sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Estudo sobre a Doutrina da Reconciliação - Parte 1

INTRODUÇÃO
A doutrina da Reconciliação é, certamente, uma das mais doces nas Escrituras. Nela encontramos a manifestação do amor de Deus em Cristo Jesus, fazendo a paz e removendo a inimizade que causava separação entre Ele e o pecador.


Neste estudo apresentaremos uma abordagem sistematizada da doutrina da reconciliação. Nosso objetivo é considerar o ensino a partir das principais referências bíblicas sobre o tema, passando pelas informações no Antigo Testamento e relacionando a doutrina com outros pontos doutrinários relevantes. Para tanto abordaremos temas como a natureza da reconciliação, o autor, o agente, os embaixadores, o ministério, o tempo, os meios, os objetos e as bênçãos da reconciliação.


Deste modo esperamos oferecer ao leitor uma abordagem prática de como Deus promoveu a nossa reconciliação em Cristo Jesus, removendo a inimizade que nos separava e nos impedia de desfrutar todas as graças decorrentes da obra expiatória de Cristo Jesus.


Crer na doutrina da reconciliação é descansar na maneira graciosa como Deus trata aqueles que foram comprados na cruz do calvário.

1 O USO DO TERMO NO NOVO TESTAMENTO

 
Nas ocorrências do termo katallasso no NT encontramos o registro, nos textos pertinentes, das seguintes variações – katallaghn, katallagh e katallaghv. Segundo Berkhof os principais termos para reconciliação no Novo Testamento são “katalasso e katalage - significam ‘reconciliar’ e ‘reconciliação’. (…) O ofensor reconcilia, não a si próprio, mas a pessoa ofendida.”[1] (katallaghn, cf. ocorrência em Rm. 5.11).


O termo, no seu uso mais comum, discute a reconciliação no âmbito dos relacionamentos conjugais. E, conforme as anotações do Theological Dictionary of the New Testament a idéia no texto de 1ª Co. 7.11 não é de que necessariamente a esposa que busca a reconciliação tenha alguma culpa, mas está ativamente interessada em buscá-la.[2]


Já nas ocorrências mais específicas que norteiam a relação Deus-Homem, apenas o apóstolo Paulo faz uso do termo com as variações supracitadas. Mas a idéia não é a de que Deus é reconciliado ou reconcilia a si mesmo, mas a de que Ele próprio proporciona a reconciliação do homem consigo mesmo, bem como do mundo[3]. Para corroborar com este pensamento devemos lembrar o caráter imutável de Deus. Ele não pode sofrer qualquer tipo de mudança, por isso, o que muda é a nossa relação com ele.



2 A IDÉIA DA RECONCILIÇÃO NO ANTIGO TESTAMENTO

 
A estrutura do culto do Antigo Testamento já trazia consigo o conceito de reconciliação.

Ao falar sobre o tema Calvino diz:

Ora, visto que o uso da lei foi múltiplo, como se verá melhor no devido lugar, na verdade foi especialmente outorgada a Moisés e a todos os profetas a incumbência de ensinar o modo de reconciliação entre Deus e os homens, donde também Paulo chama Cristo o fim da lei (Rm 10.4).[4]

Todos os elementos apontavam para Cristo e para a sua obra. Mais especificamente no propiciatório já encontramos referências à idéia da doutrina bíblica da reconciliação.


Na estrutura religiosa do AT encontramos o Tabernáculo como uma espécie de morada provisória do Senhor no meio de Israel[5]. Lá, além do lugar santo encontrávamos também o Santo dos Santos, onde o sumo sacerdote entrava uma vez por ano para fazer a expiação do pecado do povo. Ali estava a Arca da aliança e sobre ela uma “tampa” chamada de “Propiciatório”[6]. Ao borrifar o sangue sobre o propiciatório a ira de Deus era aplacada e o resultado era o perdão do pecado e a restauração da comunhão do pecador à comunhão com Deus.[7] Devemos lembrar que objetivamente isto acontece na cruz, quando o Cordeiro de Deus é imolado para que fossemos reconciliados com ele. Uma obra especial e cara, como declara Baillie, que diz: “Nossa reconciliação é infinitamente cara a Ele, não no sentido de que foi difícil para ele nos perdoar, (…) É sua natureza amar e perdoar.”.[8]


Todo esse rito cerimonial do culto veterotestamentário apontava para a reconciliação que encontramos em Cristo Jesus. Quando o Messias veio ele se tornou a nossa propiciação, como se observa na declaração de Paulo: “Romanos 3:25 - a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos;”

3 A NATUREZA DA RECONCILIAÇÃO

Stott diz que reconciliação tem a ver com a nossa inimizade contra Deus e a nossa alienação dele.[9] Assim, a reconciliação, propriamente dita, é a remoção desta alienação proporcionando uma relação harmoniosa e pacífica com Deus.

Esta idéia fica mais clara quando percebemos, por exemplo, a argumentação de John Murray, que expande a idéia. Ao comentar o texto de Romanos 5.11, uma das referências bíblicas centrais acerca da doutrina da reconciliação, ele afirma que na reconciliação o que se destaca não é a remoção da nossa inimizade contra Deus, pelo contrário, o verso supracitado salienta o fato de que Deus removeu de nós a alienação que havia da parte dEle para conosco.[10]

Sttot também observa que esta reconciliação, ou a remoção da base da alienação, tem a ver com a não imputação das nossas transgressões. Ele diz “De modo que em sua misericórdia Deus recusou-se a levar em conta contra nós os nossos pecados ou exigir que sofrêssemos a penalidade deles.”[11]. Contudo, vale ressaltar que esses pecados foram imputados à Cristo. Portanto, cremos que somos plenamente reconciliados com Deus e aceitos por ele, porque nossos pecados foram imputados a Cristo e Sua justiça nos foi imputada.

Desse modo, podemos dizer que a Reconciliação é a obra do Pai através da qual Ele remove a alienação do pecado[12], libertando o homem de toda inimizade, por meio de Cristo. Assim, Deus remove a barreira tanto por causa da nossa rebeldia, quando por causa de sua ira. Devemos notar ainda que ao fazê-lo por meio de Cristo, Deus se revela como o verdadeiro Emanuel, ensinando-nos que toda a manifestação do seu amor pelo eleito tem seu fundamento no sacrifício de Cristo.[13]

3.1 A RECONCILIAÇÃO OBJETIVA E SUBJETIVA

Tal qual na doutrina da justificação, também podemos pensar em termos de reconciliação objetiva e reconciliação subjetiva.

RECONCILIAÇÃO OBJETIVA

Ao falar sobre a expiação objetiva, Berkhof diz:

Que dizer que a expiação influi primordialmente na pessoa por quem é feita. Se um homem age mal e presta satisfação do mal que praticou, esta satisfação visa a influir na pessoa que praticou o mal, e não na parte ofendida. No caso em foco, significa que a expiação foi destinada a propiciar a Deus e reconciliá-lo com o pecador.[14]

Certamente, quando falamos em termos de uma reconciliação objetiva devemos lembrar das palavras do apóstolo Paulo em 2ª Coríntios que diz que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo. Assim, na reconciliação objetiva devemos considerar dois fatores: Primeiramente, Deus, na qualidade de ofendido é o agente que remove a base da alienação tornando-se, em Cristo, favorável ao homem. E em segundo lugar, ele faz isto na cruz, como uma obra terminada, portanto, realizada de uma vez por todas.

Esta reconciliação objetiva é a base da reconciliação subjetiva

RECONCILIAÇÃO SUBJETIVA

Já no seu aspecto subjetivo a reconciliação se relaciona com a posse e o gozo desta condição de reconciliação. Esta condição está intimamente relacionada ao ministério da reconciliação que foi confiado à Igreja. Quando anunciamos o evangelho proclamamos a mensagem da reconciliação convidando o pecador para este relacionamento com o Senhor. Stott ainda vê outros aspectos envolvidos nesta reconciliação subjetiva que ele chama de plano horizontal da reconciliação.[15] Neste plano horizontal vemos a reconciliação como um aspecto motivador da nova relação na comunidade cristã, formada por judeus e gentios, senhores e escravos e etc.

Há outros estudiosos que trabalham esse conceito de revelação objetiva e subjetiva em termos de ação e resultados.

Ivan Ross diz: “A reconciliação como ação seria a remoção da base da alienação de Deus e a reconciliação como resultado seria a relação harmoniosa e pacífica estabelecida em virtude da base da alienação de Deus para conosco ter sido removida.”[16] Uma forma diferente de trabalhar os conceitos de objetiva e subjetiva.

... [1] BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. Tradução de Odayr Olivetti. 2. ed. Campinas: Luz Para o Caminho, 1992. p. 376
[2] KITTEL, Gerhard and FRIEDRICH, Gerhard. Theological Dictionary of The New Testament – Abridged in one volume. Reprinted. Grand Rapids: William B. Erdmans Publishing Company, 1992, p. 40
[3] Idem, p. 41
[4] CALVINO, João. Institución de la Religión Cristiana. 3 ed. Paises Bajos: Fundación Editorial de Literatura Reformada, 1986. v.1 p. 28
[5] A Doutrina da Propiciação - http://www.ibcambui.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=198:a-doutrina-da-propicia&catid=51:estudos&Itemid=80. Acessado em 20 de setembro de 2009.
[6] Para maiores detalhes veja os textos em Ex. 25.17-22; Lv. 16.5-19.
[7] BÍBLIA ONLINE 2.0. Sociedade Bíblica do Brasil – Software– verbete “propiciação”.
[8] BAILLIE, D.M. God Was In Christ - An Essay on Incarnation and Atonement. New York: Charles Scribner’s Sons, 1948. p. 174, 175.
[9] STOTT, John R. W. A cruz de Cristo. São Paulo: Vida, 1996. p. 89
[10] MURRAY, John. Comentário Bíblico Fiel - Romanos. Editora Fiel. p. 198
[11] STOTT, John R. W. A cruz de Cristo. p. 88
[12] Deve se notar a relação intimamente necessária entre a doutrina da expiação e da justificação com a doutrina da reconciliação. Calvino diz: “Enquanto Deus computar os nossos pecados, Ele não pode fazer outra coisa senão nos considerar com aversão”, contudo, ele ainda diz “o amor por nós foi a razão por que ele (Deus-Pai), expiou os nossos pecados por intermédio de Cristo.” Comentário 2ª Coríntios, p. 122.
[13] CALVINO, João. 2 Coríntios. Tradução de Valter Graciano Martins. 1. ed. São Paulo: Edições Paracletos, 1995. p. 122
[14] BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. Tradução de Odayr Olivetti. 2. ed. Campinas: Luz Para o Caminho, 1992. p. 286
[15] STOTT, John R. W. A cruz de Cristo. São Paulo: Vida, 1996. p. 85
[16] ROSS, Ivan Gilbert. Apostila de Teologia Sistemática xerografada. CPO/IBEL

  Autor: Rev. Cleverson Gilvan, pastor da Igreja Presbiteriana de Patrocínio, MG.
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Por que buscar o Espírito? A Ênfase errada na “busca” do Espírito!


Por Josemar Bessa

Muitas pessoas dizem precisar do Espírito, buscar o Espírito... mas por motivos completamente errados. Por que precisamos tanto do Espírito?

Porque sabemos muito pouco de Cristo ainda. Precisamos do Consolador abençoado para nos revelar mais da glória de sua pessoa, a beleza de seu caráter, a adequação de seu trabalho, o amor de seu coração, o mérito de seu sangue, a liberdade da sua graça, a profundidade de sua compaixão, a ternura de sua simpatia, a dignidade de sua obediência, a perfeição de seus sofrimentos, e a natureza inesgotável de Sua divina  plenitude.

Essa é a razão da necessidade do "Enchei-vos do Espírito!", a saber, Cristo, Cristo, Cristo!!! Não se trata de nós, de experiências, de misticismo, de uma busca ególatra...

Isso é fundamental ser recuperado, Jesus se apresenta a nós como o Esposo de nossas almas. Ele diz: "Eu me casarei com você para sempre...” Ele nos promete levar para a união mais próxima possível. Ele torna-se um conosco. 

Ele diz: "Eu vou ser a sua porção, e você será minha posse"
Essa é a razão do Espírito ser enviado,
Ele envia o Seu Espírito - para nos preparar,
O Espírito manifesta as Suas belezas - para nos atrair,
Ele faz o Seu evangelho doce - para nós fascinar,
O Espírito usa o Seu poder e nos atrai - e então opera em nós uma aliança eterna.

Ele nos faz ver quão doce Cristo é para nós como nossa herança eterna, nos faz sentir o poder das palavras:  "Minha querida, minha pomba, minha irmã... minha alegria, minha esposa!" (Cântico dos Cânticos 5:2)

O Espírito nos faz ver como Ele nos dá. . .
  Sua pessoa,
  Suas riquezas insondáveis, e
  uma parte de Suas glórias e honrarias eternas!

O Espírito opera em nós e mostra em nossos corações de forma que somos constrangidos pelo amor de Jesus...

Ele nos garante. . .

  que Ele nunca vai nos deixar,
  que Ele virá e comungará conosco,
  e que Ele não negará bem algum que coopere para nosso bem eterno!

Ele diz: "Ainda que os montes se abalem e os outeiros sejam removidos - ainda assim Meu amor infalível por você não será abalado, nem a minha aliança de paz não mudará - diz o Senhor, que tem compaixão de você!" "Nenhuma arma forjada contra ti prosperará, pois seu Criador é o seu marido! O Senhor Todo-Poderoso é o seu nome"

"Como um noivo se alegra sua noiva -! Também o seu Deus se alegra em ti! " O amor está aqui! Não o busque em outro lugar! Essa é a obra do Espírito, esse é o poder do amor que nos leva a santificação. Essa é a verdade que nos faz amar seus mandamentos e não achá-los pesados: “Porque este é o amor de Deus: que guardemos os seus mandamentos; e os seus mandamentos não são pesados.” 1 João 5:3
 
A santidade é um peso para muitos que dizem crer, porque nunca foram levados a se deliciar em Cristo, Sua pessoa, Sua obra... Eis a razão e necessidade de sermos cheios do Espírito.

Na verdade, quando a ênfase na busca do Espírito não é centralizado em Cristo, não se está buscando de fato o Espírito, mas uma "energia" para usá-la para os fins humanos ególatras.
 
Fonte: Josemar Bessa

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Se Jesus foi rico, eu também quero ser!

Escutar de algum pregador que Jesus era rico e quem segui-lo será próspero financeiramente, soa como uma garantia de ganhar na loteria! Infelizmente, muita gente tem este conceito como premissa para frequentar uma igreja. Afinal: se Jesus foi rico, eu também quero ser – dizem os seguidores da teologia da prosperidade e confissão positiva! Vejam as declarações feitas por alguns famosos precursores deste movimento, desde os EUA até aqui no Brasil:
“João 19 nos diz que Jesus usava roupas de griffe… A túnica era sem costura, tecida de cima até embaixo. Era o tipo de vestimenta que os reis e os mercadores ricos usavam” (John Avanzini, gravado em 20.1.1991, no programa de Kenneth Copeland).
“Jesus tinha uma roupa tão bonita, tão cara, que os soldados disputaram para ver quem ficaria com ela. Outra coisa, Jesus era acompanhado por mulheres ricas que o serviam. Ele tinha seus doze discípulos e mais um grupo de 20 a 30 pessoas para alimentar diariamente. Quanto custa isso? A casa de Lázaro e outras residências onde ele se hospedava eram de classe média na época, ou até mesmo média-alta. Portanto, eu não consigo enxergar na Bíblia Jesus como uma pessoa paupérrima. Ele viveu como um rabi, que era um mestre. Eu não vejo Jesus pobre, mas vejo que ele demonstrava no seu estilo de vida excelência, tinha uma vida abençoada – multiplicou pães, proveu boa pescaria aos seus discípulos. Como Senhor e Deus, ele tinha acesso às riquezas.” (Bispo Robson Rodovalho, Revista Eclésia, edição 109)
“Sabe, Jesus e os discípulos nunca andaram num Cadilac. Não havia Cadilac naquela época. Mas Jesus andou num jumento. Era o “Cadilac” da época — o melhor meio de transporte existente.” (Kenneth Hagin, A Autoridade do Crente, p. 48.)
Declarações como estas são muito comuns nos dias de hoje, por conta da propagação da teologia da prosperidade no Brasil. Trata-se de um conceito que foi importado dos EUA, fixado atualmente como um forte pilar das igrejas neopentecostais brasileiras. Porém, como cristãos não deveríamos absorver ensinamentos sem antes analisar biblicamente para ver se, de fato, procedem ou não das Escrituras, o que no caso apresentado leva-nos ao seguinte questionamento: Será que realmente Jesus foi rico? Será que ser rico financeiramente é promessa de Jesus para nós?
De fato, Jesus ensinou princípios “riquíssimos” sobre prosperidade material, vivenciados inclusive em sua própria vida terrena. Porém, biblicamente veremos que em nada confere com as afirmações dos propagadores da teologia da prosperidade.
Antes de continuar, esclareço que eu não defendo de forma alguma a “teologia da miséria”, creio plenamente que Deus nos sustenta e supre as nossas necessidades, bem como prospera alguns conforme a sua soberana vontade. Porém, entendo que o grande problema é deixar de buscar a Deus pelo que Ele é em troca daquilo que Ele pode nos dar. Portanto, o que vou analisar exclusivamente neste artigo é a afirmação de que supostamente Jesus era rico e que Ele promete riquezas para os seguidores. Vejamos:
Em primeiro lugar, Jesus era e sempre será rico eternamente em sua posição gloriosa no céu, porém abdicou-se de sua glória celestial e veio à terra viver como um homem de maneira humilde, a fim de sofrer e morrer por nós: “pois conhecereis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, se fez pobre por amor de vós, para que, pela sua pobreza, vos tornásseis ricos.” (2Co 8:9)[1]. Ao contrário do que afirmam os defensores da teologia da prosperidade, nesta passagem está claríssimo que Jesus não era rico, o propósito d’Ele era exatamente o contrário. Cristo tornou-se pobre no mundo não para trazer riquezas materiais a humanidade, mas sim a salvação que é a verdadeira riqueza, por consequência a transformação de vida em amor para com o próximo. No contexto de 2Co 8, Paulo utiliza o exemplo da posição de glória que Cristo desfrutava com o Pai e que foi sacrificada por Ele a fim de nos auxiliar (Fp 2:5-8) para mostrar que, da mesma forma, os crentes de Corinto deveriam sacrificar algo para ajudar os irmãos da igreja de Jerusalém. Paulo incentiva-os a ofertar aos irmãos necessitados como um ato cristão de amor e cuidado.
Desde o início da vida terrena de Jesus, o propósito d’Ele de fazer-se humildemente pobre foi manifestado, a começar pelo seu nascimento: “E ela deu à luz o seu filho primogênito, enfaixou-o e o deitou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria.” (Lc 2:7) Em tese, seguindo a lógica da teologia da prosperidade, seria bem mais apropriado que Jesus Cristo tivesse nascido em um palácio, num berço de ouro forrado com tecido fino e vários criados para servi-lo. Porém, Jesus nasceu num estábulo e colocado numa humilde manjedoura para demonstrar desde o início o propósito de ir contra a ganância e as riquezas deste mundo[2]. A Bíblia indica que Maria e José eram pobres, pois quando Maria foi apresentar Jesus no templo, a oferta de sacrifício oferecida (segundo a lei mosaica – Lv 12:8) era oferta de pobre: “e para oferecer um sacrifício, segundo o que está escrito na referida lei: Um par de rolas ou dois pombinhos.” (Lc 2:24) Isto prova, pelo menos na época do nascimento de Jesus, que José não era financeiramente estável por conta de sua profissão de carpinteiro.
Quando Jesus começou seu ministério terreno, Ele largou tudo o que tinha (família, lar, conforto etc.) para dedicar-se integralmente ao propósito do evangelho. Tudo o que era necessário para o suprimento natural de Jesus foi providenciado pelos próprios discípulos, prova disso é o fato de que algumas mulheres serviram Jesus com seus bens (Lc 8:1-3).
Jesus, conhecendo o coração das pessoas, ao responder alguém que queria segui-lo provavelmente para buscar benefício próprio, disse que “As raposas têm seus covis, e as aves do céu têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça”. (Lc 9:58) Note que Cristo aborda exatamente a questão “moradia”, uma resposta clara que refuta a afirmação de alguns pregadores da prosperidade de que Jesus possuía uma enorme mansão em Jerusalém.
Na primeira multiplicação de pães e peixes, os discípulos poderiam muito bem sair para comprar os alimentos para o povo, porém os mesmos questionaram Jesus justamente pelo fato de não terem condições para tal feito. Foi necessária a operação de um milagre para alimentá-los (Mc 6:34-44).
Certa ocasião, quando Jesus chegou em Cafarnaum (Mt 17:24-27), ele não tinha dinheiro para efetuar o pagamento do imposto da cidade, sendo necessário operar um milagre através de Pedro para efetuar o pagamento. Ao perguntarem para Jesus se era lícito pagar tributo a César, Jesus respondeu: “Por que me experimentais? Trazei-me um denário, para que eu o veja” (Mc 12:14-16). Se Jesus fosse rico, com certeza teria uma moeda no bolso para usar, porém foi necessário alguém trazer uma para que Jesus pudesse vê-la.
A afirmação dos pregadores da prosperidade de que o Jumento que Jesus utilizou para entrar em Jerusalém, era como se fosse um Cadilac ou uma BMW da época, chega a ser ridícula e mostra o despreparo bíblico dos defensores da teologia da prosperidade. Ora, basta uma análise no contexto cultural para perceber que a “BMW” da época na verdade eram as carruagens e os cavalos, e não um jumento! Na Bíblia vemos claramente um exemplo disso: “Eis que um etíope, eunuco, alto oficial de Candace, rainha dos etíopes, o qual era superintendente de todo o seu tesouro, que no seu carro, viera adorar em Jerusalém, estava de volta e, assentado no seu carro, vinha lendo o profeta Isaías.” (At 8:27:28) Além disso, o Jumento não era de Jesus, mas emprestado!
Ao contrário do que Rodovalho e John Avanzini afirmam, as roupas de Jesus no geral não eram de rico, pois os soldados tomaram as vestes e “rasgaram-nas em quatro partes” (Jo 19:23-24), somente a túnica (peça íntima que ficava debaixo das vestes) que era algo realmente nobre naquela época, pois não tinha costura e era tecida de cima abaixo. Por isso que os guardas lançaram sortes para ver quem ficaria com a mesma. Provavelmente tal peça pode ter sido doada por algum discípulo. Afinal, tudo ou quase tudo o que Jesus possuía durante o seu ministério era doado pelos discípulos que o acompanhavam, entre os quais alguns financeiramente prósperos, que era o caso das mulheres descritas em Lucas 8:1-3. O próprio túmulo de Jesus foi emprestado (Lc 23:50-53)!
Os pregadores da teologia da prosperidade, tentando contra-argumentar, ainda colocam que os apóstolos eram prósperos financeiramente. Porém, a Bíblia claramente refuta esta idéia. Dentre vários exemplos bíblicos, podemos listar alguns: Quando Pedro e João chegaram à porta do templo, onde um coxo de nascença pediu-lhes uma esmola. Se os apóstolos fossem ricos, com certeza eles teriam dado dinheiro ao pedinte, porém eles afirmaram: “Não possuo nem prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou: em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, anda!” (Atos 3:1-8), e o homem foi curado. O apóstolo Paulo passou por muitas necessidades financeiras ( Fp 4.10-20, 2Co 11.27), inclusive tendo que trabalhar fabricando tendas para se sustentar (At 18:3). O mesmo também ensinou a respeito da expectativa de buscar riquezas materiais: “Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes. Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição. Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores.” (I Tm 6.8-10)
Como podemos ver, não existe base bíblica para afirmar que Jesus e os apóstolos eram ricos. Na verdade, Cristo nunca defendeu a busca por riquezas materiais, pelo contrário, condenou-a mostrando o verdadeiro padrão a ser almejado: “Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam; mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam; porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração. São os olhos a lâmpada do corpo. Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso; se, porém, os teus olhos forem maus, todo o teu corpo estará em trevas. Portanto, caso a luz que em ti há sejam trevas, que grandes trevas serão! Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas.” (Mt 6.19-24). Ele exortou-nos a buscar primeiramente o reino de Deus e a sua justiça, sendo que o suprimento necessário virá naturalmente de Deus (Mt 6:25-34). Não devemos ter preocupações exageradas pela nossa sobrevivência, nem pelos cuidados materiais gananciosos, pois Jesus afirmou que este conceito é, de fato, o mais claro sinal de avareza na vida de alguém: “Tende cuidado e guardai-vos de toda e qualquer avareza; porque a vida de um homem não consiste na abundância dos bens que ele possui” (Lc 12.15)
Todavia, é importante salientar que devemos também seguir o exemplo dos cristãos da Macedônia, onde mesmo em meio de muita pobreza, manifestaram abundância de generosidade ao preparar ofertas para ajudar os irmãos da igreja de Jerusalém em dificuldades financeiras. (2Co 8:1-4)
Quanto aos cristãos financeiramente prósperos, a Bíblia diz: “Exorta aos ricos do presente século que não sejam orgulhosos, nem depositem a sua esperança na instabilidade da riqueza, mas em Deus, que tudo nos proporciona ricamente para nosso aprazimento; que pratiquem o bem, sejam ricos de boas obras, generosos em dar e prontos a repartir; que acumulem para si mesmos tesouros, sólido fundamento para o futuro, a fim de se apoderarem da verdadeira vida.” (1Tm 6:17-19) João Calvino interpretou este fundamento com clareza: “aqueles a quem houvermos de ver premidos pelas dificuldades das coisas, compartilhemos-lhes das necessidades e com nossa abundância supramos-lhes a falta de recursos.”[3] (Veja também 2Co 9:1-15).

Enfim, há muito mais passagens bíblicas que tratam sobre o assunto, mas creio que as citadas neste artigo sejam suficientes para esclarecer a questão.
Soli Deo Gloria!
Notas
[1] A tradução bíblica utilizada no artigo é a Almeida Revista e Atualizada – SBB.
[2] Observação simbólica feita por A.W. Pink, em “Por que Jesus nasceu numa manjedoura?”
[3] CALVINO, João. As Institutas Vol. 2. Casa Ed. Presbiteriana. São Paulo, 1985. P. 168
Fonte: Napec

Características de um Líder Cristão

1) SERVO: Um líder cristão serve, assim como Jesus (Mc 10.45). Quem não serve para servir não serve para nada, nem para liderar. O líder serve para suprir as necessidades de seus liderados ( Cl 4.13 ).
2) INFLUÊNCIA: Um líder deve influenciar seus liderados. Nunca mandar, coagir ou reprimir seu grupo, pois eles não são propriedades sua. Convencer é uma tarefa mais inteligente para o líder e para seus liderados.
3) EXEMPLO DINÂMICO: Um líder cristão é exemplar. Faz o que fala e fala o que faz. Seu exemplo é eficaz, atuante. Assim, ele não será hipócrita. As pessoas terão segurança em citá-lo como referência de vida e não apenas como bom palestrante (I Tm 4.12; Mt 10.24,25).
4) CONVICTO: Um líder sem convicção, é um líder duvidoso. Ter convicção não é ser teimoso, mas é estar convencido de seus ideais. Pois ele estudou, avaliou e orou à luz da Palavra de Deus, para chegar a uma conclusão. Ele sabe o que está defendendo e está apto de promover o projeto idealizado (At 6.1-4).
5) HUMILDADE: Um líder escuta seus liderados. Acata sugestões desses, obedece seus proprios líderes. Caminha sob autoridade e não sobre. Reconhece suas limitações e erro. Respeita seus liderados como seus proprios líderes. Trata-os como ovelhas ( I Pd 5.1-4 ).
6) ENSINA: Um líder cristão, deve ser um ensinador das Escrituras Sagradas. Tudo o que ele faz e fala deve ter um objetivo único: Instruir e instruir bem, os outros servos de Cristo a crescerem em graça e conhecimento, para glória de Deus. ( Js 1.8; Mt 28.19,20; I Tm 4.11,13,16 ).
7) GERA OUTROS LÍDERES: Um líder cristão jamais será infrutífero nessa área. Se ele não gera outros líderes provavelmente ele não é um líder. Ele não se preocupa em ser substituído. Jesus capacitou outros para substituí-lo na obra. Um líder cristão não deve ser centralizador ( Nm 27.16,17; Mt 28.19 ).
8) AMA: O líder cristão preocupa-se com o bem estar dos seus liderados. Ele não se preocupa apenas com o grupo mas principalmente com os indivíduos do grupo. Não um em detrimento do outro. Os objetivos devem visar o bem estar deles também e não somente a conclusão do projeto ( Jo 13.1 ).

Porque eu não creio em apóstolos contemporâneos


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Por Ruy Marinho
Há quem defenda que nos dias de hoje Deus tem levantado uma geração apostólica, restaurando “ministérios perdidos” durante séculos através de novos apóstolos, supostamente com os mesmos poderes (e até maiores) que os escolhidos por Jesus na igreja primitiva. Muitos deles chegam a declarar novas revelações extrabíblicas, curas e milagres extraordinários, liberando palavras proféticas e unções especiais, vindas diretamente do “trono de Deus” para a Igreja. Seus seguidores constantemente ouvem o termo “decretos apostólicos”, dos quais afirmam que uma vez proclamados por um apóstolo, há de se cumprir fielmente a palavra profética, pois o apóstolo é a autoridade máxima da igreja, constituído diretamente por Deus com uma unção especial diferenciada dos demais membros.
No site de uma “conferência apostólica” ocorrida há alguns anos, narraram à seguinte declaração de um apóstolo contemporâneo: “A segunda noite de mover apostólico invadiu os milhares de corações presentes nesta segunda noite de Conferência Apostólica 2006. Com a ministração especial do Apóstolo Cesar Augusto a respeito do “Ser Apostólico”, todos ficaram impactados com mais esta revelação vinda direto do altar do Senhor para seus corações. Ser Apostólico é valorizar a presença de Deus, é ser fiel, é crer que Deus pode transformar, é ter uma unção especial para conquistar o melhor da terra e, por fim, é crer que Deus age hoje em nossas vidas. [...] Todos saíram do Ginásio impactados por esta revelação, saíram todos apostólicos prontos para conquistar o Brasil e o mundo para Jesus.” [1]
Peter Wagner, um defensor do apostolado contemporâneo, define o dom de apóstolo nos dias de hoje da seguinte forma: “O dom de apóstolo é uma habilidade especial que Deus concede a certos membros do corpo de Cristo, para assumirem e exercerem liderança sobre um certo número de igrejas com uma autoridade extraordinária em assuntos espirituais que é espontaneamente reconhecida e apreciada por estas igrejas. A palavra chave nesta definição é AUTORIDADE, pois isto nos ajuda a evitar um erro muito comum que as pessoas fazem ao confundirem o dom do apóstolo com o dom de missionário.” [2]
Com estas declarações, podemos deduzir logicamente duas coisas: Ou o ministério apostólico contemporâneo é uma realidade na Igreja nos últimos dias, ou estamos diante de uma grande distorção bíblica, na qual precisa ser rejeitada e combatida urgentemente. Se a primeira hipótese estiver correta, então obviamente não devemos questioná-los, além de aceitar como verdade de Deus tudo o que vier dos mesmos. Caso contrário, resta-nos rejeitar totalmente as palavras e as reivindicações proféticas destes apóstolos contemporâneos por serem antibíblicas.
Para ter plena certeza do que se trata, não existe alternativa a não ser partir para a análise bíblica, pois a Palavra de Deus é a nossa única regra de fé e conduta, base normativa absoluta para toda e qualquer doutrina. Portanto, da mesma forma que os bereianos de Atos 17:11 fizeram quando receberam as palavras do Apóstolo Paulo, devemos também analisar esta questão sob à luz das escrituras.
A primeira pergunta que devemos fazer é: existem apóstolos nos dias de hoje? Para chegar à resposta, primeiramente precisamos entender quem foi os apóstolos na igreja primitiva. Para tanto, é necessário verificar o fator etimológico da palavra Apóstolo. Biblicamente, esta palavra significa “enviado, mensageiro, alguém enviado com ordens” (grego = apostolos), é utilizada no Novo Testamento em dois sentidos: 1º – Majoritariamente de forma técnica e restrita aos apóstolos escolhidos diretamente por Cristo; 2ª – Em sentido amplo, para casos de pessoas que foram enviadas para uma obra especial. Neste último, a palavra utilizada provém da correlação verbal do substantivo “apóstolo” e o verbo em grego “enviar” (grego = apostello).[3] Das 81 vezes que a palavra apóstolo e suas derivações aparecem no texto grego do Novo Testamento, 73 vezes é utilizada no sentido restrito ao grupo seleto dos 12 apóstolos de Cristo, apenas 7 vezes no sentido amplo (Jo 13:16, 2Co 8:23, Gl 1:19, Fl 2:25, At 14:4 e 14, Rm 16:7) e uma vez para Jesus Cristo em Hb 3:1. [4]
Podemos perceber que, em tese, qualquer pessoa que é “enviada” para um trabalho missionário é um apóstolo. Porém, os problemas aparecem quando alguém propõe para si a utilização do termo no sentido restrito ao ofício de apóstolo.
Biblicamente, havia duas qualificações específicas para o apostolado no sentido restrito: 1ª – Ser testemunha ocular de Jesus ressurreto (Atos 1:2-3, 1:21-22, 4:33 e 9:1-6; 1Co 9:1 e 15:7-9); 2º – Ter recebido sua comissão apostólica diretamente de Jesus (Mt 10:1-7, Mc. 3:14, Lc 6:13-16, At 1:21-26, Gl 1:1 e  1:11-12 ). Este fato leva-nos a questionar: quem comissionou os apóstolos contemporâneos?
Depois da ressurreição, Jesus apareceu para os apóstolos comissionados por ele próprio e também para várias pessoas, sendo Paulo o último a vê-lo: “Depois foi visto por Tiago, mais tarde, por todos os apóstolos e, afinal, depois de todos, foi visto também por mim, como por um nascido fora de tempo. Porque eu sou o menor dos apóstolos…” (1Co 15:7-9). No grego, as palavras “depois de todos” é “eschaton de pantwn”, que significa literalmente “por último de todos”. [5]
Paulo foi o último apóstolo comissionado por Jesus (At 9:1-6). Posteriormente, não encontramos base bíblica para afirmar que exista uma sucessão ou restauração ministerial de apóstolos. Todas as tentativas para justificar uma suposta restauração do ofício apostólico nos dias de hoje, partiram de interpretações alegóricas, isoladas e equivocadas de textos bíblicos.[6] Na história da igreja, não temos nenhum grande líder utilizando para si o título de apóstolo. Papias e Policarpo, que eram discípulos dos apóstolos e viveram logo após o ministério apostólico, não utilizaram esse título. Nem mesmo grandes teólogos e pregadores da história como Agostinho, Calvino, Lutero, Wesley, Whitefield, Spurgeon – entre tantos outros, utilizaram para si o título de apóstolo.
Os apóstolos tiveram um papel fundamental para o estabelecimento da Igreja. Nesta construção, Jesus foi a pedra angular e o fundamento foi posto pelos apóstolos e profetas, conforme descrito em Efésios 2:19-20: “Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular”. Esta passagem é o contexto direto de Efésios 4:11 “E Ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres”. Ora, se já temos o alicerce pronto, qual a necessidade de construí-lo novamente? Na verdade não há possibilidade, pois tudo o que vier posteriormente deverá ser estabelecido sobre esta base, conforme alertado pelo apóstolo Paulo: “Segundo a graça de Deus que me foi dada, lancei o fundamento como prudente construtor; e outro edifica sobre ele. Porém cada um veja como edifica. Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi posto, o qual é Jesus Cristo.” (1Co 3:10-11)
Como fundamento da Igreja, os apóstolos possuíam plena autoridade dada pelo próprio Jesus Cristo para designar suas palavras como Palavra de Deus para a igreja em matéria de fé e prática. Através desta autoridade apostólica mediante o Espírito Santo é que temos hoje o que conhecemos como cânon do Novo Testamento, escritos pelos apóstolos. Além disso, faziam parte das credenciais dos apóstolos: operar milagres e sinais extraordinários como curas de surdos, aleijados, cegos, paralíticos, deformidades físicas, ressurreições de mortos etc. (2Co 12:12). Eu creio que Deus opera curas em resposta à orações conforme a vontade soberana d’Ele, porém não creio que as mesmas aconteçam através do comando verbal de novos apóstolos, da mesma forma que era feito pelos apóstolos na igreja primitiva de forma extraordinária.
Outro grande problema que encontramos no título de apóstolo nos dias de hoje é que, automaticamente as pessoas associam o termo aos 12 apóstolos de Jesus. Quem lê o Novo Testamento, identifica a grande autoridade atribuída ao ofício de apóstolo e consequentemente esta autoridade será ligada aos contemporâneos. Quem reivindica o título de apóstolo, biblicamente está tomando para si os mesmos ofícios dos apóstolos comissionados por Jesus, colocando as próprias palavras proferidas ou escritas em pé de igualdade e autoridade dos autores do Novo Testamento. Afinal, os apóstolos tinham autoridade para receber revelações diretas de Deus e escrevê-las para o uso da Igreja. Se admitirmos que existam “novos apóstolos”, devemos assumir que a Bíblia é insuficiente e que as palavras dos contemporâneos são canônicas, o que é absolutamente impossível e antibíblico!
Não podemos deixar de citar o festival de misticismo antibíblico praticado por muitos apóstolos contemporâneos, tais como: atos proféticos, novas unções, revelações extrabíblicas, maniqueísmo, manipulação e coronelização da fé através do conceito “não toqueis nos ungidos”, judaização do evangelho etc. Além disso, o próprio modo de vida deles mostra o oposto dos originais, os apóstolos de Cristo tiveram vida humilde, foram presos, açoitados, humilhados e todos (com exceção de Judas Iscariotes que suicidou-se e João que teve morte natural) morreram martirizados por pregarem o evangelho. Ao contrário disso, os contemporâneos vivem uma vida com patrimônios milionários, conforto e prosperidade financeira. Quando sofrem algum tipo de “perseguição”, as mesmas são decorrentes à contravenções penais com a justiça.
Após esta breve análise, concluo que não há apóstolos hoje! O apostolado contemporâneo é uma distorção bíblica gravíssima que reivindica autoridade extrabíblica, da mesma forma que a sucessão apostólica da Igreja católica romana e os Mórmons. Por isso, devemos rejeitar a “restauração” do ofício apostólico, pois os apóstolos contemporâneos não se encaixam nos padrões bíblicos que validam o apostolado, bem como não existe base bíblica que autorize tal restauração.
Sola Scriptura!
Notas:
[1] – Conferência apostólica 2006, site oficial.
[2] – Citado no ítem reforma apostólica do site Lagoinha.com[3] – Dicionário Bíblico Strong – Léxico Hebr., Aram. e Grego – SBB – 2002, pág. 1214, nº649/652.
[4] – Concordância Fiel do Novo Testamento Grego – Português, Ed. Fiel, Vol. I, pág. 84
[5] – Citado no artigo: Carta ao Apóstolo Juvenal, por Rev. Augustus Nicodemus Lopes.
[6] – Para verificar diversas refutações ao apostolado contemporâneo, clique aqui!
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- Ruy Marinho é editor do Blog Bereianos e colunista do Púlpito Cristão.

Originalmente publicado em:

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Se eu não tiver amor...

Se eu não tiver amor...


Por Pablo Massolar

"Ainda que eu falasse a língua dos homens e falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria..." este é um conhecido refrão de uma das músicas de Renato Russo, compositor e intérprete da banda Legião Urbana e também o trecho de uma das cartas que o apóstolo Paulo escreveu à igreja de Corinto, no Novo Testamento.

A poesia de Renato lida inteira, na verdade, pouco tem a ver com o contexto macro de I Corintios 13, que trata do amor ágape, o amor que tudo sofre, tudo espera e tudo crê sem precisar de nada em troca.

Renato interpreta de forma equivocada e míope o amor de I Coríntios como sendo o amor eros, o amor da atração sexual, do namoro. O amor sexual depende da troca, do alimento diário de carinho, depende do apelo sensual, dos jogos de sedução e tantos outros elementos que fazem um homem e uma mulher se apaixonarem, por exemplo.

Nada errado em se amar assim. É bom! É prazeroso! Mas o texto da carta do apóstolo Paulo vai muito além da troca disputada e acariciada deste amor.

O amor eros um dia passa, um dia se esfria e perde o vigor. Até mesmo o amor phileo, o amor dos amigos, dos filhos e pais perde força e muitas vezes não consegue ser correspondido à altura e se frustra. Mas o amor ágape permanece inviolável, inabalável. Perdoa mesmo sem vontade ou sem forças. Perdoa o imperdoável. Acredita no inacreditável, não de forma boba ou inconsciente, mas dá nova chance. Diz a verdade, mesmo que seja dura, quando preciso. Se doa mesmo sabendo que não receberá nada em troca. Este amor é aprendido, exercitado e alimentado no amor eterno de Deus. A Graça de Deus é ágape e reside aí a necessidade de, como filhos de Deus, aprendermos a desenvolver o amor ágape nas nossas relações interpessoais.

João, na sua 1ª carta, diz: "Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor" e ainda "Se alguém diz: eu amo a Deus, mas odeia o seu irmão, é mentiroso. Pois ninguém pode amar a Deus, a quem não vê, se não amar o seu irmão, a quem vê".

O amor de Deus nos reconciliou com ele por Graça, sem que nós merecêssemos, sem esforço da nossa parte, mesmo que não consigamos ficar de pé por muito tempo e tantas vezes caiamos e erremos novamente. O amor de Deus opera em nós, mesmo enquanto andamos no erro, no pecado.

Jesus ensina que devemos amar assim também. O perdão, graça e bênçãos que recebemos de Deus devem ser devolvidos àqueles que estão à nossa volta. Todos! O amor ágape não ama só quem devolve amor, mas ama também ao que o odeia, ao que nem se sabe amado ou o despreza.

O amor ágape é livre e não é privilégio de qualquer grupo em particular. É para todos. Vai onde ninguém se dispõe a ir, consegue romper os grilhões da maldade, da morte e opera doando-se abundantemente, sem ressentimento. Não conhece nomes, títulos ou passado. Não diz: "eu te amo enquanto me amares", mas ama poderosamente em oração e lágrimas se preciso, mas ama.

Ágape é um dom, um presente gratuito. Imerecido! Por isso se perpetua sem precisar do incentivo ou de "fazer por onde". Ágape dá a vida não somente pelos amigos, mas também pelos inimigos e deseja que sua vingança seja sempre transformada no abraço apertado do perdão, da reconstrução do caminho em direção à vida e não à morte.

O convite de Deus é sempre ao amor ágape. Este é o princípio e a finalidade de todas as coisas. Nele somos aperfeiçoados pelo e para o amor. Se não for assim, nada seremos, ainda que façamos chover curas, milagres e profecias.

Amamos nossos inimigos e ofensores com amor ágape ou exercemos sobre eles apenas o phileo enquanto durar nosso ânimo?

Vivemos o que pregamos como verdade ou nos conformamos nas nossas próprias fraquezas como desculpa para nada fazer ou falar?

Estamos mesmo dispostos a amar com tamanha entrega e viceralidade até as últimas consequências na Graça e no poder de Deus?

Particularmente, eu acredito que um dia todos nós seremos julgados não meramente pelo que fizemos de certo ou errado, pelo pecado que cometemos. Mas seremos medidos pelo bem que deixamos de fazer, pelo perdão que nos recusamos a oferecer e pela mão que não estendemos como graça aos nossos inimigos.

Paulo termina sua carta dizendo que no final de todas as coisas, de todos os tempos, poderes e universos, permanecerão apenas a fé, a esperança e o amor, mas o maior destes três é o amor.
 
Fonte: Ovelha Magra

A salvação na perspectiva do tempo
 
 
A salvação é obra de Deus e não do homem. É salvação do pecado e não no pecado. É salvação pela graça divina e não pelo mérito humano. É recebida pela fé e não pelas obras. A salvação foi planejada na eternidade, é executada na história e será consumada no segunda vinda de Cristo. A salvação pode ser analisada na perspectiva do tempo. Quanto ao passado já fomos salvos, quanto ao presente estamos sendo salvos e quanto ao futuro seremos salvos. Quanto ao passado, já fomos salvos da condenação do pecado; quanto ao presente, estamos sendo salvos do poder do pecado; e quanto ao futuro, seremos salvos da presença do pecado. Vejamos esses três tempos da salvação:

Em primeiro lugar, quanto à justificação já fomos salvos. A justificação é um ato e não um processo. É feita fora de nós e não em nós. Acontece no tribunal de Deus e não em nosso coração. Pela justificação, Deus nos declara justos em vez de nos tornar justos. A justificação é completa e não possui graus. Todos os salvos estão justificados de igual forma. A justificação é um ato legal e forense. Com base na justiça de Jesus, o Justo, Deus justifica o injusto sem deixar de ser justo. Seria injusto Deus justificar o injusto. Porém, Deus, é justo e o justificador do que crê. Isso, porque Deus satisfez sua justiça quando entregou seu Filho, o Advogado Justo, para sofrer as penalidades que nós deveríamos sofrer. Deus fez cair sobre ele a iniquidade de todos nós. Agradou a Deus moê-lo. Jesus foi traspassado pelos nossos pecados. Ele foi feito pecado por nós. Ele bebeu, sozinho, todo o cálice cheio da ira de Deus contra nós, pois éramos filhos da ira. Pela morte de Cristo a lei foi cumprida e a justiça foi satisfeita, de tal maneira que, agora, Deus pode ser justo e justificador. Deus considerou satisfatório o sacrifício substitutivo do seu Filho e nos declarou quites com sua justiça. Já não pesa mais nenhuma condenação sobre aqueles que estão em Cristo Jesus, pois o próprio Jesus é a nossa justiça.


Em segundo lugar, quanto à santificação estamos sendo salvos. A salvação já está consumada pelo sacrifício perfeito e irrepetível de Cristo. Diante do tribunal de Deus já estamos salvos. Nossos pecados passados, presentes e futuros já foram tratados na cruz de Cristo. Porém, quanto ao processo da santificação, estamos sendo transformados de glória em glória na imagem de Cristo. Agora, Deus está trabalhando em nós, formando em nós o caráter de seu Filho. Se a justificação é um ato, a santificação é um processo que começa na regeneração e só terminará na glorificação. Se a justificação não tem graus, a santificação tem. Nem todos os salvos estão na mesma escala de crescimento rumo à maturidade. Precisamos, dia a dia, negarmo-nos a nós mesmos. Precisamos de alimento sólido e de exercício contínuo, a fim de fortalecermos as musculaturas da nossa alma. Se Cristo é o nosso substituto na justificação, ele é o nosso modelo na santificação.


Em terceiro lugar, quanto à glorificação seremos salvos. A salvação é um fato pretérito, uma realidade presente e uma garantia futura. Todos aqueles que foram conhecidos por Deus de antemão, foram também predestinados, chamados, justificados e glorificados. Muito embora a glorificação seja um fato consumado nos decretos de Deus, há de historificar-se apenas na segunda vinda de Cristo. Nós, que já fomos salvos da condenação do pecado e estamos sendo salvos do poder do pecado, seremos, então, salvos da presença do pecado. Receberemos um corpo imortal, incorruptível, poderoso, glorioso e celestial, semelhante ao corpo da glória de Cristo. Quando Cristo voltar, em sua majestade e glória, os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro e os que estiverem vivos, serão transformados e arrebatados para encontrarem o Senhor Jesus nos ares, e assim estaremos para sempre com o Senhor. Essa expectativa bendita não é apenas uma vaga esperança, mas uma certeza inabalável. Nós que fomos escolhidos na eternidade e chamados eficazmente no tempo, seremos recebidos na glória!


Rev. Hernandes Dias Lopes

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Um Estudo Bíblico sobre Jesus Cristo para te ajudar a se livrar de Comunidades e Igrejas que pregam o Evangelho Líquido, Relativista, Cinzento e Imoral.

Estudo Bíblico: Quem é Jesus Cristo? (Juan de Paula)

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Juan de Paula – Quem é Jesus Cristo? (Esboço de Pregação)

“Um homem que foi simplesmente um homem e disse as coisas que Jesus disse não poderia ser considerado um grande mestre da moral. Ou ele foi um lunático – do mesmo nível do homem que disse ser um ovo poché – ou foi o Diabo do Inferno. Você pode considerá-lo tolo, pode cuspir nele e matá-lo como se fosse um demônio; ou prostrar-se a seus pés e chamá-lo Senhor e Deus. Mas não podemos vir com essas idéias tolas e complacentes de que ele foi um eminente mestre humano. Ele não deixou brecha para isso. Ele não teve essa intenção.” (C. S Lewis)
Certa ocasião, quando novo convertido, estava participando de uma evangelização do bairro onde morava e entreguei um folheto para um homem no quiosque que me disse admirar Jesus Cristo. Ao conversar com ele, foi clara a sua percepção da pessoa de Jesus sendo alguém alternativo semelhante a Raul Seixas ou Bob Marley, ou um revolucionário como Che Guevara. E então debatemos sobre a pessoa de Cristo. Afinal, quem foi Jesus Cristo?
 
Vamos trabalhar em quatro etapas:
 
1 – A pessoa de Jesus Cristo (Cristologia) a luz da Bíblia.
 
2 – As heresias cristológicas ao longo da história da igreja (e suas conexões com a atualidade)
 
3 – As implicações práticas sobre a compreensão correta da pessoa de Jesus Cristo (o que este estudo tem a ver com a nossa relação com Deus)?
 
4 – Perguntas e Respostas.
 
Antes, desejo apenas definir o vocabulário Cristologia como um ramo da Teologia Sistemática (disciplina teológica que estuda os temas da Bíblia como um todo) que estuda a pessoa de Jesus Cristo.

1 – A pessoa de Jesus Cristo (Cristologia) a luz da Bíblia:

Classicamente definimos Jesus Cristo como o Deus-filho, uma pessoa, porém com duas naturezas, plenamente Deus, plenamente homem, 100% Deus, 100% homem. O nome técnico que deram no passado foi união hipostática, a união das duas naturezas, divina e humana na pessoa de Jesus Cristo. Ele o será assim para sempre.
Há um vasto material bíblico sobre essa temática.
 
1.1 – A humanidade de Jesus Cristo
 
1.1.2 – Nascimento Virginal: Mateus 1:18; 20; 24-25
 
1.1.3 – O corpo humano de Jesus: Foi um bebê (Lucas 2:7) e cresceu (2:40, 52). Experimentou sensações humanas: Cansaço (João 4:6); Sede (19:28); Fome (Mateus 4:2); Morte (Lucas 23:46); Angustia (João 12:27; 13:21); Choro (João 11:35) – porém nunca pecou (Hebreus 4:15) Impecabilidade (4:14-16).
 
Por que foi necessário que Jesus Cristo fosse humano?
 
R: Para obedecer a lei em nosso lugar (Romanos 5: 18-19); ser sacrifício substituto (Hebreus 2:16-17), único mediador entre Deus e os homens (1 Tm 2:5).
 
1.2 – A Divindade de Jesus Cristo:
 
1.2.1 – Jesus Cristo como Senhor (Lucas 2:11).
 
1.2.2 – Jesus Cristo como Deus (João 1:1)
 
1.2.3 – Jesus Cristo tem os atributos da divindade (João 2:1-11; Colossenses 1:16-17; Apocalipse 22:13).
 
A Bíblia revela que Jesus Cristo é plenamente divino (Colossenses 1:9; 2:9).
 
Por que a divindade de Jesus é necessária? Para a nossa salvação (Jonas 2:9).

2 – As heresias cristológicas ao longo da história da Igreja:

Quando começaram as controvérsias em torno da pessoa de Jesus Cristo na história, a Igreja Cristã teve que se posicionar, o que aconteceu no concílio de Calcedônia em 451.d.C Ali foi afirmado à plena divindade e plena humanidade de Jesus Cristo em uma só pessoa no Deus-filho.
 
2.1 – Apolinarismo: Sustentava que a pessoa de Jesus Cristo possuía um corpo humano, mas não uma mente ou espírito humano. O corpo era humano, mas a mente ou o espírito divino. Apolinário, bispo de Laodicéia, 361 d.C. Rejeitado pelo concílio de Alexandria 362 d.C e Constantinopla 381 d.C.
 
2.2 – Nestorianismo: Sustentava que havia duas pessoas distintas em Cristo, uma humana e outra divina. Nestório, pregador em Antioquia e, posteriormente, bispo de Constantinopla, 428. d.C. Curiosidade.
 
2.3 – Monofisismo (eutiquianismo): Uma pessoa e uma natureza. A natureza humana foi absorvida pela divina. Êutico (c. 378-454 d.C.), líder de um mosteiro em Constantinopla.
 
2.4 – Docetismo: Nega a humanidade de Cristo partindo do pressuposto que a matéria é má. Nenhum líder eclesiástico de destaque defendeu o docetismo mas essa heresia foi divulgada durante alguns séculos desde a época do apóstolo João.
 
Declaração de Calcedônia (8 de Outubro à 1º de Novembro de 451 d.C.)
(…) Todos nós, perfeitamente unânimes, ensinamos que se deve confessar um só e mesmo Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, perfeito quanto à divindade, perfeito quanto à humanidade, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, constando de alma racional e de corpo; consubstancial [hommoysios] ao Pai, segundo a divindade, e consubstancial a nós, segundo a humanidade; “em todas as coisas semelhante a nós, excetuando o pecado”, gerado segundo a divindade antes dos séculos pelo Pai e, segundo a humanidade, por nós e para nossa salvação, gerado da Virgem Maria, mãe de Deus [Theotókos];
 
Um só e mesmo Cristo, Filho, Senhor, Unigênito, que se deve confessar, em duas naturezas, inconfundíveis e imutáveis, conseparáveis e indivisíveis;[1] a distinção da naturezas de modo algum é anulada pela união, mas, pelo contrário, as propriedades de cada natureza permanecem intactas, concorrendo para formar uma só pessoa e subsistência [hypóstasis]; não dividido ou separado em duas pessoas. Mas um só e mesmo Filho Unigênito, Deus Verbo, Jesus Cristo Senhor; conforme os profetas outrora a seu respeito testemunharam, e o mesmo Jesus Cristo nos ensinou e o credo dos padres nos transmitiu.
Conexão:
 
Você consegue discernir grupos hoje que mantém uma posição semelhante com as heresias citadas acima?
 
O que pensar, por exemplo, dos Testemunhas de Jeová que não acreditam na divindade de Jesus Cristo?
“Quaisquer que sejam as tradições teológicas, historicamente, a cristologia de Calcedônia tem sido o divisor de águas entre o verdadeiro cristianismo e o falso cristianismo. Conforme elaborada e discutida em profundidade por Anselmo de Cantuária, Martinho Lutero, João Calvino, Karl Barth e centenas de outros, a Definição de Calcedônia – embora vista como obsoleta por muitos – continua sendo o modelo clássico para cristologia porque procura ser fiel às Escrituras.” J. Scott Horrell – professor do Dallas Theological Seminary, ex-missionário no Brasil.

3 – As implicações práticas sobre a compreensão correta da pessoa de Jesus Cristo (o que este estudo tem a ver com a nossa relação com Deus)?

3.1 – Crer corretamente implica em uma piedade, uma relação com Deus mais profunda. Para estarmos conectados com Cristo, precisamos conhece-lo. “Para sentir profundamente, precisa pensar profundamente” C.J. Mahaney.
 
3.2 – Esta crença direciona para a glória de Deus (2 Coríntios 4:6). Isso mostra que Jesus Cristo é poderoso, trás alegria e paz (João 14:27), é o pão da Vida (João 6:35) e cordeiro de Deus que resgata os nossos pecados (Apocalipse 4:6).
 
3.3 – Qual o problema de não crer corretamente para a devoção? Se focarmos apenas na divindade de Jesus, nossa devoção será farisaica, legalista, moralista e religiosa não levando em conta que Jesus chorou e teve compaixão das pessoas. Se focarmos apenas na humanidade de Jesus, nossa devoção será carnal, humanista e libertina sem considerar que Deus é Santo e chama os salvos para crescerem em santidade (Levíticos 11:44).

No prelo: Jesus Vintage

JESUS VINTAGE: Respostas Atemporais para Questões Atuais. (Mark Driscoll & Gerry Breshears)
 
Mais de dois mil anos depois de ter andado sobre a terra, Jesus Cristo ainda é um assunto quente. De acordo com várias teorias de conspiração e mentiras ridículas sobre Jesus, que têm permeado a cultura popular e até mesmo o meio acadêmico durante anos, a verdade sobre seu caráter, sua natureza e obra não mudou nada. Então, qual é a pura verdade sobre Cristo? Jesus é o único Deus? Por que Jesus veio a terra? Jesus ressuscitou mesmo dos mortos? Por que devemos adorar Jesus? São perguntas como estas que este livro busca responder. Os que estiverem prontos para examinar profundamente o tema, encontrarão respostas sólidas e bíblicas para as perguntas mais difíceis e contraditórias que possam imaginar, apresentadas de modo relevante e accessível.
 



Fonte:
http://www.tempodecolheita.com.br/blog/estudo-biblico-quem-e-jesus-cristo-juan-de-paula/