sexta-feira, 4 de maio de 2012

As Razões dos Não - Dizimistas

Referência: HEBREUS 7.1-10
A doutrina do dízimo é inaceitável para aqueles que ainda não tiveram uma experiência pessoal com Jesus Cristo. Isto porque não foram ainda marcados pela consciência da causa de Deus nem pela prioridade do Seu Reino.
No Novo Testamento a palavra DÍZIMO aparece 9 vezes e ligadas a duas situações:
1) Mt 23.23 = Partindo dos lábios de Jesus em relação aos fariseus. Jesus aqui reafirma a necessidade do dízimo, ao mesmo tempo que denuncia sua prática como demonstração de piedade exterior (Lc 18.12) – “Jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho.” Também Jesus denuncia a prática do dízimo como substituição de valores do Reino tais quais: justiça, misericórdia e fé (Lc 11.42).
2) Hb 7. 1-10 = Eis as lições desse texto: a) O Pai da fé deu dízimo de tudo – v. 2; b) O pai da fé deu o dízimo do melhor – v. 4; c) A entrega dos dízimos se deu não por pressão da lei, uma vez que o povo israelita ainda não existia e, portanto, muito menos a lei judaica – v. 6; d) Hebreus nos faz perceber e reconhecer a superioridade do valor do dízimo que é dado a Cristo (imortal) em relação ao dado aos sacerdotes (mortais) – v. 8; e) O autor destaca que os que administram os dízimos também devem ser dizimistas – v. 9.
Ser ou não ser dizimista é uma questão de acreditarmos na causa que abraçamos, na “pérola que encontramos.”
Hoje muitos crentes não são fiéis a Deus na entrega dos dízimos. Para justificar esta atitude criam vários justificativas e desculpas. Se dependessem deles a igreja fecharia as portas. Não existiria templos, nem pastores, nem missionários, nem bíblias distribuídas, nem assistência social.
Eis as justificativas clássicas dos não-dizimistas:
I. JUSTIFICATIVA TEOLÓGICA
Ah, eu não sou dizimista, porque DÍZIMO é da lei. E eu não estou debaixo da lei, mas sim da graça.
Sim! O dízimo é da lei, é antes da lei e é depois da lei. Ele foi sancionado por Cristo. Se é a graça que domina a nossa vida, porque ficamos sempre aquém da lei? Será que a graça não nos motiva a ir além da lei?
Veja: a lei dizia: Não matarás = EU PORÉM VOS DIGO AQUELE QUE ODIAR É RÉU DE JUÍZO
a lei dizia: Não adulterarás = EU PORÉM VOS DIGO QUALQUER QUE OLHAR COM INTENÇÃO IMPURA…
a lei dizia: Olho por olho, dente por dente = EU PORÉM VOS DIGO: SE ALGUÉM TE FERIR A FACE DIREITA, DÁ-LHE TAMBÉM A ESQUERDA.
A graça vai além da lei: porque só nesta questão do dízimo, ela ficaria aquém da lei? Esta, portanto, é uma justificativa infundada.
Mt 23.23 = justiça, misericórdia e fé também são da lei. Se você está desobrigado em relação ao dízimo por ser da lei, então você também está em relação a estas virtudes.
II. JUSTIFICATIVA SENTIMENTAL
Muitos dizem: A bíblia diz em II Co 9.7 “Cada um contribua segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama a quem dá com alegria” = espontânea e com alegria.
Só que este texto não fala de dízimo e sim de oferta. Dízimo é dívida. Não pagar dízimo é roubar de Deus.
Perguntamos também: O que estará acontecendo em nosso coração que não permite que não tenhamos alegria em dizimar? Em sustentar a Causa que abraçamos e defendemos?
III. JUSTIFICATIVA FINANCEIRA
“O que eu ganho não sobra ou mal dá para o meu sustento.
1) O dízimo não é sobra = Dízimo é primícias. “Honra ao Senhor com as primícias da tua renda.” Deus não é Deus de sobras, de restos. Ele exige o primeiro e o melhor.
2) Contribua conforme a tua renda para que a tua renda não seja conforme a tua contribuição = Deus é fiel. Ele jamais fez uma exigência que não pudéssemos cumprir. Ele disse que abriria as janelas dos céus e nos daria bênçãos sem medidas se fôssemos fiéis. Ele nos ordenou a fazer prova Dele nesta área. Ele promete abrir as janelas do céu! Ele promete repreender o devorador por nossa causa.
3) Se não formos fiéis, Deus não deixa sobrar = Ageu diz que o infiel recebe salário e o coloca num saco furado. Vaza tudo. Foge entre os dedos. Quando somos infiéis fechamos as janelas dos céu com as nossas próprias mãos e espalhamos o devorador sobre os nossos próprios bens.
IV. JUSTIFICATIVA ASSISTENCIAL
“Prefiro dar meu dízimo aos pobres. Prefiro eu mesmo administrar meu dízimo.
“ A Bíblia não nos autoriza a administrar por nossa conta os dízimos que são do Senhor. O dízimo não é nosso. Ele não nos pertence. Não temos o direito nem a permissão nem para retê-lo nem para administrá-lo.
A ordem é: TRAZEI TODOS OS DÍZIMOS À CASA DO TESOURO PARA QUE HAJA MANTIMENTO NA MINHA CASA. A casa do Tesouro é a congregação onde assistimos e somos alimentados.
Mas será que damos realmente os “nossos” dízimos aos pobres? Com que regularidade? Será uma boa atitude fazer caridade com a parte que não nos pertence?
V. JUSTIFICATIVA POLÍTICA
“Eu não entrego mais os meus dízimos, porque eles não estão sendo bem administrados.”
Não cabe a nós determinar e administrar do nosso jeito o dízimo do Senhor que entregamos. Se os dízimos não estão sendo bem administrados, os administradores darão conta a Deus. Não cabe a nós julgá-los mas sim Deus é quem julga. Cabe a nós sermos fiéis.
Não será também que esta atitude seja aquela do menino briguento, dono da bola, que a coloca debaixo do braço sempre que as coisas não ocorrem do seu jeito?
Deus mandou que eu trouxesse os dízimos, mas não me nomeou fiscal do dízimo.
VI. JUSTIFICATIVA MÍOPE
“A igreja é rica e não precisa do meu dízimo.”
Temos conhecimento das necessidades da igreja? Temos visão das possibilidades de investimento em prol do avanço da obra? Estamos com essa visão míope, estrábica, amarrando o avanço da obra de Deus, limitando a expansão do Evangelho?
AINDA, não entregamos o dízimo para a igreja. O dízimo não é da igreja. É DO SENHOR. Entregamo-lo ao Deus que é dono de todo ouro e de toda prata. Ele é rico. Ele não precisa de nada, mas exige fidelidade. Essa desculpa é a máscara da infidelidade.
VII. JUSTIFICATIVA CONTÁBIL
“Não tenho salário fixo e não sei o quanto ganho.”
Será que admitimos que somos maus administradores dos nossos recursos? Como sabemos se o nosso dinheiro dará para cobrir as despesas de casa no final do mês?
Não sabendo o valor exato do salário, será que o nosso dízimo é maior ou menor do que a estimativa? Porque ficamos sempre aquém da estimativa? Será auto-proteção? Será desinteresse?
VIII. JUSTIFICATIVA ECLESIOLÓGICA
“Não sou membro da igreja”
Acreditamos mesmo que os nossos deveres de cristãos iniciam-se com o Batismo e a Profissão de Fé ou com a inclusão do nosso nome num rol de membros?
Não será incoerência defendermos que os privilégios começam quando aceitamos a Cristo: (o perdão, a vida eterna) e os deveres só depois que nos tornamos membros da igreja? Somos menos responsáveis pelo crescimento do Reino de Deus só porque não somos membros da igreja?
CONCLUSÃO
É hora de abandonarmos nossas evasivas. É hora de darmos um basta às nossas desculpas infundadas. É hora de pararmos de tentar enganar a nós mesmos e convencer a Deus com as nossas justificativas.
É hora de sermos fiéis ao Deus fiel. É hora de sabermos que tudo é de Deus: nossa casa, nosso carro, nossas roupas, nossas jóias, nossos bens, nossa vida, nossa saúde, nossa família. TUDO É DELE. Somos apenas mordomos, administradores. Mordomos e não donos. Deus quer de nós obediência e não desculpas. Fidelidade e não evasivas.
Que atitude vamos tomar? Nosso coração está onde está o nosso tesouro. Se buscarmos em primeiro lugar o Reino de Deus, não vamos ter problemas com o dízimo.
Rev. Hernandes Dias Lopes 
Site de origem: http://hernandesdiaslopes.com.br/2004/05/as-razoes-dos-nao-dizimistas/

Vitória da liberdade de expressão — Juiz extingue ação contra pastor Malafaia e deixa claro: ele não foi homofóbico, e a Constituição brasileira não comporta a censura sob nenhum pretexto

Vitória da liberdade de expressão — Juiz extingue ação contra pastor Malafaia e deixa claro: ele não foi homofóbico, e a Constituição brasileira não comporta a censura sob nenhum pretexto

O juiz federal Victorio Giuzio Neto, da 24ª Vara Cível de São Paulo, extinguiu ação civil pública movida pelo Ministério Público Federal contra o pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus, contra a TV Bandeirantes e também contra a União. Vocês se lembram do caso: no programa “Vitória em Cristo”, Malafaia criticou duramente a parada gay por ter levado à avenida modelos caracterizados como santos católicos em situações homoeróticas. Já escrevi alguns posts a respeito. Aquele em que em exponho detalhes do caso está aqui . Ao defender que a Igreja Católica recorresse à Justiça contra o deboche, Malafaia afirmou o seguinte:

“É para a Igreja Católica entrar de pau em cima desses caras, sabe? Baixar o porrete em cima pra esses caras aprender. É uma vergonha!”



Acionado por uma ONG que defende os direitos dos gays, o Ministério Público Federal recorreu à Justiça, acusando o pastor de estar incitando a violência física contra os homossexuais. Demonstrei por que se tratava de um despropósito. E o que queria o MPF? Na prática, como escrevi e também entendeu o juiz Victorio Giuzio Neto, a volta da censura. Pedia que o pastor e a emissora fizessem uma retratação e que a União passasse a fiscalizar o programa.



A decisão é primorosa. Trata-se de uma aula em defesa da liberdade de expressão. Fico especialmente satisfeito porque vi no texto muitos dos argumentos por mim desfiados neste blog — embora tenha sido esculhambado por muita gente: “Você não entende nada de direito”. Digamos que fosse verdade. De uma coisa eu entendo: de liberdade. O juiz lembra que o Inciso IX do Artigo 5º da Constituição e o Parágrafo 2º do Artigo 220 impedem qualquer forma de censura, sem exceção. De maneira exemplar, escreve:

Permite a Constituição à lei federal, única e exclusivamente: “… estabelecer os meios legais que garantam à pessoa e à família a possibilidade de se defenderem de programas ou programações de rádio e televisão que contrariem o disposto no artigo 221, bem como da propaganda de produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde e ao meio ambiente”.

Estabelecer meios legais não implica utilização de remédios judiciais para obstar a veiculação de programas que, no entendimento pessoal, individual de alguém, ou mesmo de um grupo de pessoas, desrespeitem os “valores éticos e sociais da pessoa e da família” até porque seria dar a este critério pessoal caráter potestativo de obstar o exercício de idêntica liberdade constitucional assegurada a outrem.



Mais adiante, faz uma síntese brilhante:

Proscrever a censura e ao mesmo tempo permitir que qualquer pessoa pudesse recorrer ao judiciário para, em última análise, obtê-la, seria insensato e paradoxal.



Excelente!



Afirma ainda o magistrado:

Através da pretensão dos autos, na medida em que requer a proibição de comentários contra homossexuais em veiculação de programa, sem dúvida que se busca dar um primeiro passo a um retorno à censura, de triste memória, existente até a promulgação da Constituição de 1988, sob sofismático entendimento de ter sido relegado ao Judiciário o papel antes atribuído à Polícia Federal, de riscar palavras ou de impedir comentários e programas televisivos sobre determinado assunto.”



O juiz faz, então, uma séria de considerações sobre a qualidade dos programas de televisão, descartando, inclusive, que tenham influência definidora no comportamento dos cidadãos. Lembra, a meu ver com propriedade, que as pessoas não perdem (se o tiverem, é óbvio) o senso de moral porque veem isso ou aquilo na TV; continuam sabendo distinguir o bem do mal. Na ação, o MPF afirmava que os telespectadores de Malafaia poderiam se sentir encorajados a sair por aí agredindo gays. Lembrou também o magistrado que sua majestade o telespectador tem nas mãos o poder de mudar de canal: não é obrigado a ver na TV aquilo que repudia.



Giuzio Neto analisou as palavras a que recorreu o pastor e que levaram o MPF a acionar a Justiça:

As expressões proferidas não são reveladoras de preconceito se a considerarmos como manifestação de condenação ou rejeição a um grupo de indivíduos sem levar em consideração a individualidade de seus componentes, pois não se dirigiu a uma condenação generalizada através de um rótulo, ao homossexualismo, mas, ao contrário, a determinado comportamento ocorrido na Parada Gay (….) no emprego da imagem de santos da Igreja Católica em posições homoafetivas.

Diante disto, não pode ser considerado como homofóbico na extensão que se lhe pretende atribuir esta ação, no campo dos discursos de ódio e de incentivo à violência, pois possível extrair do contexto uma condenação dirigida mais à organização do evento - pelo maltrato do emprego de imagens de santos da igreja católica - do que aos homossexuais.

De fato não se pode valorar as expressões dissociadas de seu contexto.

E, no contexto apresentado, pode ser observado que as expressões “entrar de pau” e “baixar o porrete” se referem claramente à necessidade de providências acerca da Parada Gay, por entender o pastor apresentador do programa, constituir uma ofensa à Igreja Católica reclamando providências daquela.

(…)

É cediço que, se a população em geral utiliza tais expressões, principalmente na esfera trabalhista, para se referir ao próprio ajuizamento de reclamação trabalhista (…) “vão meter a empresa no pau”. Outros empregam a expressão “cair de pau” como mera condenação social; “entrar de pau” ou “meter o pau”, por outro lado, estaria relacionado a falar mal de alguém ou mesmo a contrariar argumentos ou posicionamentos filosóficos.

Enfim, as expressões empregadas pelo pastor réu não se destinaram a incentivar comportamentos como pode indicar a literalidade das palavras no sentido de violência ou de ódio implicando na infração penal, como pretende a interpretação do autor desta ação.



Bem, meus caros, acho que vocês já haviam lido algo semelhante aqui, não?, escrito por este “não-especialista em direito”, como sempre fazem questão de lembrar os petralhas. Caminhando para a conclusão de sua decisão, observa:

Por tudo isto e diante da clareza das normas acima transcritas, impossível não ver na pretensão de proibição do pastor corréu de proferir comentários acerca de determinado assunto em programa de televisão, e da emissora de televisão deixar de transmitir, uma clara intenção de ressuscitar a censura através deste Juízo.”



Mas e quem não se conforma com fim da censura na TV? O juiz dá um conselho sábio, com certo humor e uma pitada de ironia:

Para os que não aceitam seu sepultamento - e de todas as normas infraconstitucionais que a previram - restam alternativas democráticas relativamente simples para a programação da televisão: a um toque de botão, mudar de canal, ou desliga-la. A queda do IBOPE tem poderosos efeitos devastadores e mais eficientes para a extinção de programas que nenhuma decisão judicial terá.



Caminhando para o encerramento

Sábias palavras a do juiz federal Victorio Giuzio Neto! Tenho me batido aqui, como vocês sabem, contra certa tendência em curso de jogar no lixo alguns valores fundamentais da Constituição em nome de alguns postulados politicamente corretos que nada mais são do que os “preconceitos do bem” de grupos de pressão influentes. Os gays têm todo o direito de lutar por suas causas. Mas precisam aprender que não podem impor uma agenda à sociedade que limite a liberdade de expressão, por exemplo, ou a liberdade religiosa.



No caso em questão, a ação era, em essência, absurda. É claro que o contexto deixava evidente que o pastor recorria a uma linguagem metafórica — de uso corrente, diga-se. Se alguém foi vítima de preconceito nessa história, esse alguém foi Malafaia. Não fosse um líder evangélico — e, pois, na cabeça de alguns, necessariamente homofóbico —, não teria sido importunado por uma ação judicial. Há um verdadeiro bullying organizado contra os cristãos, pouco importa a denominação religiosa a que pertençam. Infelizmente, a “religião” que mais cresce no mundo hoje é a cristofobia.



Eu, que tenho criticado com certa frequência a Justiça, a aplaudo desta vez.



Por Reinaldo Azevedo


 
 
Divulgação: http://direitoreformacional.blogspot.com/ /

quinta-feira, 3 de maio de 2012

A coisa tá preta!!!!

Vemos nesta foto, Pr. Neto e sua equipe, no sertão do Pajeú, município de São José do Belmonte - PE, Sítio Poço Escuro.
Milhares e milhares de pessoas como as desta imagem, precisam ser alcançadas pela mensagem do Evangelho.
Que Deus nos dê graça para que possamos está atentos à estes campos. Sempre prontos para atendermos ao Seu chamado.  

Estamos certos que se a Igreja não for comunidades como as da fotos (Sítio Poço Escuro) continuarão fazendo jus ao nome... lugar sem saída e de trevas. Ou seja,  em outras palavras, para muitos sertanejos "a coisa está preta"
Porque a Escritura diz: Todo aquele que nele crer não será confundido.
Porquanto não há diferença entre judeu e grego; porque um mesmo é o Senhor de todos, rico para com todos os que o invocam.
Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.
Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? e como crerão naquele de quem não ouviram? e como ouvirão, se não há quem pregue?
E como pregarão, se não forem enviados? como está escrito: Quão formosos os pés dos que anunciam o evangelho de paz; dos que trazem alegres novas de boas coisas.
Mas nem todos têm obedecido ao evangelho

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Onde Estão Os Mortos?

Por Ebenézer Soares Ferreira

Os justos, ao morrerem, vão logo para o céu. Há pessoas que procuram contestar o ensino claro das Escrituras sobre o estado desincorporado dos mortos. Baseiam-se elas em textos bíblicos que nada lhes oferecem para escorar sua doutrina do "sono da alma", que é, especialmente, esposada pelos sabatistas. Em Lucas 23.43, se lê: "Respondeu-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso". Para que sirva aos seus planos doutrinários, eles colocam dois pontos após a palavra hoje e, assim, fica o texto: "Respondeu-lhe Jesus: Em verdade te digo hoje: estarás comigo no paraíso". Deste modo, o texto fica totalmente modificado. Segundo essa leitura, um dia o crente irá para a bem-aventurança eterna. Mas não se sabe quando.

Outros não usam do expediente acima citado, mas procuram afirmar que o paraíso não é o céu. Dizem os sabatistas que, ao morrer, o crente fica dormindo na sepultura. O corpo se decompõe, mas a alma fica ali. Só na volta de Cristo, ouvindo a sua voz, ele acordará e, então, haverá a ressurreição e, em seguida, o juízo. Dizem que o texto de Lucas 23.43 não prova que Jesus foi ao céu com o ladrão arrependido, no dia em que ele morreu. Para provar isto, citam João 3.13, que diz: "Ora, ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do homem". À primeira vista, parece realmente contradição. Mas, não o é. O leitor desavisado pode cair na armadilha dos que acatam a doutrina do "sono da alma". O que ocorre é que a pessoa não familiarizada com as regras de hermenêutica bíblica se deixa induzir por explicações que não são plausíveis com o teor da Bíblia, no que tange ao destino dos que partem para o além.

O leitor deverá verificar que Jesus está tendo um colóquio com Nicodemos (João 3.1-21). Este se surpreende, se deslumbra (João 3.7), com os maravilhosos ensinos que Jesus apresenta sobre o novo nascimento. Jesus lhe diz: "Tu és mestre em Israel, e não entendes estas coisas?" (v. 10). E Jesus ainda adiciona: "Em verdade, em verdade te digo que nós dizemos o que sabemos e testemunhamos o que temos visto; e não aceitais o nosso testemunho!" (v. 11). Aqui é Jesus quem se admira da ignorância de um reputado mestre em Israel, que ignora as coisas mais simples sobre o reino de Deus. Jesus, então, adiciona: "Se vos falei de coisas terrestres, e não credes, como crereis, se vos falar das celestiais?" (v. 12). The Interpreter's Bible, comentando sobre este texto, diz: "Nosso Senhor estava francamente desapontado com Nicodemos… Se nós nos escandalizamos com os ensinos de coisas terrenas para as quais há analogias humanas e que podem ser verificadas pela experiência humana, como poderemos nos aprofundar nas coisas de Deus, para entendermos as coisas celestiais? Somente um que tenha conhecimento direto dessas coisas pode comunicá-las a nós. Somente o Filho do homem que esteve no céu e que desceu do céu é que pode fazer isso. As coisas celestiais são aqueles mistérios que homem algum pode declarar, mas somente podem ser declarados pelo Filho do homem, que desceu do céu. Ninguém jamais subiu ao céu para trazer os segredos divinos. Com as palavras "Ora, ninguém subiu ao céu senão o que desceu do céu, o Filho do homem", Jesus como que está desmentindo a tradição rabínica que dizia que Moisés tinha subido ao céu para trazer as tábuas das dez palavras. É que "Moisés, sendo mero homem, não fora capaz de subir ao céu, à esfera da realidade absoluta, para trazer a este mundo as fontes da vida", como escreve J.W. Shepard, na obra The Christ of the Gospels, página 102. O ínclito teólogo W.C. Taylor, em seu comentário ao Evangelho de João (3 volumes, totalizando 1.214 páginas), comentando o texto "Deixa de me tocar, porque ainda não subi ao Pai…" (Jo 20.17), declara: "traduzindo 'Não subi', os curiosos e os autores de credos e dogmas, de teorias sabatistas, de sistemas de doutrinas antibíblicas a respeito do estado "intermediário" (entre a morte e a ressurreição), todos esses aproveitadores heterogêneos dessa tradução errada estabelecem, nas suas próprias cabeças, anarquia a respeito do testemunho da Bíblia. Investem com uma Escritura contra outra Escritura e ficam com aquela que lhes parece mais útil para seus fins." E, mais à frente, o dr. Taylor acentua: "Menciono Atos 2.34, a fim de demonstrar que a tradução aqui discutida não deve ser igual à de Atos 2.34, mas fiel ao tempo diferente do verbo que, em João 20.17, é o perfeito. Eu não subi de modo a permanecer atualmente face a face com o Pai lá no céu. Estou aqui, mas não para ficar. É um intervalo curto entre minha visita ao céu ontem e a minha ida definitiva para o Pai, na hora da minha ascensão. Ainda não ascendi, não tive essa ascensão, de modo a ser minha subida definitiva ao céu para ocupar meu trono mediatório. Esse é o sentido do que Jesus disse a Maria Madalena.

Jesus absolutamente não disse: "Não subi ao Pai". Traduzir assim é pecado contra sua linguagem. No momento de sua morte, Ele bradou em alta voz: "Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito" (Lucas 23.46). Ele disse ao criminoso convertido, numa das cruzes do Calvário: "Hoje estarás comigo no paraíso" (Lucas 23.43). João diz que Ele "rendeu o espírito". A quem, senão ao Pai? Para onde, senão para a casa de seu Pai, em doce antecipação de sua volta definitiva daí a uns quarenta dias? Mas, o tempo perfeito do verbo ASCENDER trata de sua ascensão formal. Jesus foi ao céu quando morreu, mas subiu definitivamente para o céu e ficou, na ascensão. Nós nos unimos com Ele no céu no momento de nossa morte." (Taylor, W.C. Evangelho de João. Rio: Casa Publicadora Batista, 1945, 1o volume, pp. 325-326). Meu mestre de Escatologia, no Southwestern Baptist Theological Seminary, em Fort Worth, Texas, USA, dr. Ray Summers, afirmava: "Os justos desincorporados estão com Deus. A declaração em Eclesiastes 12.7, de que o espírito volta a Deus, que o deu, acha-se repetida em passagens do Novo Testamento" (Summers, R. A Vida no Além. Rio: JUERP, 2a ed, tradução de A. Ben Oliver, 1979, pág. 31). Em meu livro Dificuldades Bíblicas e Outros Estudos, volume 1, 2a edição, ao comentar sobre João 3.23 e 20.17, cito muitos teólogos que abonam a doutrina que esposamos neste artigo. Todos são unânimes em afirmar a mesma verdade aqui apresentada, de que Jesus, ao expirar na cruz, foi imediatamente ao paraíso, levando para lá como um troféu de sua obra realizada aqui na terra o ladrão que se convertera. Os ímpios, aos morrerem vão logo para o inferno Isso é o que ensina a Escritura Sagrada.

Na célebre parábola do "Rico e Lázaro" (Lucas 16.19-31), Jesus inculca justamente esse ensino. Lázaro está no "seio de Abraão". Essa é uma expressão metafórica da presença de Deus. Abraão, o "pai da fé", o "amigo de Deus", é tido, entre os judeus, como a figura máxima, porque Deus lhe fez a promessa de fazer dele uma grande nação (Gênesis 12.1-3). Daí usarem a expressão "estar no seio de Abraão", que equivalia a dizer estar gozando das delícias celestiais. Essa expressão "seio de Abraão" e "paraíso" são sinônimos de céu. Já o rico epulão está no Hades (inferno), de onde, ao erguer os olhos, estando em tormentos, "viu ao longe a Abraão e Lázaro, no seu seio" (Lucas 16.23b). O Dr. Ray Summers comenta: "Os maus desincorporados estão sofrendo castigo. Foi assim o caso do rico. Ele morreu e achou-se imediatamente em estado de tormento. A intensidade de seu sofrimento se reflete na sua súplica pelo ministério confortador de Lázaro e no desejo de que seus irmãos escapassem daquele destino" (Summers, R., op. cit. p. 35). A "Declaração Doutrinária da Convenção Batista Brasileira" assim diz no ítem XVIII, sobre a morte: "Com a morte, está definido o destino eterno de cada homem. Pela fé nos méritos do sacrifício substitutivo de Cristo na cruz, a morte do crente deixa de ser tragédia, pois ela o transporta para um estado de completa e constante felicidade na presença de Deus. A esse estado de felicidade as Escrituras chamam "dormir no Senhor" (Dn 12.2,3; Jo 5.28,29; At 24.15; 1Co 15.12-24). Os incrédulos e impenitentes entram, a partir da morte, num estado de separação definitiva de Deus (Mt 13.49,50; 25.14-46; At 10.42; 1Co 4.5; 1Co 5.10; 2Tm 4.1; Hb 9.27; 2Pe 2.9; 3.7; 1Jo 4.17; Ap 20.11-15; 22.11,12).

Conclusão Pelo que expusemos, usando os textos bíblicos e de acordo com os seus contextos, e mais as citações de eminentes teólogos batistas e a "Declaração Doutrinária da Convenção Batista Brasileira", não fica dúvida de que a resposta à pergunta "Onde estão os mortos?" é essa mesma: Os justos estão no céu e os ímpios, no inferno.

O apóstolo Pedro, em sua 1a epístola, capítulo 3, versos 18 a 20, escreveu: "Porque também Cristo morreu uma só vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus; sendo, na verdade, morto na carne, mas vivificado no espírito; no qual também foi, e pregou aos espíritos em prisão; os quais noutro tempo foram rebeldes, quando a longanimidade de Deus esperava, nos dias de Noé, enquanto se preparava a arca; na qual poucas, isto é, oito almas se salvaram através da água." Alguém denominou esse texto de "O Oráculo negro do Novo Testamento"; e outro, de crux interpretum. É no Credo Apostólico que aparece a frase: "descensus ad ínferos". Não é de hoje que os comentadores bíblicos buscam desatar o "nó górdio" desse problema. Alguns, sem muita base, vão logo lançando o que descobriram, julgando que isso é a verdade axiomática. Aceitam qualquer magister dixit. Outros preferem se abster de se pronunciar sobre certos temas bíblicos, considerando-os como um "ovo de Colombo". Eis algumas perguntas que deveriam ser feitas e comentadas, se o espaço nos permitisse: 1. Que espírito eram estes referidos por Pedro? Têm aparecido três tipos de respostas: 1) São os anjos decaídos (2Pedro 2.4; Judas 6); 2) Os patriarcas; 3) Os rebeldes do tempo de Noé. 2. Quem pregou? São sugeridos os nomes: 1) Cristo; 2) Noé; 3) Os apóstolos; 4) O Espírito Santo. 3. A quem se pregou? Há duas sugestões: 1) Aos bons; 2) Aos maus. 4. Em que prisão? Há quatro sugestões: 1) No inferno; 2) No tártaro; 3) À "prisão do corpo"; 4) À "prisão do pecado". 5. O que foi pregado? Sugerem: 1) Salvação; 2) Condenação; 3) Sua vitória. 6. Em que espírito? Sugerem: 1) No Espírito Santo; 2) No espírito de Cristo; 3) No espírito do demônio. 7. Em que tempo isso ocorreu? 1) Durante o tempo em que o corpo esteve na sepultura; 2) No tempo de Noé. Agora, vejamos a interpretação que se coaduna com o teor geral da Bíblia. Pedro está escrevendo a sua primeira epístola "aos peregrinos da Dispersão no Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia" (cap. 1.1). Exorta os crentes a terem uma vida exemplar e os anima quanto à perseguição que sofriam e que ainda viriam a sofrer, pois, de Roma, onde Nero imperava, se irradiava a terrível perseguição contra os cristãos. Eles estão dispersos, mas, ali, a perseguição os atingiria. Pedro lhes mostra, então, como foi o comportamento de Cristo. Eles deveriam imitá-lo. Eles deveriam estar cônscios de que, assim como o espírito de Cristo estivera, no passado, com Noé (v. 20), que recebeu afrontas, escárnios, provações mil quando pregava aos antediluvianos, os "peregrinos", do mesmo modo, deviam, pacientemente, receber as perseguições, pois, para eles, estava assegurada a maravilhosa esperança – a ressurreição, que Cristo prometera.

Tendo morrido, Cristo foi, durante o tempo em que seu corpo esteve na sepultura, tanto ao céu, onde levou o ladrão arrependido (Lucas 23.43), quanto ao inferno, para demonstrar o seu poder. Ali, aos "espíritos em prisão" que foram rebeldes, nos dias do patriarca Noé, e que rejeitaram a longanimidade de Deus, enquanto se preparava a Arca, e durante 120 anos de pregação, ali, repito, aos "espíritos em prisão", Jesus fez a proclamação de seu triunfo sobre a morte e o pecado, descendo "às partes mais baixas da terra", como afirma o apóstolo Paulo em Efésios 4.9. Portanto, proclamou sua vitória àqueles que não o aceitaram, quando pregou, através de Noé, o que, em última análise, foi também proclamação condenatória. Existe oportunidade de salvação após a morte? Alguns inferem do texto em tela que há oportunidade de salvação após a morte. É ledo engano. Vêem coisas que o texto não diz. Querem se basear na expressão "pregou aos espíritos em prisão". Não existe uma segunda oportunidade de salvação após a morte. O que ocorre, após esta, é o juízo (Hebreus 9.27). Vê-se que o verbo empregado por Pedro é ekêryxen, que se deriva de kerysso, que significa "proclamar u'a mensagem como um arauto". Se Pedro quisesse ensinar oportunidade de salvação após a morte, não teria usado o verto citado, mas, sim, euangelizamai, cujo sentido é "pregar ou levar as boas-novas". Mas Pedro não faria isto, porque sabia que só há salvação nesta vida. A Igreja Católica ensina que Jesus, no intervalo que ocorreu entre sua morte e a ressurreição, desceu ao limbus patrum. Ali pregou aos fiéis do Velho Testamento, para poderem alcançar a salvação. Isso é engano. Hendel Haris e outros eminentes eruditos têm verificado que as primeiras palavras do versículo 19 (no qual também, en ho kai) contêm as letras do nome Enok. Acham que, no original, estava "Enok foi e pregou". Mas, por distração de algum copista, a frase foi modificada. A hipótese é aceitável. Porém, os manuscritos antigos não apresentam a forma que Hendel sugere. E, por remate, cito o que escreveu o célebre bispo de Hipona, Agostinho: "Os espíritos encarcerados na prisão são os ímpios que viviam no tempo de Noé, cujos espíritos ou almas se achavam presos na escuridão da ignorância, como em uma prisão; Cristo pregou a eles, não na carne, pois ainda não se encarnara, mas no espírito, isto é, em sua natureza divina" (Ad Evodiam, ep. 99). Observação: Deixo de comentar a primeira parte, onde são feitas as sete perguntas, para não alargar o artigo. Em meu livro Dificuldades Bíblicas – Vol. 3, será publicado o estudo completo desse trecho bíblico.

Como saber a vontade de Deus?



Todo aquele que é um Cristão temente a Deus e se preocupa em agradá-lo, certamente já se deparou e irá se deparar muitas vezes ainda, diante de decisões a serem tomadas, com a pergunta: Qual é a vontade de Deus? Que decisão estará de acordo com sua vontade? Aceito ou não esse emprego? Devo namorar esta pessoa ou não? Qual o curso que devo fazer? É da vontade Dele que eu assuma esse cargo na igreja? Enfim, todos nós encontramos com essas questões várias vezes na vida, mas grande parte de nossas dúvidas podem ser eliminadas se observamos alguns aspectos simples:
01. Desconfie de seu coração: As pessoas do mundo costumam valorizar intuições e sentimento na hora de tomar decisões, e acreditam que de seu próprio interior virá à resposta correta. Como cristãos não podemos agir assim, pois precisamos saber que nosso coração é desesperadamente corrupto, e não devemos confiar nele (Jeremias 17.9), pois suas inclinações podem nos conduzir a caminhos que afrontam a vontade de Deus. É preciso fazer uma análise séria e centrada das situações. A maioria de nossas decisões equivocadas poderiam ser evitadas se fossemos menos passionais. É necessário afastarmos de nossos julgamentos os sentimentos que nos cegam. Muitas vezes desprezamos até mesmo conselhos de pessoas sabias e tementes a Deus, achando que nosso coração é mais confiável do que elas. Para saber a vontade de Deus, é indispensável colocar a cabeça no lugar e domar as paixões descontroladas.
02. Obedeça a vontade de Deus revelada nas escrituras: O homem tem uma tendência enorme a ser contraditório e inconstante. Queremos uma coisa e fazemos outra. Hoje desejamos algo e amanhã já não o queremos mais. Mas Deus não é assim, e por mais que saibamos disso, precisamos reafirmar essa certeza em nossos corações. Jamais algo será da vontade de Deus se nos faz desobedecer à vontade Dele revelada na palavra, isso seria contraditório, Ele não muda ideia. Se um emprego te fará mentir ou te fará trabalhar com algo ilícito ou imoral, certamente não é a vontade de Deus para você. Se para conseguir algo terás que desobedecer a seus pais, desonra-los e assim ferir o mandamento de Deus, essa não é a vontade Dele para você. Por mais óbvio que isso pareça, as vezes chegamos ao ponto de tentar respostas subjetivas ou emocionais da parte de Deus para algo que irá afrontar sua palavra. Você pode até seguir esses caminhos errados, mas jamais afirme que o fez porque Deus desejava que você agisse dessa forma. Atente para os mandamentos, olhe para as escrituras, muitas vezes as respostas estão lá, cristalinas, certas e claras. Não adiante orar e esperar que emoções ou presságios nos deem as respostas, quando elas já estão acessíveis na palavra de Deus.
03. Reflita a respeito de suas motivações: Por fim, precisamos nos lembrar da razão para que vivemos. Nós fomos criados para glorificar a Deus e para alegrarmo-nos nele, e uma coisa esta ligada a outra. Se nossos desejos não glorificarem a Deus, eles também não trarão alegria genuína para nós, tão somente uma satisfação passageira e infrutífera, com grandes consequências depois. Uma análise sincera de nossas motivações pode ser a chave para a resposta que procuramos. Qual a decisão irá honrar mais a Deus e glorifica-lo? Será que não estou somente alimentando meus desejos carnais? A decisão irá beneficiar mais a Deus e sua causa ou aos meus desejos egoístas? O cargo que almejo assumir será realmente uma oferta de amor a Deus ou servirá muito mais para alimentar minha vaidade? É preciso negar a si mesmo e viver como um servo fiel apaixonado pela glória de Deus. Tudo que caminha em direção oposta a isto não é a vontade de Deus para nossas vidas.
Bem sei que as vezes nos percebemos diante de questões muito complexas e que estas simples orientações não serão suficientes para nos dar uma resposta segura. Nestes casos devemos meditar bastante, orar, conversar com irmãos de confiança e recorrer ao nosso pastor para nos auxiliar. Entretanto, muitas vezes as respostas são simples e claras, mas tentamos não enxerga-las por que não nos satisfazem, deste modo, acredito que nestes passos elencados acima encontraremos algumas diretrizes a tomar e assim sermos orientados, na palavra de Deus, a agir da maneira correta, que honre nosso Deus.
Rodrigo Ribeiro
@rodrigolgd
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Fonte: ump-da-quarta.blogspot.com

segunda-feira, 30 de abril de 2012

A Tradição Evangélica

Por John Stott

Gostaria de argumentar, embora corra o risco de simplificar em demasia e de ser acusado de arrogante, que a fé evangélica não é outra senão a fé cristã histórica. O cristão evangélico não é aquele que diverge, mas que busca ser leal em sua procura pela graça de Deus, a fim de ser fiel à revelação que Deus fez de si mesmo em Cristo e nas Escrituras.

A fé evangélica não é uma visão peculiar ou esotérica da fé cristã – ela é a fé cristã. Não é uma inovação recente. A fé evangélica é o cristianismo original, bíblico e apostólico. A marca dos evangélicos não é tanto um conjunto impecável de palavras quanto um espírito submisso, a saber, a resolução a priori de crer e de obedecer ao que quer que seja que as Escrituras ensinem.

Eles estão, de antemão, comprometidos com as Escrituras, independentemente do que se possa descobrir que elas digam. Eles afirmam não ter liberdade para lançar seus próprios termos para sua crença e comportamento. Percebem essa perspectiva de humildade e de obediência como uma implicação essencial do senhorio de Cristo sobre eles.

As tradições católica e liberal tendem a exaltar a inteligência e a bondade humana e, portanto, esperam que os seres humanos contribuam de alguma forma para a iluminação e salvação deles mesmos. Os evangélicos, de outro lado, embora afirmem veementemente a imagem divina que a nossa humanidade carrega, têm a tendência de enfatizar nossa finitude humana e queda e, portanto, de insistir que sem a revelação não podemos conhecer Deus e sem a redenção não podemos alcançá-lo.

Essa é a razão pela qual os aspectos essenciais do evangelho focam a Bíblia e a cruz, bem como a indispensabilidade delas, uma vez que foi por meio delas que a Palavra de Deus nos foi comunicada e que a obra de Deus em favor de nós foi realizada. Na verdade, sua graça apresenta a forma trinitária. Primeiro, Deus tomou a iniciativa em ambas as esferas, ensinando-nos o que não poderíamos saber de outra forma, bem como dando-nos o que não poderia nos ser dado de outra maneira. Segundo, em ambas as esferas o Filho desempenha um papel singular, como o único mediador por meio de quem a iniciativa do Pai foi tomada. Ele é a Palavra que se fez carne, por meio de quem a glória do Pai foi manifestada. Ele é o imaculado que se tornou pecado por nós para que o Pai pudesse nos reconciliar com ele mesmo.

Além disso, a Palavra de Deus falada por meio de Cristo e a obra de Deus realizada por intermédio de Cristo eram ambas hapax , completadas de uma vez por todas. Nada pode ser acrescentado a nenhuma delas, sem que com isso se deprecie a perfeição da palavra e da obra de Deus realizada por meio de Cristo. Depois, em terceiro lugar, tanto na revelação quanto na redenção, o ministério do Espírito Santo é essencial. É ele que ilumina nossa mente para compreender o que Deus revelou em Cristo, e é ele quem move nosso coração para receber o que Deus alcançou por meio de Cristo.

Assim, nessas duas esferas, o Pai agiu por meio do Filho e continua a agir por meio do Espírito Santo. Os evangélicos consideram essencial crer não apenas no evangelho revelado na Bíblia, mas também em toda a revelação da Bíblia; crer não apenas que “Cristo morreu por nós”, mas também que ele morreu “por nossos pecados” e, de forma que Deus, em amor santo, pode perdoar os crentes penitentes; crer não apenas que recebemos o Espírito, mas também que ele faz uma obra sobrenatural em nós, algo que, de variadas formas, foi retratado no Novo Testamento como “regeneração”, “ressurreição” e “recriação”.

Eis aqui três aspectos da iniciativa divina: Deus revelou-se em Cristo e no testemunho bíblico total sobre Cristo; Deus redimiu o mundo por meio de Cristo e tornou-se pecado e maldição por nós; e Deus transformou radicalmente os pecadores pela operação interna de seu Espírito.

A fé evangélica, assim afirmada, é o cristianismo histórico, maior e trinitário, e não um desvio excêntrico dele. Pois não vemos a nós mesmos oferecendo um novo cristianismo, mas chamando a Igreja ao cristianismo original.

Se “evangélico” descreve uma teologia, essa teologia é a teologia bíblica. Os evangélicos argumentam que são cristãos bíblicos plenos e que, para ser um cristão bíblico, é necessário ser cristão evangélico. Explicando dessa forma, isso pode soar como arrogância e exclusivismo, mas essa é uma crença sincera. Certamente, o desejo sincero dos evangélicos é não ser um cristão mais ou menos bíblico. A intenção deles não é ser sectário. Isto é, eles não se apegam a certos princípios apenas para manter a identidade deles como um “grupo”. Ao contrário, sempre expressaram sua prontidão para modificar, até mesmo abandonar, quaisquer das crenças que estimam, ou, se necessário, todas elas, se lhes for demonstrado que não são bíblicas.

Os evangélicos, portanto, consideram como a única possível via para a reunião das igrejas a via da reforma bíblica. De acordo com o ponto de vista deles, a única esperança firme para as igrejas que desejam se unir é a disposição comum para se sentarem juntas sob a autoridade da Palavra de Deus, a fim de serem julgadas por ela.

O significado da palavra “conservador” quando aplicada aos evangélicos, é que nos apegamos veementemente aos ensinos de Cristo e dos apóstolos, conforme apresentados no Novo Testamento, e que estamos determinados a “conservar” toda a fé bíblica. Isso foi o que o apóstolo determinou que Timóteo fizesse: “Guarde o que lhe foi confiado”, conserve isso, preserve isso, jamais abandone seu apego a isso, nem deixe que isso caia de suas mãos.
Fonte: Apenas