, aqueles que se tornariam os patriarcas das doze tribos de Israel! Ainda bem que Deus fez história com eles. Isso me faz acreditar que Ele pode fazer história comigo também, com minha família, apesar de todos os pesares.
 
Crescemos e começamos participar ativamente de uma comunidade cristã. Logo percebemos que a estrutura está montada e o caminho apontado: é seguir ou desistir. Contrariados, podemos partir para o confronto e até afrontar. Ou para não perder o terreno conquistado, vamos dissimulando nosso verdadeiro “eu” e minimizando nossos anseios e dons. Não, não foi para isso que Jesus veio a este mundo e ofereceu sua vida. Ele nos chamou para aceitarmos tão somente o seu jugo e sermos livres, experimentarmos vida, e vida plena.
 
Mas Jesus também nos alertou que no mundo teríamos aflições. Problemas são inerentes à condição humana em todas as esferas. Puxa vida! De novo! Se eu fosse mais atenta teria aprendido mais com as revelações de Deus através do apóstolo João.  Na mensagem à Igreja de Éfeso, problemas não são ocultos: sofrimentos, pessoas más, mentirosos, manipuladores etc. Mas o apelo final é que não abandonemos a Deus, não deixemos de amar, como no princípio.
 
Podemos até esquecer a historinha do início, mas não vamos deletar a mensagem de resistência, de superação. Conhecendo o amor (“agape”) e assumindo os riscos da caminhada, vamos nos pôr de pé, ainda que sobre joelhos vacilantes, certos de que Ele nos fortalecerá. Nossos caminhos serão iluminados e poderemos servir na seara do Senhor com liberdade e alegria.
 
Fonte: Ultimato
 
Fonte: Pr Silas Figueira

Orações descabidas

Por Walter McAlister 
O que estamos fazendo quando oramos? Essa é uma pergunta que me assombra há anos. Escrevi o livro O Pai Nosso justamente para abordar essa questão, pois acredito que na oração que Cristo nos ensinou há chaves que abrem portas do nosso entendimento a respeito de Deus e dos seus propósitos para conosco. Mas este post não é sobre essa oração específica. É sobre as orações que já ouvi e fiz, tanto publicamente quanto na solitude do meu quarto.

Embora não haja mal em se orar em público, muito pelo contrário, Jesus falou do perigo que há em determinadas orações públicas.

A alguns que confiavam em sua própria justiça e desprezavam os outros, Jesus contou esta parábola: “Dois homens subiram ao templo para orar; um era fariseu e o outro, publicano. O fariseu, em pé, orava no íntimo: ‘Deus, eu te agradeço porque não sou como os outros homens: ladrões, corruptos, adúlteros; nem mesmo como este publicano. Jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho’. Mas o publicano ficou à distância. Ele nem ousava olhar para o céu, mas batendo no peito, dizia: ‘Deus, tem misericórdia de mim, que sou pecador’.” Eu lhes digo que este homem, e não o outro, foi para casa justificado diante de Deus. Pois quem se exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado. (Lc 18.9-14)

A tônica dessa passagem é simples: há orações que Deus não atende. Ele ouve todas, em Sua onisciência, mas isso não significa que aquele que ora receberá o que pediu. Não é toda e qualquer prece feita “em o nome de Jesus” que Deus aceita ou responde. Algumas chegam a ser óbvias. Nas palavras do Senhor vemos claramente a arrogância do fariseu. É fácil crucificá-lo, o difícil é olhar para os nossos erros. E a nossa arrogância? E a minha? Aí pega. Pois nem sempre a vejo, tampouco meus erros. E que orações descabidas são essas? Peguemos alguns exemplos.

Existe a oração dissimulada: “Senhor, Tu sabes que a única coisa que quero na vida é fazer a Tua vontade. Aliás, nem vontade própria tenho mais.” Deus não se impressiona com isso, pois é claro que essas palavras configuram uma mentira, mas que é bonito é. Pior é que há aqueles que de fato acreditam na própria mentira.

Existe a oração pregação: “Senhor, como já falaste, por meio da Tua Palavra, em Mateus seis, versículos quatro a seis, na versão Almeida Corrigida e Revisada, mas não atualizada, sei que… primeiro… segundo… terceiro… e, portanto…”. São muitas as pessoas que usam o ensejo de uma oração pública para extravasar a sua ambição de serem pregadoras. Já vi isso inúmeras vezes. É maçante ouvir uma oração do tipo, pois fica óbvio que não é dirigida a Deus, mas aos homens. Melhor seria nem ter “orado”.

Existe a oração anúncio: “Senhor, abençoa a reunião de milagres que vamos realizar quinta-feira que vem, com entrada franca e lanchonete aberta após o culto, que começará às sete e meia em ponto.” Dispensa comentários.

Há ainda a oração feiticeira. São orações invocatórias que simplesmente informam Deus exatamente sobre como deve respondê-las: “Senhor, ajuda o Zé a descer do muro. Afinal, já namora a Maria faz sete anos. Tu sabes que os dois devem se casar. Tu sabes que o relógio biológico dela está correndo e que ele já poderia ter proposto o casamento. Mas, Deus e Pai, ele está protelando. Até quando, Senhor? Até quando? Mude o coração do Zé para assumir logo esse compromisso. Todos sabemos que os dois foram feitos um para o outro.” E por aí vai. Já ouviu orações assim? Eu já. Cansei de ouvir pessoas instruírem Deus e ainda tentarem manipular as circunstâncias por meio de uma oração “poderosa”.

Existe a oração presunçosa. Ela se assemelha muito à oração feiticeira. Mas em vez de dizer ao Senhor o que fazer, carrega em si mais a presunção de saber qual é a vontade de Deus: “Senhor, sei que Tu só queres que eu seja feliz e tenha vida em abundância. Sei que este sofrimento é contra a Tua vontade e que o Diabo é quem está me fazendo mal. Sei que Tu não queres isto.” Sim, a oração presunçosa é encharcada de certezas e citações bíblicas fora de contexto.

Existe a oração de poder pessoal, fruto da doutrina da Confissão Positiva: “Senhor, eu tomo posse agora. Eu declaro. Eu determino. Eu afirmo.” Essa você já entendeu, tenho certeza.

Ainda existe a oração fofoca: “Senhor, toca no coração do marido da Hermínia. Tu sabes que ele anda longe dos teus caminhos. Sabemos, Senhor, que ele está em pecado. Já houve quem o visse na praça falando com a sirigaita da farmácia, cujo nome nem convém mencionar, Senhor. Ô, misericórdia! Ô, mistério! E sabemos como ele está levando a nossa querida irmã a exagerar no seu licor de fim de tarde. É uma irmã querida, mas que está caindo em pecado também. Ajuda, Pai. Sabemos que a Tua igreja não merece mais um escândalo desses – escândalo como o do pastor auxiliar de três anos atrás, mas que a maioria nem sabe bem o que aconteceu e que o levou a repentinamente pedir afastamento e a se mudar para o Acre.” Essa geralmente é reservada para reuniões especiais entre pessoas que estão mais “em comunhão”.

Deus não responde essas orações. Abomina algumas delas. E há muitas outras formas erradas de orar, citei apenas essas para mostrar que, como intercessores, podemos ser absurdamente carnais e acabar pecando contra o Senhor.

Para orar, temos que partir de um pressuposto fundamental: Deus sabe tudo. Ele sabe quantos fios de cabelo temos na cabeça. Ele sabe quantos grãos de areia há no mundo. Ele não precisa que nós o lembremos do que quer que seja. Por outro lado, Paulo disse: “Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com ação de graças, apresentem seus pedidos a Deus.” (Fl 4.6).  Então, podemos pedir. Podemos, de coração aberto, pedir.

Por outro lado, Tiago nos avisou, quando disse:

De onde vêm as guerras e contendas que há entre vocês? Não vêm das paixões que guerreiam dentro de vocês? Vocês cobiçam coisas, e não as têm; matam e invejam, mas não conseguem obter o que desejam. Vocês vivem a lutar e a fazer guerras. Não têm, porque não pedem. Quando pedem, não recebem, pois pedem por motivos errados, para gastar em seus prazeres. Adúlteros, vocês não sabem que a amizade com o mundo é inimizade com Deus? Quem quer ser amigo do mundo faz-se inimigo de Deus. Ou vocês acham que é sem razão que a Escritura diz que o Espírito que ele fez habitar em nós tem fortes ciúmes? Mas ele nos concede graça maior. Por isso diz a Escritura: “Deus se opõe aos orgulhosos, mas concede graça aos humildes”. Portanto, submetam-se a Deus. Resistam ao diabo, e ele fugirá de vocês. (Tg 4.1-8)

O que as orações absurdas têm em comum? Voltemos à oração do fariseu para achar a resposta: orgulho.

Tiago nos admoesta a orar com modéstia, com humildade. Quando chego perante Deus, tenho que fazê-lo com temor. Ele sabe tudo, até as palavras que vão sair da minha boca. Sou absolutamente transparente para o Senhor. Só esse fato já me desmonta, me quebranta. Não há como enganar Deus. Não há lugar para pretensão. Não há lugar para manipulação. Ao orar, estou falando com quem me criou, quem conhece o meu ser, por dentro e por fora.  E isso… ah, isso muda tudo.

Na paz,
+W

 

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

I Corintios 7 e o Divporcio

Douglas Wilson, numa postagem recente intitulada “Paulo sobre divórcio e novo casamento”, diz que 1 Coríntios 7.8 permite que um homem divorciado se case novamente. Não penso que seja isso que Paulo esteja dizendo.
1 Coríntios 7.27-28 diz: “Estás casado? Não procures separar-te. Estás livre de mulher? Não procures casamento. Mas, se te casares, com isto não pecas; e também, se a virgem se casar, por isso não peca”.
A questão é se “livre de mulher” no versículo 27 significa divorciado, ou se significa ainda não casado. Se significa “divorciado de uma mulher”, então ele está dizendo: “se tal pessoa divorciada se casar de novo, com isto não pecas”.
O melhor argumento em favor da leitura do versículo 27 dessa forma é que por detrás do português “livre de mulher” está o grego lelusai, que é a voz passiva de luō (“eu desligo”), de forma que lelusai significa algo como “desligado de uma mulher”, isto é, “divorciado”.
Penso ser improvável que Paulo esteja dizendo aos divorciados que eles tenham permissão para casar de novo. Antes, ele está provavelmente dizendo que virgens desposadas — homens e mulheres — deveriam considerar seriamente a vida de solteiro, mas saber que não pecavam caso casassem.
Aqui estão os argumentos em favor dessa visão:
1. O versículo 25 assinala que Paulo está começando uma nova seção e lidando com um novo assunto. Ele diz: “Com respeito às virgens (tōn parthenōn), não tenho mandamento do Senhor; porém dou minha opinião, como tendo recebido do Senhor a misericórdia de ser fiel”. Ele já tinha lidado com o problema de pessoas divorciadas nos versículos 10-16. Agora ele aborda um novo assunto, sobre aqueles que ainda não eram casados, e assinala isso dizendo: “Com respeito às virgens”. Portanto, é muito improvável que as pessoas mencionadas nos versículos 27 e 28 sejam divorciadas.
2. Uma declaração simples de que não é pecado pessoas divorciadas se casarem novamente (versículo 28) contradiria o versículo 11, onde ele disse que um mulher que se separou do seu marido deveria permanecer solteira. “Se, porém, ela vier a separar-se, que não se case ou que se reconcilie com seu marido); e que o marido não se aparte de sua mulher.”
3. O versículo 36 está muito provavelmente descrevendo a mesma situação em vista nos versículos 27 e 28, mas claramente se refere a um casal que ainda não é casado. “Entretanto, se alguém julga que trata sem decoro a sua filha (parthenon), estando já a passar-lhe a flor da idade, e as circunstâncias o exigem, faça o que quiser. Não peca; que se casem” (1 Coríntios 7.36). Isso é o mesmo que acontece no versículo 28, onde Paulo diz: “Mas, se te casares, com isto não pecas”.
4. A referência em inglês no versículo 27 a estar ligado a uma “esposa” (“estás casado?”, na RA e “estás ligado a mulher?” na RC *) pode ser enganosa, pois pode sugerir que o homem já está casado. Mas no grego a palavra para esposa é simplesmente “mulher” e pode se referir à noiva de um homem, bem como à sua esposa. Assim, “estar ligado” e “estar desligado” tem referência a se uma pessoa está em noivado ou não.
5. É significante que o verbo usado por Paulo para “desligado” (lelusai, de luō) ou “livre” não é uma palavra que ele usa para divórcio. As palavras de Paulo para divórcio são chorizō (versículos 10, 11, 15; cf. Mateus 19.6) e aphienai (versículos 11, 12, 13). De fato, luō não é usada para divórcio em nenhum lugar no Novo Testamento.
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Abaixo a transcrição das passagens citadas nas versões Almeida Revista e Atualizada (RA), Almeida Revista e Corrigida (RC) e Almeida Século 21 (A21).
RA 7.11 (se, porém, ela vier a separar-se, que não se case ou que se reconcilie com seu marido); e que o marido não se aparte de sua mulher.
RC 7.11 Se, porém, se apartar, que fique sem casar ou que se reconcilie com o marido; e que o marido não deixe a mulher.
A21 7.11 Se, porém, ela se separar, que não se case, ou que se reconcilie com o marido. E que o marido não se divorcie da mulher.
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RA 7.25 Com respeito às virgens, não tenho mandamento do Senhor; porém dou minha opinião, como tendo recebido do Senhor a misericórdia de ser fiel.
RC 7.25 Ora, quanto às virgens, não tenho mandamento do Senhor; dou, porém, o meu parecer, como quem tem alcançado misericórdia do Senhor para ser fiel.
A21 7.25 Quanto aos solteiros, não tenho mandamento do Senhor. Dou, porém, o meu parecer, como alguém que, pela misericórdia do Senhor, tem sido fiel.
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RA 7.27 Estás casado? Não procures separar-te. Estás livre de mulher? Não procures casamento.
RC 7.27 Estás ligado à mulher? Não busques separar-te. Estás livre de mulher? Não busques mulher.
A21 7.27 Estás casado? Não procures separação. Estás solteiro? Não procures casamento.
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RA 7.28 Mas, se te casares, com isto não pecas; e também, se a virgem se casar, por isso não peca. Ainda assim, tais pessoas sofrerão angústia na carne, e eu quisera poupar-vos.
RC 7.28 Mas, se te casares, não pecas; e, se a virgem se casar, não peca. Todavia, os tais terão tribulações na carne, e eu quereria poupar-vos.
A21 7.28 Mas, se te casares, não pecaste. E se uma virgem se casar, também não pecou. Entretanto, os que se casam enfrentarão dificuldades na vida terrena;* e eu gostaria de poupar-vos.
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RA 7.36 Entretanto, se alguém julga que trata sem decoro a sua filha, estando já a passar-lhe a flor da idade, e as circunstâncias o exigem, faça o que quiser. Não peca; que se casem.
RC 7.36 Mas, se alguém julga que trata dignamente a sua virgem, se tiver passado a flor da idade, e se for necessário, que faça o tal o que quiser; não peca; casem-se.
A21 7.36 Mas, se alguém julgar que está agindo de forma desonrosa para com sua noiva, se ela estiver passando da idade de se casar, e se for necessário, faça o que quiser. Ele não peca por isso; que se casem.
 
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto – agosto/2012

Moralismo não é o Evangelho


Por Albert Mohler Jr.

Um dos mais impressionantes enunciados feitos pelo apóstolo Paulo é a sua acusação de que os crentes da Galácia teriam abandonado o evangelho. “Estou admirado de que tão depressa estejais desertando daquele que vos chamou na graça de Cristo, para outro evangelho” [Gálatas 1.6]. Com essa declaração tão enfática, percebemos que os gálatas tinham falhado no teste crucial de discernir o verdadeiro evangelho de suas falsificações.

Suas palavras não poderiam ser mais claras “ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos pregasse outro evangelho além do que já vos pregamos, seja maldito. Como antes temos dito, assim agora novamente o digo: Se alguém vos pregar outro evangelho além do que já recebestes, seja maldito!” [Gálatas 1.8-9].

Essa advertência do apóstolo Paulo, expressada pelas suas palavras de espanto e tristeza, não é direcionada apenas para aquela igreja na Galácia, mas para toda congregação em todas as eras. Nos nossos próprios dias – e em nossas próprias igrejas – necessitamos desesperadamente dar ouvidos a essa advertência. Atualmente temos encontrado falsos evangelhos não menos subversivos e sedutores do que aqueles encontrados e abraçados pelos gálatas.

No nosso contexto, um dos falsos evangelhos mais sedutores é o moralismo. Esse falso evangelho pode tomar diversas formas e pode surgir no meio de qualquer intenção política e cultural. Todavia, a estrutura básica do moralismo é essa: a crença de que o Evangelho pode ser reduzido a uma boa melhora no comportamento.

Infelizmente, esse falso evangelho é particularmente atrativo àqueles que acreditam ser evangélicos motivados por um impulso bíblico. Muitos crentes e suas igrejas sucumbem à lógica do moralismo e reduzem o seu entendimento do evangelho a um melhoramento moral. Em outras palavras, nós comunicamos aos perdidos a mensagem de que Deus deseja e demanda deles que eles vivam uma vida correta.

Em certo sentido, nós nascemos para sermos moralistas. Criados à imagem de Deus, recebemos a capacidade de consciência moral. Desde os primeiros anos, nossa consciência grita revelando o conhecimento de nossa culpa, defeitos e mau comportamento. Em outras palavras, nossa consciência revela nossa iniquidade.

Acrescente a isso o fato de que o processo de educação de filhos tende a inculcar-nos moralismo desde os primeiros anos de nossas vidas. Desde cedo aprendemos que nossos pais estão preocupados com nosso comportamento. Crianças bem comportadas são recompensadas com a aprovação dos pais, enquanto mal o comportamento atrai a punição. Essa mensagem é reforçada por outras autoridades na vida dos jovens e está impregnada na sociedade.

Escrevendo sobre sua infância na área rural da Georgia, o romancista Ferrol Sams descreveu a impregnada tradição de ser “bem criado”. Como ele explica, a criança que é “bem criada” alegra seus pais e outros adultos ao aderir às convenções morais e de etiqueta. Um jovem “bem criado” se torna um adulto que obedece as leis, respeita os vizinhos, concorda, mesmo que falsamente, com os padrões religiosos e fica longe de escândalos. O ponto aqui está claro – isso é o que os pais ensinam, o que a sociedade espera e o que a igreja celebra. Mas nossa sociedade está cheia de pessoas que foram “bem criadas”, mas estão indo direto para o inferno.

A sedução do moralismo é a essência do seu poder. Nós somos facilmente seduzidos a acreditar que somos capazes de receber a aprovação de que precisamos baseado no nosso comportamento. É claro que, para conseguirmos participar desse jogo de sedução, precisamos negociar o código moral que define o comportamento aceitável criando inúmeros furos. Muitos moralistas não vão dizer que não têm pecado, mas não estão em escândalo. E isso é considerado suficiente.

Moralistas podem ser classificados como liberais ou conservadores. Em cada caso, um número específico de preocupações morais determina a expectativa moral. Generalizando, é certo que liberais focam no conjunto de expectativas morais relacionadas com a ética social, enquanto conservadores tendem a focar na ética pessoal. Em ambos a essência do moralismo está patente- a crença de que conseguimos alcançar o padrão da justiça por meios do nosso próprio comportamento.

A tentação teológica do moralismo é tal que muitos cristãos e igrejas acham difícil resistir. O perigo é a igreja comunicar direta ou indiretamente que o que Deus espera da humanidade caída é um aperfeiçoamento moral. Fazendo assim, a igreja subverte o evangelho de Deus e passa a anunciar o falso evangelho ao mundo caído.

A Igreja de Cristo não tem outra opção, apenas pregar a Palavra de Deus e a Bíblia ensina fielmente a lei de Deus e um extenso código moral. Os cristãos entendem que Deus se revela por meio da criação de tal forma que Ele presenteou a humanidade com o poder refreador da lei. Além do mais, Ele nos presenteou com mandamentos específicos e com uma abrangente instrução moral. A fiel Igreja de Jesus Cristo deve afirmar a retidão de tais mandamentos e a graça dada a nós no conhecimento do que é bom e do que é mau. Devemos, inclusive, dar testemunho desse conhecimento do bem e do mal a nosso próximo. O poder refreador da lei é importantíssimo para a comunidade humana e para a civilização.

Assim como os pais ensinam corretamente seus filhos a obedecerem a instrução moral, a igreja também tem a responsabilidade de ensinar os seus os mandamentos morais de Deus e ser testemunha para toda a sociedade de o que Deus declarou bom e reto para suas criaturas humanas.

Esse impulso – correto e necessário – não é , todavia, o evangelho de Deus. Na verdade, um dos mais traiçoeiros falsos evangelhos é o moralismo que promete o favor de Deus e a satisfação da justiça de Deus aos pecadores se eles somente se comportarem e se comprometerem ao aperfeiçoamento moral.

O instinto moralista na igreja reduz a Bíblia a um manual para o comportamento e substitui a instrução moral pelo evangelho de Jesus Cristo. Muitos púlpitos evangélicos estão dados a mensagens moralistas e não à pregação do Evangelho.

O corretivo para o moralismo vem direto do apóstolo Paulo quando ele insiste que “o homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em Cristo Jesus”. Salvação vem àqueles que são “justificados pela fé em Cristo e não pelas obras da lei; visto que pelas obras da lei ninguém será justificado.” [Gálatas 2.16]

Nós pecamos contra Cristo e adulteramos o evangelho quando sugerimos a pecadores que o que Deus requer deles é aperfeiçoamento moral de acordo com a Lei. Moralismo faz muito sentido aos pecadores pois não passa de uma explicação do que eles já vêm aprendendo desde os primeiros dias. Mas o moralismo não é o evangelho e ele não pode salvar. O único evangelho que salva é o Evangelho de Cristo. Como Paulo lembrou aos gálatas, “mas quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido debaixo da Lei, para regatar os que estavam debaixo da Lei, a fim de recebermos a adoção de filhos.” [Gálatas 4.4-5]

Nós somos justificados pela fé somente, salvos pela graça somente e redimidos dos pecados por Cristo somente. Moralismo produz pecadores (potencialmente) melhor comportados. O Evangelho transforma pecadores em filhos e filhas adotados por Deus.

A Igreja deve nunca se esquivar, acomodar, revisar ou esconder a Lei de Deus. Na verdade, é a Lei que mostra nosso pecado e deixa clara nossa total inadequação e falta de retidão. A Lei não pode transmitir vida, mas como Paulo insiste, ela “se tornou nosso tutor para nos conduzir a Cristo, a fim de que fôssemos justificados pela fé.” [Gálatas 3.24]

O perigo mortal do moralismo tem se tornado uma constante tentação para a igreja e um sempre-conveniente substituto do Evangelho. Claramente percebemos que milhares dos nossos vizinhos pensam que o moralismo é a nossa mensagem e somente a mais ousada pregação do verdadeiro Evangelho será suficiente para corrigir essa impressão e levar pecadores à salvação em Jesus.

O inferno estará cheio de pessoas “bem criadas”. Os cidadãos do Céu serão aqueles que, pela completa graça e misericórdia de Deus, estarão lá pela justiça de Jesus Cristo creditada a eles.

Fonte: Ipródigo

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

A Palavra e a Interpretação

A interpretação da Bíblia é via de regra vista com suspeita na igreja. É de se entender. Afinal, vários intérpretes de renome tentaram ser tão originais quanto os autores de ficção. São vários os membros de igreja que sentem que, quando esses intérpretes terminam de ‘explicar’ um texto, ele passa a dizer quase que o contrário do que as palavras dizem à primeira vista.

Entretanto, a despeito desses teólogos em pecado, e com a ajuda de teólogos dedicados, a igreja deve continuar com usa obra. Nossa obra é conhecer e fazer a vontade do Senhor. E isso demanda interpretação bíblica. Não deixe ninguém enganá-lo dizendo que não precisamos de métodos ou de padrões de interpretação. Suspeite um pouco mais daqueles que dizem que eles simplesmente leem e recebem a Palavra tal como ela lhes vem. Todos nós gostaríamos que fosse assim, creio eu. Contudo, ninguém – absolutamente ninguém – pode ler sem interpretar o que se lê. Se você quer se apropriar da verdade que vem através de palavras, você as deve interpretar. Esta é a sequência: leitura, interpretação, apropriação. E não se pode ter apropriação sem interpretação.

Devemos encorajar sempre o estudo bíblico e a interpretação bíblica porque os maus intérpretes frequentemente ameaçam os membros de igreja muito mais que aqueles que negam a verdade da Bíblia. A maioria das seitas e movimentos insistem que eles creem em cada palavra da Bíblia. Porém, é a sua interpretação da Bíblia que os torna em armadilha para a igreja e uma vergonha para Cristo.

Andrew Kuyvenhoven

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O autor: Andrew Kuyvenhoven é um pastor aposentado da Igreja Reformada Cristã (Canadá) e autor de Comfort and Joy e a obra devocional Daylight.

Tradução: Lucas G. Freire (Mar. 2012)

Fonte: Excerto de Comfort and Joy: A Study of the Heidelberg Catechism (Grand Rapids: Faith Alive, 1988), p.50.
 
Fonte: www.blogdoseleitos.blogspot.com/

A MINHA GRAÇA TE BASTA


“A minha graça te basta” (2Coríntios 12:9)

“...Filho meu, não menosprezes a correção que vem do Senhor, nem desmaies quando por ele és reprovado; porque o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe. É para disciplina que perseverais ( Deus vos trata como filhos ); pois que filho há que o pai não corrige? Mas, se estais sem correção, de que todos se têm tornado participantes, logo, sois bastardos e não filhos.” (Hebreus 12:5-8)


No capítulo 12 da segunda carta aos Coríntios, Paulo descreve que em sua carne fora posto um espinho (não descrito com clareza), pelo qual orou três vezes a Deus para que ele fosse retirado, porém o que ouviu do Senhor foi “a minha graça te basta”. O autor do livro de Hebreus 1 discorre acerca da prova do amor de Deus na correção. Mesmo sendo epístolas que buscavam tratar de assuntos diferentes 2 ambas mostram o tratar de Deus com o homem nas adversidades. Há quem diga que o sofrimento não é algo que os verdadeiros cristãos passem, mas veremos que esse tipo de pensamento está em disparidade com o evangelho das Escrituras.
Imagine se nenhum dos personagens bíblicos tivessem sido sujeito à provações ou a certas afrontas e ultrajes. Imagine agora quem seria você se não tivesse passado por alguma adversidade na vida. Certamente se tais coisas deixassem de acontecer não conheceríamos nem o pouco que conhecemos sobre a misericórdia e graça divinas e com toda certeza não teríamos crescido na fé. E assim confesso que a cada adversidade que vivo e após seu termino, lembro das outras e me pergunto duas coisas: onde eu estaria e como eu seria, caso elas não tivessem acontecido em minha vida. E é interessante porque na mesma medida que perguntas como essas aparecem lembro-me do paralelo que certa vez pude perceber: Paulo e Esaú.
Lembrando que Esaú, filho de Isaque e neto de Abraão, foi homem perito em caça, homem do campo (Gn 25:27) e uma de suas características era ser impulsivo e por isso acabou por vender a sua primogenitura a seu irmão em troca de uma refeição (pois havia voltado do campo e se achava bastante fraco e faminto) e em um momento mais a frente, perde a benção do seu pai. Pela venda de sua primogenitura Esaú foi considerado por Paulo como um desrespeitador das coisas sagradas, abdicando de um direito tão impar quanto o de ser peça importante no plano de Deus. Não, não ache que fugi ao tema, pois se continuar lendo a história de Esaú verá que ele foi alguém que viveu a seu bel prazer, ou em outras palavras, a vida deste homem foi entregue a sua vontade errante de viver a vida como bem quis. Esaú foi um típico filho bastardo, sem correção; alguém que simplesmente viveu sem buscar o conhecimento de quem era Deus e qual a importância disto para Ele.
Olhando para vida de Paulo, notamos claramente por tudo o que viveu e escreveu era reflexo de uma vida transformada pela ação divina. Paulo quando buscou fazer aquilo que bem queria (perseguir os cristãos da época), Deus o impediu, literalmente derrubou-o do cavalo, o fez cair de seu ego. E para que Paulo não esquecesse de que dependia totalmente de Deus, tinha uma dificuldade (espinho na carne, como dito acima)
Existe uma diferença entre a forma que cada um dos personagens citados agiu. Enquanto um, atraído pela graça de Deus, foi moldado e aperfeiçoado outro foi quem ele “desejou” 3 ser.
O mais miserável dos seres humanos é aquele que Deus simplesmente deixou ser o que bem quis ser, por assim dizer. Ou seja, os que estão sem repreensão, constituem, na verdade aqueles que são obras da criação de Deus, mas que se apresentam como filhos bastardos, mas que nesse caso, foram os filhos que não reconheceram Deus como pai, assim como Esaú desconsiderou a primogenitura, assim como o rei Saul foi o rei que desejou ser e não que Deus o ordenou a ser.
Spurgeon em um de seus sermões devocionais sugeriu a pequena “parábola” :

Há um farol em alto mar: a noite está calma - não posso dizer se sua estrutura é sólida ou não; a tempestade precisa desabar sobre ele, e só assim saberei se continuará em pé. Assim é com a obra do Espírito Santo: se ela não fosse cercada por águas tempestuosas em muitas ocasiões, não saberíamos que é forte e verdadeira; se os ventos não soprassem sobre ela, não saberíamos o quanto é firme e segura. As obras-primas de Deus são aqueles homens que permanecem firmes, inabaláveis, em meio às dificuldades:  "Calmo em meio ao choro transtornado Confiante na vitória."

                Em qualquer situação, a graça de Deus nos basta. Se estamos sendo açoitados pelas dificuldades nesse momento é por uma razão, é para o nosso aperfeiçoamento, para o crescimento do cristão.

Soli Deo Gloria



[1] Não se sabe ao certo quem escreveu, porém supõe-se Paulo como um dos mais prováveis.

            [2] Em 2ª Coríntios o propósito era Afirmar o ministério do Paulo e defender sua autoridade como apóstolo, assim como refutar aos falsos professores em Corinto.  Já no livro de Hebreus, Apresentar a suficiência e a superioridade de Cristo.

            [3] Logicamente, desejou viver de acordo com a influência pecaminosa natural e também inerente a todo homem não regenerado.


Felipe Alexandre Medeiros


@felipe_ipb
 
Fonte: www.ump-da-quarta.blogspot.com/

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Revista “A Espada e a Espátula” nº5


Confiram o lançamento da revista bimestral de agosto -setembro de 2012 do Projeto Spurgeon e Projeto Ryle "A Espada e a Espátula ", (PARA BAIXAR O PDF, CLIQUE NA IMAGEM AO LADO) 

 Nessa edição, você confere com exclusividade o sermão inédito de J.C.Ryle "O Poder do Espirito Santo" na integra! E tambem, uma entrevista exclusiva com o presidente e moderador da Igreja Anglicana Reformada, Bispo Josep Rossello (alem de um artigo escrito por ele para esse edição. E com exclusividade, você lê nessa edição artigos exclusivos de Walter McAlister, Atila Calumby e Caio Andrade, e textos de Marcelo Lemos, Sara de Cerqueira, Philip Doddridge e Tim Conway na Conferência Fiel para Joves desse ano 

 A revista está com 13 Mbs, caso você tenha problemas para baixar a revista, tente baixar visualizar ela e baixar o PDF nesse link aqui

Jesus é o grande Deus de Tt 2.13? Ao Apologista da Verdade.

“Aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus.” – Tito 2:13, Imprensa Bíblica Brasileira.
“do grande Deus e do Salvador Nosso, Jesus Cristo”. – Tito 2:13, Novo Testamento, de Mateus Hoepers, Editora Vozes Ltda., Petrópolis, RJ.”
Com a citação dessas duas traduções, um apologista das Testemunhas de Jeová, parte do seguinte pressuposto simples: ‘Se é possível gramaticalmente, é possível contextualmente e doutrinariamente’(AQUI).
Em primeiro lugar, é o pressuposto de um tradutor que estabelece sua preferência ao escolher uma dentre algumas possibilidades. O que precisa ser assentado é se o tal pressuposto é bíblico. Em segundo lugar, a leitura literal desse texto prefere a posição tradicional. Em terceiro, as possibilidades gramaticais não interagem necessariamente com o contexto imediato, ou com a doutrina geral bíblica. Levando isto em consideração, pode ser que a possibilidade gramatical seja uma ‘falácia’.
A discussão gramatical não apresenta de modo definitivo a solução da questão, pois se houve tradutores que entenderam daquela forma, dificilmente poderíamos caminhar positivamente, ou negativamente, nessa linha.

 
Vamos propor algumas observações como resposta ao Apologista TJ:
1) As informações em favor da tradução tradicional são abundantes. As bases históricas e eruditas correm em sua maioria do lado trinitariano. Sabemos, porém, que a visão trinitária dos eruditos poderia ser a força nevrálgica que os conduziriam a traduzir Tt 2.13 da maneira que conhecemos. Ao mesmo tempo, também, o tal texto em sua leitura literal e correta poderia ser, nos primórdios do cristianismo, uma das bases para o fortalecimento do trinitarianismo.
A leitura simples diz o “do grande Deus e Salvador nosso Jesus Cristo”. Essa leitura deixa a versão tradicional gramaticalmente correta. Um autor da patrística, Inácio (110) diversas vezes usa essa terminologia em suas cartas diz
“...pela vontade do Pai e de Jesus Cristo, nosso Deus.” (Ao Efésios – saudação)
“...segundo a fé e o amor em Cristo Jesus, nosso Salvador...reanimados pelo sangue de Deus.” (Aos Efésios 1.1)
“...de fato, o nosso Deus Jesus Cristo, segundo a economia de Deus.” (Aos Efésios 18.1)
“...segundo a fé e o amor dela por Jesus Cristo, nosso Deus.” (Aos Romanos –saudação)
“...alegria pura em Jesus Cristo nosso Deus.” (Aos Romanos – saudação)
“...nosso Deus Jesus Cristo, estando agora com seu Pai...” (Aos Romanos 3.1)
“...desejo que estejais sempre bem em nosso Deus Jesus Cristo.” (A Policarpo 8.2)
(Os Padres Apostoólicos, Ed. Paulus).
Inácio trata Jesus como Deus várias vezes. Mas destaquei aqui as partes que encontrei ele dizendo ‘nosso Deus’ que é obviamente uma confissão adorativa. Em Tt 2.13 a identificação do nosso Salvador é com o Grande Deus. Logo, nosso Deus!
Obviamente, se o texto fosse ‘do grande Senhor e Salvador nosso Jesus Cristo’, não causaria incômodo às Testemunhas de Jeová, como veremos no ponto 4. Visto que o substantivo “Deus” aparece acoplado com ‘O GRANDE’, ficaria difícil usar “do grande deus”. Se bem que para as henoteístas Testemunhas de Jeová, isso não teria problema. Eles diriam: ‘Jesus é grande deus, mas não O Grande Deus!’.
Ou seja, mesmo que a gramática provasse definitivamente a tradução tradicional, o Apologista TJ disse que ‘não faria diferença’. Ele estabeleceu isso quando perguntou retoricamente: “O primeiro modo de traduzir essa passagem interfere no conceito geral que a Bíblia apresenta sobre a pessoa de Jesus Cristo, como subordinado ao seu Pai? Faz com que ele seja igual em poder, autoridade e eternidade a seu Pai celestial?” Ele ainda assegurou: “Assim sendo, o modo como Tito 2:13 é traduzido não compromete a clara doutrina bíblica de subordinacionismo do Filho em relação ao Pai.”

 
Fica difícil interagir com o Apologista TJ, pois pode existe uma falta de sintonia no que ele pensa em Cristo ser subordinado ao Pai, com o que os trinitários pensam.
2) A Glória de quem se manifestará? Descobrir isso na Bíblia pode ser de importância. Um texto que temos para um entendimento claro desse assunto é 1 Tm 6.14,15 que diz “Guarde este mandamento imaculado, irrepreensível, até a manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo, a qual Deus fará se cumprir no seu devido tempo. Ele é o bendito e único Soberano, o Rei dos reis e Senhor dos senhores, o único que é imortal e habita em luz inacessível, a quem ninguém viu nem pode ver. A ele sejam honra e poder para sempre. Amém.” (NVI)
As Testemunhas de Jeová, curiosamente, sob o comando do Corpo Governante, entendem que esse único Soberano do versículo 15 se refere a Cristo. A razão é a doutrina de 1914, o que não vem ao caso agora. Mas observe que a construção da ideia é semelhante ao de Tt 2.13. Para os cristãos trinitários, isso não causa pavor. Infelizmente, as Testemunhas de Jeová decidiram seguir os caminhos de Ário. E o que de fato interessa aqui é o termo “manifestação”.

 
A ‘manifestação da glória do...’ se refere ao retorno de Cristo. Ele foi humilhado como um homem fraco na cruz. Sua glória não foi manifesta ao mundo depois de sua humilhação na cruz.
Destaco ao Apologista TJ, segundo ele ‘apologista da verdade’, que a manifestação da glória na Bíblia é uma doutrina relacionada ao Filho, e não ao Pai, como você tentou mostrar em seu texto. O que não se nega é que a manifestação da glória de Cristo está sim, incluído a glória do Pai. No entanto, a expressão se aplica ao Filho como o objeto dessa manifestação. Veja: 2 Ts 2.8; 1 Tm 6.14, 4.1,8 e o texto em tela Tt 2.13.
3) Salvador e Deus. Observe que o problema para as Testemunhas é a força monoteísta nos dizeres ‘O Grande Deus’. A distorção disso seria um pedágio a mais para a teologia da Torre de Vigia, dentre tantos que ela já paga.
Em Tt 3.4,6 o apóstolo usou a mesma classificação “Nosso Salvador”, para o Pai, e para o Filho. O que impediria ele usar ‘Nosso Grande Deus’ para o Pai, e para o Filho em Tt 2.13? Mais uma vez voltemos ao texto de 1 Tm 6.14 e responda o Apologista TJ: Quem é o ÚNICO SOBERANO? Judas, irmão do Senhor, tem mais para nos dizer no verso 4 de sua carta.
4) A Tradução do Novo mundo em outros textos: Aldo Meneses indica esse fato em seu livro (Por que abandonei as Testemunhas de Jeová, p. 98-101).
“...no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo”(2 Pe 1.11)
“...pelo conhecimento exato do Senhor e Salvador Jesus Cristo...” (2 Pe 2.20)
“...e do mandamento do Senhor e Salvador por intermédio dos...” (2 Pe 3.2)
“...e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.” (2 Pe 3.18)
Se Tito 2.13 tivesse a nomenclatura acima, jamais o Apologista TJ se preocuparia em desacreditar (ou não) a tradução cristã tradicional. Obviamente que o grande barulho que o Apologista da Verdade fez com ‘a regra’, não se aplicaria nesses casos...??? ‘Observe que quando o problema não é doutrinário’, a Tradução do Novo Mundo segue outra linha. É um tipo de acusação que ele faz aos tradutores trinitários e que se aplica de fato aos Líderes TJ.
CONCLUSÃO
A tradução tradicional de Tt 2.13 é apoiada por fatos ‘científicos’ em todos os seus quadrantes, a saber: gramatical, contextual, doutrinal e histórico. Não existe objeção alguma que deveria ser levada a sério.
A verdade é que Jesus é o nosso Grande Deus e Salvador. Na verdade, O Apologista da Verdade, infelizmente, tem sido um apologista da mentira.