por Solano Portela
Gênesis 1.24-31 e Gênesis 2.8-20
1. O que é cultura?
Definir cultura não é uma tarefa fácil. Ricardo Gondim, em seu livro “É Proibido” (Mundo Cristão, 1998) indica que os antropólogos já criaram mais de trezentas definições. Você, possivelmente, já ouviu ou falou a expressão: “isso faz parte do contexto cultural”? Ou, com certeza, você já ouviu palestras sobre “missões transculturais”. Mas como poderíamos definir esse conceito? Nos dois sentidos empregados acima, cultura se refere ao conjunto de características peculiares que identificam uma sociedade, em uma determinada época. Mas, em outro sentido, cultura é mais do que isso. A palavra em si vem do latim e significa “trabalhar o solo” ou “cultivar”. No seu sentido mais amplo, representa o resultado da aplicação do conhecimento humano no desenvolvimento de obras e atividades que possuem mérito e qualidade, bem como, o envolvimento de outros na apreciação e apreensão dessas. Neste artigo, gostaríamos de discutir um dilema freqüente: aquele que coloca a fé cristã em antagonismo com a cultura, levando o crente a um isolamento social ou a uma aceitação indiscriminada de todos os aspectos da sociedade em que vive.
Um dos problemas que confrontamos é que a visão da sociedade secular tende a classificar como “cultura” tudo o que caracteriza uma sociedade, considerando essas formas de expressão como moralmente neutras. Ou seja, tudo que um povo produz é considerado “cultura”, seja ela erudita ou popular. Não existe o certo ou o errado, quando se trata de cultura, é apenas uma questão de usos e costumes. Essa compreensão não é bíblica. O crente tem que ter sempre o discernimento moral para separar formas comportamentais que não condizem com a Palavra de Deus, independentemente se são classificadas como “cultura”, popular ou não. Muitos líderes evangélicos têm também aceito esse conceito e procuram uma adaptabilidade total da fé cristã. Qualquer tentativa de correção de aspectos culturais é rotulada de “ocidentalização do evangelho”, ou violência cultural. Chega-se ao ponto de se dizer que temos que ter “teologias regionais”, ou seja – uma teologia sul-americana, uma outra africana, e assim por diante – como se os princípios descritivos revelados de Deus não tivessem uma fonte única e imutável – a Sua Palavra.
Não podemos, portanto, simplesmente aceitar uma civilização como ela é sem termos a visão clara do que ela tem contrário à palavra de Deus. O apóstolo Paulo, o maior “missionário transcultural”, não hesitou em fazer observações que, nos dias de hoje seriam consideradas “politicamente incorretas” sobre os habitantes da Ilha de Creta – cultura na qual estava inserido o jovem pastor, Tito. Paulo, citando um próprio poeta daquele povo (Epimênides) diz em Tito 1:
“Porque existem muitos insubordinados, palradores frívolos, e enganadores, especialmente os da circuncisão. É preciso fazê-los calar, porque andam pervertendo casas inteiras, ensinando o que não devem, por torpe ganância. Foi mesmo dentre eles, um seu profeta que disse: Cretenses, sempre mentirosos, feras terríveis, ventres preguiçosos. Tal testemunho é exato. Portanto repreende-os severamente, para que sejam sadios na fé.” (v. 10-13)
Paulo reconhece, então, que existiam comportamentos genéricos que caracterizavam aquela cultura e vários desses eram desvios do comportamento que Deus espera dos seus servos. Tito, em seus esforços para edificar aquela igreja, tinha que reconhecer que muito dessa “cultura” havia sido trazida para dentro (1.5). Ele tinha que rejeitá-la e “repreender severamente” (v. 13) e “com toda autoridade” (2.15) os que refletiam tal “comportamento cultural típico dos cretenses” dentro da igreja.
Nossa responsabilidade de transmitir e viver adequadamente o evangelho em qualquer cultura, não nos libera de estarmos alertas aos aspectos antibíblicos exibidos na formação dos povos. Por exemplo, por mais cultural que seja e por mais que faça parte de nossa formação, do ponto de vista bíblico nada existe de recomendável para o famoso “jeitinho brasileiro”. O livro já mencionado de Ricardo Gondim, que é polêmico e desafia o nosso pensamento, e, em muitos sentidos, é muito bom, falha ao aceitar a opinião de E. A. Nida, que um cordão para cobrir o corpo de uma mulher é uma questão cultural, dentro da visão indígena, nada tendo de imoral (p.31).Mas será que “cultura” é algo tão supremo e destituído de valor moral, assim? Não foi o próprio Deus que vestiu o homem caído em pecado (Gn 3.21)? Não seria a exigüidade de roupas dos índios, junto com seus costumes de explorar as mulheres no trabalho e até de assassinar as primeiras crianças, quando são do sexo feminino, uma evidência de uma sociedade distanciada dos princípios de Deus, carente do evangelho salvador de Cristo? Será que os missionários terão que preservar todos os aspectos daquela sociedade – porque se constituem em “cultura”, ou deverão procurar reformá-la e transformá-la à luz da Palavra? E nós, que faremos em meio à nossa sociedade? Vamos aceitar também “as danças sensuais” como uma expressão cultural inocente, ou vamos reconhecê-la como a banalização da imoralidade que é?
2. O que tem o crente a ver com a cultura?
Por outro lado, existe a cultura verdadeira. O resultado do conhecimento aplicado no caldeirão das peculiaridades e diversidades operadas por Deus em todos os povos. Enquanto muitos crentes não exercitam discernimento e aceitam tudo que é classificado como “cultura” sem se preocupar com a adequação moral e bíblica do que é apresentado, outros têm a compreensão que qualquer coisa produzida fora da igreja, sendo do campo “secular” não deveria ser apreciada. Qual deve ser a abordagem equilibrada desta questão? O que tem a Palavra de Deus a nos ensinar? O Salmo 24 nos diz, “Do Senhor é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam.” A verdade é que a visão bíblica não faz uma separação entre o secular e o sagrado. Todas as coisas pertencem a Deus. O Diabo tem atuado temporariamente na terra, mas ele é um usurpador–ele não é o rei por direito. Sabemos que um dos sinais da vitória final de Jesus Cristo é que Deus o exalta, “… para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra”(Fl 2.13). As demandas de Deus caem sobre todos os homens, crentes e descrentes. Seus mandamentos são válidos em todas as ocasiões e situações. Deus é a fonte de tudo que verdadeiramente tem valor e de todo o desenvolvimento veraz do conhecimento humano.
3. Cultura não é “coisa do mundo”?
Temos nos acostumado a identificar o mundo como sendo uma expressão que indica apenas algo material que podemos ver e tocar. Este tipo de compreensão coloca as coisas materiais como sendo a esfera de domínio de Satanás. Mas a Palavra de Deus nos instrui qual o verdadeiro conceito do “mundo”. Em Gl 5.19-22 temos bem clara a antítese que deve ser alvo de nossa preocupação–qual a diferença entre o mundo e o Reino de Deus:
1. O Mundo, está descrito nos versículos 19-21. Ele é o domínio daquilo que se constitui nas obras da carne.
2. O Reino de Deus, está nos versículos 22 a 26 e se constitui no Fruto do Espírito.
A separação que existe entre o bem e o mal é ético-religiosa, não é uma questão de matéria versus espírito. As coisas que constituem o bem são concretas, e são também espirituais. Por outro lado, as coisas que constituem o mal também são de natureza espiritual (Ef 6.12), isto é, não estão identificadas apenas com coisas e questões materiais.
Em outra passagem, de 1 Timóteo 4.3-4, Paulo fala contra os que proíbem “…o casamento, e ordenando a abstinência de alimentos que Deus criou para serem recebidos com ações de graças pelos que são fiéis e que conhecem bem a verdade; pois todas as coisas criadas por Deus são boas, e nada deve ser rejeitado se é recebido com ações de graças”. Isto esclarece que a verdadeira religião não é ascética. Ascetismo é a separação artificial entre o mundo material (físico), supostamente inferior, e o mundo espiritual (metafísico), supostamente superior. Como já vimos em Gálatas 5, não podemos identificar maldade com matéria e bondade com espírito. Tudo procede de Deus. Tanto as coisas materiais como as espirituais são desvirtuadas pelo pecado e pelo diabo, subvertendo a ordem da criação. A idéia de que matéria é algo ruim é um conceito do monasticismo católico, dos escritos de Tomás de Aquino e do pensamento das religiões orientais, como por exemplo o Budismo e o Hare Krishna, mas não é uma visão bíblica da realidade.
Verificamos que criamos, na igreja, uma dissociação artificial entre o sagrado e o profano. Falhamos em reconhecer que todas as coisas provêm de Deus. Estamos em uma criação caída, sob o pecado, mas cabe a nós, servos fiéis, exercermos o domínio que nos foi outorgado por Deus, para a sua glória. Isso quer dizer procurarmos adquirir o melhor conhecimento e desenvolver a apreciação pelas coisas belas da criação e aquelas que Deus permitiu às pessoas desenvolverem. Ao mesmo tempo, devemos ter discernimento cristão para rejeitar as distorções malignas da cultura verdadeira.
4. Cultura e o domínio da Criação
O homem é a coroa da criação, feito de uma forma toda especial à imagem e semelhança de Deus (Gn1.27). Tanto o homem quanto a mulher foram criação especial de Deus. Este tema é retomado e explicado em mais detalhes no capítulo 3 de Gênesis.
A maioria dos teólogos fiéis identificam a questão da “imagem de Deus” no fato de que o homem foi criado com a possibilidade de refletir certos aspectos das características de Deus (os chamados atributos comunicáveis), como por exemplo conhecimento, justiça, santidade, amor (algumas características da divindade nunca foram compartilhadas ao homem – os atributos incomunicáveis por exemplo, a eternidade, a absoluta perfeição e a imensidão de Deus). Em outras palavras, a imagem de Deus no homem torna este uma criatura moral. Esta imagem foi afetada pela Queda, pelo pecado, mas permanece como um diferencial do homem e será restaurada em sua plenitude na nossa glorificação (Rm 8.29; 2 Co 3.18). Calvino disse: “a imagem de Deus se estende a tudo aquilo que, na natureza do homem, excede o que existe nos animais” (Institutas, I, 15). A permanência de aspectos essenciais da imagem de Deus no ser humano, mesmo depois da queda, é comprovada, em adição, pela referência de Gn 9.6.
O ser humano, com estas características, é, portanto, o recebedor capaz da delegação de domínio sobre a Criação recebida em Gn1.28. Os versos 28 a 30 apresentam os primeiros mandamentos dados ao homem. Eles estabelecem a situação de primazia, comando e administração da criação, recebida diretamente de Deus. O homem não é um acidente na criação. Ele foi especialmente nela colocado, para servir a Deus, e a criação subsiste como base para servi-lo em seu propósito maior.
O capítulo 1 º de Gênesis encerra-se com a declaração de adequação da criação, só que desta vez, em seu fecho, o texto sagrado apresenta um qualificativo a mais e registra que tudo quanto Deus fizera “era muito bom”! Gênesis 1.28 nos ensina, portanto, que Deus criou o homem e o comandou a “dominar a terra e a sujeitá-la”. Por esta razão, colocou os outros seres viventes ao seu serviço e sob sua administração. Este mesmo comissionamento foi repetido em Gn 9.1-3, depois da queda e depois do Dilúvio. O exercício do domínio é impossível sem o conhecimento, logo isso tem muito a ver com cultura:
1. Significa que Deus dá legitimidade a todas as áreas do conhecimento e das atividades humanas (exceto, é óbvio, aquelas que representam envolvimento em práticas contrárias à Lei Moral de Deus) e que comandam as pessoas a desenvolverem o conhecimento verdadeiro sobre a sua criação. Todo o estudo das questões e matérias, à luz da Palavra de Deus, está dentro da legítima atuação do servo de Deus. Senão, como vamos “dominar a criação”?
2. 1 Cor 10.31 nos indica como deve ser este envolvimento. Tudo que fazemos na vida, até as coisas mais mecânicas e instintivas, como o comer e o beber, deve ser feito com a plena conscientização da glorificação a Deus.
Esta era a visão de vida dos reformadores. Para eles o Cristianismo era vida e não apenas uma filosofia idealista compartimentalizada. Temos que ter cuidado para não apresentarmos a fé Cristã ao mundo como sendo um conceito distanciado que não interage no dia-a-dia das pessoas.
6. Cultura e beleza foram utilizadas por Deus no Tabernáculo e no Templo
O Tabernáculo: Em Ex 25.1-9, temos uma descrição de diversos tipos de matérias primas, trabalhos e artes utilizados sob o direcionamento e prescrição direta de Deus. Isso não somente legitima as diferentes profissões como também a arte e cultura contida em cada um dos artefatos descritos. Um artigo de uma autora cristã nos chama a atenção para o fato que “Deus permitiu que os israelitas recebessem jóias e roupas do povo do Egito e aceitou com agrado a contribuição voluntária de uma parte dessas para serem transformadas em utensílios e enfeites para o tabernáculo, o lugar em que Ele seria adorado. Moisés transmitiu a mensagem: “Tomai, do que tendes, uma oferta para o Senhor; cada um, de coração disposto, voluntariamente a trará por oferta ao Senhor: ouro, prata, bronze, estofo azul, púrpura, carmesim, linho fino, pêlos…, peles…, pedras de ônix e pedras de engaste…”(Ex 35.5-9). Êxodo 35 a 39 descreve a beleza desse tabernáculo e os detalhes das vestes dos sacerdotes, tudo do melhor e do mais bonito. Ouro, linho, pedras preciosas, anéis, argolas, coroa… Quando os israelitas tiraram o espólio do povo de Canaã, na medida em que Deus permitiu, ele nunca deu ordens para que deixassem de lado as jóias e roupas bonitas que estariam entre as riquezas que poderiam levar, nem que as aproveitassem de outra maneira.” Portanto, nas diretrizes bíblicas sobre a construção do tabernáculo vemos a aprovação divina de várias expressões de cultura e, o que é interessante, a apreciação de objetos de mérito procedentes de descrentes:
O Templo – Em 1 Reis 6.7 lemos sobre planejamento, arquitetura, engenharia. Em 7.14, sobre metalurgia e o trabalho específico em cobre. Sabemos que estas atividades não podiam ser executadas sem conhecimento e cultura. Academicamente falando, seria necessário o saber das ciências exatas–matemática, física, química, além de habilidades artísticas reconhecidamente superiores. O Templo, que foi erguido como um símbolo (1 Reis 8.27) e um testemunho (1 Reis 8.41), é um selo de aprovação da parte de Deus na apreciação naquilo que o homem pode produzir de belo, e no conhecimento básico das diversas profissões, quando isso é encaminhado para a Sua glória.
7. A Cultura Real tem Mérito e Qualidade.
Já nos referimos à tendência de definir tão abrangentemente o conceito de cultura, que todas as formas comportamentais são aceitas como valiosas. Essa mesma tendência se estende a outras áreas de realizações humanas, como por exemplo às artes plásticas e à música. Somos ensinados, por algumas pessoas, que tudo que provêm espontaneamente de um povo deve ser aceito e até trazido para a igreja. É tudo uma questão de estilo, nos dizem. Será que é mesmo assim (Fl 4.8-9)?
Até os descrentes estão começando a abrir os olhos para um julgamento mais adequado do que é considerado “arte” e “cultura”. O caderno regional de uma revista semanal de circulação nacional publicou um ensaio no qual o articulista descrevia a sua visita à Bienal de São Paulo (Veja, SP, 2.12.98, p.122), feita em companhia de um amigo, conhecedor de “arte”. Em frente a uma tela branca, o seu amigo conhecedor exclamava, entusiasmado: “É um marco!”. Intrigado com várias outras obras estranhas que recebiam a admiração do amigo, entre elas uma pedra cheia de chicletes pregados nela, ele indicou que não estava entendendo nada. O amigo entendido “explicou” ao apreciador perplexo: “A arte não lida com a beleza, mas com transgressão”. Certamente esse não é o critério de Deus. Por mais difícil que seja discernirmos os critérios de julgamento, nossa apreciação da cultura e das artes nunca pode desprezar a pergunta: “mas isso possui realmente qualidade e mérito?” Vimos que Deus, na criação, avaliou o que fez, passo a passo, e viu que era “bom”, ou seja – a criação possuía valor intrínseco. Semelhantemente Ele escolheu formas de artes que eram “belas” para os locais de adoração. Vamos, portanto, ser apreciadores da cultura real (popular ou erudita), que tem mérito e qualidade.
Conclusão
Muitas perguntas pairam sobre nossas cabeças e deveríamos nos esforçar para responder, biblicamente, a cada uma delas: Será que temos absorvido aspectos da nossa sociedade como “cultura” sendo que estes, na realidade, contrariam preceitos da Palavra de Deus? Que devemos dizer da “cultura de negócios” encontrada em nossa sociedade, aquela, que leva vantagem em tudo, será que ela agrada a Deus? Estamos nos destacando pelo nosso testemunho de contraste, ou pelo envolvimento inconseqüente com as manifestações “culturais” de nossa sociedade? Ou será que temos nos isolado indevidamente e falhado em reconhecer as bênçãos de Deus, providenciadas por sua graça comum, quando permite que o homem escreva, componha ou produza algo que é belo e agradável?
E as igrejas? Estarão elas absorvendo aspectos de uma cultura que contraria a Palavra de Deus. Ou será que têm reagido de forma extremada, proibindo o que Deus não proíbe? E qual tem sido o impacto da cultura, ao longo da história, na liturgia da igreja? Qual deve ser o papel da igreja na transformação da cultura de um povo? Recentemente temos visto muitos artistas que se declaram convertidos, mas que não discernem nenhuma maldade ou imoralidade na forma de expressão que marcou suas carreiras, por exemplo: uma dançarina, meio cantora, famosa por suas músicas entremeadas de grunhidos e suspiros, pelas roupas sumárias que usa e por sua dança erótica de segundas implicações, continua a se apresentar e divulgar essa forma de “cultura” ao mesmo tempo em que se identifica com a igreja evangélica. Será que isso está certo e agrada a Deus? Oramos para que Ele possa nos conceder o discernimento necessário a vivermos vidas cristãs autênticas que O honrem em todos os aspectos de nossas vidas.
Leitura adicional:
1. Michael S. Horton, O Cristão e a Cultura (S. Paulo: Editora Cultura Cristã, 1998).
2. Don Richardson, O Fator Melquisedeque (S. Paulo: Edições Vida Nova, 1986).
3. Ricardo Gondim, É Proibido ( S. Paulo: Mundo Cristão, 1998).
4. John Fisher, What on the World Are we Doing? (Ann Arbor: Vine Books, 1996).
Textos Bíblicos Relevantes:
Gn 1.24-31 — A cultura é o produto do domínio da criação.
Ex 25.1-16 — Deus utiliza o produto da cultura no seu tabernáculo.
1 Pe 3.10-18 — O crente consciente e integrado na sociedade, faz o bem.
Cl 1.9-18 — Cristo deve ter a preeminência em tudo em todas as culturas.
Cl 1.19-28 — Cristo é a pleniude de Deus para todas as culturas.
Jo 14.1-4 e 17.14-23 — Cidadãos dos céus, mas unidos no mundo para transformar.
1 Co 10.26-31 — Tudo deve ser feito para a glória de Deus.
terça-feira, 30 de março de 2010
A tristeza que precede o avivamento
por Juan de Paula
Êxodo 33:1-11
Sermão ministrado na Igreja Batista Central em Japuíba, Angra dos Reis-RJ
Domingo 22 de fevereiro de 2009. Carnaval.
Introdução:
* Todo período que antecede o avivamento é marcado por afastamento de Deus, intensidade da idolatria, religiosidade nominal e angustia espiritual.
* Na história de Israel não foi diferente, em Êxodo 14, Deus abre o mar vermelho mostrando a sua soberania, majestade e graciosidade em libertar o povo contemplado por Ele com um pacto, uma aliança (tema central do livro do Êxodo) e mesmo assim o povo comete idolatria.
* No capítulo 32 o povo vendo que Moisés demorava a voltar do monte incentiva a adoração a um bezerro de ouro violando a aliança com Deus. Esta atitude tem conseqüências severas no relacionamento do povo do deserto com o Deus da aliança.
Doutrina: O avivamento é precedido por um período de sequidão espiritual no meio do povo de Deus, o povo da aliança. Nós podemos aprender duas lições deste período de seca espiritual.
1 – A tristeza que precede o avivamento é marcada pela violação do pacto e da aliança que Deus fez com seu povo (1-6):
O tema central do livro do Êxodo é que Deus pactuou com um povo escolhido soberanamente (Reino) e graciosamente fazendo uma aliança com este povo, lhe enviando um mediador, a saber, Moisés.
A Confissão de Fé Batista de 1689 disserta no capítulo 7 parágrafo 1 o pacto de Deus:
“1. A distância entre Deus e a criatura é tão grande que, embora as criaturas racionais lhe devam obediência, por ser Ele o criador, elas jamais poderiam alcançar o Dom da vida, senão por alguma condescendência voluntária da parte de Deus.1 E isto Ele se agradou em expressar por meio de um pacto com o homem.”
1. – A violação do pacto tem conseqüências no relacionamento do povo com Deus ( vs 1-3):
Por causa da imputação do pecado de Adão a toda humanidade, pois Adão era o representante e o cabeça legal da humanidade no Éden, a humanidade se encontra separada de Deus (Rm 3:23). A aliança ou pacto é a demostração do amor de Deus para escolher um povo para adora-Lo e glorifica-Lo e este povo recebe uma ordem da parte Dele.
No verso 1 , Deus lembra a promessa (aliança) feita com Abraão, Isaque e Jacó. Esta aliança vem desde Noé, renovada com Davi e tem seu cumprimento em plenitude na pessoa e na obra de Jesus Cristo. A promessa é confirmada no verso 2 com a destruição dos inimigos de Israel.
No verso 3 vemos uma conseqüência do pecado, que é a obstinação, a temosia, o ser “cabeça dura” com as coisas de Deus que é uma tendência, uma inclinação inerente a nossa natureza pecaminosa. Deus se revela irado com esta atitude do povo. A obstinação foi a causa da violação do pacto.
2. – A violação do pacto faz com que Deus discipline Seu povo (vs 4-6):
A disciplina de Deus trás lamentação e tristeza ao povo (vs 4).
Deus disciplina quem ama. (Pv 3:11-12 e Hb 12:5-6). Deus revela a sua misericória (não dar aquilo que o povo merece, termo intercambiável com graça ; que significa favor imerecido, dar aquilo que o povo não merece) em não destruir aquele povo porém o disciplina (5-6).
Aplicação:
1 – Em Jesus Cristo, mediador da nova aliança nós caminhamos rumo à terra prometida – a nova criação de Deus – a restauração da criação, o descer dos novos céus e nova terra quando o Senhor Jesus voltar em glória e majestade.
2. – Enquanto não chegamos, continuamos a lidar com nossa natureza adâmica e pecaminosa sendo obstinados, teimosos e desagradamos a Deus com os nossos ídolos tanto como vidas individuais quanto igreja e comunidade do Senhor Jesus. “O coração humano é uma fabrica de ídolos” João Calvino.
3. – Devemos nos submeter a disciplina de Deus com alegria, porque é sinal de que Ele nos ama e por isso nós não somos consumidos (Lm 3:22-23).
4. – O nosso pecado como indivíduos e igreja coletiva deve causar quebrantamento, lamentação e tristeza em nós. Não devemos deixar que o pecado seja cauterizado em nós entristecendo a pessoa do Espírito Santo (Ef 4:30). A consequência do pecado está no próximo ponto:
2 – A tristeza que precede o avivamento é marcada por um afastamento da parte de Deus para com o Seu povo (7-11):
Por isso a tenda do encontro (7), “fora do acampamento” quer dizer que Deus não era com eles.
2.1 – Mesmo Deus entristecido com o povo, ainda sim na sua misericórdia e graça se revelava a Moisés, o mediador da aliança (Vs 8-9):
Deus usou meios extraordinários para falar com seu servo e com seu povo para revelar a sua vontade.
2.2 – Mesmo em tempo de seca espiritual da parte do povo, Moisés mantinha a sua intimidade com Deus (10-11):
Deus lhe falava como um amigo, “face-a-face” Deus sendo invisível tomou forma (antropomorfia) para se revelar ao seu servo.
Interessante a atitude do povo de reverenciar e adorar de pé enquanto Moisés estava na tenda.
Aplicação:
1 – Há períodos em que Deus retira a sua boa mão de uma igreja ou de um povo tendo em vista a quantidade de pecado e idolatria.
2 – Creio que Deus ainda use meios extraordinários para falar ao seu povo, mas esses meios são e devem ser confirmados pela revelação bíblica. A profecia no AT era infalível pois Deus se revelava de forma direta ao mediador. Na era neo-testamentária por causa da progressão da revelação escrita, os dons extraordinários são falíveis. Devem ser confirmados pela Bíblia, regulados pela Bíblia. Devemos ter cuidado com “profetadas” e extremo exagero no uso dos dons extraordinários no evangelicalismo brasileiro. Eu acredito que eles existem biblicamente. Mas há muitos exageros.
O puritano Benjamim Keach, mentor da Confissão Batista de 1689, estava no leito doente junto à um amigo Hanserd Knollys. Knollys virou para Keach dizendo que morreria e Keach viveria mais 15 anos. E de fato a história registra que isso aconteceu. Knollys morreu ali mesmo e Keach morreu 15 anos depois.
3 – Independente dos meios que Deus usa conosco devemos buscar intimidade com Ele e ouvir a sua voz. Oração e uso da Palavra de Deus são os meios usados pelo Senhor e pela pessoa do Espírito Santo para nos conduzir a um crescimento espiritual em nossa união com Cristo.
Todos são sacerdotes hoje e Cristo é o mediador e cabeça da igreja. Porém o NT regula a igreja na questão dos oficiais, dos presbíteros, dos pastores. Orem para que Deus encha o pastor desta igreja da Sua unção para proclamar a Palavra e para continuar a desenvolver com intensidade a comunhão com Deus em oração e a intercessão por vocês povo de Deus reunidos aqui e por toda igreja espalhada pela face da terra.
4 – Todo servo de Deus mentoreia alguém. Moisés treinou Josué filho de Num para a continuidade desta obra. Nós batistas temos resgatado o modelo de presbitério, colegiado e divisão de tarefas conforme revelado na Palavra refletindo de melhor forma a glória de Deus (Cf. Refletindo a glória de Deus, Mark Dever, Editora Fiel).
Conclusão:
Aprendemos que um sentimento de tristeza coletivo por causa do pecado e da idolatria toma conta do povo antes da visitação do Senhor no meio do seu povo. Foi e está sendo assim no desenrolar da história da salvação (história de Israel, Igreja primitiva e na história da igreja).
Orem por avivamento! Clamem por avivamento! Intercedam por avivamento! Peçam pela presença de Deus, pela visitação Dele neste lugar. Deus visita o seu Povo! Veremos isso no sermão de terça-feira no retiro na continuidade deste texto quando Moisés roga a presença de Deus se depara com a glória Dele. A Deus seja toda a Glória. Deus vos abençoe.
Êxodo 33:1-11
Sermão ministrado na Igreja Batista Central em Japuíba, Angra dos Reis-RJ
Domingo 22 de fevereiro de 2009. Carnaval.
Introdução:
* Todo período que antecede o avivamento é marcado por afastamento de Deus, intensidade da idolatria, religiosidade nominal e angustia espiritual.
* Na história de Israel não foi diferente, em Êxodo 14, Deus abre o mar vermelho mostrando a sua soberania, majestade e graciosidade em libertar o povo contemplado por Ele com um pacto, uma aliança (tema central do livro do Êxodo) e mesmo assim o povo comete idolatria.
* No capítulo 32 o povo vendo que Moisés demorava a voltar do monte incentiva a adoração a um bezerro de ouro violando a aliança com Deus. Esta atitude tem conseqüências severas no relacionamento do povo do deserto com o Deus da aliança.
Doutrina: O avivamento é precedido por um período de sequidão espiritual no meio do povo de Deus, o povo da aliança. Nós podemos aprender duas lições deste período de seca espiritual.
1 – A tristeza que precede o avivamento é marcada pela violação do pacto e da aliança que Deus fez com seu povo (1-6):
O tema central do livro do Êxodo é que Deus pactuou com um povo escolhido soberanamente (Reino) e graciosamente fazendo uma aliança com este povo, lhe enviando um mediador, a saber, Moisés.
A Confissão de Fé Batista de 1689 disserta no capítulo 7 parágrafo 1 o pacto de Deus:
“1. A distância entre Deus e a criatura é tão grande que, embora as criaturas racionais lhe devam obediência, por ser Ele o criador, elas jamais poderiam alcançar o Dom da vida, senão por alguma condescendência voluntária da parte de Deus.1 E isto Ele se agradou em expressar por meio de um pacto com o homem.”
1. – A violação do pacto tem conseqüências no relacionamento do povo com Deus ( vs 1-3):
Por causa da imputação do pecado de Adão a toda humanidade, pois Adão era o representante e o cabeça legal da humanidade no Éden, a humanidade se encontra separada de Deus (Rm 3:23). A aliança ou pacto é a demostração do amor de Deus para escolher um povo para adora-Lo e glorifica-Lo e este povo recebe uma ordem da parte Dele.
No verso 1 , Deus lembra a promessa (aliança) feita com Abraão, Isaque e Jacó. Esta aliança vem desde Noé, renovada com Davi e tem seu cumprimento em plenitude na pessoa e na obra de Jesus Cristo. A promessa é confirmada no verso 2 com a destruição dos inimigos de Israel.
No verso 3 vemos uma conseqüência do pecado, que é a obstinação, a temosia, o ser “cabeça dura” com as coisas de Deus que é uma tendência, uma inclinação inerente a nossa natureza pecaminosa. Deus se revela irado com esta atitude do povo. A obstinação foi a causa da violação do pacto.
2. – A violação do pacto faz com que Deus discipline Seu povo (vs 4-6):
A disciplina de Deus trás lamentação e tristeza ao povo (vs 4).
Deus disciplina quem ama. (Pv 3:11-12 e Hb 12:5-6). Deus revela a sua misericória (não dar aquilo que o povo merece, termo intercambiável com graça ; que significa favor imerecido, dar aquilo que o povo não merece) em não destruir aquele povo porém o disciplina (5-6).
Aplicação:
1 – Em Jesus Cristo, mediador da nova aliança nós caminhamos rumo à terra prometida – a nova criação de Deus – a restauração da criação, o descer dos novos céus e nova terra quando o Senhor Jesus voltar em glória e majestade.
2. – Enquanto não chegamos, continuamos a lidar com nossa natureza adâmica e pecaminosa sendo obstinados, teimosos e desagradamos a Deus com os nossos ídolos tanto como vidas individuais quanto igreja e comunidade do Senhor Jesus. “O coração humano é uma fabrica de ídolos” João Calvino.
3. – Devemos nos submeter a disciplina de Deus com alegria, porque é sinal de que Ele nos ama e por isso nós não somos consumidos (Lm 3:22-23).
4. – O nosso pecado como indivíduos e igreja coletiva deve causar quebrantamento, lamentação e tristeza em nós. Não devemos deixar que o pecado seja cauterizado em nós entristecendo a pessoa do Espírito Santo (Ef 4:30). A consequência do pecado está no próximo ponto:
2 – A tristeza que precede o avivamento é marcada por um afastamento da parte de Deus para com o Seu povo (7-11):
Por isso a tenda do encontro (7), “fora do acampamento” quer dizer que Deus não era com eles.
2.1 – Mesmo Deus entristecido com o povo, ainda sim na sua misericórdia e graça se revelava a Moisés, o mediador da aliança (Vs 8-9):
Deus usou meios extraordinários para falar com seu servo e com seu povo para revelar a sua vontade.
2.2 – Mesmo em tempo de seca espiritual da parte do povo, Moisés mantinha a sua intimidade com Deus (10-11):
Deus lhe falava como um amigo, “face-a-face” Deus sendo invisível tomou forma (antropomorfia) para se revelar ao seu servo.
Interessante a atitude do povo de reverenciar e adorar de pé enquanto Moisés estava na tenda.
Aplicação:
1 – Há períodos em que Deus retira a sua boa mão de uma igreja ou de um povo tendo em vista a quantidade de pecado e idolatria.
2 – Creio que Deus ainda use meios extraordinários para falar ao seu povo, mas esses meios são e devem ser confirmados pela revelação bíblica. A profecia no AT era infalível pois Deus se revelava de forma direta ao mediador. Na era neo-testamentária por causa da progressão da revelação escrita, os dons extraordinários são falíveis. Devem ser confirmados pela Bíblia, regulados pela Bíblia. Devemos ter cuidado com “profetadas” e extremo exagero no uso dos dons extraordinários no evangelicalismo brasileiro. Eu acredito que eles existem biblicamente. Mas há muitos exageros.
O puritano Benjamim Keach, mentor da Confissão Batista de 1689, estava no leito doente junto à um amigo Hanserd Knollys. Knollys virou para Keach dizendo que morreria e Keach viveria mais 15 anos. E de fato a história registra que isso aconteceu. Knollys morreu ali mesmo e Keach morreu 15 anos depois.
3 – Independente dos meios que Deus usa conosco devemos buscar intimidade com Ele e ouvir a sua voz. Oração e uso da Palavra de Deus são os meios usados pelo Senhor e pela pessoa do Espírito Santo para nos conduzir a um crescimento espiritual em nossa união com Cristo.
Todos são sacerdotes hoje e Cristo é o mediador e cabeça da igreja. Porém o NT regula a igreja na questão dos oficiais, dos presbíteros, dos pastores. Orem para que Deus encha o pastor desta igreja da Sua unção para proclamar a Palavra e para continuar a desenvolver com intensidade a comunhão com Deus em oração e a intercessão por vocês povo de Deus reunidos aqui e por toda igreja espalhada pela face da terra.
4 – Todo servo de Deus mentoreia alguém. Moisés treinou Josué filho de Num para a continuidade desta obra. Nós batistas temos resgatado o modelo de presbitério, colegiado e divisão de tarefas conforme revelado na Palavra refletindo de melhor forma a glória de Deus (Cf. Refletindo a glória de Deus, Mark Dever, Editora Fiel).
Conclusão:
Aprendemos que um sentimento de tristeza coletivo por causa do pecado e da idolatria toma conta do povo antes da visitação do Senhor no meio do seu povo. Foi e está sendo assim no desenrolar da história da salvação (história de Israel, Igreja primitiva e na história da igreja).
Orem por avivamento! Clamem por avivamento! Intercedam por avivamento! Peçam pela presença de Deus, pela visitação Dele neste lugar. Deus visita o seu Povo! Veremos isso no sermão de terça-feira no retiro na continuidade deste texto quando Moisés roga a presença de Deus se depara com a glória Dele. A Deus seja toda a Glória. Deus vos abençoe.
Ele não está aqui… Ele Ressuscitou!
por Kim Riddlebarger
Isaías 25:6-9 (RC)
“O SENHOR dos Exércitos dará, neste monte, a todos os povos uma festa com animais gordos, uma festa com vinhos puros, com tutanos gordos e com vinhos puros, bem purificados. E destruirá, neste monte, a máscara do rosto com que todos os povos andam cobertos e o véu com que todas as nações se escondem. Aniquilará a morte para sempre, e assim enxugará o Senhor JEOVÁ as lágrimas de todos os rostos, e tirará o opróbrio do seu povo de toda a terra; porque o SENHOR o disse. E, naquele dia, se dirá: Eis que este é o nosso Deus, a quem aguardávamos, e ele nos salvará; este é o SENHOR, a quem aguardávamos; na sua salvação, exultaremos e nos alegraremos”.
João 20:1-9 (RC)
“E, no primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao sepulcro de madrugada, sendo ainda escuro, e viu a pedra tirada do sepulcro. Correu, pois, e foi a Simão Pedro e ao outro discípulo a quem Jesus amava e disse-lhes: Levaram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde o puseram. Então, Pedro saiu com o outro discípulo e foram ao sepulcro. E os dois corriam juntos, mas o outro discípulo correu mais apressadamente do que Pedro e chegou primeiro ao sepulcro. E, abaixando-se, viu no chão os lençóis; todavia, não entrou. Chegou, pois, Simão Pedro, que o seguia, e entrou no sepulcro, e viu no chão os lençóis e que o lenço que tinha estado sobre a sua cabeça não estava com os lençóis, mas enrolado, num lugar à parte. Então, entrou também o outro discípulo, que chegara primeiro ao sepulcro, e viu, e creu. Porque ainda não sabiam a Escritura, que diz que era necessário que ressuscitasse dos mortos”.
1 Coríntios 15:1-8 (RA)
“Irmãos, venho lembrar-vos o evangelho que vos anunciei, o qual recebestes e no qual ainda perseverais; por ele também sois salvos, se retiverdes a palavra tal como vo-la preguei, a menos que tenhais crido em vão. Antes de tudo, vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras. E apareceu a Cefas e, depois, aos doze. Depois, foi visto por mais de quinhentos irmãos de uma só vez, dos quais a maioria sobrevive até agora; porém alguns já dormem. Depois, foi visto por Tiago, mais tarde, por todos os apóstolos e, afinal, depois de todos, foi visto também por mim, como por um nascido fora de tempo”.
Uma pequena oração para a Páscoa
Pai Santo, doador de todos os dons perfeitos, nos unimos ao coro celestial para proclamar as novas que tu derrotaste os poderes do pecado, da morte e da condenação pela vitória de Jesus Cristo, teu Filho, sobre a sepultura. Confessamos que as circunstâncias desta presente era freqüentemente levantam-se para testificar contra a promessa que tu declaraste em tua Palavra. Todavia, submetemos a experiência dos nossos corações ao teu julgamento. Tu ressuscitaste a Jesus Cristo dentre os mortos como as primícias da colheita completa do último dia. Como em sua ressurreição tu trouxeste a nova criação para essa era má e passageira, levanta-nos e nos assente com Cristo - nesta vida, por meio da fé, e na vida porvir, contemplando com os nossos olhos a ressurreição dos nossos corpos na vida eterna. Tudo isso oramos, com alegria e gratidão, em nome de Cristo. Amém.
Ele Ressuscitou! Ele Ressuscitou de fato!
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto.
por Kim Riddlebarger
Isaías 25:6-9 (RC)
“O SENHOR dos Exércitos dará, neste monte, a todos os povos uma festa com animais gordos, uma festa com vinhos puros, com tutanos gordos e com vinhos puros, bem purificados. E destruirá, neste monte, a máscara do rosto com que todos os povos andam cobertos e o véu com que todas as nações se escondem. Aniquilará a morte para sempre, e assim enxugará o Senhor JEOVÁ as lágrimas de todos os rostos, e tirará o opróbrio do seu povo de toda a terra; porque o SENHOR o disse. E, naquele dia, se dirá: Eis que este é o nosso Deus, a quem aguardávamos, e ele nos salvará; este é o SENHOR, a quem aguardávamos; na sua salvação, exultaremos e nos alegraremos”.
João 20:1-9 (RC)
“E, no primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao sepulcro de madrugada, sendo ainda escuro, e viu a pedra tirada do sepulcro. Correu, pois, e foi a Simão Pedro e ao outro discípulo a quem Jesus amava e disse-lhes: Levaram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde o puseram. Então, Pedro saiu com o outro discípulo e foram ao sepulcro. E os dois corriam juntos, mas o outro discípulo correu mais apressadamente do que Pedro e chegou primeiro ao sepulcro. E, abaixando-se, viu no chão os lençóis; todavia, não entrou. Chegou, pois, Simão Pedro, que o seguia, e entrou no sepulcro, e viu no chão os lençóis e que o lenço que tinha estado sobre a sua cabeça não estava com os lençóis, mas enrolado, num lugar à parte. Então, entrou também o outro discípulo, que chegara primeiro ao sepulcro, e viu, e creu. Porque ainda não sabiam a Escritura, que diz que era necessário que ressuscitasse dos mortos”.
1 Coríntios 15:1-8 (RA)
“Irmãos, venho lembrar-vos o evangelho que vos anunciei, o qual recebestes e no qual ainda perseverais; por ele também sois salvos, se retiverdes a palavra tal como vo-la preguei, a menos que tenhais crido em vão. Antes de tudo, vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras. E apareceu a Cefas e, depois, aos doze. Depois, foi visto por mais de quinhentos irmãos de uma só vez, dos quais a maioria sobrevive até agora; porém alguns já dormem. Depois, foi visto por Tiago, mais tarde, por todos os apóstolos e, afinal, depois de todos, foi visto também por mim, como por um nascido fora de tempo”.
Uma pequena oração para a Páscoa
Pai Santo, doador de todos os dons perfeitos, nos unimos ao coro celestial para proclamar as novas que tu derrotaste os poderes do pecado, da morte e da condenação pela vitória de Jesus Cristo, teu Filho, sobre a sepultura. Confessamos que as circunstâncias desta presente era freqüentemente levantam-se para testificar contra a promessa que tu declaraste em tua Palavra. Todavia, submetemos a experiência dos nossos corações ao teu julgamento. Tu ressuscitaste a Jesus Cristo dentre os mortos como as primícias da colheita completa do último dia. Como em sua ressurreição tu trouxeste a nova criação para essa era má e passageira, levanta-nos e nos assente com Cristo - nesta vida, por meio da fé, e na vida porvir, contemplando com os nossos olhos a ressurreição dos nossos corpos na vida eterna. Tudo isso oramos, com alegria e gratidão, em nome de Cristo. Amém.
Ele Ressuscitou! Ele Ressuscitou de fato!
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto.
A Providência de Deus e a Oração de Seus Servos
por Hermisten Maia Pereira da Costa
Jesus nos ensinou a orar: “… Faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu” (Mt 6.10). A oração não é uma tentativa de mudar a vontade de Deus, mas sim a manifestação sincera do nosso desejo de submeter-Lhe os nossos projetos, aspirações, sonhos e necessidades. A oração sincera se caracterizará pelo intenso desejo de submeter nossos desejos à vontade de Deus. Esta submissão não é algo simplesmente aprendido pela razão, embora mesmo racionalmente temos argumentos para assim proceder, pelo fato de sabermos que Deus é sábio, bondoso e onisciente. “Somente o Espírito pode capacitar-nos a subordinar todos os nossos desejos à glória divina”.[1] A submissão a Deus é um aprendizado da fé, através de nossa comunhão com Ele.
Quando pedimos que Deus faça a Sua vontade, o fazemos não resignadamente, como se não tivesse jeito mesmo, ou como se Deus fosse o nosso inimigo que nos venceu e que agora só resta nos submeter humilhantemente… Não! A nossa oração é feita com amor e confiança, certos de que a vontade de Deus é sempre a melhor, de que ela sempre é boa, agradável e perfeita (Rm 12.2); por isso, temos prazer em cumpri-la, conforme bem expressaram Davi e Paulo, respectivamente: “Agrada-me fazer a tua vontade, ó Deus meu; dentro em meu coração está a tua lei” (Sl 40.8). “Não servindo à vista, como para agradar a homens, mas como servos de Cristo, fazendo de coração a vontade de Deus” (Ef 6.6). Somente um coração que tem dentro de si a Palavra, pode sentir prazer na vontade de Deus e, se alegrar na manifestação do Seu poder.
Ao orarmos sinceramente, conforme nos ensinam as Escrituras, estamos submetendo a nossa vontade a Deus; isto significa que não pretendemos ensinar a Deus, nem mudar a Sua vontade; antes, nos colocamos diante dEle dizendo: Eu creio que a Tua vontade é a melhor para a minha vida, cumpre em mim todo o Teu propósito. Orar é entregar confiantemente o nosso futuro a Deus a fim de que Ele concretize Sua eterna e santa vontade em nós. A oração revela o nosso desejo de que a vontade de Deus se realize.[2]
João Calvino (1509-1564), comentando esta petição, diz:
“Com esta prece somos induzidos à negação de nós mesmos, para que Deus nos reja conforme o Seu arbítrio. Nem somente isto, mas também que, a nada reduzidos a mente e o coração nossos, crie Deus em nós mente nova e novo coração, para que em nós não sintamos qualquer frêmito de desejo que a pura anuência para com a Sua vontade. Em suma, que não queiramos nós próprios algo de nós mesmos; pelo contrário, que Seu Espírito nos governe o coração, para que, ensinando-nos Ele interiormente, aprendamos a amar as cousas que lhe aprazem, a, porém, odiar as que Lhe desagradam. De onde também isto se segue: que todos e quantos sentimos à vontade se Lhe opõem, a esses renda-os e vãos e írritos.”[3]
A Oração do Senhor nos ensina a pedir a Deus que realize a Sua vontade aqui na terra como é feita no céu. Oramos para que a vida na terra se aproxime o máximo possível a do céu, onde os anjos cumprem perfeitamente a vontade de Deus (Sl 103.21).[4]
A vinda do reino (Mt 6.10) é o resultado lógico do cumprimento da vontade de Deus. Quando assim oramos, estamos seguros de que Deus age sempre em a) Sabedoria; por isso confiamos nos Seus propósitos; b) Poder; sabemos que Ele é poderoso para cumprir perfeita e totalmente os Seus propósitos; c) Fidelidade; Deus é fiel a Si mesmo e por isso, Se revela fiel a nós através de Suas promessas; d) Amor; a Sua vontade é sempre amorosa; o amor de Deus é aquele que se sacrifica pelo Seu povo.
Finalizando a análise deste princípio, devemos mencionar um outro: A submissão. A submissão deve reger as nossas orações. Esta atitude vemos plenamente exemplificada em Cristo, em Sua oração proferida próxima ao Seu martírio: “Meu Pai: Se possível, passa de mim este cálice! Todavia, não seja como eu quero, e, sim, como tu queres” (Mt 26.39). O ministério terreno de Cristo foi uma manifestação constante da Sua obediência desde a Sua encarnação, passando por todos os desafios inerentes à Sua missão, até a Sua auto-entrega na cruz em favor do Seu povo (Vd. Fp 2.5-8; Hb 5.8).
A oração está relacionada com a Providência de Deus. Se por um lado, nós não podemos delimitar a ação de Deus às nossas orações, por outro, devemos estar atentos ao fato de que Deus nos abriu a porta da oração a fim de exercitarmos a nossa fé em paciente submissão. Entendemos que as nossas orações quando feitas por um motivo justo, através de Cristo e, partindo de um coração sincero, fazem parte da execução do plano de Deus. “Quando Deus nos dá aquilo que pedimos, é como se essas coisas tivessem nelas a estampa de nossas orações!”[5]
Portanto, não devemos nem podemos pedir qualquer coisa a Deus contrária à vontade de Jesus Cristo, visto que as nossas orações são feitas em Seu nome. “Solicitar algo a Deus, em nome de Cristo, quer dizer solicitar-lhe algo em harmonia com a natureza de Cristo! Pedir algo em nome de Cristo, a Deus Pai, é como se o próprio Cristo estivesse formulando a petição. Só podemos pedir a Deus aquilo que Cristo pediria. Pedir em nome de Cristo, pois, significa deixar de lado nossa vontade própria, aceitando a vontade do Senhor!”[6]
Quando oramos, estamos exercitando o privilégio que Deus nos concedeu, amparados na Sua Palavra que nos mostra as Suas promessas.[7] A nossa oração é dirigida ao Pai, sabendo que Ele é um Pai onisciente e providente: por isso, não pretendemos e, de fato não podemos mudar a vontade de Deus. E, francamente, ainda que pudéssemos, ousaríamos fazê-lo? Será que faríamos algo melhor? Se você por um instante sequer titubear diante desta, permita-me, ridícula questão, é porque você ainda não conhece o Deus da Palavra!
Nesta mesma linha de raciocínio, escreveu Packer:
“O reconhecimento do fato da soberania de Deus é a base de [nossas] orações. Na oração, o cristão solicita coisas e agradece por elas. Por quê? Porque reconhece que Deus é a origem de todo bem que já possui e de todo bem que espera no futuro. Essa é a filosofia fundamental da oração cristã. A oração não é uma tentativa para forçar a mão de Deus, mas um humilde reconhecimento de incapacidade e dependência. Quando nos pomos de joelhos, sabemos que não somos nós que controlamos o mundo; não estando em nosso poder, portanto, atender nossas necessidades pelos nossos próprios esforços independentes; todas as coisas boas que desejamos para nós mesmos e para os outros devem ser procuradas em Deus; e se elas vierem, virão como dádivas de Suas mãos. (…) Por conseguinte, o que na realidade fazemos, cada vez que oramos, é confessar nossa própria impotência e a soberania de Deus. Dessa maneira, o próprio fato de um crente orar é uma prova positiva de que crê na soberania do seu Deus.”[8]
Curiosamente, Platão (427-347 a.C.), um filósofo pagão, com discernimento correto, entendia que um dos males de sua época era a corrosão da religião praticada por supostos sacerdotes e profetas – que ele chama de mendigos e adivinhos -, os quais exploravam a credulidade das pessoas, especialmente das ricas. Dentro do quadro descrito, uma das fórmulas usadas por esses líderes religiosos, era fazer as pessoas crerem que poderiam mudar a vontade dos deuses mediante a oferta de sacrifícios ou, através de determinados encantamentos; os deuses seriam portanto limitados e aéticos, sem padrão de moral, sendo guiados pelas seduções humanas:
“Mendigos e adivinhos vão às portas dos ricos tentar persuadi-los de que têm o poder, outorgado pelos deuses devido a sacrifícios e encantamentos, de curar por meio de prazeres e festas, com sacrifícios, qualquer crime cometido pelo próprio ou pelos seus antepassados, e, por outro lado, se se quiser fazer mal a um inimigo, mediante pequena despesa, prejudicarão com igual facilidade justo e injusto, persuadindo os deuses a serem seus servidores – dizem eles – graças a tais ou quais inovações e feitiçarias. Para todas estas pretensões, invocam os deuses como testemunhas, uns sobre o vício, garantindo facilidades (…). Outros, para mostrar como os deuses são influenciados pelos homens, invocam o testemunho de Homero, pois também ele disse: ‘Flexíveis até os deuses o são. Com as suas preces, por meio de sacrifícios, votos aprazíveis, libações, gordura de vítimas, os homens tornam-nos propícios, quando algum saiu do seu caminho e errou’ (Ilíada IX.497-501).”[9]
Meus irmãos, este quadro pode parecer estranho, mas na realidade, muitas pessoas ainda crêem assim ou, pelo menos se comportam como se Deus fosse movido de um lado para o outro conforme as nossas “seduções espirituais”: longas orações, peregrinações, sacrifícios, abstinências, louvores exaltados, entre outros recursos. Este não é o Deus das Escrituras. O nosso Deus dirige todas as coisas com sabedoria, justiça e amor; é a Ele a Quem oramos: “seja feita a Tua Vontade!”
A oração é um testemunho solene de nossa confiança no cuidado paternal de Deus. A Palavra nos estimula a lançar sobre Deus e a Sua promessa toda a nossa confiança. Jesus Cristo nos instrui: “Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas cousas vos serão acrescentadas. Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal” (Mt 6.33-34). “Não se vendem dois pardais por um asse? e nenhum deles cairá em terra sem o consentimento de vosso Pai. E quanto a vós outros, até os cabelos todos da cabeça estão contados. Não temais pois! Bem mais valeis vós do que muitos pardais” (Mt 10.29-31).
O nosso Pai conhece os nossos corações; Ele sabe as nossas motivações e intenções. As pessoas podem nos julgar mal como também nós cometemos este mesmo equívoco; isto ocorre amiúde ou porque não fomos claros como gostaríamos, ou porque de fato houve má vontade; ou seja, houve algum ruído na comunicação. No entanto, o nosso Pai, nos conhece perfeitamente; Ele vê em secreto os segredos dos nossos corações (Mt 6.6). João testifica a respeito de Jesus Cristo: “E não precisava de que alguém lhe desse testemunho a respeito do homem, porque ele mesmo sabia o que era a natureza humana” (Jo 2.25).
Quando oramos, nós buscamos o Pai, não o homem (Mt 6.5,6). Este é o sentido genuíno da oração. Não estamos, através da oração, em busca de recompensa humanas, tais como: o aplauso, um alto conceito a respeito de nossa devoção e piedade; não. Apesar desta “recompensa” ser geralmente mais imediata, nós não a buscamos… Pelo contrário, oramos ao Pai para de fato, falar com Ele, colocando diante de Seu trono de graça as nossas necessidades… E neste procedimento, jamais devemos nos esquecer de que Ele sabe todas as coisas.
Mesmo sem conseguir entender perfeitamente a extensão deste maravilhoso mistério, não podemos deixar de utilizar a oração, um privilégio que Deus graciosamente nos concedeu, de podermos falar com Ele e, de exercitar a nossa fé na Sua soberana providência. (1Sm 1.9-20; Sl 6.9; Pv 15.29; Mt 26.41; Lc 1.13; 1Ts 5.17; Tg 4.2,3; 1Jo 5.13-15). “É pela fé que tomamos posse de Sua providência invisível”, conclui Calvino.[10]
Deus sabe das nossas necessidades. O saber de Deus não é apenas intelectual: Deus sabe e por isso cuida (Mt 6.8). Ele não dorme, antes, sabe do que necessitamos antes mesmo que tenhamos consciência da nossas necessidades: A Bíblia também nos ensina que Deus nem sempre nos dá aquilo que pedimos; entretanto, sempre nos dá aquilo de que necessitamos de fato e de verdade, mesmo que nem ainda tenha penetrado em nosso coração a realidade da carência… A nossa demorada consciência de nossas próprias carências não escapa à Providência de Deus, nem à Sua graciosa provisão.
A Palavra de Deus declara isto. Os salmistas, inspirados por Deus, testificam: “Os olhos do Senhor repousam sobre os justos, e os seus ouvidos estão abertos ao seu clamor” (Sl 34.15). “Ele não permitirá que os teus pés vacilem: não dormitará aquele que te guarda. É certo que não dormita nem dorme o guarda de Israel” (Sl 121.3-4). “Aí habitou a tua grei: em tua bondade, fizeste provisão para os necessitados” (Sl 68.10). E Deus mesmo promete: “E será que antes que clamem, eu responderei; estando eles ainda falando, eu os ouvirei” (Is 65.24).
A ação de Deus na História não é de forma imediatista ou apenas para resolver problemas isolados. Deus age de forma sábia, conforme o Seu Santo Conselho, objetivando a Sua Glória na execução do Seu plano. O Plano de Deus e o Seu governo são eternos e eficazes. Davi e Paulo declaram esta compreensão, respectivamente: “Os teus olhos me viram a substância ainda informe, e no teu livro foram escritos todos os meus dias, cada um deles escrito e determinado, quando nem um deles havia ainda” (Sl 139.16). “Quando, porém, ao que me separou antes de eu nascer e me chamou pela sua graça…” (Gl 1.15).
O próprio Deus, reivindica o Seu governo quando vocaciona o profeta Jeremias: “Antes que eu te formasse no ventre materno, eu te conheci, e antes que saísses da madre, te consagrei e te constituí profeta às nações” (Jr 1.5).
Deus, o nosso Pai, cuida de cada um de nós como se fôssemos o único que Ele teria para cuidar; Ele cuida “pessoalmente” de nós.[11] As nossas orações são o testemunho desta certeza. O Deus que preservou a Elias, enviando os corvos para lhe levarem alimento (1Rs 17.1-6), é o mesmo que é o nosso Pai onisciente e providente. Portanto, podemos fazer eco ao testemunho de fé e vida de Davi e de Paulo: “O Senhor, tenho-o sempre à minha presença; estando Ele à minha direita não serei abalado” (Sl 16.8). “Não andeis ansiosos de cousa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graça” (Fp 4.6).
O melhor antídoto contra a ansiedade é a oração sincera e confiante, através da qual expomos a Deus as nossas dúvidas, temores e confiança. Portanto, orar é exercitar a nossa confiança no Deus da Providência, sabendo que nada nos faltará, porque Ele é o nosso Pai.
Calvino, relacionando as nossas orações ao cuidado providente de Deus, escreve:
“Para incitar os verdadeiros crentes a uma mais profunda solicitude à oração, Ele promete que, o que propusera fazer movido por Seu próprio beneplácito, Ele concederia em resposta a seus pedidos. Tampouco existe alguma inconsistência ente estas duas verdades, a saber: que Deus preserva a Igreja no exercício de sua soberana mercê, e que Ele a preserva em resposta às orações de Seu povo. Pois, visto que suas orações se acham conectadas às promessas graciosas, o efeito daquelas depende inteiramente destas.”[12]
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NOTAS:
[1] A.W. Pink, Enriquecendo-se com a Bíblia, São Paulo, Fiel, 1979, p. 46.
[2] “Orar não é bem conseguir que Deus faça nossa vontade, mas demonstrar que estamos interessados tanto quanto Ele na concretização da Sua vontade.” (Millard J. Erickson, Introdução à Teologia Sistemática, São Paulo, Vida Nova, 1997, p. 179).
[3] João Calvino, As Institutas, São Paulo, Casa Editora Presbiteriana, 1985-1989, III.20.43.
[4] O Catecismo de Heidelberg (1563), comentando a “terceira petição” do Pai Nosso, assim interpreta: “Concede que nós e todos os homens renunciemos à nossa própria vontade e obedeçamos sem queixa, à tua vontade, que com exclusividade, é boa, para que assim todos dêem cumprimento a seu dever e à sua vocação, tão espontânea e fielmente como os anjos nos céus.” (Pergunta 124. In: O Livro de Confissões, São Paulo, Missão Presbiteriana do Brasil Central, 1969, § 4.124).
[5]John Flavel, Se Deus Quiser, São Paulo, PES., 1987, p. 26.
[6]A.W. Pink, Deus é Soberano, São Paulo, Fiel, 1977 p. 134.
[7]Vd. J. Calvino, As Institutas, III.2.2 e 7; João Calvino, Exposição de Hebreus, São Paulo, Edições Paracletos, 1997, (Hb 11.11), p. 318.
[8] J.I. Packer, Evangelização e Soberania de Deus, 2ª ed. São Paulo, Vida Nova, 1990, p. 11.
[9] Platão, A República, 7ª ed. Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, (1993), 364c-e.
[10]João Calvino, O Livro dos Salmos, São Paulo, Edições Paracletos, 1999, Vol. 1, (Sl 13.1), p. 262.
[11] Agostinho (354-430) exulta: “Ó bondosa Onipotência que olhais por cada um de nós como se dum só cuidásseis, velando por todos como por cada um!”. [Agostinho, Confissões, São Paulo, Abril Cultural, 1973. (Os Pensadores, VI), III.11.19]. (Ver também, J. Calvino, As Institutas, I.17.6).
[12] João Calvino, O Livro dos Salmos, São Paulo, Edições Parakletos, 2002, Vol. 3, (Sl 102.17), p. 578.
Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa, pastor da I.P. Ebenézer, Osasco, SP e professor de Teologia Sistemática e Filosofia no Seminário Presbiteriano Rev. José Manoel da Conceição, São Paulo, Capital.
Jesus nos ensinou a orar: “… Faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu” (Mt 6.10). A oração não é uma tentativa de mudar a vontade de Deus, mas sim a manifestação sincera do nosso desejo de submeter-Lhe os nossos projetos, aspirações, sonhos e necessidades. A oração sincera se caracterizará pelo intenso desejo de submeter nossos desejos à vontade de Deus. Esta submissão não é algo simplesmente aprendido pela razão, embora mesmo racionalmente temos argumentos para assim proceder, pelo fato de sabermos que Deus é sábio, bondoso e onisciente. “Somente o Espírito pode capacitar-nos a subordinar todos os nossos desejos à glória divina”.[1] A submissão a Deus é um aprendizado da fé, através de nossa comunhão com Ele.
Quando pedimos que Deus faça a Sua vontade, o fazemos não resignadamente, como se não tivesse jeito mesmo, ou como se Deus fosse o nosso inimigo que nos venceu e que agora só resta nos submeter humilhantemente… Não! A nossa oração é feita com amor e confiança, certos de que a vontade de Deus é sempre a melhor, de que ela sempre é boa, agradável e perfeita (Rm 12.2); por isso, temos prazer em cumpri-la, conforme bem expressaram Davi e Paulo, respectivamente: “Agrada-me fazer a tua vontade, ó Deus meu; dentro em meu coração está a tua lei” (Sl 40.8). “Não servindo à vista, como para agradar a homens, mas como servos de Cristo, fazendo de coração a vontade de Deus” (Ef 6.6). Somente um coração que tem dentro de si a Palavra, pode sentir prazer na vontade de Deus e, se alegrar na manifestação do Seu poder.
Ao orarmos sinceramente, conforme nos ensinam as Escrituras, estamos submetendo a nossa vontade a Deus; isto significa que não pretendemos ensinar a Deus, nem mudar a Sua vontade; antes, nos colocamos diante dEle dizendo: Eu creio que a Tua vontade é a melhor para a minha vida, cumpre em mim todo o Teu propósito. Orar é entregar confiantemente o nosso futuro a Deus a fim de que Ele concretize Sua eterna e santa vontade em nós. A oração revela o nosso desejo de que a vontade de Deus se realize.[2]
João Calvino (1509-1564), comentando esta petição, diz:
“Com esta prece somos induzidos à negação de nós mesmos, para que Deus nos reja conforme o Seu arbítrio. Nem somente isto, mas também que, a nada reduzidos a mente e o coração nossos, crie Deus em nós mente nova e novo coração, para que em nós não sintamos qualquer frêmito de desejo que a pura anuência para com a Sua vontade. Em suma, que não queiramos nós próprios algo de nós mesmos; pelo contrário, que Seu Espírito nos governe o coração, para que, ensinando-nos Ele interiormente, aprendamos a amar as cousas que lhe aprazem, a, porém, odiar as que Lhe desagradam. De onde também isto se segue: que todos e quantos sentimos à vontade se Lhe opõem, a esses renda-os e vãos e írritos.”[3]
A Oração do Senhor nos ensina a pedir a Deus que realize a Sua vontade aqui na terra como é feita no céu. Oramos para que a vida na terra se aproxime o máximo possível a do céu, onde os anjos cumprem perfeitamente a vontade de Deus (Sl 103.21).[4]
A vinda do reino (Mt 6.10) é o resultado lógico do cumprimento da vontade de Deus. Quando assim oramos, estamos seguros de que Deus age sempre em a) Sabedoria; por isso confiamos nos Seus propósitos; b) Poder; sabemos que Ele é poderoso para cumprir perfeita e totalmente os Seus propósitos; c) Fidelidade; Deus é fiel a Si mesmo e por isso, Se revela fiel a nós através de Suas promessas; d) Amor; a Sua vontade é sempre amorosa; o amor de Deus é aquele que se sacrifica pelo Seu povo.
Finalizando a análise deste princípio, devemos mencionar um outro: A submissão. A submissão deve reger as nossas orações. Esta atitude vemos plenamente exemplificada em Cristo, em Sua oração proferida próxima ao Seu martírio: “Meu Pai: Se possível, passa de mim este cálice! Todavia, não seja como eu quero, e, sim, como tu queres” (Mt 26.39). O ministério terreno de Cristo foi uma manifestação constante da Sua obediência desde a Sua encarnação, passando por todos os desafios inerentes à Sua missão, até a Sua auto-entrega na cruz em favor do Seu povo (Vd. Fp 2.5-8; Hb 5.8).
A oração está relacionada com a Providência de Deus. Se por um lado, nós não podemos delimitar a ação de Deus às nossas orações, por outro, devemos estar atentos ao fato de que Deus nos abriu a porta da oração a fim de exercitarmos a nossa fé em paciente submissão. Entendemos que as nossas orações quando feitas por um motivo justo, através de Cristo e, partindo de um coração sincero, fazem parte da execução do plano de Deus. “Quando Deus nos dá aquilo que pedimos, é como se essas coisas tivessem nelas a estampa de nossas orações!”[5]
Portanto, não devemos nem podemos pedir qualquer coisa a Deus contrária à vontade de Jesus Cristo, visto que as nossas orações são feitas em Seu nome. “Solicitar algo a Deus, em nome de Cristo, quer dizer solicitar-lhe algo em harmonia com a natureza de Cristo! Pedir algo em nome de Cristo, a Deus Pai, é como se o próprio Cristo estivesse formulando a petição. Só podemos pedir a Deus aquilo que Cristo pediria. Pedir em nome de Cristo, pois, significa deixar de lado nossa vontade própria, aceitando a vontade do Senhor!”[6]
Quando oramos, estamos exercitando o privilégio que Deus nos concedeu, amparados na Sua Palavra que nos mostra as Suas promessas.[7] A nossa oração é dirigida ao Pai, sabendo que Ele é um Pai onisciente e providente: por isso, não pretendemos e, de fato não podemos mudar a vontade de Deus. E, francamente, ainda que pudéssemos, ousaríamos fazê-lo? Será que faríamos algo melhor? Se você por um instante sequer titubear diante desta, permita-me, ridícula questão, é porque você ainda não conhece o Deus da Palavra!
Nesta mesma linha de raciocínio, escreveu Packer:
“O reconhecimento do fato da soberania de Deus é a base de [nossas] orações. Na oração, o cristão solicita coisas e agradece por elas. Por quê? Porque reconhece que Deus é a origem de todo bem que já possui e de todo bem que espera no futuro. Essa é a filosofia fundamental da oração cristã. A oração não é uma tentativa para forçar a mão de Deus, mas um humilde reconhecimento de incapacidade e dependência. Quando nos pomos de joelhos, sabemos que não somos nós que controlamos o mundo; não estando em nosso poder, portanto, atender nossas necessidades pelos nossos próprios esforços independentes; todas as coisas boas que desejamos para nós mesmos e para os outros devem ser procuradas em Deus; e se elas vierem, virão como dádivas de Suas mãos. (…) Por conseguinte, o que na realidade fazemos, cada vez que oramos, é confessar nossa própria impotência e a soberania de Deus. Dessa maneira, o próprio fato de um crente orar é uma prova positiva de que crê na soberania do seu Deus.”[8]
Curiosamente, Platão (427-347 a.C.), um filósofo pagão, com discernimento correto, entendia que um dos males de sua época era a corrosão da religião praticada por supostos sacerdotes e profetas – que ele chama de mendigos e adivinhos -, os quais exploravam a credulidade das pessoas, especialmente das ricas. Dentro do quadro descrito, uma das fórmulas usadas por esses líderes religiosos, era fazer as pessoas crerem que poderiam mudar a vontade dos deuses mediante a oferta de sacrifícios ou, através de determinados encantamentos; os deuses seriam portanto limitados e aéticos, sem padrão de moral, sendo guiados pelas seduções humanas:
“Mendigos e adivinhos vão às portas dos ricos tentar persuadi-los de que têm o poder, outorgado pelos deuses devido a sacrifícios e encantamentos, de curar por meio de prazeres e festas, com sacrifícios, qualquer crime cometido pelo próprio ou pelos seus antepassados, e, por outro lado, se se quiser fazer mal a um inimigo, mediante pequena despesa, prejudicarão com igual facilidade justo e injusto, persuadindo os deuses a serem seus servidores – dizem eles – graças a tais ou quais inovações e feitiçarias. Para todas estas pretensões, invocam os deuses como testemunhas, uns sobre o vício, garantindo facilidades (…). Outros, para mostrar como os deuses são influenciados pelos homens, invocam o testemunho de Homero, pois também ele disse: ‘Flexíveis até os deuses o são. Com as suas preces, por meio de sacrifícios, votos aprazíveis, libações, gordura de vítimas, os homens tornam-nos propícios, quando algum saiu do seu caminho e errou’ (Ilíada IX.497-501).”[9]
Meus irmãos, este quadro pode parecer estranho, mas na realidade, muitas pessoas ainda crêem assim ou, pelo menos se comportam como se Deus fosse movido de um lado para o outro conforme as nossas “seduções espirituais”: longas orações, peregrinações, sacrifícios, abstinências, louvores exaltados, entre outros recursos. Este não é o Deus das Escrituras. O nosso Deus dirige todas as coisas com sabedoria, justiça e amor; é a Ele a Quem oramos: “seja feita a Tua Vontade!”
A oração é um testemunho solene de nossa confiança no cuidado paternal de Deus. A Palavra nos estimula a lançar sobre Deus e a Sua promessa toda a nossa confiança. Jesus Cristo nos instrui: “Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas cousas vos serão acrescentadas. Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal” (Mt 6.33-34). “Não se vendem dois pardais por um asse? e nenhum deles cairá em terra sem o consentimento de vosso Pai. E quanto a vós outros, até os cabelos todos da cabeça estão contados. Não temais pois! Bem mais valeis vós do que muitos pardais” (Mt 10.29-31).
O nosso Pai conhece os nossos corações; Ele sabe as nossas motivações e intenções. As pessoas podem nos julgar mal como também nós cometemos este mesmo equívoco; isto ocorre amiúde ou porque não fomos claros como gostaríamos, ou porque de fato houve má vontade; ou seja, houve algum ruído na comunicação. No entanto, o nosso Pai, nos conhece perfeitamente; Ele vê em secreto os segredos dos nossos corações (Mt 6.6). João testifica a respeito de Jesus Cristo: “E não precisava de que alguém lhe desse testemunho a respeito do homem, porque ele mesmo sabia o que era a natureza humana” (Jo 2.25).
Quando oramos, nós buscamos o Pai, não o homem (Mt 6.5,6). Este é o sentido genuíno da oração. Não estamos, através da oração, em busca de recompensa humanas, tais como: o aplauso, um alto conceito a respeito de nossa devoção e piedade; não. Apesar desta “recompensa” ser geralmente mais imediata, nós não a buscamos… Pelo contrário, oramos ao Pai para de fato, falar com Ele, colocando diante de Seu trono de graça as nossas necessidades… E neste procedimento, jamais devemos nos esquecer de que Ele sabe todas as coisas.
Mesmo sem conseguir entender perfeitamente a extensão deste maravilhoso mistério, não podemos deixar de utilizar a oração, um privilégio que Deus graciosamente nos concedeu, de podermos falar com Ele e, de exercitar a nossa fé na Sua soberana providência. (1Sm 1.9-20; Sl 6.9; Pv 15.29; Mt 26.41; Lc 1.13; 1Ts 5.17; Tg 4.2,3; 1Jo 5.13-15). “É pela fé que tomamos posse de Sua providência invisível”, conclui Calvino.[10]
Deus sabe das nossas necessidades. O saber de Deus não é apenas intelectual: Deus sabe e por isso cuida (Mt 6.8). Ele não dorme, antes, sabe do que necessitamos antes mesmo que tenhamos consciência da nossas necessidades: A Bíblia também nos ensina que Deus nem sempre nos dá aquilo que pedimos; entretanto, sempre nos dá aquilo de que necessitamos de fato e de verdade, mesmo que nem ainda tenha penetrado em nosso coração a realidade da carência… A nossa demorada consciência de nossas próprias carências não escapa à Providência de Deus, nem à Sua graciosa provisão.
A Palavra de Deus declara isto. Os salmistas, inspirados por Deus, testificam: “Os olhos do Senhor repousam sobre os justos, e os seus ouvidos estão abertos ao seu clamor” (Sl 34.15). “Ele não permitirá que os teus pés vacilem: não dormitará aquele que te guarda. É certo que não dormita nem dorme o guarda de Israel” (Sl 121.3-4). “Aí habitou a tua grei: em tua bondade, fizeste provisão para os necessitados” (Sl 68.10). E Deus mesmo promete: “E será que antes que clamem, eu responderei; estando eles ainda falando, eu os ouvirei” (Is 65.24).
A ação de Deus na História não é de forma imediatista ou apenas para resolver problemas isolados. Deus age de forma sábia, conforme o Seu Santo Conselho, objetivando a Sua Glória na execução do Seu plano. O Plano de Deus e o Seu governo são eternos e eficazes. Davi e Paulo declaram esta compreensão, respectivamente: “Os teus olhos me viram a substância ainda informe, e no teu livro foram escritos todos os meus dias, cada um deles escrito e determinado, quando nem um deles havia ainda” (Sl 139.16). “Quando, porém, ao que me separou antes de eu nascer e me chamou pela sua graça…” (Gl 1.15).
O próprio Deus, reivindica o Seu governo quando vocaciona o profeta Jeremias: “Antes que eu te formasse no ventre materno, eu te conheci, e antes que saísses da madre, te consagrei e te constituí profeta às nações” (Jr 1.5).
Deus, o nosso Pai, cuida de cada um de nós como se fôssemos o único que Ele teria para cuidar; Ele cuida “pessoalmente” de nós.[11] As nossas orações são o testemunho desta certeza. O Deus que preservou a Elias, enviando os corvos para lhe levarem alimento (1Rs 17.1-6), é o mesmo que é o nosso Pai onisciente e providente. Portanto, podemos fazer eco ao testemunho de fé e vida de Davi e de Paulo: “O Senhor, tenho-o sempre à minha presença; estando Ele à minha direita não serei abalado” (Sl 16.8). “Não andeis ansiosos de cousa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graça” (Fp 4.6).
O melhor antídoto contra a ansiedade é a oração sincera e confiante, através da qual expomos a Deus as nossas dúvidas, temores e confiança. Portanto, orar é exercitar a nossa confiança no Deus da Providência, sabendo que nada nos faltará, porque Ele é o nosso Pai.
Calvino, relacionando as nossas orações ao cuidado providente de Deus, escreve:
“Para incitar os verdadeiros crentes a uma mais profunda solicitude à oração, Ele promete que, o que propusera fazer movido por Seu próprio beneplácito, Ele concederia em resposta a seus pedidos. Tampouco existe alguma inconsistência ente estas duas verdades, a saber: que Deus preserva a Igreja no exercício de sua soberana mercê, e que Ele a preserva em resposta às orações de Seu povo. Pois, visto que suas orações se acham conectadas às promessas graciosas, o efeito daquelas depende inteiramente destas.”[12]
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NOTAS:
[1] A.W. Pink, Enriquecendo-se com a Bíblia, São Paulo, Fiel, 1979, p. 46.
[2] “Orar não é bem conseguir que Deus faça nossa vontade, mas demonstrar que estamos interessados tanto quanto Ele na concretização da Sua vontade.” (Millard J. Erickson, Introdução à Teologia Sistemática, São Paulo, Vida Nova, 1997, p. 179).
[3] João Calvino, As Institutas, São Paulo, Casa Editora Presbiteriana, 1985-1989, III.20.43.
[4] O Catecismo de Heidelberg (1563), comentando a “terceira petição” do Pai Nosso, assim interpreta: “Concede que nós e todos os homens renunciemos à nossa própria vontade e obedeçamos sem queixa, à tua vontade, que com exclusividade, é boa, para que assim todos dêem cumprimento a seu dever e à sua vocação, tão espontânea e fielmente como os anjos nos céus.” (Pergunta 124. In: O Livro de Confissões, São Paulo, Missão Presbiteriana do Brasil Central, 1969, § 4.124).
[5]John Flavel, Se Deus Quiser, São Paulo, PES., 1987, p. 26.
[6]A.W. Pink, Deus é Soberano, São Paulo, Fiel, 1977 p. 134.
[7]Vd. J. Calvino, As Institutas, III.2.2 e 7; João Calvino, Exposição de Hebreus, São Paulo, Edições Paracletos, 1997, (Hb 11.11), p. 318.
[8] J.I. Packer, Evangelização e Soberania de Deus, 2ª ed. São Paulo, Vida Nova, 1990, p. 11.
[9] Platão, A República, 7ª ed. Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, (1993), 364c-e.
[10]João Calvino, O Livro dos Salmos, São Paulo, Edições Paracletos, 1999, Vol. 1, (Sl 13.1), p. 262.
[11] Agostinho (354-430) exulta: “Ó bondosa Onipotência que olhais por cada um de nós como se dum só cuidásseis, velando por todos como por cada um!”. [Agostinho, Confissões, São Paulo, Abril Cultural, 1973. (Os Pensadores, VI), III.11.19]. (Ver também, J. Calvino, As Institutas, I.17.6).
[12] João Calvino, O Livro dos Salmos, São Paulo, Edições Parakletos, 2002, Vol. 3, (Sl 102.17), p. 578.
Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa, pastor da I.P. Ebenézer, Osasco, SP e professor de Teologia Sistemática e Filosofia no Seminário Presbiteriano Rev. José Manoel da Conceição, São Paulo, Capital.
Reflexão em Pv 18.10
Provérbios 18.10
por Lucas Freire
“O nome do Senhor é Torre Forte;
O justo foge para ela e está seguro” (Provérbios 18.10)
“O nome do Senhor”! Seria difícil começar uma declaração sobre o Refúgio divino de forma mais firme do que esta. Sendo muito mais do que um manual moralista de “faça isto e não faça aquilo”, o livro de Probérbios apresenta diversas coleções de poemas que ensinam sobre o motivo profundo pelo qual se deve “fazer isto e não fazer aquilo”: a inclinação de um coração para o seu Criador da qual procedem as “fontes da vida” (Pv.4:23). E, então, no meio de diversos contrastes entre o caminho do mundo e o caminho do servo de Deus – ou seja, no meio de uma comparação entre as duas inclinações possíveis do coração humano, Salomão inclui este verso.
Temos, aqui:
1. Uma descrição do nome de Deus – uma Torre Forte
2. Como o justo reage ao saber disto – foge para esta Torre
3. A graça que o Senhor concede – segurança
Notemos, em primeiro lugar, que o nome do Senhor denota imponência e força. Com isso eu quero dizer que a descrição que Salomão dá associa o nome de Deus a uma marca de grande poder.
Com efeito, poucas coisas são mais importantes do que conhecer o nome do Senhor. Não é à toa que Ele inclui na Sua Lei a proibição de se tomar esse nome em vão. Nem é por acaso que o nosso Senhor Jesus Cristo inclui a santificação desse nome como a primeira petição de uma oração-modelo. Mas ele o faz após dizer “Pai nosso que estás no céu”. Não é exatamente isso que repete aquilo que Moisés experimentou ao perguntar o nome de Deus diante da sarça, ou arbusto, que queimava sem se consumir? Não foi exatamente esta uma experiência de separação intrínseca entre o Senhor, o Criador; e nós, Suas criaturas? Mais ainda, não é exatamente isso que podemos entender por “Senhor – Torre Forte”?
Ora, de fato, “Senhor” não foi o nome que Deus revelou a Moisés. Pelo contrário, “Senhor” emerge na história do povo de Deus como a primeira reação ao fato de ser Ele uma “Torre Forte”. O nome verdadeiro de Deus é deveras importante para ser falado a toda hora e, por isso mesmo, Ele é aqui chamado de “Senhor”. Diz-se que este nome corresponde a uma “Torre Forte” exatamente porque é esta a reação que temos diante da imponência deste nome. Diante de uma Torre Forte cabe-nos temer e tremer!
O temor relativo à imponência e à santidade de Deus nos leva a olhar para nós mesmos e a perguntar: “quem”, afinal, “habitará no monte do Senhor?” E a resposta nos faz corar de vergonha: “O que vive com integridade e pratica a justiça” (Sl.15:1-2). Oh! Como esta Torre nos faz tremer ao percebermos que tal integridade e justiça é exatamente o oposto daquilo que todos nós somos e seremos por nossos próprios méritos! As acusações contra nós mesmos estão por toda parte. Nada há que possamos fazer diante da pureza e da grandiosidade do Senhor. Portanto, a primeira reação ao nos encontrarmos com essa Torre Forte é uma sensação de diferença profunda entre aquilo que somos e aquilo que Ele é. E, se pararmos por aqui, concluiremos que nada mais nos cabe, a não ser o julgamento inevitável que deve necessariamente descer sobre nós por causa daquilo que somos.
Mas isso é uma parte da história. A outra parte é que “Torre Forte” também pode representar proteção, caso corramos para ela ao invés de correr dela. É aqui que a inversão occore. É aqui que o “justo” aparece com a reação inesperada de “fugir para ela”. Notemos, então, em segundo lugar, que o nome do Senhor é o único refúgio verdadeiro.
Ora, fica claro aqui que quem foge para esse Refúgio é o “justo”. Mas sabemos que ninguém é justo – como se diz: “todos pecaram” e “não há um justo sequer”. Portanto, entre a primeira reação (fuga de Deus) e a segunda (fuga para Deus) algo de maravilhoso acontece, necessariamente. Trata-se da percepção de que fugir para nenhum outro lugar (além do mais para o senso de justiça própria!) resolverá o problema. Trata-se da percepção de que é necessário render-se a essa Torre Forte. Trata-se de nada menos do que a declaração de que o injusto inicial passa a ser um justo - e isso exatamente porque ele percebe ser um injusto e não encontra solução em mais nada, senão no próprio Deus.
Sim, é exatamente isto que acontece: um injusto é tomado por justo não por causa dos próprios méritos, mas porque mudou a inclinação do seu coração. Ao invés de se inclinar contra Deus, agora inclina-se para Deus. Isso jamais seria possível se não fosse o próprio Deus concedendo o dom da fé salvadora. “Isto não vem de vós, mas é dom de Deus para que ninguém se glorie”. A dívida continua, mas Alguém pagou por ela. Ora, não é verdade que do nome de Jesus Cristo se diz que “é o único nome pelo qual importa que sejamos salvos”?
Assim, quando alguém vê que, diante da imponência e da santidade do nome do Senhor nada mais há para fazer, senão admitir a própria incapacidade e correr, com fé, para essa Torre Forte, é exatamente aí que essa pessoa passa a ser chamada de “justa”. E é exatamente por causa da justiça de outra pessoa, do próprio Deus na pessoa de Seu Filho Jesus Cristo, o Redentor, que o nome do Senhor passa a representar refúgio contra todo o resto. Refúgio contra a condenação da nossa injustiça.
Logo, em terceiro lugar, pode-se dizer que o nome do Senhor é o Socorro do Justo. Sabemos que ninguém é justo, se não for assim declarado pelo Senhor por causa dos méritos de Jesus Cristo. Sabemos também que esse justo corre para a Torre Forte em busca da solução que nada mais tem a capacidade de oferecer. Agora, o que a Palavra de Deus nos declara é que essa solução é obtida exatamente onde o justo a espera obter. É o nome do Senhor que é o socorro do Justo.
Não é o nome de alguma igreja ou denominação.
Nem é o nome da moralidade própria.
Nem mesmo é o nome dessa decisão de ir até o Senhor.
Não, nada disso. A última coisa que podemos entender aqui é que o socorro e a segurança que o justo obtém é fruto de seu esforço próprio. Ele nem seria justo se confiasse nessas coisas! Pelo contrário, o socorro que resulta dessa fuga para o Lugar certo deve ser visto como uma graça da parte do próprio Senhor. Um presente não merecido.
Essa segurança da Torre Forte não está sujeita a circunstâncias. O inicial já foi feito pelo próprio Deus. O condicional já foi executado pelo próprio Senhor Jesus. O permanente é, com certeza, mantido pelo próprio Espírito Santo. Deus fará o justo perseverar até o fim, completanto a obra que começou. Porque, como se diz, “Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará satisfeito; o meu Servo, o Justo, que com o seu conhecimento, justificará a muitos, porque as iniqüidades deles levará sobre si” (Is.53:11). Deus ficará satisfeito com a obra de Jesus pelos “muitos” que serão justificados. Jesus não fracassará. Deus há de guardar os Seus até o dia final.
Como está escrito, “nada poderá nos separar do amor de Deus, que está em Jesus Cristo nosso Senhor”. Nada mesmo! É por isso, e só por isso – por causa do próprio Deus – que podemos afirmar como o salmista:
“Deus é nosso Refúgio e Fortaleza:
Socorro bem Presente nas tribulações.
Portanto, não temeremos
Ainda que a terra se transtorne
e os montes se abalem no seio dos mares
Ainda que as águas tumultuem e espumejem,
E na sua fúria os montes estremeçam” (Sl 46.1-3).
“Torre Segura para o justo” é o nome do Senhor. Você tem essa segurança? Saiba que é o próprio Deus quem a concede. Saiba que – ainda bem! – você não depende do seu mérito próprio, mas daquilo que Jesus fez na cruz, tomando o pecado sobre Ele. Saiba, por fim, que essa segurança é permanente porque Deus não fracassa naquilo que Ele próprio faz.
O nome do Senhor é Torre Forte. Viver em gratidão, lembrando-se dessa segurança eterna é infinitamente melhor do que viver, em culpa verdadeira, fugindo por confiar si mesmo e perceber que, diante da Torre Forte, o mérito próprio nada pode fazer
por Lucas Freire
“O nome do Senhor é Torre Forte;
O justo foge para ela e está seguro” (Provérbios 18.10)
“O nome do Senhor”! Seria difícil começar uma declaração sobre o Refúgio divino de forma mais firme do que esta. Sendo muito mais do que um manual moralista de “faça isto e não faça aquilo”, o livro de Probérbios apresenta diversas coleções de poemas que ensinam sobre o motivo profundo pelo qual se deve “fazer isto e não fazer aquilo”: a inclinação de um coração para o seu Criador da qual procedem as “fontes da vida” (Pv.4:23). E, então, no meio de diversos contrastes entre o caminho do mundo e o caminho do servo de Deus – ou seja, no meio de uma comparação entre as duas inclinações possíveis do coração humano, Salomão inclui este verso.
Temos, aqui:
1. Uma descrição do nome de Deus – uma Torre Forte
2. Como o justo reage ao saber disto – foge para esta Torre
3. A graça que o Senhor concede – segurança
Notemos, em primeiro lugar, que o nome do Senhor denota imponência e força. Com isso eu quero dizer que a descrição que Salomão dá associa o nome de Deus a uma marca de grande poder.
Com efeito, poucas coisas são mais importantes do que conhecer o nome do Senhor. Não é à toa que Ele inclui na Sua Lei a proibição de se tomar esse nome em vão. Nem é por acaso que o nosso Senhor Jesus Cristo inclui a santificação desse nome como a primeira petição de uma oração-modelo. Mas ele o faz após dizer “Pai nosso que estás no céu”. Não é exatamente isso que repete aquilo que Moisés experimentou ao perguntar o nome de Deus diante da sarça, ou arbusto, que queimava sem se consumir? Não foi exatamente esta uma experiência de separação intrínseca entre o Senhor, o Criador; e nós, Suas criaturas? Mais ainda, não é exatamente isso que podemos entender por “Senhor – Torre Forte”?
Ora, de fato, “Senhor” não foi o nome que Deus revelou a Moisés. Pelo contrário, “Senhor” emerge na história do povo de Deus como a primeira reação ao fato de ser Ele uma “Torre Forte”. O nome verdadeiro de Deus é deveras importante para ser falado a toda hora e, por isso mesmo, Ele é aqui chamado de “Senhor”. Diz-se que este nome corresponde a uma “Torre Forte” exatamente porque é esta a reação que temos diante da imponência deste nome. Diante de uma Torre Forte cabe-nos temer e tremer!
O temor relativo à imponência e à santidade de Deus nos leva a olhar para nós mesmos e a perguntar: “quem”, afinal, “habitará no monte do Senhor?” E a resposta nos faz corar de vergonha: “O que vive com integridade e pratica a justiça” (Sl.15:1-2). Oh! Como esta Torre nos faz tremer ao percebermos que tal integridade e justiça é exatamente o oposto daquilo que todos nós somos e seremos por nossos próprios méritos! As acusações contra nós mesmos estão por toda parte. Nada há que possamos fazer diante da pureza e da grandiosidade do Senhor. Portanto, a primeira reação ao nos encontrarmos com essa Torre Forte é uma sensação de diferença profunda entre aquilo que somos e aquilo que Ele é. E, se pararmos por aqui, concluiremos que nada mais nos cabe, a não ser o julgamento inevitável que deve necessariamente descer sobre nós por causa daquilo que somos.
Mas isso é uma parte da história. A outra parte é que “Torre Forte” também pode representar proteção, caso corramos para ela ao invés de correr dela. É aqui que a inversão occore. É aqui que o “justo” aparece com a reação inesperada de “fugir para ela”. Notemos, então, em segundo lugar, que o nome do Senhor é o único refúgio verdadeiro.
Ora, fica claro aqui que quem foge para esse Refúgio é o “justo”. Mas sabemos que ninguém é justo – como se diz: “todos pecaram” e “não há um justo sequer”. Portanto, entre a primeira reação (fuga de Deus) e a segunda (fuga para Deus) algo de maravilhoso acontece, necessariamente. Trata-se da percepção de que fugir para nenhum outro lugar (além do mais para o senso de justiça própria!) resolverá o problema. Trata-se da percepção de que é necessário render-se a essa Torre Forte. Trata-se de nada menos do que a declaração de que o injusto inicial passa a ser um justo - e isso exatamente porque ele percebe ser um injusto e não encontra solução em mais nada, senão no próprio Deus.
Sim, é exatamente isto que acontece: um injusto é tomado por justo não por causa dos próprios méritos, mas porque mudou a inclinação do seu coração. Ao invés de se inclinar contra Deus, agora inclina-se para Deus. Isso jamais seria possível se não fosse o próprio Deus concedendo o dom da fé salvadora. “Isto não vem de vós, mas é dom de Deus para que ninguém se glorie”. A dívida continua, mas Alguém pagou por ela. Ora, não é verdade que do nome de Jesus Cristo se diz que “é o único nome pelo qual importa que sejamos salvos”?
Assim, quando alguém vê que, diante da imponência e da santidade do nome do Senhor nada mais há para fazer, senão admitir a própria incapacidade e correr, com fé, para essa Torre Forte, é exatamente aí que essa pessoa passa a ser chamada de “justa”. E é exatamente por causa da justiça de outra pessoa, do próprio Deus na pessoa de Seu Filho Jesus Cristo, o Redentor, que o nome do Senhor passa a representar refúgio contra todo o resto. Refúgio contra a condenação da nossa injustiça.
Logo, em terceiro lugar, pode-se dizer que o nome do Senhor é o Socorro do Justo. Sabemos que ninguém é justo, se não for assim declarado pelo Senhor por causa dos méritos de Jesus Cristo. Sabemos também que esse justo corre para a Torre Forte em busca da solução que nada mais tem a capacidade de oferecer. Agora, o que a Palavra de Deus nos declara é que essa solução é obtida exatamente onde o justo a espera obter. É o nome do Senhor que é o socorro do Justo.
Não é o nome de alguma igreja ou denominação.
Nem é o nome da moralidade própria.
Nem mesmo é o nome dessa decisão de ir até o Senhor.
Não, nada disso. A última coisa que podemos entender aqui é que o socorro e a segurança que o justo obtém é fruto de seu esforço próprio. Ele nem seria justo se confiasse nessas coisas! Pelo contrário, o socorro que resulta dessa fuga para o Lugar certo deve ser visto como uma graça da parte do próprio Senhor. Um presente não merecido.
Essa segurança da Torre Forte não está sujeita a circunstâncias. O inicial já foi feito pelo próprio Deus. O condicional já foi executado pelo próprio Senhor Jesus. O permanente é, com certeza, mantido pelo próprio Espírito Santo. Deus fará o justo perseverar até o fim, completanto a obra que começou. Porque, como se diz, “Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará satisfeito; o meu Servo, o Justo, que com o seu conhecimento, justificará a muitos, porque as iniqüidades deles levará sobre si” (Is.53:11). Deus ficará satisfeito com a obra de Jesus pelos “muitos” que serão justificados. Jesus não fracassará. Deus há de guardar os Seus até o dia final.
Como está escrito, “nada poderá nos separar do amor de Deus, que está em Jesus Cristo nosso Senhor”. Nada mesmo! É por isso, e só por isso – por causa do próprio Deus – que podemos afirmar como o salmista:
“Deus é nosso Refúgio e Fortaleza:
Socorro bem Presente nas tribulações.
Portanto, não temeremos
Ainda que a terra se transtorne
e os montes se abalem no seio dos mares
Ainda que as águas tumultuem e espumejem,
E na sua fúria os montes estremeçam” (Sl 46.1-3).
“Torre Segura para o justo” é o nome do Senhor. Você tem essa segurança? Saiba que é o próprio Deus quem a concede. Saiba que – ainda bem! – você não depende do seu mérito próprio, mas daquilo que Jesus fez na cruz, tomando o pecado sobre Ele. Saiba, por fim, que essa segurança é permanente porque Deus não fracassa naquilo que Ele próprio faz.
O nome do Senhor é Torre Forte. Viver em gratidão, lembrando-se dessa segurança eterna é infinitamente melhor do que viver, em culpa verdadeira, fugindo por confiar si mesmo e perceber que, diante da Torre Forte, o mérito próprio nada pode fazer
Puritano Tem Vida com Deus
O Mediador
Uma Oração Puritana
Ó DEUS DE ABRÃO, ISAQUE E JACÓ,
Esperamos em tua Palavra.
Nela vemos a ti, não sobre um terrível trono de juízo
Mas sobre um trono de graça
a espera para ser gracioso e exaltado em misericórdia.
Ouvimos a ti dizendo, não “apartai-vos de mim, malditos”, mas
“Olhai para mim e sede salvos,
Pois eu sou Deus e não há outro além de mim”.
Aqueles que conhecem teu nome põem a confiança em ti.
Quantos destes agora estão glorificados no céu e quantos dos que vivem sobre a terra
são testemunhas tuas, Ó Deus,
ilustrando com o resgate das ruínas da queda
a tua graça livre, rica e eficaz!
Todos que um dia foram salvos, foram salvos por ti,
e irão exclamar pela eternidade: “Não a nós, mas
ao teu nome dá glória, por amor da tua benignidade e verdade”.
Escolhestes transmitir todo o teu conselho a nós
através de um mediador, em quem habita toda a plenitude
e que é exaltado como príncipe e salvador.
Para ele olhamos, dele dependemos, através dele somos justificados.
Que possamos obter alívio através dos seus sofrimentos
sem cessarmos de aborrecer o pecado
ou deixarmos de perseguir a santidade;
sentir a dupla eficácia do seu sangue
pacificando e limpando nossas consciências;
nos deleitar em servi-lo tanto quanto nos deleitamos em seu sacrifício;
sermos constrangidos por seu amor
a viver não para nós mesmos, mas para ele;
nutrir uma grandiosa e alegre disposição,
não murmurando ou entristecendo-nos se nossos desejos não são satisfeitos,
ou se com as alegrias também experimentamos provações.
Tradução: Márcio Santana Sobrinho
Extraído de: The Valley of Vision: A Collection of Puritan Prayers & Devotions, organizado por Arthur Bennett, p.220-221.
Uma Oração Puritana
Ó DEUS DE ABRÃO, ISAQUE E JACÓ,
Esperamos em tua Palavra.
Nela vemos a ti, não sobre um terrível trono de juízo
Mas sobre um trono de graça
a espera para ser gracioso e exaltado em misericórdia.
Ouvimos a ti dizendo, não “apartai-vos de mim, malditos”, mas
“Olhai para mim e sede salvos,
Pois eu sou Deus e não há outro além de mim”.
Aqueles que conhecem teu nome põem a confiança em ti.
Quantos destes agora estão glorificados no céu e quantos dos que vivem sobre a terra
são testemunhas tuas, Ó Deus,
ilustrando com o resgate das ruínas da queda
a tua graça livre, rica e eficaz!
Todos que um dia foram salvos, foram salvos por ti,
e irão exclamar pela eternidade: “Não a nós, mas
ao teu nome dá glória, por amor da tua benignidade e verdade”.
Escolhestes transmitir todo o teu conselho a nós
através de um mediador, em quem habita toda a plenitude
e que é exaltado como príncipe e salvador.
Para ele olhamos, dele dependemos, através dele somos justificados.
Que possamos obter alívio através dos seus sofrimentos
sem cessarmos de aborrecer o pecado
ou deixarmos de perseguir a santidade;
sentir a dupla eficácia do seu sangue
pacificando e limpando nossas consciências;
nos deleitar em servi-lo tanto quanto nos deleitamos em seu sacrifício;
sermos constrangidos por seu amor
a viver não para nós mesmos, mas para ele;
nutrir uma grandiosa e alegre disposição,
não murmurando ou entristecendo-nos se nossos desejos não são satisfeitos,
ou se com as alegrias também experimentamos provações.
Tradução: Márcio Santana Sobrinho
Extraído de: The Valley of Vision: A Collection of Puritan Prayers & Devotions, organizado por Arthur Bennett, p.220-221.
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