O jejum
é uma prática milenar, porém em desuso na igreja cristã contemporânea. O jejum
está presente tanto no Antigo como no Novo Testamento. Os profetas, os
apóstolos, Jesus e muitos homens de Deus ao longo da história experimentaram os
benefícios espirituais por intermédio do jejum. Os santos de Deus em todos os
tempos e em todos os lugares não somente creram no jejum, como também o
praticaram. Hoje, porém, são poucos os crentes que jejuam com regularidade e
ainda há muitas dúvidas acerca da sua necessidade e de seu funcionamento.
O que é jejum? É a abstenção de alimento por um
período definido para um propósito definido. O jejum não é apenas abstinência
de alimento. Não é um regime para emagrecer. Ele deve ter propósitos
espirituais claros. Jejum é fome de Deus, é saudade do céu. A Bíblia diz que
comemos e bebemos para a glória de Deus e também jejuamos para a glória de Deus
(1Co 10.31). Se comemos para a glória de Deus e jejuamos para a glória de Deus,
qual é a diferença entre comer e jejuar? Quando jejuamos nos alimentamos do pão
da terra, símbolo do Pão do céu; mas quando jejuamos não nos alimentamos do
símbolo, mas da essência, ou seja, nos alimentamos do próprio Pão do céu.
Jejuar é amar a realidade acima do emblema. O alimento é bom, mas Deus é melhor
(Mt 4.4; Jo 4.32). A comunhão com Deus deve ser a nossa mais urgente e
apetitosa refeição. Nós glorificamos a Deus quando o preferimos acima dos seus
dons.
O maior obstáculo para o jejum não são
as coisas más, mas as coisas boas.
Nem sempre nos afastamos de Deus por coisas pecaminosas em si mesmas. Os mais
mortíferos apetites não são pelos venenos do mal, mas pelos simples prazeres da
terra, os deleites da vida (Lc 8.14; Mc 4.19). “Os prazeres desta vida” e “os
desejos por outras coisas” não são um mal em si mesmos. Não são vícios. São
dons de Deus. No entanto, todas elas podem tornar-se substitutos mortíferos do
próprio Deus em nossa vida. Jesus disse que antes de sua volta as pessoas
estarão vivendo desatentas como a geração que pereceu no dilúvio. E o que elas
estavam fazendo? Comendo e bebendo, casando-se e dando-se em casamento (Mt
24.37-39). Que mal há em comer e beber, casar e dar-se em casamento? Nenhum!
Mas, quando nos deleitamos nas coisas boas e substituímos Deus pelas dádivas de
Deus estamos em grande perigo. O jejum não é fome de coisas boas; o jejum é
fome de Deus. O jejum não é fome de coisas que Deus dá; o jejum é fome do Deus
doador. Nossa geração corre atrás das bênçãos de Deus em vez de buscar o Deus
das bênçãos. Deus é melhor do que suas dádivas. O abençoador é melhor do que a
bênção.
O propósito do jejum não é obter o
favor de Deus ou mudar a sua vontade (Is 58.1-12). Tampouco impressionar os outros com
uma espiritualidade farisaica (Mc 2.16-18). Nem é para proclamar a nossa
própria espiritualidade diante dos homens. Jejum significa amor a Deus. Jejuar
para ser admirado pelos homens é ter uma motivação errada. Jejum é fome do
próprio Deus e não por aplausos humanos (Lc 18.12). É para nos humilharmos
diante de Deus (Dn 10.1-12), para suplicarmos a sua ajuda (2Cr 20.3; Ed 4.16) e
para voltarmo-nos para Deus com todo o nosso coração (Jl 2.12,13). É para
reconhecermos a nossa total dependência divina (Ed 8.21-23). O jejum é um
instrumento para fortalecer-nos com poder divino, em face dos ataques do
inferno (Mc 9.28,29).
É tempo da igreja jejuar! É tempo da igreja voltar-se para Deus
de todo o seu coração, com jejuns e com pranto. É tempo de buscar um
reavivamento verdadeiro que traga fome de Deus em nossas entranhas, que traga
anseio por um profundo despertamento da realidade de Deus em nossa igreja, em
nossa cidade, em nossa nação!
Rev. Hernandes
Dias Lopes