sexta-feira, 15 de abril de 2011

Massacre no Rio de Janeiro, Céu e Inferno: "Sem Arrependimento em Vida não há Perdão"

Por Amanda Gigliotti, repórter do The Christian Post
Para o assassino de 12 crianças na escola, no oeste do Rio de Janeiro, pedindo o perdão de Jesus em uma carta deixada, teólogos e pastores evangélicos no Brasil dizem que não haverá perdão para ele.
Após o massacre nesta quinta-feira, o assassino Wellington Menezes de Oliveira, 23, descrito por seus amigos e parentes como um garoto quieto e isolado deixou uma carta pedindo a alguém para orar para Jesus perdoá-lo após sua morte.
"Preciso da visita de um fiel seguidor de Deus em minha sepultura pelo menos uma vez, preciso que ele ore diante da minha sepultura pedindo o perdão de Deus pelo que eu fiz rogando para que na sua vida Jesus me desperte do sono da morte para a vida eterna."
Oliveira invadiu a Escola Pública Tasso da Silveira durante o horário de aula fingindo ser um palestrante. Quando foi questionado sobre suas intenções o agressor começou a atirar.
As razões para o assassinato ainda são desconhecidas e sua carta reflete idéias islâmicas e cristãs.
O teólogo brasileiro e pastor presbiteriano Augustus Nicodemus Lopes, considerado um dos maiores teólogos da linha conservadora do Brasil, ficou chocado com a tragédia e comentou ao The Christian Post sobre o pedido de perdão assassino para Jesus.
"Não há nada na Bíblia para justificar o pedido de perdão do assassino."
Mesmo sem ser capaz de distinguir a doutrina exata de Oliveira através da sua carta, o teólogo disse que "uma condição para o perdão é o arrependimento do pecado" e no caso "o assassino não mostrou nenhum sinal de arrependimento."
"Pedir perdão por aquilo que ele vai fazer e então fazer, significa que não há nenhum sinal de arrependimento. Não vai ser a gente orando e pedindo perdão de Deus para ele que ele vai obter isso. Deveria ter resolvido isso em vida.”
No que trata de céu e do inferno ele disse: "Jesus Cristo foi quem mais falou sobre isso na Bíblia, particularmente sobre o inferno." E declarou que a Bíblia não ensina a salvação de ‘todas as pessoas.’
"A Bíblia diz que Deus é amor, mas também diz que Ele é justo e odeia o pecado."
Ele também explicou que o céu e o inferno são duas “realidades que se excluem, ou vamos para uma ou vamos para outra.” E ressaltou, “Não existe um meio termo, e esse destino final é resolvido aqui nesse mundo.”
Tentando identificar qual seria a religião do assassino, o teólogo acredita que o assassino não devia ser um ex-evangélico, porque segundo ele, "os evangélicos não dizem que há uma possibilidade de perdão depois da morte."
A carta que Oliveira deixou começa a falar de pureza refletindo alguns aspectos da religião islâmica, apesar de ter posições cristãs.
"Primeiramente deverão saber que os impuros não poderão me tocar sem luvas, somente os castos ou os que perderam suas castidades após o casamento e não se envolveram em adultério poderão me tocar sem luvas."
Sua irmã Rosilane de Oliveira, 49, afirmou que, aparentemente, ele havia se tornado um Muçulmano. "Ele estava muito focado em coisas relacionadas ao Islamismo e tinha deixado a barba crescer muito. Ele era estranho, ficava na internet o dia inteiro lendo temas relacionados e era muito estranho, muito reservado," disse ela em entrevista à Band News.
Mas o presidente da União Nacional de Entidades Islâmicas do Brasil, Jamel El Bacha, assegurou nesta quinta-feira, que o atirador não tinha vínculos com a representação e a religião muçulmana. Além disso, a organização denunciou o crime chamado de "insano e inexplicável."
Wellington era filho adotivo e seus pais adotivos já estão mortos. Ele foi adotado quando criança. Sua irmã disse que ele não tinha amigos.
Mencionando o "reivindicar o perdão de Jesus após sua morte," Lopes acredita que isso tem mais a ver com o Catolicismo.
"Isso tem mais cara de Catolicismo ou de um misticismo vago.”
O Diretor Executivo da Convenção Batista Brasileira Sócrates Oliveira de Souza não acredita que o assassino "possa ​​ter qualquer tipo de perdão."
Segundo ele, premeditar tirar a vida das pessoas e tendento continuar a matança se não fosse barrado por policiais, “Oliveira não mostrou seu arrependimento.”
Para ele, é claro o que a Bíblia diz: "Depois da morte não há possibilidade física de arrependimento, não há possibilidade de salvação," disse ele ao The Christian Post.
Ciro Sanches Zibordi, escritor evangélico, concordou que “não é possível morrer perdido e obter perdão ‘post mortem.’” E que provavelmente ele não era evangélico pois ele "distorceu o que Jesus ensinou."
"Em nenhum momento há incentivo, nas páginas sagradas, à vingança, ao revide, à retaliação por parte do cristão para com as pessoas que se lhe opõem (Rm 12.17-21). Pelo contrário, o Senhor Jesus nos manda amar os nossos inimigos (Mt 5.43-48)."
Perto da escola onde ocorreu o tiroteio, está localizada a Igreja Batista Betânia, com cerca de 30 estudantes da escola. “Felizmente ninguém foi alcançado,” segundo o pastor da Igreja Neil Barreto. Mas com tristeza declarou que "De alguma forma todos nós formos alcançados."
"O Começo do Fim dos Tempos" foi sua conclusão sobre a tragédia, identificando na televisão as mães dos alunos da escola que frequentam a Igreja.
"Seus filhos eram próximas às vítimas do massacre."
Para Barreto, o atirador já era um “morto” e “só estava vivo biologicamente. Ele iria concretizar o que de fato já era - se encontrar com a morte - Porque ele era um morto.”
"é uma ação demoníaca tentando tirar as crianças que representam o nosso futuro e a nossa esperança."
"Mas não vai ter sucesso," concluiu.

Fonte: The Christian Post

Extraído do site: http://www.eleitosdedeus.org

CONGRESSO SINODAL - ILHÉUS - BAHIA


Queridos irmãos,

Graça e Paz!

Seguem abaixo as informações sobre o Congresso Unificados das Confederações Sinodais do SIB 2011, para divulgação as Federações. 
Lamentamos o atraso no envio, mas explicamos que deveu-se a uma falha na comunicação.
Contamos com a compreensão e a participação e empenho de todos.

Grande abraço a todos

Nos vinculos da cruz

Pb. Vicente Lucio Gouveia de Deus
Presidente do Sínodo Sul da Bahia - SIB
CONGRESSO UNIFICADO DAS CONFEDERAÇÕES SINODAIS DO SIB
LOCAL: CENTRO CRISTÃO DE RECREAÇÃO  - CECRE  - ACUÍPE – ILHÉUS/BA
DATA: 17 A 19   De Junho de 2011
TEMA: CRISTO VIVE EM MIM - Gálatas 2.19-20    
Porque eu, pela lei, estou morto para a lei, para viver para Deus..
Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim”
PRELETOR: A definir
Valores: R$ 130,00 a partir de 11 Anos.
(0-2 anos) - grátis
(3-6 anos) – 50% de desconto
(7-10 anos) – 25% de desconto
São 6 refeições – Jantar da Sexta; Café, Almoço e Jantar do Sábado e Café e Almoço do Domingo.
A hospedagem será efetuada a partir das 16h da sexta dia 17.06.2011 e terminará às  16h do Domingo 19.06.2011.
Todos os apartamentos já contam com ventiladores de teto.
O CECRE dispõe de toda a infra-estrutura, como salão de cultos, refeitório, piscina, praia, quadras e muita área livre. Não é necessário levar prato ou talher. Leve apenas sua roupa de cama, seus pertences pessoais e suas roupas, além das bíblias e muita disposição para o trabalho...no local podem ser alugados lençóis, ar condicionado e frigobar.
Há espaço reservado para todas as confederações trabalharem simultaneamente.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Calvinismo em Foco

INTRODUÇÃO


   Bem sabemos que as reformas na Europa foram fundamentais para o surgimento e a consolidação do protestantismo atual. Muitos foram os homens que estiveram engajados pelo retorno da igreja ao evangelho. Dentre estes reformadores teremos como alvo o francês João Calvino. A apresentaremos sua biografia, obras  e alguns de seus pensamentos que consideramos importantes.  

  1.  João Calvino
1.1.  Sua vida e obras
       Segundo Earle Edwin Cairns poderíamos separar a vida de Calvino em dois grandes períodos. Até 1536, Calvino teria sido um estudante itinerante; de 1536 até sua morte em 1564, com exceção dos três anos de seu exílio em Estrasburgo, Calvino foi o grande líder de Genebra. 1  Ele nasceu em Noyon, cidade diocesana situada cerca de  95 Km ao nordeste de Paris2 em 10 de julho de 1509.3  Seu pai se chamava  Gérard Cauvin, que era assistente administrativo do bispo de Noyon. Sua mãe era Jeanne Cauvin que morreu quando Calvino tinha apenas 5 ou 6 anos. 4 Calvino teve educação cuidada e boa formação humanista. Passou um ano no Colégio de la Marche, em Paris, e quatro anos no Colégio Montaigu, donde saiu Mestre em artes. Depois deveria ter começado estudos de teologia, mas seu pai contrariando a primeira intenção, fez que estudasse direito. 5 Em 1532 recebeu seu diploma de direito na Universidade de Bourges.6 No final de sua vida , Calvino revelou sua “conversão inesperada”, que segundo estudiosos, teve lugar em algum momento dos anos de 1533-34. 7  Em Estrasburgo se casou com Idelette Bure em 1540. Casamento este que durou até 29 de março de 1549, quando sua esposa faleceu. 8 Calvino morreu em 27 de maio de 1564.9
       Várias são as obras de Calvino: Sobre a Clemência, de Sêneca; Comentários sobre o Antigo Testamento (Pentateuco, Josué, Salmos e Isaías) e todo Novo Testamento (com exceção de 2 e 3 João e Apocalipse); Sermões; Folhetos e Tratados  (sobre os reformadores radicais, católicos romanos, luteranos, reforma na igreja, santa ceia e predestinação); Cartas; Escritos Litúrgicos e Catequéticos e as Institutas que passou por vários processos de edições e revisões sendo que a de 1559 foi a final.10
1.2.  Pensamentos
   Segundo Alister McGrath “para se entender Calvino é necessário ler Calvino”11 por isso buscaremos o pensamento de Calvino nas Institutas sem, contudo deixar de lado os historiadores que serão posso dizer como “guias” nos conduzindo com segurança para a elaboração deste trabalho.
I. Conhecer Deus é tudo: No Capítulo I do primeiro livro de sua obra ele começa afirmando que o resumo de nossa sabedoria que deve ser sólida e verdadeira consiste em duas partes - Primeiro “o conhecimento de Deus”; segundo, “o conhecimento de nós mesmos”12. Sendo que o conhecimento de Deus é fundamental para podermos nos conhecer porque do contrário segundo Calvino “... o homem jamais chega a um conhecimento puro de si sem que, antes, contemple a face de Deus, e, desça para inspeção de si mesmo”. 13 Para Calvino Deus se torna conhecido como Criador “tanto na obra do mundo quanto na doutrina geral da Escritura”; e como Redentor “na imagem de Cristo”14
II. O pecado original: Quando a humanidade foi criada por Deus em sua forma original ela refletia bondade em todos os seus aspectos. Porém a queda do ser humano prejudicou os seus dons. 15 Que podemos dividir em dois grupos o primeiro são os sobrenaturais: a fé e a integridade. O segundo são os naturais: o intelecto e a vontade. 16
III. Jesus Cristo: Para Calvino Jesus só poderia ser nosso Mediador se “fosse verdadeiro Deus e verdadeiro homem”17. Calvino entendia que só por meio de Cristo o ser humano pode se aproximar de Deus. O Homem por mais incontaminado que fosse do pecado jamais poderia se achegar a Deus se não por Cristo, ou seja, nosso Mediador. Por isso Cristo como nosso Mediador veio pelo menos segundo Calvino com três propósitos estabelecidos por Deus que em Cristo seria matéria sólida da salvação. Jesus seria Profeta, Rei e Sacerdote. Como Profeta foi ungido com o Espirito Santo para pregar e testemunhar da graça de Deus18. Segundo Calvino a natureza do Reino Cristo é espiritual “uma vez daí se conclui o que Ele vale e confere para nós com toda a sua força e eternidade”. 19 Como nosso Sacerdote somente a Cristo coube esta honra “... uma vez que o sacrifício de sua morte apagou nossas faltas e satisfez com relação aos nossos pecados”. 20  
IV. Justificação pela fé: Calvino defendia que só seria justificado pela fé aquele que abandona sua justiça referenciada pelas obras, mas por meio da fé veste a justiça de Cristo de forma que na presença de Deus ele é visto como justo. Ele define que a justificação é forma como Deus nos recebe pela sua graça e nos justifica. Pela justificação somos perdoados e absolvidos pela justiça de Cristo. 21  
V. PREDESTINAÇÃO:
Chamamos predestinação ao decreto eterno de Deus pelo qual determinou o que quer fazer de cada um dos homens. Porque Ele não os cria com a mesma condição, mas antes ordena a uns para a vida eterna, e a outros, para a condenação perpétua. Portanto, segundo o fim para o qual o homem é criado, dizemos que está predestinado à vida ou à morte. 22
    Com base na exposição de Timothy George a doutrina da predestinação pode ser sintetizada em três palavras. A primeira é que a predestinação é absoluta, pois sua base é a vontade imutável de Deus. A predestinação em segundo lugar é particular, pois se destina apenas a indivíduos e não ao um conjunto de pessoas. Por último a predestinação é dupla significa que para manifestação da misericórdia de Deus alguns indivíduos foram destinados para a vida eterna, e outros para a manifestação da justiça de Deus à condenação eterna. 23
VI. Sacramentos: Sobre os sacramentos Calvino fala da importância de aprender o propósito desta instituição. Por isso ele trás duas definições sobre o que é um sacramento. Em primeiro lugar sacramento é um símbolo externo com o qual o Senhor tem como objetivo marcar em nossas consciências as promessas de sua bondade para conosco. Para Calvino os sacramentos abastece nossa fé em meio a nossa fraqueza e habilita nosso testemunho diante de Deus, dos anjos e entre os homens. Em segundo lugar o sacramento é uma declaração da graça de Deus para conosco ela é demonstrada de forma visível por meio de um recíproco testemunho diante de Deus. 24 Ele aponta o batismo como sacramento que testemunha nossa purificação e a eucaristia como nossa condição de salvo. 25 
VII. Igreja: Calvino define a igreja como invisível, pois só Deus a conhece, e a igreja visível, onde os cristãos são ordenados a honrar e manter comunhão com ela. 26 Para Calvino a igreja se torna conhecida de duas formas: Primeiro “onde a palavra de Deus é sinceramente pregada e ouvida”; segundo, onde “os sacramentos são administrados segundo a instituição de Cristo” e conclui “não podemos de modo algum duvidar de que ali está uma igreja de Deus”. 27
VIII. Estado: Calvino definia o governo civil em três partes: “o primeiro diz respeito ao magistrado, que é o guardião e defensor das leis; o segundo, à legislação mediante a qual o magistrado governa; o terceiro, diz respeito ao povo que deve ser governado pelas leis e obedecer ao magistrado” 28 Os magistrados tinha a responsabilidade de manter a tranquilidade, a ordem, a moralidade e a paz pública. 29 Para Calvino o poder civil era uma vocação, santa e legítima para Deus e considerada “a mais sagrada e honrosa de todas as vocações.”30 Por isso o magistrado “deve se empenhar na manutenção da honra divina”. 31

Considerações finais
   Embora nossa abordagem tenha sido mínima em relação à vida, obras e pensamentos de Calvino. No entanto podemos perceber nestas poucas linhas acima escritas que Calvino era um escritor fecundo, sua formação humanista lhe deu ferramentas fundamentais para sua vida intelectual principalmente em questões políticas e sociais e seu conhecimento bíblico lhe deu um espírito arguto na elaboração de seus pensamentos teológicos.

Notas:
  1. CAIRNS, Earle Edwin. O cristianismo através dos séculos: uma história da Igreja Cristã. 2º ed. São Paulo: Vida Nova, 2008. p. 278.
  2.  LINDBERG, Carter. As Reformas na Europa. São Leopoldo Sinodal/IEPG, 2001. p.298.
  3. GONZALEZ, Justo L. A era dos reformadores: uma história ilustrada do cristianismo. São Paulo: Vida Nova, 1995. p. 107.
  4. GEORGE, Timothy. Teologia dos reformadores. São Paulo: Vida Nova, 1993. p. 168.
  5. LACOSTE, Jean-Yves. Dicionário crítico de teologia. São Paulo: Paulinas/Edições Loyola, 2004. p. 333.
  6. CAIRNS, op. cit., p.280.
  7. LINDBERG, op. cit. p. 300.
  8. WACHHOLZ, Wilhelm. História e teologia da Reforma: Introdução. São Leopoldo: Sinodal, 2010. p. 76.
  9. GONZALEZ, op. cit. p. 117.
  10. GEORGE, op. cit. p. 185-188.
  11. MCGRATH, Alister. A vida de Calvino. São Paulo: Cultura Cristã, 2004. p. 171.
  12. CALVINO, João. A Instituição da Religião Cristã. São Paulo: UNESP, 2008. v. 1. p. 37.
  13. CALVINO, op. cit. p. 38.
  14. CALVINO, op. cit. p. 40.
  15. MCGRATH, op. cit. p. 183.
  16. GONZALEZ, Justo L. Uma história do pensamento cristão. São Paulo: Cultura Cristã, 2004. p. 147.
  17. CALVINO, op. cit. p. 441.
  18. CALVINO, op. cit. p. 469-470.
  19. CALVINO, op. cit. p. 471.
  20. CALVINO, op. cit. p. 476.
  21. CALVINO, João. A Instituição da Religião Cristã. São Paulo: UNESP, 2008. v. 2. p. 193.
  22. CALVINO, op. cit. p. 380.
  23. GEORGE, op. cit. p. 232.
  24. CALVINO, op. cit. p. 692.
  25. CALVINO, op. cit. p. 711.
  26. CALVINO, op. cit. p.474.
  27. CALVINO, loc. cit.
  28. CALVINO, op. cit. p.878.
  29. CALVINO, op. cit. p.884.
  30. CALVINO, op. cit. p.879.
  31. CALVINO, op. cit. p.883.


BIBLIOGRAFIA
CAIRNS, Earle Edwin. O cristianismo através dos séculos: uma história da Igreja Cristã. 2º ed. São Paulo: Vida Nova, 2008.
CALVINO, João. A Instituição da Religião Cristã. São Paulo: UNESP, 2008. v. 1.
CALVINO, João. A Instituição da Religião Cristã. São Paulo: UNESP, 2008. v. 2.
GEORGE, Timothy. Teologia dos reformadores. São Paulo: Vida Nova, 1993.
GONZALEZ, Justo L. A era dos reformadores: uma história ilustrada do cristianismo. São Paulo: Vida Nova, 1995.
GONZALEZ, Justo L. Uma história do pensamento cristão. São Paulo: Cultura Cristã, 2004.
LACOSTE, Jean-Yves. Dicionário crítico de teologia. São Paulo: Paulinas/Edições Loyola, 2004.
LINDBERG, Carter. As Reformas na Europa. São Leopoldo Sinodal/IEPG, 2001.
MCGRATH, Alister. A vida de Calvino. São Paulo: Cultura Cristã, 2004.
WACHHOLZ, Wilhelm. História e teologia da Reforma: Introdução. São Leopoldo: Sinodal, 2010.

SBB lança Bíblia da Mamãe

Sucesso nos Estados Unidos, chega ao Brasil a Bíblia da Mamãe. Aguardado com grande expectativa, este lançamento da Sociedade Bíblica do Brasil (SBB) é indicado para presentear mães e futuras mães de todas as idades, especialmente em datas comemorativas como o Dia das Mães e aniversários. Os recursos contidos na publicação ajudam a levá-las até a presença de Deus, onde encontrarão sabedoria e inspiração para poder desempenhar o seu papel materno, auxiliando e orientando seus filhos a partir dos sólidos princípios e valores bíblicos.
Com texto bíblico na tradução de Almeida Revista e Atualizada, a Bíblia da Mamãe é uma tradução da Mom’s Bible, publicada em 2010 pela editora Thomas Nelson. Os estudos e notas foram escritos por Bobbie Wolgemuth. Esposa, mãe e avó, a autora dirige grupos de estudo bíblico voltados especialmente para mães.
A Bíblia da Mamãe possui uma série de recursos, entre os quais quadros de estudos divididos em oito temas, com destaque para o intitulado “Perguntas de Criança”. Nessa seção, há 97 perguntas usualmente feitas pelos filhos, desde a tenra idade até a adolescência. A seleção dos conhecidos “por quês?”, que acompanham todo o desenvolvimento da criança até a fase adulta, são extremamente úteis para guiar as mães, à luz da Bíblia, no relacionamento com seus filhos.
A obra reúne, ainda, notas e referências cruzadas, introduções aos livros da Bíblia, índice de assuntos, leitura para dias especiais, textos famosos da Bíblia, como encontrar ajuda na Bíblia e o que a Bíblia diz sobre o perdão de Deus.
Outro diferencial da publicação é sua capa rosa decorada com textura na cor branca. Vem embalada em caixa de presente diferenciada, cuja edição é limitada.

Recursos:
· Texto bíblico: Almeida Revista e Atualizada, 2ª edição
· Notas e referências cruzadas · Introduções aos livros da Bíblia
· Recursos (quadros de estudo) divididos em:
Nosso Deus é...: destaca alguns pontos para a leitora conhecer Deus, que é Pai, Filho e Espírito Santo.
Crescendo em...: aborda atitudes diárias das pessoas.
Caráter divino: para fortalecimento do caráter divino e desenvolvimento de um coração em Cristo.
Passando adiante: um olhar bíblico sobre o que é digno e importante de ser transmitido aos filhos.
Mães da Bíblia: histórias de mães que são verdadeiros modelos a serem seguidos.
Maravilhoso conselheiro: artigos escritos para ajudar a descobrir questões que devem ser abordadas de modo a libertar a mulher para ser aquilo que Deus espera.
Reflexões: textos curtos ligados a passagens específicas da Bíblia, que oferecem uma saudável perspectiva bíblica para meditação e orientação quanto ao papel de mãe.
Perguntas de criança: respostas úteis à luz da Bíblia para responder aos principais questionamentos da criança.
· Índice de assuntos
· Leitura para dias especiais
· Textos famosos da Bíblia
· Como encontrar ajuda na Bíblia
· O que a Bíblia diz sobre o perdão de Deus
Notícias Cristãs com informações da SBB
SOU ÉTICO! Cito as fontes. Copiado do Site Notícias Cristãs. Link Original: http://news.noticiascristas.com

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Como Escolher um Texto para Pregar


Por John Sttot

Freqüentemente torna-se um grande problema escolher um texto para pregar. A razão não é porque faltam textos, mas porque há muitos. Se estamos estudando a Bíblia diariamente, poderemos ter uma lista comprida de textos que estão à espera de serem pregados. Mas qual deles vamos escolher?


Há quatro fatores que podem influenciar a nossa escolha. 


a) O Fator Litúrgico 


Reconheço que a maioria de nós não vêm de igrejas litúrgicas. Quero recomendar a vocês o valor de um calendário eclesiástico. Todos nós observamos o Natal. Quando chega o dia de Natal, não pregamos sobre a ressurreição, pregamos sobre o nascimento de Jesus. Portanto, vamos começar com o Natal. Entre o Natal e a Páscoa há aproximadamente 3 meses. No dia de Natal, pensamos sobre o nascimento de Jesus; na Páscoa, sobre a ressurreição de Jesus. Deste modo, os 3 meses entre os dois eventos são o tempo natural para se pensar em pregar sobre a vida e o ministério de Jesus.

Há vários pastores que gostam de encaixar, nesse período, pregações sobre os evangelhos. Antes do Natal, por uns dois ou três meses, é uma boa idéia se deter no Velho Testamento, pensando na preparação divina para a vinda do Messias. Poderíamos começar com a Criação em meados de outubro e ter algumas mensagens na preparação que o Velho Testamento apresenta para a vinda de Jesus Cristo.

Então, do Natal até a Páscoa, concentrarmo-nos nos evangelhos. Depois da Páscoa e do dia de Pentecostes, concentrarmo-nos nas epístolas, porque assim estaremos pensando sobre a vida cristã como uma vida vivida no poder do Espírito Santo.

Este é um calendário eclesiástico bem simples. Espero ter deixado claro que há três fases principais nele: outubro a dezembro - Velho Testamento; Natal até a Páscoa ou Pentecostes - sobre a vida de Jesus; do dia de Pentecostes até o mês de outubro - a vida no Espírito, talvez terminando com o livro de Apocalipse.

Essas são as três divisões principais da Bíblia. Não estou sugerindo que sempre nos devemos deter a esse calendário, mas é uma fonte de referência bem valiosa para nós.


b) O Fator Externo 

Muitas vezes há eventos no mundo lá fora como, talvez, a ocorrência de uma catástrofe, que exigem um sermão sobre eles.

Poucos anos atrás estive na Guatemala, depois daquele terrível terremoto. Estava falando para um grupo de pastores como vocês e perguntei-lhes quantos haviam pregado sobre o terremoto no domingo seguinte ao evento. E fiquei surpreso ao ver quão poucas pessoas levantaram suas mãos.

É de compreender o fato por que não o fizeram. Calamidades naturais são um grande problema. Não é fácil pregar sobre o problema da providência divina, ou o problema do sofrimento. Mas praticamente todas as pessoas naquele dia, na igreja, estavam pensando sobre o terremoto. Estavam fazendo perguntas em suas mentes. Por que Deus permite que aconteça um terremoto? Por que Ele permitiu que tantas igrejas fossem destruídas?

Muitos tinham perdido parentes e amigos e estavam de luto. Vieram à igreja naquele domingo se perguntando: Há alguma palavra do Senhor sobre isto? E muitos saíram de lá desapontados, porque o pastor não tinha nada a lhes dizer. Devemos ser sensíveis com o que acontece no mundo exterior.

Quando há um escândalo de proporções nacionais pode haver algum debate nos jornais. E toda a imprensa está envolvida neste debate. Talvez, trate-se de uma nova legislação sobre o divórcio ou qualquer outra coisa. E as pessoas vêm à igreja com perguntas. Qual deve ser nossa opinião sobre isso como crentes? Esse é o fator externo.


c) O Fator Pastoral. 


Os melhores pregadores são sempre aqueles bons pastores que conhecem a sua congregação. Eles conhecem a condição espiritual das suas ovelhas.

Espero que vocês trabalhem em equipe. Já falei sobre a pirâmide com o pastor encarapitado lá no púlpito. Sugeri que nós destruíssemos a pirâmide, porque toda igreja deveria ter uma equipe pastoral. A supervisão pastoral do rebanho não deveria estar toda nas mãos de um único homem. Não é bíblico.

Lembrem-se das primeiras viagens missionárias de Paulo, quando ele e Barnabé estavam retornando. Atos 14.23 diz que promoveram em cada cidade a eleição de presbíteros. Desde o princípio havia uma equipe pastoral. Encontramos este mesmo conceito nas cartas de Timóteo e Tito. Paulo lhes deu a ordem de ordenar presbíteros.

Em cada denominação, a aplicação disso é diferente. Alguns têm diáconos, outros presbíteros. Alguns são ordenados, outros não são ordenados.

Seja qual for a sua situação, entretanto, o princípio é o mesmo: deve haver essa pluralidade no cuidado do rebanho. Que a equipe de líderes compartilhe a responsabilidade pastoral!

Quero explicar porque estou enfatizando isso. Se há uma equipe, é a equipe que decide sobre a pregação. Vou contar-lhes o que acontece conosco em Londres. Deus, em sua infinita bondade nos concedeu uma equipe bem grande. Temos um retiro da equipe três ou quatro vezes por ano. E quando nos afastamos para esse retiro oramos juntos, lemos a Bíblia juntos, passamos tempo de descanso juntos, mas levamos conosco uma agenda de negócios para discutir.

Um dos assuntos que sempre tratamos é sobre o que vamos pregar. Planejamos as nossas pregações para cada trimestre. Discutimos como está a congregação. Quais são as suas necessidades; sobre o que descobrimos sobre eles nos últimos 3 meses; se ignoramos algo; se há desconhecimento de alguma doutrina, alguma falha na vida cristã.

E ao discutirmos e pensarmos juntos sobre isso, tomamos uma decisão perante Deus a respeito de nossa pregação. Decidimos sobre livros da Bíblia que vamos expor ou sobre tópicos que queremos tratar. É uma decisão de equipe e ela surge das necessidades que percebemos na congregação. Às vezes, quando nos preparamos para o retiro, dizemos à congregação o que vamos fazer. Dizemos a eles no domingo: "Na próxima quinta-feira a equipe pastoral vai ter um retiro. Por favor, orem por nós. Uma das coisas que vamos discutir é sobre a nossa pregação. Se vocês têm qualquer pedido a fazer, ou sugestões a dar, por favor coloquem na caixa ao fundo da igreja".

Agindo assim, damos à congregação a oportunidade de fazer pedidos a respeito dos nossos sermões. Descobrimos que isso é muito útil.


d) O Fator Pessoal 

Devemos lançar mão de momentos inspirados. Não sei como a sua mente funciona, mas a minha mente normalmente está sempre nublada.

Ocasionalmente esse nevoeiro levanta e a luz do Espírito Santo transparece. Aí eu percebo algo com uma clareza que nunca havia visto antes. É um momento de inspiração. Paro o que estou fazendo e escrevo aquilo que pensei antes que o nevoeiro desça outra vez.

Eu recomendo essa prática a vocês. Às vezes, a nossa mente está bem lúcida. Estes momentos acontecem em intervalos diferentes: muitas vezes quando estamos estudando a Bíblia, às vezes, no meio da noite, ou, às vezes, quando estamos escutando uma palestra.

Na hora em que isso acontecer, agarre aquele momento, entregue-se a ele, anote os seus pensamentos antes que os esqueça. Sempre trago comigo papel e caneta, sempre tenho papel e caneta junto à minha cama, de modo a poder escrever também os pensamentos da meia-noite ou das primeiras horas da manhã. Os melhores sermões que pregamos a outros são aqueles que pregamos a nós mesmos.

Felipe Sabino de Araújo Neto®

Roraima é o mais evangélico dos Estados da Federação

Roraima, na fronteira do Brasil com a Venezuela e a Guiana, é o mais evangélico dos 26 Estados brasileiros, constata o Ministério de Apoio com Informação (Mai) com base nos dados do censo de 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Da população de 421,4 mil habitantes, 50,8% estão vinculados a uma igreja evangélica. A Assembléia de Deus, a maior denominação evangélica no país, também é a primeira no Estado, onde está estabelecida desde 1915, contando, hoje, com 368 templos. Na capital, Boa Vista, o Dia Municipal dos Evangélicos, lembrado no segundo sábado de setembro, integra o calendário de eventos da cidade.
Os dados do Censo 2010 ainda não estão disponíveis, mas já se sabe que a população brasileira atingiu a marca dos 190,7 milhões de habitantes em agosto do ano passado. Amapá teve o maior e o Rio Grande do Sul o menor crescimento populacional na década. Enquanto em 2000 81,2% dos brasileiros moravam em cidades, esse percentual aumentou para 84%, segundo o último levantamento.
Os evangélicos – de forma marcante o grupo pentecostal e neopentecostal - constituíram a família confessional de maior crescimento na primeira década do século XXI, com um índice anual de 7,43%. Se confirmada essa tendência pelo Censo de 2010, a população evangélica terá alcançado então a faixa dos 53 milhões de pessoas e chegará a ser metade dos brasileiros em 2022.

Notícias Cristãs com informações da ALC

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Suposto Evangélico dá Seis Facadas na Ex-Mulher Por Não Aceitar Separação

Enésio Pinto Teixeira, 46 anos, está foragido desde que tentou matar a ex-mulher Luciene Rodrigues Lúcio Teixeira, 31 anos, com seis facadas após uma discussão, em Pontal do Araguaia, na divisa com Barra do Garças. O crime surpreendeu a todos na pequena cidade de cinco mil habitantes, pois segundo informações Enésio é evangélico e considerado um homem tranquilo e pacato.
Segundo a polícia, o acusado não aceitava a separação e tentou reatar o relacionamento com a ex-mulher no sábado (9), por volta das 22h30. A tentativa de Enésio não deu certo e a conversa acabou virando briga com desfecho trágico, ele a esfaqueou seis vezes a ex-companheira. Após cometer o crime, Enésio fugiu do local e está desaparecido até agora.
A Polícia Militar fez algumas rondas pela cidade de Pontal, mas não conseguiu localizar o acusado. O crime aconteceu na rua Jorge de Almeida, no setor João Rocha. A família de Luciene informou que ficou espantada com a notícia sobre o esfaqueamento e pediu a prisão do acusado.
Depois de ser atendida pelos médicos em Barra do Garças, a pontalense foi conduzida para um hospital em Goiania-GO pois necessita de uma cirurgia no abdômen atingindo pelas facadas do ex-esposo. Um amigo da família informou que o quadro clinico de Luciene inspira cuidados.

Notícias Cristãs com informações do Olhar Direto

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terça-feira, 12 de abril de 2011

ICAR Reconhece Abusos Sexuais

Os bispos da Igreja Católica chilena admitiram erros e pediram perdão por casos de abusos sexuais do passado e anunciaram a adoção de procedimentos para evitar casos de pedofilia, segundo um comunicado oficial da Conferência Episcopal Chilena publicado nesta sexta-feira.
O documento, cujo título é "Transparência, verdade e justiça", reconhece que os bispos "nem sempre reagiram com prontidão e eficácia diante das denúncias".
O texto também demonstra "solidariedade com as vítimas destes abusos e com suas famílias".
"Oferecemos humildemente nosso pedido de perdão, que é o apoio que podemos lhes dar, além de nossa oração", afirma o comunicado.
Citando o papa João Paulo 2º, a nota enfatiza que "quem abusa de crianças e jovens não tem lugar no sacerdócio" e chama os "sacerdotes que falharam com seu compromisso e causaram dano aos outros a fazer um exame de consciência pessoal e a responder sobre seus atos diante de Deus, da sociedade e de seus suspeitos".
Os bispos ainda declararam que se comprometem "a aperfeiçoar a seleção e formação dos candidatos ao sacerdócio".
Além disso, será criado um "um organismo da Conferência Episcopal que oriente e dirija nossas políticas de prevenção de abusos sexuais e ajude às vítimas".

Pesquisa
Uma pesquisa divulgada no início da semana apontou que 88% dos chilenos acreditam que a Igreja Católica ocultou informações sobre supostos abusos cometidos por padres.
O levantamento, realizado pelo jornal "La Tercera", também indica que 74% das pessoas consideram que o Vaticano não deu uma resposta adequada às denúncias.
O bispo auxiliar de Santiago, Cristián Contreras, admitiu que a credibilidade da Igreja está em baixa e que reconhecer estes fatos "é um primeiro elemento para sair [da crise]".
Notícias Cristãs com informações da ANSA
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Uma família para os solitários

Deus faz que o solitário more em família; tira os cativos para a prosperidade; só os rebeldes habitam em terra estéril. (Salmo 68:6)
É incrível como o ser humano se deixa enganar pela aparência. Nós pensamos, por exemplo, que as pessoas mais perigosas são as explosivas. Temos medo daqueles homens grandões, que vivem ameaçando e procurando formas de exibir a sua "masculinidade", dos "pit boys", "skinheads" e outros tipos de valentão.

Já os quietos, os calmos, os pacatos, ah, esses são inofensivos. São pessoas que podemos desprezar, ignorar, bater e ofender sem nenhum constrangimento. Olha lá, o nerd magrelo, a "rolha-de-poço", o canhão de artilharia, a bichinha e o cabeludo esquisito. Esses são "bonzinhos", não são perigo algum, você pode dar uns sopapos neles se eles quiserem cantar de galo.

Só que a coisa não funciona bem assim. Eu mesmo era, aparentemente, inofensivo. Um japa gordo, de óculos, que mal abria a boca e sempre agia como um idiota quando falava com uma menina bonita. Um nerd que sempre tirava boas notas no Colégio Militar, mas que explodia de raiva dentro de casa. O último a ser escolhido, o cara sem amigos, que não confiava nos pais. Alguém que odiava a tudo: o meu reflexo no espelho, as meninas que não me davam bola e os meninos que ficavam com elas. Ah, se eu fosse grande, forte e soubesse lutar! Com certeza, iria fazer muitas pessoas pagarem.

Mas eu não tinha como destruir os outros. Pensei então em destruir a mim mesmo. E como não tinha coragem de usar drogas, o suicídio parecia algo bastante racional quando eu tinha 13 anos de idade.

Felizmente algo mudou e impediu que a minha história se tornasse algo trágico. Um evangélico resolveu ser meu amigo e falar comigo. Eu zombava do Deus dele, mas ele insistia em continuar falando. E, no momento em que eu decidi acabar com a minha vida, o Senhor fez com que ele ligasse pra mim e me convidasse a ir a uma Assembleia de Deus.

Por causa do amor que recebi de um único amigo...hoje eu estou vivo escrevendo este post.

Uma sorte que não alcançou Wellington Menezes de Oliveira, o assassino do Realengo, que no dia 7 de abril de 2011 assassinou 12 crianças em uma escola do Rio de Janeiro. Segundo a irmã e os seus antigos colegas de escola, ele era estranho, reservado e calado. E, aparentemente, ninguém se importou com isso.

Claro que a solidão não é desculpa para o que ele fez. Não tenho dúvidas de que Wellington está agora no inferno, sofrendo castigos horríveis pelo crime abominável que cometeu. Mas a história dele é um alerta às igrejas para não deixarem que outros solitários matem a outros...ou a si mesmos, como já pensei em fazer.

A solidão não é boa
Para que isso aconteça é preciso que os cristãos entendam de uma vez por todas que a solidão não é boa! Quando olhamos em nossas igrejas, escolas e ruas e achamos pessoas que vivem isoladas, precisamos fazer algo a respeito! Nem mesmo Adão no Paraíso, antes da Queda, deveria estar sozinho:
Disse mais o SENHOR Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea.(Gênesis 2:18)
Eva não foi criada para servir ou dar prazer sexual a Adão. Ela foi criada para fazer companhia a Adão, e vice-versa. O Senhor não quer que os seres humanos vivam sozinhos.

Embora este texto seja usado para falar de casamento, ele também tem uma mensagem para os solteiros. Deus não gosta da solidão humana. Ele fez bilhões de seres humanos povoarem a Terra para que possamos viver juntos, adorando-O e servindo-O ao lado de outros homens e mulheres. O Senhor não ficou inerte vendo a solitude de Adão: Ele fez uma companheira! Deus faz algo para nos tirar da solidão.

Mas os cristãos se esquecem disso. Até hoje, mesmo sendo pastor, descubro que nas igrejas tenho o dom da invisibilidade. Se eu não procurar alguém, raramente sou procurado de volta. Sou capaz de assistir a cultos inteiros, tomar um cafezinho e descobrir que ninguém percebeu a minha presença. Quem me dera ter essa habilidade quando faço uma bobagem no trabalho!

Vou a acampamentos e sinto-me nas high school americanas. Os populares se reúnem e se divertem, riem até...e os adolescentes tímidos andam se esgueirando pelas paredes, perguntando quando aquele suplício vai terminar. É difícil enxergar a diferença entre os adolescentes cristãos e os que não são.

Até hoje as igrejas são ambientes que mais excluem do que incluem. Queixam-se de igrejas que pastores são tatuados ou que tocam músicas de rock ou rap. Mas esses puristas não pensam que é nas tribos urbanas que muitos (e não só adolescentes) encontram o amor e o afeto que deveriam receber em suas casas e na casa de Deus.

Mas o Senhor não é assim. Ele percebe a nossa solidão. E Ele nos ordena que façamos algo a respeito.

O solitário precisa se arrepender
Só que há também o outro lado da moeda. Poucos são os que atentam a este provérbio, mas ele ensina uma grande verdade: ser solitário é uma escolha e um pecado.
O solitário busca o seu próprio interesse e insurge-se contra a verdadeira sabedoria. (Provérbios 18:1)
Sim...é isso mesmo. Se você anda só, a culpa não é apenas dos outros: ela é sua também! E minha! Quando ando só, faço isso porque escolhi pecar.

O solitário é aquele que busca o seu próprio interesse. É alguém que têm dificuldades em se ajustar à comunidade, em viver com os outros. A comunhão pra ele não é um prazer, é um sofrimento. E, biblicamente, o egoísmo é a razão para esta dificuldade.

Antes que eu seja crucificado, sim...eu sei que muitas vezes o mundo é sim uma high school cruel e implacável. Mas há outros, tão estranhos como eu e você, que buscam se ajustar. Tentam servir ao próximo. Acham pessoas que não são esnobes e aproximam-se delas. Sabem perdoar os que são maus e, quando injustiçados, deixam o caso com Deus. O mundo as joga para fora, mas, em Cristo, elas teimam em construir pontes. E acabam vencendo o seu egoísmo. Encontram um lar. Vencem a solidão.

O problema é que os solitários acabam entregando os pontos. É mais fácil se isolar e deixar o ódio e a tristeza crescerem. É mais fácil se retrair do que confrontar e perdoar os inimigos. É mais fácil chorar em casa do que pedir a ajuda de alguém. É mais fácil reclamar dos outros do que fazer um auto-exame e tentar mudar. É mais fácil esperar que o mundo se adapte a nós do que procurar fazer concessões para vivermos com os outros.

E isso não é sábio! O Senhor nos criou para vivermos em comunidade. E há certas coisas que não podemos viver sozinhos. A melhor auto-estima do mundo não substitui o amor sincero de uma amizade! A alegria que não é compartilhada não é completa. Há situações em que precisamos do cuidado de outros. Por isso, mesmo os celibatários devem viver com outras pessoas, amando-as e sendo amadas de volta, porque o amor só é amor se houver pelo menos duas partes!
Certos prazeres a solidão jamais pode dar

E eu e você, solitário ou solitária, temos que aceitar esta exortação. O Senhor nos convida a lutarmos contra este pecado, mesmo que encontremos uns valentões desagradáveis no caminho. Vamos lutar?

Em Cristo, uma nova família
E tanto a Igreja como os solitários podem encontrar ânimo para esta luta. Sim, nós não temos como fazer "companheiras(os) idôneas(os)" para todos, nós é que seremos os companheiros, e isso é difícil. Sim, é difícil querer deixar a solidão quando somos xingados, desprezados e espancados. Mas Cristo nos ajudará.

Em seus dias aqui na Terra, Jesus fez companhia a pecadores. Tocou em leprosos, falou com mulheres de má-fama e até chamou um corrupto publicano, discriminado pelos judeus, um criminoso para Israel...chamou esse aí para ser um dos seus apóstolos. Mais do que isso, Jesus resolveu o nosso maior problema de solidão, ao oferecer o Seu corpo para que nós nos reconciliássemos com Deus.
Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo; (Romanos 5:1)

Porque Cristo, quando nós ainda éramos fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios. Dificilmente, alguém morreria por um justo; pois poderá ser que pelo bom alguém se anime a morrer. Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores. (Romanos 5:6-8)
A nossa tendência humana sempre será na direção do mal. Ou seja, os solitários sempre se sentirão tentados ao isolamento. Os "populares" têm a tendência de se esquecer dos que não são "legais". E os puristas da Igreja vão querer torcer o nariz para aqueles tipos estranhos. Mas Jesus é aquele que veio destruir o pecado nas nossas vidas. N'Ele teremos o que precisamos para sermos diferentes.
Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos, sabedores de que, havendo Cristo ressuscitado dentre os mortos, já não morre; a morte já não tem domínio sobre ele. Pois, quanto a ter morrido, de uma vez para sempre morreu para o pecado; mas, quanto a viver, vive para Deus. Assim também vós considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus. (Romanos 6:8-11)
Que estas palavras nos ajudem:

- A oferecer Cristo, consolo e companhia aos que são atingidos pela violência, no Realengo e em nossa vizinhança. A violência, muitas vezes, é a mãe da solidão.
- A oferecer Cristo, consolo e companhia aos solitários dentro de nossas igrejas, escolas, famílias e ruas.
- A buscarmos, em Cristo, o consolo e a companhia e rejeitarmos a solidão.

Sejamos, pois, uma família para os solitários. Que assim seja, para a glória d'Ele. Amém.

Graça e paz do Senhor,

Helder Nozima
Fonte: 5calvinistas.blogspot.com

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Entrevista sobre Reverência no Culto Evangélico

com Presb. Manoel Canuto

Jornal da UMP: 
1. O Sr. concorda que o aspecto da reverência no culto evangélico é algo que precisa ser revisto e melhorado?
Presbítero Manoel Canuto: 
Sim. Há muito tempo venho pensando neste assunto, pois comparo os nossos dias aos dias que antecederam a Reforma Protestante do século XVI. Os crentes estão esquecidos de que culto é a razão da nossa existência. O Breve Catecismo (Westminster — feito pelos Puritanos) pergunta e responde: “Qual o fim principal do homem? O fim principal do homem é glorificar a Deus, e gozá-lo para sempre”. Os reformadores não faziam diferença entre o culto na igreja e a vida diária. É verdade que se deve manter distinção entre o que é secular e sagrado. Na verdade a Reforma não rejeitou tal distinção, mas rejeitou a hierarquia ligada a ela, como se uma fosse mais importante ou mais espiritualmente aceitável a Deus do que a outra. Não podemos negar que no culto judaico havia aquilo que era separado por Deus e santificado e o que era comum (louças, panelas, vasos). Os vasos do templo eram sagrados, mas os de casa eram comuns. Hoje muitos pensam que tudo é santo. O que os puritanos queriam era acabar com a idéia romana de que se podia viver duas vidas: uma secular e uma santa. Para o cristão tudo deve ser feito em santidade para a glória de Deus. Este é um princípio que devemos estar lembrados sempre.
Por outro lado, nos cultos e na adoração corporativa, em conjunto, do povo de Deus, na igreja, estamos vivendo uma época de grande irreverência. A nossa geração não sabe o que é ser reverente, não sabe o que é culto solene. O culto, com freqüência, tem sido um ajuntamento para um encontro social; a igreja é local de divertimento, lazer; o louvor apresentado a Deus tem sido uma ocasião de não glorificação do nome de Deus, mas primariamente um momento de entretenimento ou prazer humanos. Hoje, se vê adoração através de shows de bandas musicais, em que o “embalo” é a ênfase; as pessoas gritam, gemem; as letras dos cânticos são dúbias, você não sabe se é Deus ou um galã apaixonado o que é destacado nestes cânticos; os cantores e grupos musicais não têm vida espiritual (com exceções) e cobram ingressos para louvar a Deus, comercializando a adoração, e na maioria dos casos tudo é transformado em uma apresentação mundana. Nas igrejas se vende, se troca, se faz negócios (livros, bíblias, “presentinhos”, camisas, chaveiros, quinquilharias, etc.); as crianças não participam dos cultos porque não podem mais obedecer aos pais; as pessoas conversam, riem, dormem; uns ficam do lado de fora; as roupas são segundo o padrão do mundo, curtas, excitantes, etc. A moda agora é substituir a pregação por dramatizações e testemunhos. Nossa situação é muito grave. Não tenho me impressionado com o número de igrejas cheias. Pergunto sempre: cheias de quê? Lembro-me de Jesus dizendo: “Tirai daqui estas cousas; não façais da casa de meu Pai casa de negócio”, e por isso os discípulos se lembraram de um preceito bíblico, esquecido hoje tanto quanto naqueles dias: “O zelo da tua casa me consumirá” (Jo.2:17). Onde está o nosso zelo?
Jornal da UMP: 
2. Em sua opinião o que tem contribuído para que algumas comunidades evangélicas enfrentem tantos problemas nesta área?
Presbítero Manoel Canuto: 
O primeiro ponto que quero destacar é que as pessoas pensam que podem cultuar a Deus da forma que acham melhor, como lhes agrada. Mas isso não é bíblico. A Confissão de Fé da nossa Igreja (Confissão de Fé de Westminster) diz no capítulo 21 que:
“... o modo aceitável de adorar o verdadeiro Deus é instituído por Ele mesmo e tão limitado pela Sua vontade revelada, que não deve ser adorado segundo as imaginações e invenções dos homens, ou sugestão de Satanás, nem sob qualquer representação visível, ou de qualquer outro modo não prescrito nas Santas Escrituras”.
Assim, temos de estar lembrados dos preceitos divinos de que: “Tudo o que eu ordeno, observarás; nada lhe acrescentarás, nem diminuirás” (Dt. 12:32); “E em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens” (Mt. 15:9).
Observo também que estamos vivendo a época do pragmatismo. Se der resultado, está certo. Este pensamento é maligno. A pergunta que fazem é: O que é melhor para se ter resultados? Mas a pergunta que temos de fazer é: O que Deus nos ensina? Como deve ser minha adoração? A grande preocupação hoje dos pastores e líderes no culto é agradar aos ouvintes e especialmente aos visitantes. Mas o culto a Deus é uma coisa exclusiva dos verdadeiros crentes; algo dos crentes para Deus e não para agradar a descrentes. Ímpio não adora a Deus ou sua adoração é abominação diante do Senhor. O desejo tem sido agradar a homens e não a Deus.
Isso tem muitas implicações:
I. O culto se transforma em entretenimento para agradar aos participantes e não a Deus.
II. A forma externa do culto tem sido negligenciada. É verdade que o culto tem de ser em espírito e em verdade, mas não podemos ser negligentes com o aspecto externo do culto, pois é através de nossas ações que a nossa alma é expressa a Deus. Não podemos esquecer que Satanás ao tentar Cristo impôs que Ele se prostrasse e o adorasse (Mt. 4:9). Esta é a forma externa de adoração. Nossa adoração deve ser aceitável diante de Deus na sua forma, não só interna, mas externa. Acrescentar elementos ao culto, não prescritos nas Escrituras, é violar a realeza de Cristo.
III. A centralidade do culto não tem sido a pregação e sim as coisas secundárias. A Reforma resgatou esta verdade. Esta é uma das marcas de uma igreja verdadeira: a pregação de todo desígnio de Deus; ela é central no culto. Por isso que as igrejas reformadas têm o púlpito no centro. Mas o que se vê hoje é “louvorzão” e quase nada de pregação. Aqui entra uma questão muito séria. Tenho visto pastores que são culpados de sua congregação nunca aprender o que é reverência, pois são verdadeiros “palhaços do púlpito”, são irreverentes. Usam a Palavra de Deus para contar piadas e ilustrações banais com o propósito de agradarem às pessoas e se fazerem admirados. Lembro de um puritano que, ao ser levado à morte por causa de sua fé, disse para todos que assistiam sua execução: “Eu não tive temor de subir estas escadarias para morrer. Mas eu tive sempre temor de subir as escadarias do púlpito da minha igreja, pois sabia que minha mensagem poderia, tanto salvar como condenar pessoas”. O que os pastores de hoje sabem disso? A pregação é coisa séria e nós não temos visto isso da forma como a Bíblia requer, especialmente no meio dos jovens. Os pregadores acham que falar para jovens implica em ser engraçado, divertido. Nada mais longe da verdade. A pregação da cruz, a morte de Cristo, Sua ressurreição e ascensão; a santificação do crente; a mortificação da carne; a luta contra Satanás e o mundo; a perdição dos ímpios, tudo isso, não tem nada de engraçado. Creio que o que precisamos hoje é de chorar e não de rir. “Afligi-vos, lamentai e chorai. Converta-se o vosso riso em pranto, e a vossa alegria, em tristeza (Tiago 4:9). Ao invés de cantarmos: “Você tem valor”, deveríamos cantar: “Servo inútil sem valor, mas pertenço ao meu Senhor”.
Jornal da UMP: 
3. Será que a atitude irreverente no culto traz conseqüências na vida diária do adorador?
Presbítero Manoel Canuto: 
Sem dúvida. Não podemos esquecer que Deus matou Nadabe e Abiú por trazerem fogo estranho a Deus (Lv. 10:1-2). Não sabemos ao certo o que eles fizeram, mas sem dúvida foram irreverentes na forma de adorar a Deus como foram também os filhos do sacerdote Eli, Hofni e Finéias (Sm. 2-4), e por isso Deus os matou. Você vai dizer que isso foi coisa do V.T., mas como explicar o que Paulo nos diz em I Co. 11.29-30: “Eis a razão por que há entre vós muitos fracos e doentes e não poucos que dormem”. De Deus não se zomba, Ele não se deixa escarnecer, “...pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará” (Gl.6:7). Deus é um fogo consumidor (Hb. 12:29)!! Nossa geração não sabe nada disso.
Jornal da UMP: 
4. A liturgia vibrante e mais participativa buscada hoje pela maioria dos evangélicos pode ser conquistada sem prejudicar a reverência do culto? Como?
Presbítero Manoel Canuto 
A liturgia participativa é um legado da Reforma Protestante e dos Puritanos. Eles estavam reagindo ao culto formal, fixo, ininteligível e frio da Igreja Romana e da Igreja Anglicana (o povo ficava passivo). Eles estavam lutando contra todo tipo de tradição humana, extrabíblica. Eles sempre procuraram a autoridade da Bíblia para ter uma forma correta de culto. Há muita coisa escrita sobre isso. A Reforma e os Puritanos restauraram o direito do povo comum de se reunir e louvar conjuntamente a Deus. Mas quero colocar o pensamento de um puritano presbiteriano inglês,
Thomas Cartwright, com respeito aos critérios de um verdadeiro culto:
· Que não seja motivo de tropeço para ninguém (1 Co. 10:32).
· Que tudo seja feito com ordem e decência (1 Co. 14:40).
· Que tudo seja feito para edificação (1 Co. 14:26).
· Que seja feito para a glória de Deus (Rm. 14:6-7).
Na verdade são princípios bíblicos que devem ser obedecidos. Por isso os puritanos quando escreveram a nossa Confissão de Fé afirmaram que todo conselho de Deus deve ser “expressamente declarado na Escritura ou pode ser lógica e claramente deduzido dela...quanto ao culto de Deus...”, tem de ser ordenado “...pela luz da natureza e pela prudência cristã, segundo as regras da Palavra, que sempre devem ser observadas” (Cap. I p.VI).
O problema é que hoje muitos querem cantar, dançar, bater palmas, usar instrumentos de som estridente, cantar hinos sem conteúdo doutrinário algum, com sinais de uma influência mundana muito grande, onde a carnalidade se salienta travestida de religiosidade e espiritualidade. O cântico dos Salmos não existe em nossas igrejas – nossa maravilhosa herança Reformada nunca foi lembrada apesar de fazer parte dos nossos símbolos de fé: “o cântico de salmos, com gratidão no coração” (CFW cap. XXI.V). A diferença é grande do pensamento Reformado que questiona: “Isto glorifica a Deus?”. Muitos deveriam perguntar: “Este louvor, esta vibração, é para glorificar a Deus ou um fim em si mesmo?“. O que temos visto, infelizmente, é o desejo de se “sentir bem” na adoração. Este não é o propósito da adoração e do louvor, mas sim uma conseqüência. Creio que poderemos ser vibrantes, alegres, tendo a consciência do que Cristo fez por nós, da Sua misericórdia, Sua graça, Sua eleição, Seu chamado eficaz e a promessa da nossa glorificação, através de um culto participativo, onde a ênfase é na pregação, oração, leitura da Palavra e louvor com gratidão no coração. Tudo com ordem e decência, segundo as ordenanças de Deus. Nunca esquecer que a pregação é a mais solene e importante dessas atividades.
Se desejamos um culto vibrante, atraente, com danças, mímicas, música em exagero (com composições sem ensino doutrinário), cenários, bandas de rock, perguntamos: de onde provêm estas coisas? Da Bíblia? É claro que não. Não podemos concluir que os que advogam tais coisas o fazem por perderem de vista o poder e a glória de Deus e amor às Escrituras? Não é necessário enxergarmos que está havendo uma necessidade, não destas coisas, mas de um princípio bíblico que regule toda nossa adoração? Muitos oficiais da igreja hoje desconhecem o que é o Princípio Regulador do Culto, tão enfatizado e praticado pelos reformados do passado.
Jornal da UMP: 
5. Como entende qual deve ser a abordagem deste assunto atualmente, visto que nossas crianças, adolescentes e jovens, são a geração que se habituou em vidas com velocidades e inquietações dos vídeos-games, vídeos-clips e etc?
Presbítero Manoel Canuto: 
Respondo esta pergunta com pesar. O mundo tem ditado as normas para nossa vida e não a Palavra de Deus. O problema hoje é falta de fé. Mas não é falta de fé em Deus, mas falta de fé na Palavra. Ela não tem sido a “única regra de fé e prática” para nós cristãos. Temos procurado o padrão do mundo. O imediatismo dos nossos dias é uma afronta à providência de Deus; é uma parte do querer ver para crer e, se possível, logo. Nossos líderes e pais estão deixando seus filhos cada vez mais ignorantes da Palavra de Deus. Procuramos um jovem consagrado, que conheça a Palavra de Deus, a sã doutrina e que tenha uma vida santa e não achamos (com raras exceções). O imediatismo está patenteado até na forma de se evangelizar: “Venha para frente, levante a mão e estará salvo”. As crianças, os jovens, vêem isso e cada vez mais se afundam nesta concepção imediatista. As palavras paciência, perseverança, submissão, parece que não fazem parte do vocabulário dos nossos jovens. Nunca aprendemos a disciplina na vida cristã. Os jovens não são ensinados a terem “cuidado de si mesmo e da doutrina” (I Tm. 4:16). As práticas mundanas estão entrando na igreja através de uma adoração carnal e os que a praticam são amantes de si mesmos e irreverentes (2 Tm.3:1-5).
Jornal da UMP: 
6. O Sr. é um dos coordenadores do “movimento puritano”, há algo na história do puritanismo dirigido a este tema?
Presbítero Manoel Canuto 
Não gosto desta expressão “movimento”. E não somos um “movimento”. Todos os movimentos que têm surgido na Igreja hoje são estranhos à Palavra de Deus, são inovações e geralmente heréticos. Na verdade somos um grupo de pessoas desejosas de que haja novamente uma reforma na Igreja. Temos um “projeto” (Projeto Os Puritanos) em mente: resgatar as antigas doutrinas da graça e despertar a Igreja para estas verdades reformadas que podem trazer um grande despertamento ao povo de Deus. São verdades que estão colocadas no “baú”, como dizia o grande pregador batista C. H. Spurgeon; estão esquecidas. Eu mesmo fui fruto deste esquecimento. A Igreja hoje está influenciada por um pensamento humanista, centrado no homem. É claro que a história nos mostra muitas coisas com respeito a esta questão de reverência e culto. Os puritanos foram um grupo de homens e mulheres que mais se preocuparam com a pureza do culto. Toda a Confissão de Fé de Westminster e os catecismos (breve e maior) foram feitos pelos puritanos. Mas não só isso, eles confeccionaram também um Saltério e um Diretório de Culto. O Diretório de Culto já foi publicado pela Editora Os Puritanos, mas infelizmente não temos nosso saltério brasileiro. O tempo não dá, mas poderíamos passar horas falando sobre esta questão da adoração e da reverência entre os puritanos. Posso dizer que, nesta área, o que restou de bom na igreja evangélica (e isto é muito pouco hoje, especialmente por causa da influência liberal, arminiana e do movimento carismático) é fruto das convicções e princípios abraçados pelos puritanos e reformados do passado. Quero sugerir que leiam um número do nosso Jornal que tem o título “Adoração Verdadeira”.
Os puritanos defendiam que adoração reverente era um exercício da “mente e do coração, sob forma de louvor, ação de graças, oração, confissão de pecados, confiança nas promessas de Deus e atenção à Palavra de Deus, lida e pregada”. Um puritano disse:
“A adoração abrange todo aquele respeito que o homem deve e confere ao Seu Criador... É o tributo que pagamos ao Rei dos reis, o meio pelo qual reconhecemos a sua soberania e a nossa dependência dEle...Toda reverência e respeito interiores, e toda a obediência e serviço externo para Deus, que a Palavra nos impõe, estão embutidos nessa palavra: Adoração”.
O chamado príncipe dos Puritanos, John Owen disse:
“... a adoração a Deus deve ser ordeira, decente, bela e gloriosa... E, de fato, qualquer adoração que fique aquém dessas qualidades bem pode levantar suspeitas de não ser segundo a mente de Deus... quanto à qualidade da adoração e do serviço que Lhes são prestados, o próprio Deus é o Juiz mais apropriado”.
Quero, no entanto, dizer que não queremos imitar em tudo os puritanos, pois eles viveram no século XVII. O Espírito Santo nos orienta para vivermos a vida cristã nesta geração e neste século, mas devemos aplicar nos nossos dias a Palavra de Deus e os princípios eternos derivados dela, coisa que eles tanto enfatizaram nos seus dias. O Movimento Puritano do século XVII foi um movimento de Reforma e é exatamente o que precisamos hoje na Igreja Brasileira.
Jornal da UMP: 
7. O movimento em sua forma atual tem alguma preocupação neste aspecto e prevê algum plano de ação neste sentido?
Presbítero Manoel Canuto: 
Temos muita preocupação com este tema e por isso já temos abordado a questão em vários de nossos Simpósios anuais (Projeto Os Puritanos), além de apresentarmos vários artigos no “Jornal Os Puritanos” que tratam deste particular. Criamos também a Editora Os Puritanos onde esperamos publicar material nesta área. Aliás, um dos slogans dos puritanos era “Liturgia Pura”. Os puritanos tiveram divergências quanto a tudo isso, mas uma coisa era comum entre eles: A verdadeira e reverente adoração é tirada das Escrituras e não das emoções ou das influências do mundo. O projeto Os Puritanos não estabelece normas cúlticas, mas deixa que as Escrituras falem livremente e com a autoridade devida sobre o assunto através de princípios que o próprio Deus estabeleceu.
Jornal da UMP: 
8. Por onde acha que nossas lideranças podem começar atuando de modo a motivar os evangélicos a oferecerem um culto a Deus com mais reverência.
Presbítero Manoel Canuto 
O Princípio Regulador do culto é a Sola Scriptura na adoração e não as invenções humanas, a tradição dos homens, mesmo que estas façam as igrejas se encherem e ficarem muito animadas. Mesmo que um anjo do céu venha e nos ensine diferentemente da Bíblia. O movimento carismático católico é muito animado, mas nem por isso está certo. O segredo de tudo é a doutrina. Muitos não gostam quando falamos de doutrina. Mas a pergunta é: em que basearemos nossa adoração para que seja agradável a Deus? A recomendação de Paulo a Timóteo é esta: “... corrige, repreende, exorta com toda longanimidade e doutrina. Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina...” (2 Tm. 4:2-3). A doutrina não deve ser algo que fique apenas na mente, mas deve ser experimental, vivenciada. Reverência está associada ao temor a Deus, ao reconhecimento da Sua soberania, da Sua majestade e grandeza. Nossa liderança deve ver com preocupação a influência dos chamados carismáticos. O problema é que hoje nós só sabemos a respeito do que é karisma, através de ensinos pentecostais e não reformados. Isso é muito prejudicial. Poucos professores e pregadores conhecem a verdade sobre a doutrina do Espírito Santo e os dons. Mas esperamos dar alguma contribuição ao traduzir livros e divulgar a literatura sobre o verdadeiro ensino do Espírito Santo. Calvino foi chamado de “O teólogo do Espírito Santo”, mas sabemos muito pouco dos seus pensamentos. Toda esta questão passa por este ensino.
Jornal da UMP: 
9. Com que palavras deseja concluir esta entrevista?
Presbítero Manoel Canuto: 
Quero terminar dizendo que somente uma pessoa regenerada pode adorar reverentemente a Deus. Deus não ouve a pecadores (João 9:31). Alguém já disse que: “Toda adoração que se origina na natureza morta é apenas serviço morto”. Um puritano disse que “adorar, como uma finalidade em si mesmo, é uma carnalidade; mas ter o desejo de adorar como meio de alcançar o fim, externalizando esse desejo por meio de atos que visam à comunhão com Deus, é algo espiritual, sendo fruto da vida espiritual...”.
Charnock (um grande puritano) disse:
“A adoração é um ato do entendimento, que se concentra sobre o conhecimento das excelências de Deus e sobre os pensamentos a respeito da majestade dEle...Também é um ato da vontade, por meio do qual a alma adora e reverencia a majestade de Deus, encantando-se diante de Sua amabilidade, abraça Sua vontade, entra em uma comunhão íntima... e deposita nEle todos seus afetos”.
Como podemos fazer tudo isso sem entendimento, reconhecimento, quebrantamento, santo temor, júbilo e sem reverência diante da majestade de Deus? Deus busca verdadeiros adoradores, mas não acha e não pode achar, não existem. Por isso Ele regenera, justifica, salva pecadores e os transforma em verdadeiros adoradores pelo Seu Espírito. Tudo é por Sua graça. Que Ele faça isso nos nossos dias; que Deus transforme pecadores e os faça reverentes adoradores.
“Servi ao Senhor com temor e alegrai-vos nele com tremor” (Sl. 2:11).
Amém.
Entrevista concedida pelo presbítero Manoel Canuto ao Jornal da UMP da Igreja Presbiteriana do Recife no ano de 2000.
Fonte: Projeto Os Puritanos
Extraído do site: http://www.eleitosdedeus.org