terça-feira, 30 de março de 2010

A tristeza que precede o avivamento

por Juan de Paula

Êxodo 33:1-11

Sermão ministrado na Igreja Batista Central em Japuíba, Angra dos Reis-RJ

Domingo 22 de fevereiro de 2009. Carnaval.

Introdução:

* Todo período que antecede o avivamento é marcado por afastamento de Deus, intensidade da idolatria, religiosidade nominal e angustia espiritual.

* Na história de Israel não foi diferente, em Êxodo 14, Deus abre o mar vermelho mostrando a sua soberania, majestade e graciosidade em libertar o povo contemplado por Ele com um pacto, uma aliança (tema central do livro do Êxodo) e mesmo assim o povo comete idolatria.

* No capítulo 32 o povo vendo que Moisés demorava a voltar do monte incentiva a adoração a um bezerro de ouro violando a aliança com Deus. Esta atitude tem conseqüências severas no relacionamento do povo do deserto com o Deus da aliança.


Doutrina: O avivamento é precedido por um período de sequidão espiritual no meio do povo de Deus, o povo da aliança. Nós podemos aprender duas lições deste período de seca espiritual.


1 – A tristeza que precede o avivamento é marcada pela violação do pacto e da aliança que Deus fez com seu povo (1-6):

O tema central do livro do Êxodo é que Deus pactuou com um povo escolhido soberanamente (Reino) e graciosamente fazendo uma aliança com este povo, lhe enviando um mediador, a saber, Moisés.

A Confissão de Fé Batista de 1689 disserta no capítulo 7 parágrafo 1 o pacto de Deus:

“1. A distância entre Deus e a criatura é tão grande que, embora as criaturas racionais lhe devam obediência, por ser Ele o criador, elas jamais poderiam alcançar o Dom da vida, senão por alguma condescendência voluntária da parte de Deus.1 E isto Ele se agradou em expressar por meio de um pacto com o homem.”

1. – A violação do pacto tem conseqüências no relacionamento do povo com Deus ( vs 1-3):

Por causa da imputação do pecado de Adão a toda humanidade, pois Adão era o representante e o cabeça legal da humanidade no Éden, a humanidade se encontra separada de Deus (Rm 3:23). A aliança ou pacto é a demostração do amor de Deus para escolher um povo para adora-Lo e glorifica-Lo e este povo recebe uma ordem da parte Dele.

No verso 1 , Deus lembra a promessa (aliança) feita com Abraão, Isaque e Jacó. Esta aliança vem desde Noé, renovada com Davi e tem seu cumprimento em plenitude na pessoa e na obra de Jesus Cristo. A promessa é confirmada no verso 2 com a destruição dos inimigos de Israel.

No verso 3 vemos uma conseqüência do pecado, que é a obstinação, a temosia, o ser “cabeça dura” com as coisas de Deus que é uma tendência, uma inclinação inerente a nossa natureza pecaminosa. Deus se revela irado com esta atitude do povo. A obstinação foi a causa da violação do pacto.


2. – A violação do pacto faz com que Deus discipline Seu povo (vs 4-6):

A disciplina de Deus trás lamentação e tristeza ao povo (vs 4).

Deus disciplina quem ama. (Pv 3:11-12 e Hb 12:5-6). Deus revela a sua misericória (não dar aquilo que o povo merece, termo intercambiável com graça ; que significa favor imerecido, dar aquilo que o povo não merece) em não destruir aquele povo porém o disciplina (5-6).

Aplicação:

1 – Em Jesus Cristo, mediador da nova aliança nós caminhamos rumo à terra prometida – a nova criação de Deus – a restauração da criação, o descer dos novos céus e nova terra quando o Senhor Jesus voltar em glória e majestade.

2. – Enquanto não chegamos, continuamos a lidar com nossa natureza adâmica e pecaminosa sendo obstinados, teimosos e desagradamos a Deus com os nossos ídolos tanto como vidas individuais quanto igreja e comunidade do Senhor Jesus. “O coração humano é uma fabrica de ídolos” João Calvino.

3. – Devemos nos submeter a disciplina de Deus com alegria, porque é sinal de que Ele nos ama e por isso nós não somos consumidos (Lm 3:22-23).

4. – O nosso pecado como indivíduos e igreja coletiva deve causar quebrantamento, lamentação e tristeza em nós. Não devemos deixar que o pecado seja cauterizado em nós entristecendo a pessoa do Espírito Santo (Ef 4:30). A consequência do pecado está no próximo ponto:


2 – A tristeza que precede o avivamento é marcada por um afastamento da parte de Deus para com o Seu povo (7-11):

Por isso a tenda do encontro (7), “fora do acampamento” quer dizer que Deus não era com eles.

2.1 – Mesmo Deus entristecido com o povo, ainda sim na sua misericórdia e graça se revelava a Moisés, o mediador da aliança (Vs 8-9):

Deus usou meios extraordinários para falar com seu servo e com seu povo para revelar a sua vontade.

2.2 – Mesmo em tempo de seca espiritual da parte do povo, Moisés mantinha a sua intimidade com Deus (10-11):

Deus lhe falava como um amigo, “face-a-face” Deus sendo invisível tomou forma (antropomorfia) para se revelar ao seu servo.

Interessante a atitude do povo de reverenciar e adorar de pé enquanto Moisés estava na tenda.

Aplicação:

1 – Há períodos em que Deus retira a sua boa mão de uma igreja ou de um povo tendo em vista a quantidade de pecado e idolatria.

2 – Creio que Deus ainda use meios extraordinários para falar ao seu povo, mas esses meios são e devem ser confirmados pela revelação bíblica. A profecia no AT era infalível pois Deus se revelava de forma direta ao mediador. Na era neo-testamentária por causa da progressão da revelação escrita, os dons extraordinários são falíveis. Devem ser confirmados pela Bíblia, regulados pela Bíblia. Devemos ter cuidado com “profetadas” e extremo exagero no uso dos dons extraordinários no evangelicalismo brasileiro. Eu acredito que eles existem biblicamente. Mas há muitos exageros.

O puritano Benjamim Keach, mentor da Confissão Batista de 1689, estava no leito doente junto à um amigo Hanserd Knollys. Knollys virou para Keach dizendo que morreria e Keach viveria mais 15 anos. E de fato a história registra que isso aconteceu. Knollys morreu ali mesmo e Keach morreu 15 anos depois.

3 – Independente dos meios que Deus usa conosco devemos buscar intimidade com Ele e ouvir a sua voz. Oração e uso da Palavra de Deus são os meios usados pelo Senhor e pela pessoa do Espírito Santo para nos conduzir a um crescimento espiritual em nossa união com Cristo.

Todos são sacerdotes hoje e Cristo é o mediador e cabeça da igreja. Porém o NT regula a igreja na questão dos oficiais, dos presbíteros, dos pastores. Orem para que Deus encha o pastor desta igreja da Sua unção para proclamar a Palavra e para continuar a desenvolver com intensidade a comunhão com Deus em oração e a intercessão por vocês povo de Deus reunidos aqui e por toda igreja espalhada pela face da terra.

4 – Todo servo de Deus mentoreia alguém. Moisés treinou Josué filho de Num para a continuidade desta obra. Nós batistas temos resgatado o modelo de presbitério, colegiado e divisão de tarefas conforme revelado na Palavra refletindo de melhor forma a glória de Deus (Cf. Refletindo a glória de Deus, Mark Dever, Editora Fiel).

Conclusão:

Aprendemos que um sentimento de tristeza coletivo por causa do pecado e da idolatria toma conta do povo antes da visitação do Senhor no meio do seu povo. Foi e está sendo assim no desenrolar da história da salvação (história de Israel, Igreja primitiva e na história da igreja).

Orem por avivamento! Clamem por avivamento! Intercedam por avivamento! Peçam pela presença de Deus, pela visitação Dele neste lugar. Deus visita o seu Povo! Veremos isso no sermão de terça-feira no retiro na continuidade deste texto quando Moisés roga a presença de Deus se depara com a glória Dele. A Deus seja toda a Glória. Deus vos abençoe.

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