sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Deus no Blog do Pastor Luciano Sena

Leandro Quadros adverte: ‘não leiam o Blog MCA’ – minha resposta

Caro Leandro Quadros, diante de suas observações sobre a postagem “Leandro Quadros: cair no 'espírito' não pode... mas Ellen White podia?!” quero disponibilizar uma resposta ao que apresentou como justificativas aos histerismos de Ellen White:

 
1. O ‘contraponto’.
Quando você propôs o ‘contraponto’, na verdade se tornou mais ‘divino’ do que pretendia. Acabou por dizer que o atual movimento de ‘cair’ não produz frutos do Espírito no caráter. Como que se apenas o movimento carismático ariano adventista teve os frutos proposto em Gl 5.22,23 e que o atual não revela isso. Desde quando o senhor tem essa capacidade de dizer que uma igreja que é bagunçada em sua liturgia não pode ser depositaria do Espírito Santo na produção de Seus frutos? Sua intenção foi apenas deixar um subterfúgio para justificar os tombos de Ellen White.
2. “Não tive o propósito de avaliar todas as experiências carismáticas dos filhos de Deus de todas as épocas”
Porém disse: “a Terceira pessoa da trindade não gosta das manifestações pentecostais pós-modernas...”. Vamos considerar 1960 como uma data [bem aberta] para o início desse período. Então você acha que esquadrinhou o movimento pentecostal pós-moderno de maneira que pôde dizer que as experiências têm a antipatia do Espírito Santo? Com isso você deixou claro que suas objeções aos pentecostais teria uma exceção temporal, a saber; os dias de Ellen White, pelo que posso perceber quando escreveu: “Se o MCA tivesse consultado essa obra primária básica [Os Adventistas do Sétimo Dia e as experiências carismáticas] talvez não tivesse cometido tamanho deslize em comparar as experiências carismáticas genuínas, ocorridas entre alguns cristãos sinceros nas décadas de 1830 e 1840, com o atual “cair no espírito” sobre uma influência que não vem do pacífico Espírito Santo”
O ‘ouve e há experiências genuínas’ apenas deixaram seu argumento ambíguo, visto que sabemos como os adventistas tratam as outras denominações. No seu site mesmo alguns comentários (que quando vem de adventistas são liberados rapidamente) revelam a verdadeira indisposição dos adventistas para com as experiências carismáticas. Um adventista por exemplo escreveu:
"Eu tenho feito estudos bíblicos com um casal que acredita muito nesta história de dons de linguas, batismo do Espirito Santo, etc. É muito complicado colocar na mente das pessoas que vem de crenças pentecostais que estas manifestações não são de nenhum proveito para a vida do Cristão e muito menos de Deus. Eu sempre digo que ser Cristão é simples, não tem esse negócio de “poder, rolar no chão, falar nada com nada, etc”.  (Na Mira da Verdade)


Leandro Quadros, sabe qual é o seu problema? Um compromisso cego em defender o mito Ellen White! Embora acusou-nos de ‘incoerentes’, suas palavras demonstram incoerência tamanha que não sabe o que quer dizer de fato. Na verdade, levando a história em conta, para você, os pentecostais estão sob influência demoníaca simplesmente por não serem os adventistas histéricos que esperaram Jesus voltar na pedra da ascensão em 22 de outubro de 1844!!! Essa não seria, conforme você questionou a validade das experiências carismáticas, uma prova de que as tais experiências estavam levando-os para longe da Palavra (Mateus 24.36)???

 
3. ‘O MCA não diferenciou experiências genuínas de Ellen White das que jogam pessoas no chão’.
Lamentável que você não tratou das que jogaram Ellen White no chão!!! Só nos disse que ‘ela perdia as forças’ mas isso vinha acompanhado de “paz com Jesus”. Obviamente que os meus irmãos pentecostais [digo isso de verdade!] tem A Paz de Jesus, mesmo errando em manifestar exteriormente o culto da maneira que fazem. Se fosse esse o caso, não tem nada de diferente nos tombos de Ellen White com as do Benny Hinn.
4. “O MCA TEM DE EXPLICAR AO LEITOR COMO ELLEN WHITE PODERIA TER AS MESMAS EXPERIÊNCIAS CARISMÁTICAS DA ATUALIDADE E, AO MESMO TEMPO, CONDENÁ-LAS.”
Se ela teve as mesmas experiências, e as criticou, é o problema ‘bipolar denominacional’. Aqui é de Deus lá é do diabo! Simples não é mesmo?
Eu sei que na verdade você está negando, pois disse que os contemporâneos poderiam contraditar ela. Pois bem, mas quando agente consegue alguém que disse exatamente isso que você pediu, você sai correndo dizendo que é ‘um apóstata que escreveu bobagens’...
“Nada disse acerca da gritaria, das prostrações físicas, das demonstrações de humildade voluntária (arrastar-se, latidos). Aparentemente, estas estavam presentes em muitas das primeiras reuniões adventistas. Lucinda Burdick observou essas atividades fanáticas em reuniões a que assistia com os White: "Quando os conheci pela primeira vez [Ellen e Tiago White], eram exageradamente fanáticos – costumavam sentar-se no solo em vez de em cadeiras, engatinhar pelo piso como criancinhas. Tais extravagâncias eram consideradas sinais de humildade”.O propósito dessa atividade de engatinhar não era só para demonstrar humildade. John Doore testificou no tribunal que havia "visto homens e mulheres engatinhar pelo solo sobre mãos e pés”.George S. Woodbury disse: "Minha esposa e Dammon passaram pelo piso engatinhando sobre mãos e pés”. Bruce Weaver explica como se praticava essa atividade entre os primeiros adventistas: "Um correspondente do Norway Advertiser oferece uma descrição do engatinhar que teve lugar na casa do capitão John Megquier em Poland, Maine: ‘Raras vezes se sentam em qualquer posição que não seja sobre o piso desnudo... na reunião a que ele assistiu, uma mulher se pôs sobre as mãos e pés, e engatinhou por todo o piso como uma criança. Um homem, na mesma posição, a seguiu, chocando-se cabeça com cabeça várias vezes. Outro homem se estendeu de costas sobre a cama em toda sua extensão, e três mulheres o cruzaram com seus corpos”. Pelos idos de 1894, a Sra. White parece ter mudado de posição quanto às inusitadas atividades praticadas pelos primeiros adventistas:"Cada parte do serviço de Cristo se caracterizará pelo decoro e a reverência. A verdade de Cristo não pode limitar-se a um certo âmbito, mas será ativa na criação do ambiente, da conduta, dos hábitos, e das práticas que estarão em harmonia com seu Autor. Tudo se fará decentemente e com ordem. Os métodos descontrolados, os caprichos estranhos, e a confusão não estão autorizados pelo Deus de ordem”. (A Nuvem Branca).
Pelo que ela disse (e em sua citação também), ela estava abrindo os olhos para as experiências que tiveram nos primórdios do adventismo. Minha interpretação dessa tendência é como se segue: Ela teria que tirar o fluxo profético dentre o movimento adventista para estabelecer a sua Cátedra Papal. Tanto que após ela não se aceitou mais profetas 'de seu calibre', ainda que para mantê-la como espírito de profecia, devem defender os ‘dons do Espírito’. Ela fechou o profetismo no seio adventista, deixando de ser um movimento ‘benny hinn’, com um solo fétil para novos profetas, e passou a ser mais tradicional. Algo semelhante ocorreu com os wesleyanos*.
CONCLUSÃO
Leandro Quadros, embora você classificou sua postagem como ‘útil e irrefutável’ e as postagens do MCA ‘como incoerentes, rasas e sem cristianismo’, o fato é que destacamos, levando em consideração a seu artigo, um detalhe que você fez questão de omitir em sua postagem: Ellen White caia, e muuuuuiiito! E que ela sim foi incoerente quando disse “Os métodos descontrolados, os caprichos estranhos, e a confusão não estão autorizados pelo Deus de ordem” ao passo que nem se lembrou do quanto fez exatamente isso!

 
*Nenhuma das extravagâncias emocionais são produzidas pelo Espírito Santo. Nenhuma! Quer seja em Wesley ou Edwards, o que eles presenciaram foram exteriorizações daquilo que a pessoas aceitaram com fé e verdade e se arrependeram drasticamente. No período bíblico as revelações causavam o que era normal. Choque emocional diante de uma visão extraordinária. Mais nada.

O que devemos distinguir é se tais exteriorizações são genuínas – isto é: se resultam de uma expressão sentimental legítima. Ou se é uma manipulação emocional por parte do que está se manifestando de certa maneira ou o próprio clima o induz a um êxtase frenético. No segundo caso, torna-se uma manifestação pecaminosa por envolver falsidade para promoção própria entre o grupo.


 

Padre Zezinho sofre leve AVC e está internado no Pio XII em São José


Religioso apresentou falta de memória e dificuldade na fala.
De acordo com os médicos quadro apresenta melhora progressiva.
O escritor e cantor, José Fernandes de Oliveira, conhecido como Padre Zezinho, foi vítima de um leve Acidente Vascular Cerebral (AVC) do tipo isquêmico na noite desta quarta-feira (19).
O religioso, que mora em Taubaté, no interior de São Paulo, foi trazido para o Hospital Pio XII, em São José dos Campos, onde permanece internado.
Segundo os médicos, o diabetes pode ter provocado a falta de circulação em uma área do cérebro afetando a memória e a fala do sacerdote.
De acordo com o boletim médico divulgado na tarde desta quinta-feira (20) o paciente apresentou melhora progressiva e vai permanecer internado para fazer novos exames neurológicos.
Padre Zezinho é autor de 1.500 canções religiosas, tendo gravado 120 discos e escrito pelo menos 55 livros.

G1

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

A ORIGEM DIVINA DO BATISMO INFANTIL

Deus sempre tem tido um povo seu, através dos séculos, desde os tempos de Adão, quando prometeu que uma futura Semente da mulher havia de ferir a cabeça da Serpente. Adão, Sete, Noé e Abraão foram os primeiros destacados representantes do povo de Deus. O povo escolhido, em todos os tempos, constitui a igreja visível, aqui no mundo. E sempre que Deus fazia um pacto com um dos representantes do seu povo, incluía nele os filhos dos fiéis.

Deus fez um pacto de obras com Adão, que foi por este violado, trazendo, destarte, a desgraça para todos os seus filhos e descendentes. O mal, todavia, foi compensado pela promessa de um Salvador. Deus fez outra aliança com Noé, válida igualmente para a sua posteridade, prometendo-lhe não mais destruir os viventes de sobre a face da terra por meio de um novo dilúvio. O arco-íris foi escolhido para ser o sinal visível dessa aliança (Gn. 9:8-17).

No Monte Sinai, Deus fez uma aliança com o seu povo, na qual estavam incluídas as criancinhas. Mais tarde, esse mesmo pacto foi renovado, nas planícies de Moab, quando o povo de Israel estava para entrar na Terra Prometida. Nessa ocasião, Moisés concita o povo a renovar a sua aliança com Jeová, nos seguintes termos: “Guardai as palavras desta aliança, e cumpri-as, para que prospereis em tudo quanto fizerdes. Vós estais hoje todos diante de Jeová, vosso Deus; as vossas cabeças, as vossas tribos, os vossos anciãos e os vossos oficiais, a saber, todos os homens de Israel, os vossos pequeninos, vossas mulheres, e o peregrino que está no meio dos vossos arraiais, desde o rachador de tua lenha até o tirador da tua água” (Dt. 29:9-11). Já se vê, por esta declaração de Moisés, que, na lista dos agraciados pela aliança de Deus com o povo, foram incluídos os pequeninos.

O mais importante dos pactos que Deus fez na antiguidade foi, sem dúvida, aquele firmado com Abraão, o grande pai de todos os que crêem. E as criancinhas têm um lugar proeminente nesse pacto. Ademais, teremos ocasião de ver que esse concerto ainda está em vigor para nós, que somos os filhos espirituais de Abraão.

Eis os termos da aliança de Deus com Abraão: “Estabelecerei a minha aliança entre mim e ti e a tua semente depois de ti” (Gn. 17:7). Abraão tinha noventa e nove anos quando foi circuncidado (Gn. 17:24) e isto em sinal da sua justificação pela fé, já comprovada antes da sua circuncisão (Rm. 4:11). “Recebeu o sinal da circuncisão, selo da justiça da fé que teve, quando não era circuncidado; para que fosse ele pai de todos os que crêem, ainda que não sejam circuncidados, a fim de que a justiça lhes fosse imputada; e fosse também pai da circuncisão para aqueles que não somente são da circuncisão, mas que também andam nas pisadas da fé que teve nosso pai Abraão antes de ser circuncidado”.

Ismael tinha treze anos, quando foi submetido ao rito da circuncisão (Gn. 17:25). Isaac tinha apenas oito dias de idade, quando foi circuncidado (Gn. 21:4). Para que uma pessoa se tornasse membro da congregação do povo de Deus naquele tempo, era preciso que fosse circuncidada. As mulheres, as filhas, as esposas e todas as crianças do sexo feminino, acompanhavam os pais, os irmãos e os esposos e eram por eles representadas. Todos faziam parte do povo de Deus. O rito de iniciação ou de ingresso na Igreja visível daquele tempo e de toda a Velha Dispensação era a circuncisão, que era geralmente administrada aos meninos de oito dias de idade (Gn. 17:12; Lv. 12:3; Lc. 2:21; Lc. 1:59; Fp. 3:5). Os adultos que vinham de fora uniam-se ao povo de Deus, em virtude da sua própria fé, sendo circuncidados, mas os meninos eram admitidos, pelo mesmo rito, em virtude da fé professada pelos pais.

As passagens acima citadas tornam bem claro que, desde os tempos antigos, Deus determinou que as crianças, filhas de pais crentes, fizessem parte da sua Igreja visível, aqui no mundo. Está, portanto, claramente estabelecida a origem divina da inclusão dos pequeninos na Igreja de Deus. Veremos que esse direito das criancinhas nunca lhes foi cassado. Sendo, pois, as crianças membros infantis da Igreja, têm elas o direito ao sinal exterior e visível dessa preciosa realidade, que, na Antiga Dispensação, foi a circuncisão e na Nova, é o batismo. Prossigamos com as provas bíblicas da nossa tese.

O batismo é o rito da iniciação na Igreja Cristã, na dispensação da graça (At. 2:41). Ao que nos consta, são somente os Irmãos de Plymouth (darbistas), entre os cristãos evangélicos, os que contrariam esse conceito e não podiam deixar de o fazer, desde que não admitem a existência de uma Igreja terrena e visível, como essa que nós julgamos ter sido fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo e que continua até hoje, porque as portas do inferno não podem prevalecer contra ela. Lucas liga intimamente o batismo com a admissão das três mil pessoas que se converteram pela palavra de Pedro. Em Atos 2:41, relata-nos o escritor que foram batizadas e admitidas três mil pessoas e, logo em seguida, no versículo 42, refere-se à doutrina, à comunhão e ao partir do pão, que uniam os neo-conversos aos seus irmãos. Somos irresistivelmente levados a concluir que tinham sido admitidos à comunhão dos santos, isto é, à comunhão do povo de Deus, que constitui a sua Igreja visível, no mundo. Somente uma interpretação arbitrária poderia chegar a outra conclusão. Tomamos, pois, como provado que os neoconvertidos dos tempos apostólicos eram admitidos à comunhão da Igreja pelo rito do batismo.

O batismo no Novo Testamento é denominado a circuncisão de Cristo (Cl. 2:11, 12). Nessa passagem, tanto o batismo com a circuncisão devem ter um sentido espiritual. Referem-se à nova vida em Cristo. Dessa nova vida são símbolos o batismo com água e a circuncisão carnal. Esses dois ritos representam a mesma coisa, como teremos ocasião de provar mais detalhadamente. O batismo na Nova Dispensação significa tudo quanto significava a circuncisão na Velha. É justo, pois, concluir que a circuncisão foi substituída pelo batismo cristão.

Em nenhuma parte do Novo Testamento encontramos qualquer passagem que exclua as crianças da Igreja de Deus. Ora, sendo o batismo, na Nova Dispensação, o sinal de inclusão na Igreja, segue-se que os filhos dos crentes, hoje, não têm menos direito ao batismo do que tinham os filhos dos israelitas à circuncisão.

Pedro, no dia de Pentecoste, confirma o direito das crianças por nós defendido. Pregando o Evangelho a adultos capazes de compreender a sua mensagem e capazes de crer, disse-lhes ser necessário que se arrependessem e fossem batizados em nome de Jesus Cristo (At. 2:38). Não exigiu o arrependimento ou a fé por parte das crianças, incapazes do exercício desses atos; não obstante, as incluiu na lista dos beneficiados pelas bênçãos conferidas por meio das promessas de Deus ao seu povo. Dirigindo a palavra aos pais crentes, disse-lhes: “Para vós é a promessa e para vossos filhos, e para todos os que estão longe, a quantos chamar o Senhor nosso Deus” (At. 2:39).

A promessa a que Pedro se refere é, sem dúvida, aquela que foi feita ao povo de Deus por intermédio de Abraão e se estende a todos os que crêem (Rm. 4:11, 13 e 17). Nós, os crentes, somos a descendência espiritual de Abraão e os herdeiros das promessas que lhe foram feitas. É Paulo que no-lo diz: “Justamente como Abraão creu a Deus, e foi-lhe imputado para justiça; sabei, pois, que os que são da fé, esses são filhos de Abraão. A Escritura, prevendo que Deus justificaria os gentios pela fé, de antemão anunciou as boas novas a Abraão: ‘Em ti serão bem-aventuradas todas as nações’. Assim os que são da fé, são bem-aventurados com o fiel Abraão” (Gl. 3:6-9). Pedro afirmava a mesma verdade, quando dizia aos três mil batizados no dia de Pentecostes: “A promessa é para vós e para vossos filhos”.

Em Efésios 2:11-16, encontramos ainda outra declaração categórica de que nós, os gentios, fomos também incluídos na aliança da promessa feita aos da circuncisão:

“Portanto, lembrai-vos de que, outrora, vós, gentios na carne, chamados incircuncisão por aqueles que se intitulam circuncisos, na carne, por mãos humanas, naquele tempo, estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança e sem Deus no mundo.”

“Mas, agora, em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, fostes aproximados pelo sangue de Cristo.

Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos fez um; e, tendo derribado a parede da separação que estava no meio, a inimizade, aboliu, na sua carne, a lei dos mandamentos na forma de ordenanças, para que dos dois criasse, em si mesmo, um novo homem, fazendo a paz, e reconciliasse ambos em um só corpo com Deus, por intermédio da cruz, destruindo por ela a inimizade.”

Ainda mais: outro escritor inspirado nos qualifica de “herdeiros da promessa” (Hb. 6:17). Se a promessa, e a aliança que Deus fez com o seu povo, é para nós e nossos filhos, estes estão incluídos entre os que constituem a Igreja de Deus e têm direito ao sinal visível desse privilégio.

Há quem afirme que Pedro se refere somente a filhos adultos de crentes em At. 2:39, mas assim não compreenderiam os ouvintes de Pedro, que eram judeus convertidos, pois eles sabiam que a promessa a que ele aludira era a mesma que Deus fizera a Abraão e aos seus descendentes e que, portanto, incluiria os filhos menores de todos os crentes nas promessas. Isaac, e muitos outros meninos de oito dias apenas, foram publicamente incorporados ao povo de Deus, pela circuncisão.

É significativo que Pedro mencione três classes de pessoas às quais se fez a promessa: (1) Vós; eram os adultos que ouviam a sua pregação, na maioria judeus e prosélitos do judaísmo, crentes na religião do povo de Deus. (2) Vossos filhos; isto é, os filhos dos adeptos da religião de Deus. (2) Todos os que estão longe, a quantos chamar o Senhor nosso Deus; isto é, os demais eleitos de Deus, judeus e gentios, que haviam de aceitar o Evangelho no futuro.

Os judeus, na Antiga Dispensação, já estavam acostumados a incluir os filhos na Igreja visível de Deus, pelo rito da circuncisão. Não podiam, portanto, interpretar as palavras de Pedro, senão de modo a incluir os filhinhos na Igreja visível da Nova Dispensação. Na Igreja, seriam incluídos os que ouviam e criam no Evangelho, os seus filhos e todos os demais eleitos que viessem a ser chamados por Deus para fazer parte do seu povo.

Os filhos de cristãos no Novo Testamento são chamados  santos, mesmo quando somente um dos pais é crente. O apóstolo Paulo declara: “O marido incrédulo é santificado na mulher, e a mulher incrédula é santificada no irmão; de outra maneira os vossos filhos seriam imundos, mas agora são santos” (1Co. 7:14). São santificados os filhos em virtude da fé professada pelos pais. Para Paulo, santos são os próprios membros da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ele escreveu várias cartas dirigidas aos  santos, que eram membros de diversas igrejas (1Co. 1:2; Rm. 1:7; Ef. 1:1; Fp. 1:1). Concluímos que as crianças, santos, filhos de crentes, são membros da igreja e, por isso mesmo, devem ser batizados.

Até aqui, temos demonstrado, à luz das Escrituras, que o próprio Deus determinou fossem as crianças incluídas na sua Igreja visível, desde o tempo de Abraão, e que essa determinação divina não foi revogada, na Nova Dispensação, mas antes, confirmada pelos claros ensinos dos apóstolos Pedro e Paulo. E, sendo as crianças, por determinação divina, membros da Igreja de Deus, devem também receber o sinal visível desse fato auspicioso, o santo batismo instituído por Nosso Senhor Jesus Cristo (Mt. 28:19).


Por Philippe Landes, via: monergismo. net.br; adaptação para o blog: rev. Ronaldo P Mendes. 

 

QUANDO A GANÂNCIA NOS DOMINA (COLIBRI OU ESPÍRITO SANTO?)


Por Pr. Silas Figueira


“Porque nada temos trazido para o mundo, nem coisa alguma podemos levar dele. Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes. Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição. Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores. Tu, porém, ó homem de Deus, foge destas coisas; antes, segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a constância, a mansidão” 1Tm 6.7-11.

O apóstolo Paulo alerta seu filho na fé Timóteo que há um perigo que nos rodeia e que devemos tomar redobrado cuidado, esse perigo é a ganância. Que é o desejo de ficar rico sem qualquer escrúpulo.

Paulo na verdade está repetindo, em outras palavras, o que o Senhor Jesus disse no Sermão do Monte, quando alertou aos seus discípulos que não podemos servir a dois senhores:

“Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas” (Mt 6.24).

O termo riqueza ou mamom é usado para descrever a cobiça que domina o coração de uma pessoa. A palavra mamom é uma transliteração da palavra hebraica "Mamom" (מָמוֹן), que significa literalmente "dinheiro". Nas palavras tanto de Jesus como nas de Paulo o desejo de ficar rico leva a ganância ou avareza, e dessa forma quem é dominado por esse desejo acaba se afastando de Deus que é o provedor de todas as coisas e passa a confiar em Mamom como o único provedor em sua vida. Esse demônio é descrito como devorador de almas, e um dos sete príncipes do Inferno. Sua aparência é normalmente relacionada a um nobre de aparência deformada, que carrega um grande saco de moedas de ouro, e "suborna" os humanos para obter suas almas. Em outros casos é visto com uma espécie de pássaro negro (semelhante ao Abutre), porém com dentes capazes de estraçalhar as almas humanas que comprara [1].

Independentemente de sua aparência esse demônio tem seduzido muitas pessoas e a Bíblia nos alerta do perigo que é se deixar seduzir por ele. O primeiro perigo que a Bíblia nos alerta é que podermos nos tornar uma pessoa ambígua, ou seja, ficamos divididos entre dois senhores. No caso em questão a pessoa deixa de adorar a Deus pelo que Ele é e passa a servir a Mamom pelo o que ele pode vir a dar. Com isso, a pessoa que está dividida, na verdade está longe de Deus e está totalmente servindo a Satanás, pois o próprio Jesus deixou bem claro que não podemos servir a dois senhores e o Senhor não se deixa escarnecer. Veja o que ele disse aquele homem que queria servi-lo, mas que para isso ele deveria vender tudo que tinha e distribuir com os pobres, depois segui-Lo. Jesus não tinha nada contra o que ele possuía, mas da forma idolátrica que ele possuía os seus bens. A sua confiança e a sua religião estavam firmadas no que ele possuía e não em Deus que ele dizia servir (Mt 19.16-22). É bom lembrar que predominava entre os judeus daqueles dias a ideia de que as riquezas eram um sinal do favor de Deus, e que a pobreza era um sinal de falta de fé. Jesus então está mostrando para os discípulos que quem confia nas riquezas e não em Deus não entrará no Reino de Deus. Para isso Jesus ilustra a Sua palavra falando que é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha (agulha de costura), do que entrar um rico no Reino de Deus:

“Então, disse Jesus a seus discípulos: Em verdade vos digo que um rico dificilmente entrará no reino dos céus. E ainda vos digo que é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus” (Mt 19.23,24).

A Bíblia nos mostra que essa busca insaciável e avarenta pelas riquezas é idolatria, a qual é demoníaca (cf. 1Co 10.19,20; Cl 3.5), e há muitos cristãos caindo nessa ilusão.

Segundo perigo que a Bíblia nos alerta é que quem é dominado por esse desejo é levado a ruína e a perdição (1Tm 6. 9).

Observe como essa ruína e perdição ocorrem. Em primeiro lugar Paulo diz que essa cobiça é uma tentação, ou seja, procede de Satanás, pois Deus não tenta ninguém e nem pode ser tentado: “Ninguém, ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta” (Tg 1.13). Deus prova os seus servos e provação é diferente de tentação (cf. Gn 22).  

Em segundo lugar, Paulo nos diz que isso é uma cilada, uma armadilha para derrubar os incautos. Essa tentação leva a uma cilada que leva a muitas concupiscências insensatas e perniciosas, ou seja, o senso moral fica totalmente ofuscado como resultado da paixão que o domina [2]. A pessoa passa a agir de forma impensada, pois é dominada por um desejo incontrolável, tal pessoa perde o senso, ou seja, é dominado por uma concupiscência insensata (sem senso, que perdeu a razão). Outro detalhe que Paulo nos chama a atenção é que essa concupiscência é perniciosa. Esse termo quer dizer que é algo prejudicial, nocivo, ruinoso; perigoso. É como se a pessoa estivesse com uma febre muito grave, acompanhada de delírios, e amiúde mortal.

Em terceiro lugar, Paulo fala que tal desejo leva a pessoa à morte; morte essa que pode ser tanto espiritual quanto física, pois a pessoa é afogada na ruína e perdição. Paulo está dizendo que tal pessoa está em total decadência e desgraça. Esse é o preço pago pela ganância.  Um exemplo disso é o Mister Colibri, onde milhares de pessoas pensam que irão ficar ricas ou até mesmo milionárias da noite para o dia ganhando cerca de 240% de lucro ao mês. Isso não existe, mas tem pessoas cegas pela ganância que não conseguem ver isso.      



Moeda virtual não tem lastro

A dona de casa Ivonete Mendes, de Itatiba, interior de São Paulo, é associada do Mister Colibri há quatro meses. Além dela, a irmã, a mãe e dois sobrinhos também aderiram ao site. Ivonete investiu R$ 5.000 e recebe cerca de R$ 1.300 por mês. Sua irmã já investiu R$ 15 mil e ganha mais de R$ 2.000 por mês. "É uma empresa maravilhosa, só preciso assistir a um minuto e meio de propaganda", comemora.

Para conseguir esse lucro, ela precisa vender seu dinheiro virtual, os LPs, a outros associados, geralmente os que são mais novos no esquema. "Quando preciso de dinheiro rápido, vendo cada LP por R$ 1,70, mas já cheguei a vender por R$ 2".

O problema é que quando houver mais vendedores que compradores, o LP vai se desvalorizar, até que os associados percebam que ele não tem valor nenhum. "É uma temeridade pessoas darem dinheiro para algo que não tem nenhuma regulamentação e nem garantia legal", diz o professor de gestão empresarial da faculdade IBS/FGV, Pedro Leão Bispo.

"Captar dinheiro sem oferecer nenhum produto ou serviço é crime contra a economia popular", esclarece o advogado especialista em direito criminal Fernando Khaddour. "Não conheço a Mister Colibri e não posso falar sobre a empresa, mas cabem investigações do Ministério Público ou da Polícia Federal para que sejam esclarecidas as formas de operação da empresa". (PG) [3]. 

Esse amor às riquezas levam as pessoas a aprofundar raízes em todo tipo de males:

"Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores".

Primeiramente, se desviam da fé, ou seja, a pessoa se apostata da fé deixando de servir a Deus para servir os seus próprios interesses, pois passa a amar o dinheiro mais que a Deus. E segunda coisa que ocorre por se apostar da fé é que a própria pessoa se fere ou se transpassa com muitas dores. As consequências são as piores possíveis na vida do ganancioso. A ganância cega e leva a pessoa a amar a si mesmo (egoísmo) e passar por cima de tudo e de todos.

A MAIOR RIQUEZA É O SENHOR EM NOSSAS VIDAS

“Porque nada temos trazido para o mundo, nem coisa alguma podemos levar dele. Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes. Tu, porém, ó homem de Deus, foge destas coisas; antes, segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a constância, a mansidão”

Depois de Paulo alertar dos perigos da riqueza, ou melhor, do amor ao dinheiro, ele mostra a Timóteo o que é prioridade na vida.

Em primeiro lugar, que na vida nada trazemos e nada levaremos dela. Em outras palavras Paulo está nos dizendo que tudo que alcançarmos nessa terra é lucro, mas ao mesmo tempo é fugas e passageiro. Observe o que ele disse: “Porque nada temos trazido para o mundo, nem coisa alguma podemos levar dele. Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes”. O termo contente que dizer que temos satisfação em tudo, que estamos satisfeito com que o Senhor tem nos dado. É isso que Paulo nos fala em Filipenses 4. 10-13:

“Alegrei-me, sobremaneira, no Senhor porque, agora, uma vez mais, renovastes a meu favor o vosso cuidado; o qual também já tínheis antes, mas vos faltava oportunidade.

Digo isto, não por causa da pobreza, porque aprendi a viver contente em toda e qualquer situação.Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez; tudo posso naquele que me fortalece”.

Segunda coisa que Paulo nos mostra é devemos fugir dessa tentação, pois ela pode ser maior que nossa resistência e não conseguiremos resisti-la: “Tu, porém, ó homem de Deus, foge destas coisas”. Com o pecado não se brinca, pelo contrário se foge-se dele.

Terceira coisa que Paulo lembra a Timóteo é que existem riquezas maiores a serem perseguidas. “Antes, segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a constância, a mansidão”. Essas sim são riquezas que devemos buscar constantemente para sermos ricos aos olhos de Deus e também diante dos homens. Pois essas riquezas espirituais moldam e revelam o nosso caráter e nos faz testemunhas fiéis diante dos homens e diante de Deus.

Quero concluir dizendo que a ganância é o maior mal que entrou em nossas igrejas com o nome de Evangelho da Prosperidade. Esse espírito que na verdade é o espírito de mamom tem estado em muitas igrejas, algumas vezes disfarçadamente e outras descaradamente.

Que o Senhor nos de sabedoria e discernimento espiritual para não cairmos nessa tentação.

Que o Senhor nos ajude!
Fonte:
2 – Kelly, J.N.D. I e II Timóteo e Tito, Introdução e Comentário. Ed. Mundo Cristão e Edições Vida Nova, São Paulo, SP. Reimpressão 1986: p. 130
3- Grossi, Pedro,  Jornal O Tempo - Belo Horizonte (08/06/2012)

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Evangelizando as Testemunhas de Jeová: O Espírito Santo- Parte 2

Evangelizando as Testemunhas de Jeová: O Espírito Santo- Parte 2

Segundo a Liderança TJ, o Espírito muitas vezes é derramado, batiza-se nele e ele enche pessoas, fato esse que provaria que ele não é uma pessoa. Então pergunte ao TJ:
Se dizer “batizado com Espírito” prova que Ele não é uma pessoa, então o que dizer de I Cor 10:2 e Gálatas 3:27? Moisés e Jesus não seriam pessoas ?
Pode ser que o TJ tente ainda destacar os dizeres de seus Líderes. Mas essa comparação usando a Bíblia, onde pessoas são usadas como símbolos de coisas, colocará o TJ em dificuldades. Argumente com ele que se nesse caso, Moisés e Jesus não deixam de ser pessoas, por que o Espírito Santo não seria?

Outra erro da Liderança TJ é que, o Espírito Santo não foi visto em muitas visões celestiais, então ele não pode ser uma terceira pessoa da Divindade. Muito pode ser dito sobre essa argumentação. Pergunte:
Se por Estevão não ver o Espírito Santo no céu prova que ele não é uma pessoa Divina, então onde estava o Filho na visão de Ezequiel capitulo 1?
O argumento dos Líderes TJs aqui é sem sentido, por vários motivos. Primeiro que, não aparecer nessas visões não significa que Ele não exista. Segundo, eles precisam provar qual é o motivo que Ele precisa aparecer nessas visões para que só assim ele é uma pessoa Divina. Terceiro, que no livro de Apocalipse Jesus é visto no céu como um cordeiro de chifres e o Espírito Santo em seu ministério sétuplo. As figuras são suficientes, dentro do propósito do livro, mostrar as realidades celestiais. O argumento do silêncio é gratuito, e como tal, pode ser descartado.

Pergunte: "Ananias e Safira , mentiram para quem ? É possível mentir para ‘algo’ que não seja pessoal?"
Quanto trabalho os Líderes TJs devem ter para sustentar essa mentira. Mas, mais uma vez o malabarismo de textos bíblcos é aplicado. Eles dizem que o espírito é de Deus, vindo Dele, então foi ao final das contas a Deus que eles mentiram.
Como algo pode representar ativamente alguém? Sei que varias coisas inanimadas representam a Deus. Batismo, Santa Ceia e a própria Bíblia. Mas a forma que desonramos e honramos essas coisas são por sí mesmas reveladas. Elas representam algo. Não é possível relacionarmos com essas coisas de forma ativa, mas apenas representativas. Outro motivo que mostra que a comparação é insuficiente, é que a mentira por sí exige uma 'vítima'. Não é possível mentir para algo porque a mentira só é emitida para pessoas. Mentir é omitir a verdade para alguém que quer saber, ou que tenha direito de saber, a verdade.
Sendo o Espírito Santo uma pessoa, tal como era Pedro (o representante do Espírito naquele momento), foi ofendido pela mentira.
Argumente ainda: Leia Romanos 15.30. Uma força ama? Como? Não se esqueça de ler esse texto com o TJ. Ele não poderá demonstrar como algo ama, especialmente quando outras pessoas são citadas no mesmo versículo.
Continua...
 

Jeremias: um exemplo de fidelidade


“A mim veio, pois, a palavra do SENHOR, dizendo: Antes que eu te formasse no ventre materno, eu te conheci, e, antes que saísses da madre, te consagrei, e te constituí profeta às nações. Então, lhe disse eu: ah! SENHOR Deus! Eis que não sei falar, porque não passo de uma criança. Mas o SENHOR me disse: Não digas: Não passo de uma criança; porque a tosos a quem eu te enviar irás; e tudo quanto eu te mandar falarás. Não temas diante deles, porque eu sou contigo para te livrar, diz o SENHOR. Depois, estendeu o SENHOR a mão, tocou-me na boca e o SENHOR me disse: Eis que ponho na tua boca as minhas palavras. Olha que hoje te constituo sobre as nações e sobre os reinos, para arrancares e derribares, para destruíres e arruinares e também para edificares e para plantares. Tu, pois, cinge os lombos, dispõe-te e dize-lhes tudo quanto eu te mandar; não te espantes diante deles, para que eu não te infunda espanto na tua presença”. Jr 1. 4-10, 17.     
Quando nos voltamos para as escrituras somos surpreendidos com o tipo de pessoas que Deus usa para realizar os seus projetos. Muitas vezes, para nosso desapontamento, os homens e mulheres bíblicos não foram os heróis que imaginamos. Não encontramos modelos impecáveis de virtude. Por exemplo: Abraão mentiu; Jacó enganou; Moisés assassinou e murmurou; Davi cometeu adultério, e Pedro blasfemou. E quando nós olhamos para eles muitas vezes nós nos vemos, e isso porque nós fomos moldados no mesmo barro que eles. A Bíblia recusa-se a alimentar a nossa ânsia por cultuar heróis para que possamos somente cultuar Aquele que nos chamou assim como chamou esses personagens bíblicos.
Quando procuramos nas escrituras alguém que se encaixe em uma vida de fidelidade, meus olhos recaem sobre a vida do profeta Jeremias. Poderíamos citar muitos outros exemplos, no entanto eu vejo na vida desse homem um exemplo de fidelidade no sofrimento e não no prazer.
Hoje em dia fala-se muito sobre “uma vida de excelência”, se existe alguém que se encaixe bem dentro desse contexto bíblico é o profeta Jeremias. O seu livro nos deixa claro que a excelência é resultado de uma vida de fé, de estar mais interessado em Deus do que em si mesmo, e que tem pouco a ver com autoestima, conforto ou realizações.
As qualidades marcantes em sua vida são sua bondade, sua virtude e sua excelência. Ele viveu a vida em sua totalidade. No entanto, sua piedade não o livrou das dificuldades, pois enfrentou esmagadoras tempestades de hostilidade e fúria de dúvidas amargas. A bondade de Jeremias não se traduzia em “ser bonzinho”. A palavra mais adequada talvez fosse bravura. Por que falamos isso? Porque durante seu ministério público de quarenta anos e meio às mais confusas e caóticas décadas de toda a história de Judá, Jeremias foi invencível. Por diversas vezes seu íntimo foi tomado por intensa agonia, porém Jeremias nunca se desviou do curso traçado por Deus. Ele foi cruelmente escarnecido e severamente perseguido, mas jamais mudou a sua posição. Havia sobre ele uma tremenda pressão para que mudasse, fizesse concessões, desistisse e se escondesse. Jeremias, porém, jamais aceitou fazer qualquer destas coisas. Ele portou-se como “muros de bronze”.
JEREMIAS: UM PROFETA AS PORTAS DO CATIVEIRO
O ministério profético de Jeremias foi dirigido ao Reino Sul (Judá), durante os últimos quarenta anos de sua história (626-586 a.C.). Ele viveu para ser testemunha das invasões babilônicas em Judá, que resultaram na destruição de Jerusalém e do templo. Tudo isso ocorreu porque a nação não deu ouvidos a voz do Senhor por intermédio do seu profeta (cf. Jr 6.8,10, 14,15, 22,23, 7.24). Jeremias testemunhou a queda de Jerusalém, capital de Judá, esmagada sob as forças do exército babilônico. Presenciou todos os horrores da guerra que proclamou, pois parte das suas profecias se cumpriram enquanto estava vivo.
JEREMIAS: UM PROFETA QUE VIVIA O QUE PREGAVA
A função de um profeta é convocar as pessoas a viverem bem, de forma certa – a serem humanas. Porém, isso é mais do que apenas transmitir essa mensagem, é necessário também vivê-la. O profeta deve ser aquilo que prega. Da mesma forma, nós crentes em Jesus temos a obrigação de viver o que pregamos principalmente os pastores, pois são os primeiros a exortarem a igreja a ter uma vida com Deus e, infelizmente, pelo que temos visto por aí, alguns são os últimos a tentarem por em prática o que pregam.  Abençoam as famílias, mas são divorciados. Pregam a fidelidade, mas são infiéis. Falam sobre liberalidade, mas são apegados ao dinheiro. Dizem que tudo que fazem é para glória de Deus, mas estão visando mesmo é a sua glória. Dizem que estão à sombra da cruz, mas estão mesmo é a luz dos holofotes. Pregar é muito fácil, difícil é ser como Jeremias, coerente com o que se está pregando.
AS CONSEQÜÊNCIAS DA FIDELIDADE DE JEREMIAS
1º – VIDA SOLITÁRIA (Jr 16.1-4)
“Veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo: Não tomarás mulher, não terás filhos nem filhas neste lugar. Porque assim diz o SENHOR acerca dos filhos e das filhas que nascerem neste lugar, acerca das mães que os tiverem e dos pais que os gerarem nesta terra: Morrerão vitimados de enfermidades e não serão pranteados, nem sepultados; servirão de esterco para a terra. A espada e a fome os consumirão, e o seu cadáver servirá de pasto às aves do céu e aos animais da terra”.
O celibato e a austeridade de Jeremias eram sinais da chegada de tempos difíceis e, de desastre para Judá. O profeta envidou todos os seus esforços para cumprir sua missão, esquecendo os confortos e prazeres pessoais. Não lhe restaria tempo para cumprir seus deveres normais como marido e como pai. Era um tempo ruim para constituir família em Jerusalém. De fato, não haveria mais células familiares após o exército babilônico terminar a matança. O Senhor diz para Jeremias: “Eis que farei cessar neste lugar, perante vós e em vossos dias, a voz de regozijo e a voz de alegria, o canto do noivo e a da noiva” (Jr 16.9). A nação de Judá estava próxima do fim, e no fim também deveria estar seu regozijo. Assim, antes que tudo acontecesse, o profeta tinha de retirar-se de toda a ocasião de felicidade. O profeta Jeremias veria, com os próprios olhos, a calamidade que terminaria com a alegria da nação.
Se o sofrimento do profeta já era grande, imagine se ele perdesse a família? Seria muito maior seu sofrimento. Às vezes Deus nos impede de termos determinadas coisas para nos poupar de sofrimentos maiores posteriormente.
2º – SOFRIMENTO FÍSICO (Jr 20.1-3)
“Pasur, filho do sacerdote Imer, que era presidente da Casa do SENHOR, ouviu a Jeremias profetizando estas coisas. Então, feriu Pasur ao profeta Jeremias e o meteu no tronco que estava na porta superior de Benjamim, na casa do SENHOR. No dia seguinte, Pasur tirou Jeremias do tronco. Então, lhe disse Jeremias: O SENHOR já não te chama Pasur e sim, Terror-Por-Todos-Os-Lados”.
Jeremias acusou os líderes de Judá de renderem-se a um sistema religioso que lhes garantia o sucesso em qualquer um de seus empreendimentos, mas que, ao mesmo tempo, eles estavam abandonando o Deus que os havia chamado para uma vida de amor e fé. Jeremias também os acusou de utilizar elementos religiosos dos povos que os cercavam, criando um ritual religioso visando aos benefícios da luxúria, manobrando fórmulas religiosas a fim de obter prosperidade financeira. Não está nada diferente os dias atuais da do tempo do profeta Jeremias, quantas igrejas hoje que mais parece um centro espírita do que uma igreja evangélica é tanto galho de arruda, tanto sal grosso, tanta espada de São Jorge que misericórdia! Outras, mais parecem um comitê político, os púlpitos viram palanques e o nome do Senhor tem sido usado não para levar as pessoas a se converterem dos seus maus caminhos, mas para fazer com que estes que os escutam votem neles. O povo não passa de massa de manobra nas mãos desses falsos crentes. E muitos ainda dizem que estão ali por ordem do Senhor Jesus, inclusive pastores. O tempo passa, mas o homem continua o mesmo. E quem ousa se levantar contra essa gente é perseguido ferozmente, quando não, são rotulados como crente sem visão, que não tem as revelações de Deus, e por aí a fora. Meu irmão, seja um Jeremias, não se venda a essa gente, não lhes dê atenção. Não troque o pouco de Deus pelo “muito” do diabo. Jeremias sofreu na pele por ser fiel a Deus, mas ele não foi o único. Muitos antes dele sofreram e depois dele também. Mas o fim é a glória que está reservada para os fiéis.
3º – CRISE EXISTENCIAL (Jr 20.7-9)
“Então eu disse a Deus: O SENHOR me convenceu a ser profeta, e eu aceitei pensando que seria protegido. O SENHOR foi mais forte do que eu e me obrigou a anunciar suas palavras. E veja o resultado! Hoje toda a população de Jerusalém ri às minhas custas! Porque sempre me obrigou a gritar alto, anunciando castigo e destruição? Por causa disso, todos zombam de mim e já não posso sair à rua sem passar vergonha! E apesar de tudo isso, não posso deixar de falar sobre o SENHOR. Se penso em parar, as suas palavras queimam como fogo no meu coração e nos meus ossos, o sofrimento é tanto que não posso agüentar” (Bíblia Viva). O próprio texto fala por si.
Fidelidade a Deus, muitas vezes gera perseguição e morte, veja o que o apóstolo Paulo falou a esse respeito: “Ora, todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos” (2Tm 3.12). E foi exatamente isso que John Wycliffe sofreu.
John Wycliffe viveu aproximadamente entre 1320 e 1384. Discordando frontalmente da postura da igreja oficial da sua época, Wycliffe defendia a idéia de que as pessoas deveriam ler a Bíblia em sua própria língua. “As Escrituras Sagradas são propriedade do povo e ninguém pode tirá-las do povo. Cristo e seus discípulos converteram o mundo fazendo a Bíblia conhecida de um modo que lhes era familiar… Oro com todo o meu coração para que, fazendo o que este livro recomenda, possamos todos chegar à vida eterna”, disse certa vez.
Como foi que John Wycliffe pôs a Bíblia nas mãos dos ingleses? Primeiro, ele organizou um grupo e começou a traduzi-la da Vulgata, a tradução latina. Em 1382, John Wycliffe havia traduzido o Novo Testamento para o inglês. Cada linha de sua tradução foi escrita a mão; a imprensa só seria inventada 68 anos depois. Quando a obra se completou, Wycliffe procurou homens que pudessem ensinar as verdades da Bíblia ao povo inglês. Esses homens, foram treinados por ele e ficaram conhecidos pelo nome de lolardos, viajavam por todo o país, de dois em dois, pregando e ensinando a Bíblia.
A igreja oficial tentou destruir a tradução, mandou prender Wycliffe e o declarou culpado de corrupção da igreja. Wycliffe perdeu o emprego como professor na Universidade de Oxford, e foi excluído da igreja. Doente, retirou-se para o interior do país, onde veio a falecer. Foi tão odiado que em 1415, ou seja, 31 anos depois da sua morte, seus ossos foram queimados em praça pública por ordem do Papa, e as cinzas lançadas no rio Swift, como símbolo da destruição de sua memória.
A memória e o exemplo de Wycliffe, porém, continuam vivos ainda hoje. Existe até uma sociedade missionária – os tradutores da Bíblia de Wycliffe – cujo ministério consiste em traduzir a Palavra de Deus para outros idiomas; o grupo já conseguiu fazê-lo para cerca de 650 línguas. A grande preocupação hoje da maior parte dos editores da Bíblia é colocá-la na linguagem do povo, herança de um teólogo que por causa da Bíblia se fez maldito.
Jeremias, assim como Wycliffe pagaram um alto preço por serem fiéis a Deus. E você? A sua fidelidade a Deus tem gerado perseguição em sua vida? O apóstolo Pedro nos fala em sua primeira carta que se pelo nome de Cristo somos injuriados, bem-aventurados somos, porque sobre nós repousa o Espírito da glória e de Deus (1Pe 4.14). E completa dizendo: “Não sofra, porém, nenhum de vós como assassino, ou ladrão, ou malfeitor, ou como quem se intromete em negócios de outrem; mas se sofrer como cristão, não se envergonhe disso; antes, glorifique a Deus com esse nome”. (1Pe 4.15,16). A perseguição pode vir sobre a nossa vida, mas que seja pela nossa fidelidade a Deus e não por estarmos sendo infiéis a Ele.
O final de Jeremias não é conclusivo. Nós gostaríamos de saber o seu fim, mas não sabemos. O capitulo 44 retrata como o profeta Jeremias passou grande parte da sua vida, pregando a Palavra de Deus para um povo que o desprezava. Uma parte do povo que conseguiu fugir para o Egito passou a adorar os deuses de lá e a queimar-lhes incenso. O Senhor foi trocado pela Rainha do Céu. Mas lá no Egito, um lugar que ele não gostaria de estar, tendo ao lado pessoas que o trataram de forma cruel, ele prosseguiu fiel e corajosamente, sob o fardo de uma impiedosa rejeição.
Existe uma fonte extra bíblica chamada “lives of the prophets” de Charles Curtle Terrey que diz Jeremias morreu no Egito, apedrejado até a morte pelos judeus. Ele foi enterrado no lugar onde se erguia o palácio do Faraó; pois era honrado pelos egípcios, em virtude dos benefícios que haviam recebido por intermédio dele. Mediante suas orações, as serpentes, chamadas de epoth pelos egípcios, haviam ido embora. Bem disse Jesus: “Não há profeta sem honra, senão na sua terra e na sua casa” (Mt 13.57).
Profeta vive para Deus e procura fazer a Sua vontade, ainda que para isso tenha que sofrer retaliações. Profeta luta pela causa de Deus sem medo dos homens. “Profeta é aquela pessoa que cria um problema, revelando o problema a fim de solucionar o
problema”.
A atuação apaixonada dos profetas tem um significado central, que é a representação em pequena escala dos sentimentos e intenções do próprio Deus. É Deus escolhendo uma pessoa para falar em nome dele, para que o povo pudesse ver e ouvir o drama de Deus no drama de um ser humano. E quando isso acontece, o profeta se torna o nervo exposto de Deus, pois sua sensibilidade ao mal e à injustiça aumenta a níveis quase insuportáveis. O nervo exposto do profeta é uma janela para entendermos o caráter de Deus e que, como tal, provoca dores intensas. Profeta é muito mais do que previsão de eventos futuros, é Deus chamando de volta para si os que o rejeitaram.
Bibliografia:
GRAY, Alice. Histórias Para o Coração. Jimmy Durante. 1ª Ed. Editora United Press, Editora Hagnos. São Paulo, SP: 2001 reimpressão – setembro – 2004.
GUEDES, Marson. O Caminho de Jeremias. 1ª ed. Associação Religiosa Editora Mundo Cristão. São Paulo, SP: 2004.
ORTBERG, John. Somos Todos (A)Normais? 1ª ed. Editora Vida. São Paulo, SP: 2005.
PETERSON, Eugene. Corra Com os Cavalos. 1ª ed. Editora Textos, RJ e Editora Ultimato, MG: 2004.
Fonte: Napec