sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

A pedagogia do milagre

Rev. Hernandes Dias Lopes (1ª IP Vitória-ES)

Referência: João 11.1-57
INTRODUÇÃO
1.Este é o último grande milagre público de Jesus. Foi realizado na última semana de Jesus antes de ser preso e morto na cruz.
2.Este milagre tem várias lições importantes:
a)As crises são inevitáveis – Lázaro mesmo sendo amigo de Jesus ficou doente.
b)As crises podem aumentar – Lázaro piorou e chegou a morrer. Há momentos que somos bombardeados por problemas que escapam ao nosso controle: enfermidade, perdas, prejuízos, luto. Oramos e nada acontece. Aliás, piora. Queremos alívio e a dor aumenta. Queremos subir, e afundamos ainda mais.
c)Quando a enfermidade e o luto chegam em nossa casa, ficamos profundamente angustiados – Nessas horas nossa dor aumenta, pois nossa expectativa era de receber um milagre e ele não chega. Como os discípulos de Emaús começamos a conjugar os verbos da vida apenas no passado: “Nós esperávamos que fosse ele quem redimisse a Israel, mas…” (Lc 24:21).
3.Este texto nos fala da pedagogia de Jesus na realização deste grande milagre.
I.O TEMPO DO MILAGRE
1.Como conciliar o amor de Jesus com o nosso sofrimento – v. 3
A família de Betânia era amada por Jesus – Ele amava a Marta, Maria e Lázaro, mas mesmo assim, Lázaro ficou enfermo. Se Jesus amava a Lázaro por que permitiu que ele ficasse doente? Por que permitiu que suas irmãs sofressem? Por que permitiu que o próprio Lázaro morresse? Aqui está o grande mistério do amor e do sofrimento.
Marta e Maria fizeram a coisa certa na hora da aflição – Buscaram ajuda em Jesus. Elas sabiam que Jesus mudaria a agenda e as atenderia sem demora.
Elas buscaram ajuda na base certa – o amor de Jesus por Lázaro e não o amor de Lázaro por Jesus. Quem ama tem pressa em socorrer a pessoa amada. Hoje dizemos: Jesus, aquele a quem amas está com câncer. Jesus, aquele a quem amas está se divorciando? Jesus, aquele a quem amas está desempregado.
Por que Jesus não curou Lázaro à distância – Jesus poderia ter impedido que Lázaro ficasse doente e podia também curá-lo à distância. Ele já havia curado o filho do oficial do rei à distância. Por que não curou seu amigo a quem amava? A atitude de Jesus parece contradizer o seu amor.
Os judeus não puderam conciliar o amor de Cristo com o sofrimento da família de Betânia (v. 37) – Eles pensaram que amor e sofrimento não podiam andar juntos.
Se Jesus nos ama, por que sofremos? – Se Jesus nos ama, por que passamos pela aflição. Se ele é todo-poderoso, por que não nos livra do sofrimento? Por que um filho de Deus fica doente, perde o emprego, enfrenta o luto?
Sem imunidades especiais – O Pai amava o Filho, mas permitiu que ele bebesse o cálice do sofrimento e morresse na cruz em nosso lugar. O fato de Jesus nos amar não nos torna filhos prediletos. O amor de Jesus não nos garante imunidade especial contra tragédias, mágoas e dores. Ilustração: Nenhuma dos discípulos teve morte natural, exceto João, e ele morreu exilado em uma ilha solitária. Jesus não protemeu imunidade especial, mas imanência especial. Ele nunca prometeu uma explicação, prometeu ele próprio, aquele que tem todas as explicações.
2.Como conciliar a nossa necessidade com a demora de Jesus – v. 6,39
Ao invés de mudar sua agenda para socorrer Lázaro, Jesus ficou ainda mais dois dias onde estava. Em vez de ir, manda apenas um recado: “Esta enfermidade não é para a morte, mas para a glória de Deus”, mas Lázaro morreu.
Marta precisou lidar não apenas com a doença do irmão, mas também com a demora de Jesus. Por que ele não veio? Será que ele virá? Será que ele nos ama mesmo? Muitos passaram a censurar a demora de Jesus.
Marta oscilou entre a fé e a lógica. Pois como entender as palavras de Jesus: “Esta enfermidade não é para a morte, mas para a glória de Deus” se quando o mensageiro a entregou a Jesus, Lázaro já havia morrido? Ela duvidou. Ela se angustiou.
A demora de Jesus a deixou frustrada, quase decepcionada (v. 21).
Muitas vezes, Jesus parece demorar:
a)Deus prometeu um filho a Abraão e Sara – Só depois de 25 anos cumpriu a promessa.
b)A tempestade no mar – só na quarta vigília da noite, foi ao encontro dos discípulos.
c)Jairo vai pedir socorro a Jesus – quando Jesus chega sua filha já estava morta.
d)A fé de Marta passa por 3 provas: 1) A ausência de Jesus (v. 3); 2) A demora de Jesus (v. 21); 3) A morte de Lázaro (v. 39).
3.Como conciliar o nosso tempo (cronos), com o tempo de Jesus (kairós) – v. 6
A distância entre Betânia e onde Jesus estava dava mais de 32 Km. Levava um dia de viagem. O mensageiro gastou um dia para chegar a Jesus. Logo ao sair de Betânia Lázaro morreu. Quando deu a notícia a Jesus, Lázaro já estava morto. Jesus demora mais dois dias. E gasta outro dia para chegar. Daí quando chegou, Lázaro já estava sepultado há quatro dias.
Jesus se alegrou por não estar em Betânia antes da morte de Lázaro (v. 15). Ele deu graças ao Pai por isso (v. 41b). Jesus sempre agiu de acordo com a agenda do Pai (2:4; 7:6,8,30; 8:20; 12:23; 13:1; 17:1).
Ele sabe a hora certa de agir. Ele age segundo o cronograma do céu e não segundo a nossa agenda. Ele age no tempo do Pai e não segundo a nossa pressa. Quando ele parece demorar, está fazendo algo maior e melhor para nós.
Marta e Maria pensaram que Jesus tinha chegado atrasado, mas ele chegou na hora certa, no tempo oportuno de Deus (v. 21,32).
Jesus não chega atrasado. Ele não falha. Ele não é colhido de surpresa. Ele conhece o fim desde o princípio, o amanhã desde o ontem. Ele enxerga o futuro desde o passado. Ele sabia que Lázaro estava doente e que Lázaro já estava morto. Ele demorou mais dois dias porque sabia o que ia fazer.
II. O MODO DO MILAGRE
1.Jesus não está preso às categorias do nosso tempo – v. 22-25
Marta crê no Jesus que poderia ter evitado a morte (v. 21)- PASSADO.
Marta crê no Jesus que ressuscitará os mortos no último dia (v. 23-24) – FUTURO.
Mas Marta não crê que Jesus possa fazer um milagre AGORA. Marta vacila entre a FÉ (v. 22) e a lógica (v. 24).
Somos assim também. Não temos dúvida que Jesus realizou prodígios no passado. Não temos dúvida de crer que ele fará coisas tremendas no fim do mundo. Mas nossa dificuldade é crer que ele opera ainda hoje com o mesmo poder.
Talvez essa é a sua angústia – Você tem orado pelo seu casamento e o vê mais perto da dissolução. Você tem orado pela conversão do seu cônjuge e o vê mais endurecido. Você tem orado pelos seus filhos e eles continuam mais distantes de Deus. Você tem orado pelo seu emprego e ele ainda não surgiu. Você tem orado pela sua vida emocional e ainda ela parece um deserto.
Ah se tudo fosse diferente – Passado e Futuro – O grande erro do “Ah se fosse diferente” das duas irmãs, foi omitir o poder presente do Cristo vivo. Marta vivia ou no passado ou no futuro. Mas é no presente que o tempo toca a eternidade. Não podemos viver de lembranças que já passaram nem apenas das promessas que ainda são futuro. Precisamos crer hoje. Jesus não é o grande EU ERA nem o grande EU SEREI. Ele é o grande EU SOU. Nesse evangelho ele diz: 1) “Eu sou o pão da vida” (6:35); 2) “Eu sou a luz do mundo” (8:12); 3) “Eu sou a porta” (10:9); 4) “Eu sou o bom pastor” (10:11); 5) “Eu sou a ressurreição e a vida” (11:25); 6) “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (14:6); 7) “Eu sou a videira verdadeira” (15:1).
2.Jesus se identifica com a nossa dor – v. 35
A)Aquele que cura as nossas chagas é ferido conosco
As lágrimas de Jesus revelam sua humanidade, sua compaixão, seu amor (v. 36). Jesus se importa com você e com sua dor.
Ele não é o Deus distante dos deístas, nem o Deus impessoal dos panteístas, nem o Deus fatalista dos estoicos, nem mesmo o Deus bonachão dos epicureus. Ele não é o Deus morto, pregado numa cruz nem o Deus legalista, xerife cósmico dos fariseus.
Ele é o Deus Emanuel. Ele chora com você. Ele sofre por você. Ele se importa com você. Ele se identifica com você. Ele é o Deus que chora, que sofre, que terapeutiza a nossa dor.
a)Jesus sabe o que é a dor do sem teto – pois ele não tinha onde reclinar a cabeça. Jesus sabe o que é dor da pobreza. Ele conhecia a linguagem dolorida do salário mínimo.
b)Jesus sabe o que é a dor da solidão – nas horas mais difíceis ele estava só. Foi deixado só no Getsêmani e na cruz.
c)Jesus sabe o que é a dor da perseguição – Foi caçado por Herodes, vigiado pelos fariseus, odiado pelos escribas e entregue pelos sacerdotes.
d)Jesus sabe o que é a dor da traição – traído pela multidão que o aplaudiu. Traído por Judas, negado por Pedro, abandonado pelos discípulos.
e)Jesus sabe o que é a dor da humilhação – Foi preso, espancado, cuspido, deixado nu, pregado na cruz como criminoso.
f)Jesus sabe o que é a dor da enfermidade – Ele tomou sobre si a nossa dor e a nossa enfermidade.
g)Jesus sabe o que é a dor da morte – Ele suportou a morte arrancar o aguilhão da morte e nos trazer a ressurreição.
B)Aquele que enxuga as nossas lágrimas chora conosco
Jesus não apenas está presente com você em seu sofrimento, ele se compadece de você, chora com você. Jesus chorou em público, diante de uma multidão, condoendo-se daquela família enlutada.
Ele chegou ao ponto de descer ao Hades, em sua identificação com a nossa dor. Ilustração: Sete anos antes de o navio TITANIC ser encontrado, a revista NATIONAL GEOGRAPHIC começou os preparativos para o dia em que o navio fosse achado e pudesse ser fotografado. Quando foi descoberto em 1985, o fotógrafo Emory Kristof começou a conferir a profundidade da água e os problemas da visibilidade. Finalmente em 1991, com ajuda de cientistas e cinegrafistas, Kristof tirou uma série de fotos há 3,500 m. E estampou-as na revista. A propaganda que precedeu ao anúncio dizia: “Até que ponto chega um fotógrafo da Geographic para obter uma foto perfeita?” Até que ponto Deus chega para revelar seu terno amor para com os pecadores e sofredores? Até ao ponto do Seu Filho descer ao abismo, ao hades.
3.Jesus não exclui a participação humana em face da sua intervenção milagrosa – v. 39,40,44
A)Tirai a pedra – Só Jesus tem o poder para ressuscitar um morto. Isso ele faz. Mas tirar a pedra e desatar o homem que está enfaixado, isso as pessoas podem fazer e ele as ordena que façam.
Jesus chama a Lázaro da sepultura. Se Jesus não tivesse mencionado o nome de Lázaro, todos os mortos sairiam do túmulo.
Mas, Lázaro mesmo morto pôde ouvir a voz de Jesus. No dia final, na segunda vinda de Cristo, os mortos também ouvirão a sua voz e sairão do túmulo (Jo 5:28-29).
Senhor, já cheira mal – Tirar a pedra significa enfrentar uma situação que não queremos mais mexer. É tocar em situação que só vai nos trazer mais dor. É abrir a porta para algo que já cheira mal. Temos medo de enfrentar o nosso passado de dor.
Quando tiramos a pedra e olhamos para dentro do túmulo, Jesus olha para cima e ora (v. 41) – Ao enfrentar o mau cheiro de um túmulo aberto Jesus orou. Oramos nós por aqueles que estão aflitos? Cremos que Deus responde as orações? Como Jesus orou? Quando o milagre aconteceu? Quando Jesus deu graças. Ilustração: Lia era desprezada por seu marido (Gn 29:31-35). Foi durante a quarta gestação de Lia que o milagre da graça restauradora aconteceu em seu coração: “então disse: Esta vez louvarei o Senhor. E por isso lhe chamou Judá (v. 35). O nome vem do radical da palavra louvar. Jesus veio da tribo de Judá. Enquanto Lia baseou sua vida no “Ah se eu fosse bonita como a minha irmã”, “ah se eu meu marido me amasse” – sua vida era um poço de amargura. Mas quando ela adotou uma atitude de louvor e fé, abriu-se para Deus, que lhe deu nova identidade: a mãe do fundador da tribo da qual viria o Messias.
B)Desatai-o e deixai-o ir – Lázaro agora estava vivo, mas com vestes mortuárias. Seus pés, suas mãos e seu rosto estavam enfaixados. Precisamos nos despir das vestes da velha vida. Precisamos nos revestir das roupagens do novo homem. Precisamos ajudar uns aos outros a remover as ataduras que nos prendem. Precisamos ajudar uns aos outros a remover as ataduras do passado. Somos uma comunidade de cura, e restauração. Precisamos começar esse processo em primeiro lugar em nosso lar. Há ataduras que nos prendem ao passado: hábitos, pecados, vícios, costumes que nos limitam e tiram a nossa liberdade e a nossa ação. Soltem os seus filhos, deixem que eles cresçam. Há tempo de atar e tempo de desatar.
C)Se creres, verás – Jesus quer não apenas que encontremos a solução, mas que nos tornemos a solução. Em vez de duvidar, de questionar, de lamentar, Marta deveria crer. A porta do milagre é aberta com a chave da fé.
III. O PROPÓSITO DO MILAGRE
1.A glória de Deus – v. 4
Tudo que Jesus ensinou e fez foi para a glória de Deus. A glória do Pai era o seu maior projeto de vida. Ele veio revelar o Pai. Ele veio para mostrar como é o coração de Deus. Ele nunca fugiu desse ideal.
A morte de Lázaro era uma oportunidade para que o Pai fosse glorificado. A ressurreição de um morto é um milagre maior do que a cura de enfermo. A ressurreição de um morto de quatro dias é maior do que a ressurreição de alguém que acabou de morrer.
A coisa mais importante em nossa vida não é sermos poupados dos problemas, mas glorificarmos a Deus em tudo o que somos e fazemos.
Quando somos confrontados pela doença, desapontamento, demora e mesmo pela morte, nosso único encorajamento é saber que vivemos pela fé e não pelo que vemos. Salmo 50:15: “Invoca-me no dia da angústia, eu livrarei e tu me glorificarás”.
2.O despertamento da fé – v. 15,42,45
O milagre não é um fim em si mesmo – Ele tem o propósito de abrir portas para a fé salvadora e avenidas para uma confiança maior em Deus. Os milagres de Cristo sempre tiveram um propósito pedagógico de revelar verdades espirituais.
a)Quando ele multiplicou os pães, queria ensinar que ele era o Pão da Vida.
b)Quando curou o cego de nascença, queria ensinar que ele era a Luz do Mundo.
c)Quando ressuscitou Lázaro, queria ensinar que ele é a ressurreição e a vida.
1)Jesus tinha o propósito de fortalecer a fé de seus discípulos (v. 15).
2)Jesus tinha o propósito de que Marta cresse, antes de ver a glória de Deus (v. 26,40).
3)Jesus tinha o propósito de despertar fé salvadora nos judeus que estavam presentes junto ao túmulo de Lázaro (v. 42).
4)Jesus tinha o propósito proclamar que a vida futura só pode ser alcançada pela fé nele e que a morte não tem a última palavra para aqueles que nele crêem (v. 25-26).
3.A morte de Jesus – v. 8,16,25,26,46-57
O clima era de grande tensão – Na última aparição de Jesus na Judéia, os judeus queriam apedrejá-lo (Jo 10:38-42; v. 8). Tomé entende que a ida de Jesus a Jerusalém era caminhar para a própria morte (v. 16). Todos sabem do risco que Jesus corre na Judéia. Marta vai encontrar Jesus fora de casa (v. 20). Marta vai chamar Maria em secreto (v. 28). Havia uma orquestração nos bastidores para levá-lo à morte.
Quando Jesus ressuscitou Lázaro, muitos judeus creram nele (v. 45). Outros, porém, saíram para entregá-lo (v. 46-48,53,57). Os judeus resolveram matar não apenas a Jesus, mas também a Lázaro (12:9-11).
Quando Jesus foi ao lar de Betânia estava disposto a gloficar o Pai em dois aspectos: primeiro, pelo milagre da ressurreição de Lázaro e segundo pela sua disposição de cumprir o plano do Pai de dar a sua vida em resgate do seu povo (Jo 17:1).
Os membros do sinédrio pensaram que eles é que estavam no controle da situação, orquestrando a prisão de Jesus. Mas isso fazia parte do plano de Deus. A morte de Cristo não era um acidente, mas um apontamento do Pai (At 2:23).
CONCLUSÃO
Concluindo, talvez você esteja hoje passando por uma aflição como Lázaro, Marta e Maria. Talvez há alguém enfermo na sua casa. Talvez você tem orado pela cura e vê seu ente-querido piorando. Talvez você espera a intervenção de Jesus e ele parece atrasado. Talvez as pessoas cobrem de você, por que Jesus ainda não atendeu o seu clamor.
Saiba de uma coisa: Jesus nunca chega atrasado. Ele não é apenas o Deus que fez e fará. Ele é o Deus que faz. Ele chora com você. Ele se importa com você e ele faz o impossível para você.
Para socorrer você ele deu sua própria vida. Para levantar Lázaro da sepultura, ele enfrentou a prisão e a morte. Para salvar você ele desceu ao hades: foi preso, condenado e pregado na cruz.
Ainda que seu problema seja insolúvel, ainda que seu Lázaro esteja sepultado há quatro dias, creia e você verá a glória de Deus!
Fonte: www.hernandesdiaslopes.com.br

Da suposta “Teonomia” nos Símbolos de Fé de Westminster

Uma das coisas que mais me irrita num debate são os argumentos puramente eisegéticos de pessoas que se acham exegéticas. A enorme capacidade que elas tem de distorcer por completo a mensagem básica de um texto simples e ainda assim querer sustentar nele as suas utopias teológicas me assusta! Afinal de contas, é sempre muito mais fácil atribuir a um texto nossas próprias ideias (eisegese) do que se esforçar para extrair a ideia que o seu autor tinha em mente quando o escreveu (exegese). E foi justamente uma baita duma eisegese o que fez o Luciano, blogueiro do Ministério Cristão Apologético (MCA). Recentemente ele acusou o Helder Nozima, que é pastor presbiteriano, de ferir os Símbolos de Fé de Westminster – quais sejam a Confissão de Fé de Westminster (CFW), o Catecismo Maior (CM) e o Breve Catecismo (BC) –, adotados pela Igreja Presbiteriana do Brasil (e por outras ao redor do mundo), pelo simples fato do Helder ter discordado das posições ditas “teonômicas” de uma minoria extremada entre nós, aliancistas, que pretende a todo custo cristianizar o mundo até o retorno de Cristo (a velha ilusão pós-milenista) por meio da aplicação literal das leis cívicas veterotestamentárias ao século XXI. Como presbiteriano que sou, me proponho a esclarecer o ponto quanto aos símbolos de fé de minha denominação, não apenas em solidariedade ao Helder e ao presbiterianismo sóbrio que defendemos, mas sobretudo em favor da veracidade dos fatos.
O blogueiro do MCA começa a se contrapor ao Helder usando o Catecismo Maior de Westminster (CM). Sua intenção era a de “ajudar” o blogueiro do 5 Calvinistas “quanto à criminalização da homossexualidade” (tema que gerou toda a discussão), a qual ele acusou nosso calvinista de minimizá-la. Inicialmente, o blogueiro do MCA se utiliza da pergunta e resposta 191 do CM.
Pergunta 191: O que pedimos na segunda petição?
Resposta: Na segunda petição, que é: “Venha o teu reino” – reconhecendo que nós e todos os homens estamos, por natureza, sob o domínio do pecado e de Satanás[1] –, pedimos que o domínio do mal seja destruído[2], o Evangelho seja propagado por todo o mundo[3], os judeus chamados[4], e a plenitude dos gentios seja consumada[5]; que a igreja seja provida de todos os oficiais e ordenanças do Evangelho[6], purificada da corrupção[7], aprovada e mantida pelo magistrado civil[8]; que as ordenanças de Cristo sejam administradas com pureza, feitas eficazes para a conversão daqueles que estão ainda nos seus pecados, e para a confirmação, conforto e edificação dos que estão já convertidos[9]; que Cristo reine nos nossos corações, aqui[10], e apresse o tempo da sua segunda vinda e de reinarmos nós com ele para sempre[11]; que lhe apraza exercer o reino de seu poder em todo o mundo, do modo que melhor contribua para estes fins[12].
Referências bíblicas:
[1] Ef 2.2,3; [2] Sl 68.1; Ap 12.9; [3] 2 Ts 3.1; [4] Rm 10.1; [5] Rm 11.25; Sl 67.1-2; [6] Mt 9.38; [7] Ef 5.26-27; Ml 1.11; [8] 1 Tm 2.1,2; Is 49.23; [9] 2 Co 4.2; At 26.18; 2 Ts 2.16-17; [10] Ef 3.14,17; [11] Ap 22.20; [12] 2 Tm 2.12; Is 45.3-4; Is 64.1-2.
Negrito do MCA.
Sinceramente, até agora não entendi o que tem a ver a manutenção da igreja pelo magistrado civil (negritado pelo MCA) com a criminalização da homossexualidade. É bom que se diga, antes de tudo, e também para dirimir possíveis mal entendidos, que o CM não está sugerindo que a igreja seja mantida financeiramente pelo Estado, visto que a referência bíblica usada para esta questão é o texto de 1 Timóteo 2.1-2, no qual Paulo exorta os crentes a orarem em favor dos seus respectivos governantes, “para que vivamos vida tranquila e mansa, com toda piedade e respeito”, o que implica dizer que a delegação de Westminster tinham em mente o direito que cada cidadão tem à livre profissão de fé, bem como a não interferência do Estado nessas questões (cf. CFW XXIII.3). Mas talvez o blogueiro do MCA não tenha percebido isso (sim, ele omitiu essa referência bíblica do CM em eu blog), e ainda teve a empáfia de pedir pro Helder prestar atenção se é assim mesmo que ele ora pela vinda do Reino de Deus (quanto à segunda petição da Oração Dominical)! Ora, para que o CM se encaixasse melhor no esquema (e na oração!) pós-milenista/teonomista, seria mais interessante se o Luciano tivesse negritado outras palavras. Vou socorrê-lo aqui. Ele bem que poderia ter negritado o trecho onde diz “pedimos que o domínio do mal seja destruído, o Evangelho seja propagado por todo o mundo, os judeus chamados, e a plenitude dos gentios seja consumada” – o que faria do CM… teonomista? Claro que não! Pelos seguintes motivos:
  1. O sistema corrupto (o “domínio do mal”) no qual vivemos, instaurado em decorrência do pecado e da influência das hostes malignas sobre este mundo, só será totalmente destruído por ocasião da Segunda Vinda de Cristo, quando a ordem por fim será devolvida à criação; e
  2. Desejar que o Evangelho seja propagado por todo o mundo não é o mesmo que desejar que todos o obedeçam, visto que tal coisa jamais acontecerá (a menos que o universalismo seja verdade). Além do quê, os teólogos de Westminster citam em seguida “os judeus chamados” e “a plenitude dos gentios consumada”, apontando para a universalidade do alcance do Evangelho e sua consumação escatológica, e não à suposta obediência das nações à sua mensagem; o que implica dizer que
  3. Está derrubada a pretensão “confessional” do esquema pós-milenista/teonomista!
Depois, o referido blogueiro ainda vai fazer uso da pergunta 190 do CM.
Pergunta 190: O que pedimos na primeira petição?
Resposta: Na primeira petição, que é: “Santificado seja o teu nome” – reconhecendo a inteira incapacidade e indisposição que há em nós e em todos os homens, de honrar a Deus como é devido -, pedimos que ele, pela sua graça, nos habilite e nos incline, a nós e aos demais, a conhecê-lo, confessá-lo e altamente estimar, a ele e a seus títulos, atributos, ordenanças, palavras, obras e tudo aquilo por meio do qual ele se dá a conhecer; a glorificá-lo em pensamentos, palavras e obras; que ele impeça e remova o ateísmo, a ignorância, a idolatria, a profanação e tudo quanto o desonre; que pela sua soberana providência dirija e disponha tudo para a sua própria glória.
[Negrito do MCA].
Quanto ao trecho negritado pelo Luciano, entendo porque ele não foi mais seletivo, como lhe sugeri no parágrafo anterior. É porque se ele admitisse que é somente “pela sua graça [de Deus] que os homens são habilitados a se inclinar, conhecer, confessar e altamente estimar a Deus; seus títulos, atributos, ordenanças, palavras, obras e tudo aquilo por meio do qual Ele se dá a conhecer; e a glorificá-lO em pensamentos, palavras e obras, então o esquema pós-milenista/teonômico da implantação de uma lei que Cristo já aboliu na cruz (sim, as leis civis!) mais uma vez estaria destruído.
Embora o Luciano não cite diretamente a CFW, vale a pena incluí-la aqui. Será que ela endossa o tal “teonomismo” de alguns pós-milenistas? Vejamos o que ela diz no capítulo que trata especificamente da Lei de Deus (XIX.4):
A esse mesmo povo, considerado como um corpo político, Deus deu leis civis, que deixaram de vigorar quando o país dele deixou de existir, e que agora não se obriga a ninguém além do que exige a sua eqüidade geral.
Êx. 21 e 22.1-29; Gn. 49.10; Mt 5.38-39.
Não é preciso ser nenhum expert em símbolos de fé para que se perceba que aqui a CFW, em vez de apoiar, claramente rejeita a continuidade dessa tal “teonomia” pregada pelos aliancistas extremos. Nas palavras da bancada de Westminster, as leis civis “deixaram de vigorar” quando o Estado teocrático de Israel se findou. Particularmente interessante é a referência que aqueles distintos teólogos fizeram ao texto de Mateus 5.38-39, onde Jesus, em vez de aprovar a retaliação (que era uma permissão que a Lei concedia sob certas circunstâncias), exalta o princípio da auto-renúncia e do amor ao próximo (que era, na realidade, o grande mandamento – ou a essência – da Lei), tendo em vista que os escribas e fariseus queriam fazer uso de tal permissão para legitimar a vingança pessoal (o que chamamos atualmente de “justiça com as próprias mãos”), em vez de entregarem o caso ao Estado, a quem Deus confiou a espada (Estado este que por sua vez deveria julgar os casos de acordo com a proporcionalidade do crime cometido, sem ser demasiadamente severo ou indulgente).
Ouvistes que foi dito: Olho por olho, dente por dente. Eu, porém, vos digo: não resistais ao perverso; mas, a qualquer que te ferir na face direita, volta-lhe também a outra [Mt 5.38-39].
Já que foi citado algo sobre o dever do Estado, que diz a CFW quanto a isso? Vejamos (cap. XXIII.3):
[...] é dever dos magistrados civis proteger a pessoa e o bom nome de cada um dos seus jurisdicionados, de modo que a ninguém seja permitido, sob pretexto de religião ou de incredulidade, ofender, perseguir, maltratar ou injuriar qualquer outra pessoa [...].
Certos teonomistas devem estar extremamente decepcionados com o posicionamento daquela delegação que se reuniu por quase seis anos (de julho de 1643 a fevereiro de 1649) na Abadia de Westminster, na Inglaterra. “Sob pretexto de religião” (ou da falta desta), aqueles brilhantes teólogos jamais estimulariam a ofensa, a perseguição, o maltrato ou a injúria a quem quer que fosse, mas certamente lutariam para que a reputação (“o bom nome”) de cada indivíduo fosse protegida, bem como seus direitos. Não estou sugerindo que os teonomistas ofendem, perseguem, maltratam ou injuriam os pecadores, mas apenas lhes mostrando que a CFW se mostra muito mais favorável a um Estado Democrático do que a um Estado Teocrático (sugiro a leitura de todo do Cap. XXIII), visto que a teocracia como a queremos só virá em toda sua plenitude quando Cristo estabelecer de uma vez por todas o Seu Trono de Glória por ocasião daquele Grande Dia. Certamente não é ruim desejar a Teocracia (quem não deseja a parousia?), mas penso que seja muito mau querer antecipá-la e impô-la, e ainda mais por meios impróprios, para não dizer obsoletos! E isto certamente derruba de uma vez por todas o esquema utópico daqueles que querem descer o céu à força – dos pós-milenistas e de sua ala mais radical, os tais teonomistas.
Mas não me espanta que certos indivíduos dentre eles se mostrem incoerentes, não. Confrontado pelo Helder em relação ao contexto histórico em que se deu a Assembleia de Westminster, o blogueiro do MCA, em vez de dar uma resposta digamos “apologética” (pra valer a pena o nome do blog), respondeu dizendo que “não vou dar […] razões do que escrevi acima sobre o CM”. Impressionante o quanto ele é apologético, não é mesmo? Mais impressionante ainda foi o apoio que ele recebeu de alguns Internautas Cristãos, que lhe disseram: “Luciano, você está em concordância com a Escritura e com a fé cristã histórica e reformada. Continue firme no SENHOR”. Escritura? Fé cristã histórica e reformada? Por favor, caros irmãos, mostrem-me qual Escritura, qual fé, qual cristianismo, qual História, qual calvinismo! Eu também quero saber! A não ser que de fato isso tudo que vocês pregam não exista na tradição reformada dos puritanos de Westminster, como me esforcei para mostrar aqui. Sinto muito, mas penso que não foi dessa vez que os nossos valiosos símbolos de fé reformados endossaram a ilusão pós-milenista/teonomista de vocês. E penso que não o farão nunca!
Soli Deo Gloria!
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P.S: O Breve Catecismo não entrou na discussão porque (1) não foi citado pelo Luciano e (2) porque é quase que um resumo do Catecismo Maior, o que tornaria sua análise puramente redundante.

Predestinação e Fatalismo


Conta-gotas de sabedoria:
"Predestinação e Fatalismo"

Esta expressão (predestinação fatalista), recorrente em escritos arminianos, jamais é utilizada por calvinistas, mas é intencionalmente utilizada por aqueles que procuram mal-representar nossa fé... o fato é que predestinação e fatalismo são conceitos diferentes. O que os dois conceitos tem em comum é o elemento de certeza. Tanto o fatalismo, como o determinismo cristão tem como certo alguns fatos. Mas a causação de um e outro são totalmente diferentes.

O fatalismo presume que há uma força impessoal, mecânica ou até aleatória por trás de todos os eventos. Assim, tudo o que acontece, ocorre de acordo com uma necessidade cega. Já a predestinação presume que existe um Deus pessoal, infinitamente sábio para planejar todos os eventos para Seu propósito e todo poderoso para executar todas as coisas planejadas, para Sua glória. Rotular a predestinação conforme crida historicamente pela igreja e defendida pelos reformadores e calvinistas modernos de fatalista é acusá-los de ateísmo. E ateus não somos.

Clóvis, no blog "Cinco Solas"

Deixados para trás fail 1

Deixados para trás fail 1


Marcelo Lemos

A demência escatológica nunca dá sossego. É só uma questão de tempo, e o “lado negro da força” sempre implementa novo ataque. Não importa quantos predisseram o retorno de Cristo, e falharam vergonhosamente, sempre tem mais alguém disposto a ser “deixado para trás”. Vamos conhecer um pouquinho mais dessa inglória saga de 'fé'.

Episódio de Hoje: “Santa Vó Rosa”

Você já ouviu falar na Igreja Apóstolica Santa Vó Rosa? Trata-se de uma igreja 'pentecostal' que tem atuado no coração da Capital Paulista, e que, hoje, acredita que sua fundadora, já morta, Vó Rosa, seja o prometido “Consolador”.

Se não ouviu falar deles, nada perde; se já ouviu falar, perguntou de onde surgiu tamanha insanidade? Acredite-me: de um exemplo clássico de demência escatológica.

Demência escatológica unida a uma boa dose de legalismo religioso (grande novidade!). Anselmo, ex-membro da seita, numa entrevista ao CACP, afirma: “'Vó Rosa' era muito autoritária, até mais exigente que a missionária Odete e o esposo, Eurico, que era considerado bispo pelos adeptos. Rosa tinha o costume de vigiar a vida alheia e literalmente carregava uma fita métrica para medir as saias das irmãs. Se alguma irmã usasse uma saia com menos de dois dedos abaixo da 'batata-da-perna', ela punia. Ela se mostrava desequilibrada e exigia que as pessoas ao redor pensassem como ela. Realmente, sua morte foi um alívio para muita gente, pois muitos não mais suportavam sua atitude mesquinha”.

E a ideia de que a velhinha seria, na verdade, o Espírito Consolador (de saia, e bem cumprida, risos)? Muito simples, e 'lógico': Vó Rosa não era apenas 'pastora-fariseu', era também 'profetiza', e das bem ousadas. Ousou tanto que profetizava participar de vários arrebatamentos aos céus, dos quais sempre trazia novo 'regulamento' para a vida dos fiéis. Tanta ousadia impactou profundamente o imaginário de seus discípulos, e parece terem concluído que sua líder não morreria...

Tanta imaginação alimentou uma 'esperança' irracional. Em 26 de Outubro de 1970, a 'irmã' Vó Rosa morreu vitima de uma atropelamento, na cidade de Poá, quando já tinha 76 anos de idade. Mas, ao invés de enterrarem sua querida senhora, preferiram embalsamar seu corpo, e o deixar exposto por uma semana no Templo da Igreja.

Durante sete dias, os fiéis da Igreja oraram pedindo a ressurreição de Vó Rosa, o que, evidentemente(!), não aconteceu... O que não significa que tenham dado o braço a torcer. Muito pelo contrário, passaram a interpretar sua morte como sendo, na verdade, um “arrebatamento”, e que em tal ocasião, ela teria sido agraciada por Deus com o privilégio de ser “o outro Consolador”.

Com um currículo assim, tão cheio de poder e do sobrenatural, não se estranha manterem, até hoje, doutrinas megalomaníacas. Seus pontos centrais de fé, afirmam:

Aos 60 anos de idade a santa Avó Rosa recebeu uma revelação especial de Jesus para fundar a Igreja Apostólicas

•A santa Avó Rosa não morreu, mas foi arrebatada aos céus

•Todo o conhecimento da doutrina e a organização da igreja, Jesus nos deu através da santa Avó Rosa

Mediunidade – A santa Avó Rosa não fala através de mais ninguém a não ser pelo seu sucessor, Aldo Bertoni

•A Igreja Apostólica é a única e verdadeira Igreja de Jesus Cristo, e fora dela não há salvação.



E, para coroar tanta unção escatológica, para o Arrebatamento da Igreja, ainda futuro, ensinam que “Jesus e a Santa Vó Rosa podem vir de um momento para o outro arrebatar a sua Igreja, a mais perfeita garantia para a entrada segura no céu” (Fonte: O Espírito Santo de Deus Consolador, Bispo Eurico Mattos Coutinho e Missionária Odete Corrêa Coutinho, 2a. Edição, 1985, página 65, 66).

Não deixem de conferir nosso próximo episódio, com mais um arrebatamento fail, neste mesmo horário, e neste mesmo blog subversivo.

Marcelo Lemos, editor do Olhar Reformado, pós-milenarista convicto, ex-demente escatológico, e colaborador do Genizah.
 
 
 
 
 



Leia Mais em: http://www.genizahvirtual.com/

A teoria da Evolução tem como fundamento não dados experimentais, não coerência lógica, mas vontade de negar a existência de Deus e desejos sexuais irrefreáveis.

Em fevereiro deste ano a revista Whistleblower publica uma edição dedicada à fraude científica, ao uso da ciência como autoridade pública na deformação mental de milhões, na implantação de políticas mundiais completamente irreais; o título da edição é Hijacking Science [Seqüestrando a Ciência].

O título do post é o de um artigo, escrito por Marylou Barry, nesta edição. O subtítulo do artigo diz: "Grandes cientistas e intelectuais admitem a verdade: 'Eu não quero acreditar em Deus'".
É espantoso, inacreditável, lamentável, estarrecedor e nojento ler os depoimentos de homens ligados à ciência e à cultura sobre seus sentimentos mais mesquinhos e dá-los como argumentos para não acreditar em Deus.
A teoria da Evolução é uma desculpa esfarrapada para aqueles que não QUEREM acreditar em Deus. Porque eles "temem que voltemos a acreditar num plano divino", segundo Gordon Rattray Taylor, ex-consultor científico da BBC. "Porque ela [a Evolução] supostamente exclui um criador", como diz Dr. Michael Walker, ex-professor de Antropologia da Universidade de Sidney.
A evolução não é adotada por ser um fato científico comprovado, "Não porque ela seja provada por evidência logicamente coerente, mas porque a única alternativa a ela, a criação, é claramente inacreditável," como afirma D.M.S. Watson, professor de Evolução na Universidade de Londres.
Sir Arthur Keith, falecido antropologista físico e chefe do Departamento de Anatomia do Hospital de Londres diz: "A Evolução é não provada e improvável, acreditamos nela porque a única alternativa é a criação, que é impensável."
"Materialismo é uma verdade absoluta, assim não podemos permitir um Pé Divino na soleira da porta," diz Richard Lewontin, ex-professor de genética da Universidade de Harvard.
Dr. George Wald, Prêmio Nobel e professor emérito de biologia da Universidade de Harvard abre o jogo: "Eu não quero acreditar em Deus. Assim, escolho acreditar no que sei ser cientificamente impossível, geração espontânea e evolução." Notem que o indivíduo é Prêmio Nobel e professor emérito de uma das mais famosas universidades do mundo. Imaginem quantos autores de livros escolares este cretino influenciou, livros estes de onde nossos filhos aprendem essa doença mental travestida de teoria científica.
Há mais depoimentos no artigo, mas termino com o depoimento do neto de Thomas Huxley, colega de Darwin, Sir Julian Huxley, ex-presidente da UNESCO: "Suponho que a razão de termos nos lançado sobre a Origem das Espécies foi que a idéia de Deus interferia com nossos hábitos sexuais." Nobre razão!
Aí está, a teoria da Evolução tem como fundamento não dados experimentais, não coerência lógica, mas vontade de negar a existência de Deus e desejos sexuais irrefreáveis. Ela é filha de intelectuais moral e intelectualmente pervertidos. Mostrem estes depoimentos a seus filhos quando eles estiverem lendo, nos livros escolares, sobre esta tal "teoria".
Fonte: olharreformado.blogspot.com

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Integração Nacional deve ficar com PSB de Pernambuco
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Para conter um início de rebelião dos seus aliados nordestinos com a ausência, até agora, de um nome da região para o primeiro escalão do governo, a presidente eleita, Dilma Rousseff, definiu [ontem] as cotas de indicações das regiões Norte e Nordeste.
Após muita disputa entre os partidos aliados, Dilma avisou que o Ministério da Integração Nacional irá para o PSB. O nome mais forte é o do ex-prefeito de Petrolina Fernando Bezerra Coelho, apadrinhado do governador Eduardo Campos (PSB-PE).
O governador da Bahia, o petista Jaques Wagner, também desejava a vaga.
Apesar de Dilma ter obtido dez milhões de votos a mais do que o tucano José Serra no Nordeste, não havia um só ministro do Norte ou Nordeste confirmado.
No PT, as reclamações foram explicitadas por Wagner e pelo governadores de Sergipe, Marcelo Deda, descontentes com o grande número de paulistas confirmados ou anunciados: Antonio Palocci, Guido Mantega, Gilberto Carvalho, Miriam Belchior, além do carioca Sergio Côrtes e do gaúcho Nelson Jobim.
Em reunião nesta terça-feira cedo com Dilma, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), sacramentou o retorno do senador eleito Edison Lobão (MA) para o Ministério de Minas e Energia.
Já para o Ministério dos Transportes, ela deixou claro que gostaria de ter de volta na pasta o senador Alfredo Nascimento (PR-AM), apesar da resistência de outros aliados.
Ainda há pressão para outras indicações nordestinas para o primeiro escalão. Senador eleito pelo Ceará, o deputado Eunicio Oliveira (PMDB), nome também lembrado para o Ministério, disse considerar que, até o final da montagem do governo, Dilma vai contemplar o Nordeste:
- Não fechou ainda. Mas Dilma terá que fazer uma equação Brasil.

Fonte: www.caririligado.com.br 

A escola do deserto

Rev. Hernandes Dias Lopes (1ª IP Monteiro-PB)

Deus treina seus líderes mais importantes na escola do deserto. Moisés, Elias e Paulo foram treinados por Deus no deserto. O próprio Jesus antes de iniciar o seu ministério passou quarenta dias no deserto. O deserto não é um acidente de percurso, mas uma agenda de Deus, a escola de Deus. É o próprio Deus quem nos matricula na escola do deserto. O deserto é a escola superior do Espírito Santo, onde Deus trabalha em nós antes de trabalhar através de nós. Deus nos leva para essa escola não para nos exaltar, mas para nos humilhar. Essa é a escola do quebrantamento, onde todos os holofotes da fama se apagam e passamos a depender total e exclusivamente da graça de Deus e da provisão de Deus e não dos nossos próprios recursos. Destacaremos, aqui, três verdades importantes:
1. Na escola do deserto aprendemos que Deus está mais interessado em quem somos do que naquilo que fazemos - Deus nos leva para o deserto para falar-nos ao coração. No deserto ele nos humilha não para nos destruir, mas para nos restaurar. No deserto, Deus trabalha em nós antes de trabalhar através de nós, provando que ele está mais interessado em nossa vida do que em nosso trabalho. Vida com Deus precede trabalho para Deus. Motivação é mais importante do que realização. Nossa maior prioridade não é fazer a obra de Deus, mas ter intimidade com o Deus da obra. O Deus da obra é mais importante do que a obra de Deus. Quando Jesus chamou os doze apóstolos, designou-os para estarem com ele; só então, os enviou a pregar.
2. Na escola do deserto aprendemos a depender mais do provedor do que da provisão – Quando o profeta Elias foi arrancado do palácio do rei e enviado para o deserto, ele deveria beber da fonte de Querite e ser alimentado pelos corvos. Naquele esconderijo no deserto, o profeta deveria depender do provedor mais do que da provisão. Deus o sustentaria ou ele pereceria. Deus nos leva para o deserto para nos mostrar que dependemos mais dos seus recursos do que dos nossos próprios recursos. É fácil depender da provisão quando nós a temos e a administramos. Mas na escola do deserto aprendemos que nosso sustento vem do provedor e não da provisão. Quando nossa provisão acaba, Deus sabe onde estamos, para onde devemos ir e o que devemos fazer. A nossa fonte pode secar, mas o manancial de Deus jamais deixa de jorrar. Os nossos recursos podem escassear, mas os celeiros de Deus continuam abarrotados. Nessas horas precisamos aprender a depender do provedor mais do que da provisão.
3. Na escola do deserto aprendemos que o treinamento de Deus tem o propósito de nos capacitar para uma grande obra – Todas as pessoas que foram treinadas por Deus no deserto foram grandemente usadas por Deus. Quanto mais intenso é o treinamento, mais podemos ser instrumentalizados pelo Altíssimo. Porque Moisés foi treinado por Deus quarenta anos no deserto, pôde libertar Israel da escravidão e guiar esse povo rumo à terra prometida. Porque Elias foi graduado na escola do deserto pôde enfrentar, com galhardia, a fúria do ímpio rei Acabe e trazer de volta a nação apóstata para a presença de Deus. Porque Paulo passou três anos no deserto da Arábia, ele foi preparado por Deus para ser o maior líder do Cristianismo. Quando Deus nos leva para o deserto é para nos equipar e depois nos usar com graça e poder em sua obra. Deus não desperdiça sofrimento na vida dos seus filhos. Ele os treina na escola do deserto e depois os usa com grande poder na sua obra. Não precisamos ter medo do deserto, se aquele que nos leva para essa escola está no comando desse treinamento. O programa do deserto é intenso. O curso é muito puxado. Mas, aqueles que se graduam nessa escola são instrumentalizados e grandemente usados por Deus!

Fonte: www.hernandesdiaslopes.com.br

O homem, esse desconhecido

Rev. Hernandes Dias Lopes (1ª IP Vitória-ES)

Alex Carrell escreveu um livro com este título, “o homem, esse desconhecido”. O homem conhece o mundo ao seu redor, mas não conhece a si mesmo. Explora o espaço sideral, mas não viaja pelos labirintos da sua alma. Investiga os segredos da ciência, mas não ausculta seu próprio coração. A pergunta do salmista ainda ecoa nos nossos ouvidos: “Que é o homem?” (Sl 8.4). As respostas foram muitas: “O homem é um bípede depenado”; “o homem é a medida de todas as coisas”; “o homem é um caniço agitado pelo vento”. O rei Davi, respondeu a essa pergunta de forma magistral: “Fizeste-o [...] por um pouco menor do que Deus, e de glória e de honra o coroaste. Deste-lhe domínio sobre as obras da tua mão e sob seus pés tudo lhe puseste” (Sl 8.5,6). O homem foi criado por Deus e criado para ser o gestor da criação. A origem do homem está ancorada em Deus e seu propósito é ser co-regente de Deus, como mordomo da criação. Destacamos, aqui três verdades sublimes acerca do homem.
1. O homem é a imagem de Deus criada. O homem não veio à existência por geração espontânea nem por um processo evolutivo de milhões e milhões de anos. Nossa origem não está ligada aos símios; nossa gênese está ligada a Deus. Fomos criados por ele e somos à semelhança dele. O homem é a coroa da criação de Deus. Foi criado um pouco menor do que Deus e coroado de glória e honra. Somos um ser físico e espiritual. Temos um corpo e uma alma. Podemos amar a Deus e adorá-lo. Podemos conhecê-lo e responder ao seu amor. Nenhum outro ser tem essa característica. Os anjos são espíritos, mas não tem corpos. Os animais têm corpos, mas não têm espírito. Temos corpo e espírito. Somos a imagem de Deus criada.
2. O homem é a imagem de Deus deformada. O pecado entrou na história humana com a queda dos nossos primeiros pais. O pecado atingiu todo o nosso ser, corpo e alma; razão, emoção e vontade. O pecado não destruiu à imagem de Deus em nós, mas a deformou. Agora, não podemos ver, com diáfana clareza, a imagem de Deus no homem, pois o pecado a desfigurou. Somos como uma poça de água turva. A lua com toda a sua beleza ainda está refletindo, mas não conseguimos ver essa imagem refletida; não porque a lua não esteja brilhando, mas porque a água está suja. A corrupção do pecado atingiu todos os homens e o homem todo. Todos os homens pecaram e o homem é todo pecado. Não há parte sã em sua carne. Tudo foi contaminado pela mancha do pecado.
3. O homem é a imagem de Deus restaurada. O homem criado e caído, é agora restaurado. Essa restauração, porém, não é autoproduzida. Ela não vem do próprio homem, vem de Deus. É Deus mesmo quem tomou a iniciativa de restaurar sua imagem em nós. E como Deus fez isso? Enviando seu Filho ao mundo! Ele é a imagem expressa e exata de Deus. Nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade. Jesus veio ao mundo para nos trasladar do império das trevas para o reino da luz. Ele veio para nos tirar do calabouço da escravidão para a liberdade. Ele veio para nos arrancar das entranhas da morte para a vida. Em Cristo temos perdão, redenção e restauração. Por meio de Cristo somos feitos filhos de Deus e herdeiros de Deus. A imagem de Deus criada e, deformada pelo pecado, é restaurada por Cristo. Pela operação da graça, nascemos de novo, nascemos de cima, nascemos do Espírito e somos co-participantes da natureza divina. A glória e a honra perdidas na queda são agora restauradas na redenção!

Fonte: www.hernandesdiaslopes.com.br  (Palavra da Verdade)

O Calvinismo e a Velha Heresia Arminiana

Gunnar Lima

O nosso estudo visa ser apenas introdutório acerca do Calvinismo. Fazendo levar cada um a uma reflexão quanto à fé que professam. Mesmo sem saber muitas vezes, somos armianianos em nossa teologia ou quando não, somos ensinados nos fundamentos de uma crença com elementos puramente humanistas (Não acreditamos na justificação pela fé somente). O debate entre Calvinismo e Arminianismo é antigo e vem de muitas épocas, assumindo através da história vários nomes e grandes defensores que marcaram a teologia da Igreja. A lista desses defensores da Fé Bíblica é enorme e cobre muitas páginas. São eles numa ordem mais importante para o estudo:

Agostinho versus Pelágio
Agostinho Versus João Cassiano (Semipelagianismo)
Lutero Versus Erasmo
Gomaro versus Arminius (Os Remonstrantes)

Alista é quase sem fim, pois a cada instante surge um arminiano que conhece as “Antigas” doutrinas da graça tornando-se calvinista, da mesma forma em cada igreja pentecostal cresce o número de armianianos. A razão disso é que a velha heresia arminiana está na raiz do coração do homem não regenerado. Todos nós nascemos arminianos como afirmou Charles Spurgeon (1843-1892), e cabe tão somente a graça de Deus fazer-se conhecida. Assim, de forma breve, vejamos o que é e o que ensina o Calvinismo versus Arminianismo quanto à salvação do pecador. Mas antes, olhemos para o pano de fundo histórico para compreender melhor o nosso assunto.

Agostinho versus Pelágio

Agostinho fora um dos maiores Pai da Igreja que viveu no IV século da era cristã. Foi capaz de influenciar a Idade Média e a Reforma no século XVI. Podemos afirmar que tenha sido um pré-calvinista onde teve lampejos da graça divina, antes do Reformador Calvino. Este grande mestre e bispo de Hipona da África do Norte, combateu de forma magistral a heresia de Pelágio, monge irlandês ou galês que apareceu em Roma por volta de 400 d.C. O ensino de Pelágio consistiu em negar o pecado original (palavra cunhada por Agostinho) que significa o estado de depravação que se seguiu à transgressão de Adão. Trata-se da raiz principal do pecado e de todos os males. Pelágio afirmava que não somos pecadores por natureza, mas pecamos por imitação.
O ensino do monge irlandês era nocivo à Fé cristã. Ao negar o pecado original, Pelágio passou a enfatizar o livre-arbítrio humano, por não ter sido a vontade do homem totalmente escravizada pelo pecado. Segundo Wright
As idéias de Pelagio foram energeticamente refutadas por Agostinho em uma séria de estudos agora conhecidos como escritos antipelagianos. O pelagianismo foi finalmente condenado como uma heresia nos Concílios de Cartago (418), Éfeso (431) e Orange II (529). A partir de então e a até Reforma, a igreja ocidental foi principalmente agostiniana no seu entendimento da livre graça (WRIGHT, 1998, pg. 22).
Outro renomado escritor resume muito bem o ensino herético ao afirmar:
Pelágio, destituído da idéia do todo orgânico da raça ou da natureza humana, via Adão meramente como indivíduo isolado; ele não deu a Adão nenhum lugar representativo, logo seus atos não acarretavam conseqüências além de si mesmo. Em sua visão, o pecado do primeiro homem consistiu de um único e isolado ato de desobediência ao comando divino. Juliano o compara à ofensa insignificante de uma criança que se permite ser desencaminhada por alguma tentação sensual, mas que depois se arrepende de sua falha... Esse ato de transgressão único e desculpável não gerou conseqüências à alma e nem ao corpo, muito menos à sua posteridade, onde todos se mantêm ou caem por si mesmos (Apud, SPROUL, 2001, pg. 35).    
Em Éfeso (431) foi realizado o terceiro conselho ecumênico realizado um ano após a morte de Agostinho, condenando assim o pelagianianismo escreveu Sproul. Schaff faz o seguinte comentário acerca do pensamento pelagiano:
Se a natureza humana não é corrupta, e a vontade natural é competente para todo bem, não precisamos de um Redentor para criar em nós uma nova vida, mas apenas de alguém que nos melhore e enobreça; e a salvação é, essencialmente, obra do homem. O sistema pelagiano realmente não tem lugar para as idéias de redenção, expiação, regeneração e nova criação. Ele as substituiu pelos nossos próprios esforços de aperfeiçoar os nossos poderes naturais e a mera adição da graça de Deus como suporte e ajuda valiosa (...) (Apud, SPROUL, Op.Cit, p.43).

Agostinho versus João Cassiano (O semipelagianismo)

João Cassiano foi discípulo de Pelágio e oponente ferrenho da teologia de Agostinho. O semipelagianismo foi o ensino precursor do arminianismo do século XVII e, acima de tudo da igreja de Roma. Cassiano concordava em parte com Agostinho quanto à questão do pecado original, mas afirmava que este pecado não deixava tolhida a capacidade de decisão do pecador, nasce assim, o sistema antibíblico de salvação por obras ou a cooperação do homem com a graça de Deus.
Sproul com muita propriedade diz:
Para Agostinho, a vontade do homem, embora ainda capaz de fazer escolhas é moralmente incapaz de se inclinar em direção ao bem. A vontade não é espiritualmente débil, mas espiritualmente morta. Apenas a graça eficaz de Deus pode libertar o pecador para crer (...). Cassiano e o semipelagianismo são, com relação ao passo inicial do pecador em direção à salvação, decididamente sinergísticos. Deus torna sua graça disponível ao pecador, mas o pecador deve, com sua vontade débil, cooperar com essa graça a fim de ter fé ou para ser regenerado. A fé precede a regeneração. Para Agostinho, a graça da regeneração é monergística. Isto é, a iniciativa divina é uma condição prévia necessária para fé (SPROUL, 2001, pg.75).

Na obra História da Igreja Cristã Schaff comenta:
Em oposição a ambos os sistemas [pelagianismo e agostinianismo], ele [Cassiano] pensava que a imagem divina e a liberdade humana não haviam sido aniquiladas, mas apenas enfraquecidas pela queda; em outras palavras, que o homem estava doente, mas não morto, que não podia, de fato, ajudar-se, mas podia desejar a ajuda de um médico e aceitá-lo ou recusa-la quando oferecida, e que ele devia cooperar com a graça de Deus na sua salvação (Apud, SPROUL, 2001, pg. 77).  
O ensino do Concilio de Trento que foi a resposta da igreja Católica Romana a teologia bíblica dos Reformadores, mostra de forma categórica ser a heresia do livre-arbítrio a pedra fundamental dos seus dogmas, pois afirma entre as muitas maldições lançadas contra os teólogos Reformados o seguinte:
Se alguém disser que o livre-arbítrio do homem [quando] movido e despertado por Deus, por consentimento ao chamado e ação de Deus, não coopera de forma alguma com respeito ao inclinar-se e preparar-se para obter a graça da justificação, [e] que ele não pode recusar seu consentimento se o desejar, mas que, como algo inanimado nada faz e é meramente passivo, que seja anátema (Apud, SPROUL, 2001, pg. 80).
Qual o ensino dos Reformadores? Não é que após a queda os homens são incapazes de crer? Que são passivos na regeneração? Que não cooperam de forma alguma com a graça? Que nem mesmo pode se quer se preparar para tal coisa? Não estaria esse novo evangelho de mão dadas com Roma ao querer afirmar, uma cooperação entre Deus o pecador?

A Reforma Protestante (Lutero Versus Erasmo)

Podemos afirmar que a Reforma eclodiu na Alemanha fazendo nascer as maiores mentes que o mundo não era digno de conhecer! Todos de alguma forma tiveram e têm conhecimento deste evento no século XVI. As Igrejas de modo geral lembram o seu dia em 31 de Outubro, apenas como uma referência histórica não levando em conta toda a sua herança doutrinal e importância para a crise que vivemos seja no campo litúrgico ou na vida prática.
Segundo Wright:
Os Reformadores foram todos agostinianos de fato, Martinho Lutero começou a sua carreira como um monge agostiniano. John Wyclife (e seu discípulo Jan Hus), Ulrich Zwinglio, Marinho Lutero e João Calvino, todos negaram o livre-arbítrio em qualquer sentido que poderia ser aceito pelos arminianos, considerando-o como totalmente incompatível com a graça gratuita (WRIGHT, 1998, pg.27).
Mesmo vendo esses Reformadores se divergirem entre si, sendo o Reformador francês João Calvino (1509-1564), aquele que veria ser a mente e o exegeta por excelência da Reforma Protestante; fazendo surgir a partir da exposição fiel das Escrituras o Cristianismo e o homem Reformada; podemos afirmar que algo mais os unia de maneira perfeita.
(...) Para os reformadores, a questão crucial não era simplesmente se Deus justifica os crentes sem as obras da lei. Era a questão mais ampla, se os pecadores são totalmente impotentes nos seus pecados, e se devemos pensar que Deus os salva mediante uma graça invencível, incondicional e livre, não apenas os justificando em nome de Cristo quando chegam à fé, mas também os ressuscitando da morte do pecado pelo estímulo do Espírito a fim de conduzi-los para a fé (Apud, SPROUL, 2001, pg. 19).
Leith no seu livro A Tradição Reformada diz o seguinte:
Os teólogos reformados foram além e declararam que Deus não somente chamou todas as pessoas à existência, mas também elegeu-as, ou pelos menos a algumas, para um destino elevado e santo(..). Para Calvino, a predestinação era a maneira mais enfática de dizer que a salvação é trabalho da graça de Deus, assim como a justificação pela graça, através da fé, era a maneira mais enfática de Lutero afirmar a mesma coisa (LEITH, 1996, pg. 156).
A soberania de Deus e a livre graça eram vínculos que unia homens tão diferentes entre si. A história registra de maneira memorável um embate entre um gigante da Fé evangélica e um grande pastor que se voltou para o catolicismo romano. De um lado, um erudito humanista da Renascença do norte que publicou o Novo Testamento em grego (1516), por nome de Erasmo de Roterdã. O escritor Wright que citamos acima nos diz que “ele queria reformar a vida da igreja sem, contudo, mudar a sua teologia. Ele era mais moralista do que um teólogo analítico” (WRIGTH, Op. Cit. 1998, Pg. 27).
Do outro lado, temos um retrato de um homem sem muita expressão facial, típico de um alemão do século XVI cujas convicções após a leitura de Romanos, comentado por Santo Agostinho mudaram drasticamente sua vida e o mundo, passando a considerar a graça de Deus como o Sumo favor dos céus aos pecadores.
No prefácio da obra resumida intitulada Nascida Escravo (2001) que foi feita da obra magna a Escravidão da Vontade (1525), lemos a mais bela refutação a Erasmo concernente a crença pagã do livre-arbítrio.
A questão é: Possui o homem algo chamada “livre-arbítrio”? Pode um ser humano, voluntariamente e sem qualquer ajuda, voltar-se para Cristo, para ser salvo de seus pecados? Erasmo respondia com  um “Sim”! Lutero, com um ressoante “Não”! Lutero estava convencido de que o conceito do “livre-arbítrio” fere no âmago a doutrina bíblica da salvação exclusivamente pela graça divina. Necessitamos ter a mesma convicção. Precisamos combater o “livre-arbítrio” tão vigorosamente quanto o fazia Lutero. Erasmo, o seu opositor, dizia: “Posso conceber o ‘livre-arbítrio’ como um poder da vontade humana, mediante o qual um homem pode aplicar-se àquelas coisas que conduzem à eterna salvação, ou pode afastar-se delas”. A isso devemos replicar com um resoluto “Não! O homem já nasce como escravo do pecado!” O homem não é livre (LUTERO, 2001, pg.5).
A Reforma e a Teologia dos Reformadores estão apoiadas bem como fundamentados nos tão conhecidos Solas (Somente) da Reforma Protestante. Ao afirmarem que somente a fé sem as obras e somente a graça sem esforço ou cooperação humana é que podem salvar o pecador, todo o sistema de salvação por obras estava sendo comprometido pela teologia bíblica. Quando Erasmo escreveu Tratado Sobre a Liberdade da Vontade (1524), ele tão somente sonhou com um homem supostamente livre, mas logo acordado com o grito da Escritura sendo ressoado da boca do monge Lutero.    

Holanda 1610

Gomaro versus Arminius (Os remonstrantes)

No século 17 surgiu o nome Tiago Armínio (1560-1609). Foi primeiramente pastor e depois professor, crendo a princípio nas “Antigas” doutrinas da graça, mas sendo influenciado pelos escritos semipelagianos e por sua vez encontrando abrigo em Erasmo que acabamos de comentar. Armínio começou a ensinar um evangelho segundo a capacidade do homem, antes não foi assim, quanto à queda afirmou:
Nesse estado, o livre-arbítrio do homem em direção ao verdadeiro Bem fica não apenas ferido, mutilado, débil, torto e enfraquecido [attenuatem], mas também prisioneiro [captivam], destruído e perdido. E seus poderes não são apenas debilitados e inúteis a não ser que sejam assistidos pela graça, como não tem quaisquer podres exceto os que são despertados pela graça divina (Apud, SPROUL, 2001, pg. 137).
Escreveu ser os comentários de Calvino os melhores livros para leitura depois da Bíblia. “Eu exorto os estudantes que depois das Sagradas Escrituras leiam os comentários de Calvino, pois eu lhes digo que ele é incomparável na interpretação das Escrituras” (Apud, MAIA, 2007, Pg. 116). Podemos dizer que há uma fase na vida do herege em que é ortodoxo, mais logo que sua “vista começa a escurecer e a caneta a escorregar da mão”, surge à heresia – demonstrando para todos o que é. Foi assim, que nasceu o arminianismo.
Sproul nos diz que:
O próprio Arninio saiu de um sistema calvinista e abraçou muitos princípios do calvinismo histórico. Ele frequentemente queixava-se, num espírito moderado, sobre as diversas formas nas quais era deturpado. Ele amava as obras de Agostinho e, em muitos circunstancias, buscou advogar a causa agostiniana. (SPROUL, Op. Cit pg. 138).
Ainda que educado na tradição reformada, ele se inclinou para doutrinas humanistas de Erasmo, para nunca mais voltar de lá. Ao defender sua tese sobre predestinação um dos seus colegas, Franciscus Gomaro, viu em Armínio um contestador da confissão reformada e por isso tornou seu adversário.
A Igreja na Holanda professava nos seus Símbolos de Fé o ensino sistemático do reformador João Calvino. Desta forma:
Após ter passado a era dos Reformadores, os principais frutos do seu labor foram preservados nas nascentes igrejas estatais protestantes da Europa. Os 39 artigos da Igreja da Inglaterra eram francamente luteranos, enquanto que a igreja estatal da Holanda foi fortemente calvinista, tendo a Confissão Belga como o principal padrão doutrinário (WRIGHT, Op. Cit. Pg.30).
Depois da morte de Armínio em 1609, o grupo arminiano publicou, em 1610, “A Remonstrância” (Pleiteio, pedido). Os remonstrantes, discípulos e alunos de Armínio compilaram uma afirmação e defesa das cinco doutrinas contrárias ao calvinismo.
Os teólogos calvinistas constituídos de 84 renomados eruditos reformados reuniram-se na cidade de Dort, na Holanda, sendo desta forma o arminianismo condenado como heresia em 1619, após sete meses de discussões em 154 seções. Esses teólogos também formularam cinco respostas às doutrinas arminianas que ficaram conhecidas em homenagem ao grande reformador João Calvino como Os Cinco Pontos do Calvinismo. O nosso próximo assunto.

Os Cinco Pontos da Remonstrância

Este manifesto “A Remonstrância” (Pleiteio, pedido) pedia uma revisão tanto do Catecismo de Heidelberg como da Confissão Belga (1563), eles queriam remodelar ou acomodar o seu “novo” ensino que na verdade tratava-se da velha heresia da salvação por obras.  Os armianianos, assim ensinavam:
Livre-arbítrio ou capacidade humana
O homem, mesmo caído, ainda tem condições de atender por si mesmo ao chamado do evangelho, vindo por seus próprios recursos a arrepender-se e exercer a fé; para os arminianos não existe morte espiritual em termos absolutos (FABIANO, 2009, Pg. 1).
Eleição Condicional
Deus não teria marcado ninguém para salvar-se ou perder-se, mas a eleição antes da fundação do mundo seria baseada na presciência divina, que elegeria aqueles que de antemão previu que iriam arrepender-se e crer, sendo, portanto, o conjunto dos eleitos aberto, sem garantir a segurança de qualquer pessoa antes do encerramento de sua história (FABIANO, Op. Cit. Pg. 1).
Expiação Geral ou Ilimitada
Segundo o arminianismo, Cristo morreu para salvação não um em particular, porém somente àqueles que exercem sua vontade livre e aceitam o oferecimento de vida eterna. Daí, a morte de Cristo foi um fracasso parcial, uma vez que os que têm volição negativa, isto é, os que não a querem aceitar, irão para o inferno (SPENCER, 2000, Pg. 16).
Graça Resistível
O arminianismo crê na graça resistível. Ou seja, que depende do pecador permitir que a graça de Deus o alcance, ou resistir a ela. Crer que aplicação da redenção ao coração dos pecadores não é obra soberana do Espírito Santo, mas depende da vontade livre do homem que pode submeter-se ou resistir à graça de Deus (ANGLADA, 2000, Pg. 6).
Insegurança da Salvação
Deus de fato provê os crentes de suficientes forças para perseverar e está pronto para preservar tais forças neles, se estes cumprirem seu dever; mais ainda que todas estas coisas tenham sido estabelecidas como necessárias para preservar a fé, ainda assim dependerá da vontade humana perseverar ou não (DORT, 1998, Pg.50).
O Doutor Fabiano Antônio nos lembra que, do sistema arminiano formulado pelos remonstrantes, Armínio discordaria do 5º ponto, pois apesar de toda a sua incapacidade de entender o que os reformadores ensinaram, jamais duvidou da Perseverança dos Santos. Assim, percebemos desde o inicio a inconsistência do pastor e teólogo; fazendo-nos pensar no que seja o sistema arminiano conhecido hoje.  

Os Cinco Pontos Calvinismo

A resposta dada ao partido arminiano foi a seguinte:
Depravação Total
Refere-se à queda completa e abrangente da natureza humana, como explicada na concepção agostiniana da seriedade do pecado. A mente e a vontade em particular são ambas escravas da natureza pecaminosa (WRIGHT, Op. Cit. Pg.108).
O Calvinismo entende a queda com o Q maiúsculo e a morte espiritual em termos absolutos. Desta maneira não há meio termo na visão Calvinista quando a Escritura diz que somos escravos do pecado.
Os homens não regenerados, após a queda, são totalmente incapazes de escolher o bem quanto a questões espirituais, visto que estão mortos em delitos e pecados, sendo habilitados apenas por um milagre de ressurreição espiritual (FABIANO, Op. Cit. Pg. 2).
Eleição Incondicional
É a ideia de que Deus elege ou escolhe aqueles a quem ele vai salvar, sem levar em conta qualquer mérito ou condição da parte deles. Todos os pecadores merecem igualmente a morte – não há qualquer base na alma humana, na natureza humana caída, ou nas iterações da natureza humana com verdade do evangelho, que recomende o pecador a um Deus Santo. Portanto, se Deus escolhe um qualquer para salvação, deve ser por razões encontradas especialmente em Deus, não no pecador  (WRIGHT, Op. Cit, Pg.110).
Expiação Limitada
Ensina que Deus determinou que a morte de Cristo fosse um sacrifício substitutivo para realmente efetuar a salvação dos eleitos somente. Cristo não gerou meramente uma massa abstrata de expiação que, então estaria disponível a qualquer um sem distinção que venha pedi-la (Idem, Pg. 110).
Graça Irresistível
Os calvinistas crêem na graça irresistível; na soberania de Deus em aplicar a redenção no coração dos eleitos; no chamado eficaz de Deus para a salvação. Os calvinistas crêem que o que faz alguns submeterem-se e outros rejeitarem a vontade de Deus, em última instância, é graça irresistível de Deus em chamar eficazmente os eleitos para a salvação (ANGLADA, Op. Cit. Pg.6).
Perseverança dos Santos
 A salvação do eleito é eterna, uma vez que a mesma graça de Deus que os salvou agirá eficazmente em suas vidas, de maneira que não poderá cair total e finalmente, pois a justificação, regeneração e adoção são irreversíveis (FABIANO, Op. Cit. Pg.2).
J. I. Packer, outro renomado autor reformado no seu maravilhoso livro, O “Antigo” Evangelho esboça muito bem o sistema arminiano e calvinista da seguinte forma:

Os Cinco Pontos do Arminianismo Os Cinco Pontos do Calvinismo
1. O homem nunca e de tal modo corrompido pelo pecado que não possa crer salvaticiamente no evangelho, uma vez que este lhe seja apresentado. 1. O homem decaído, em seu estado natural, não tem capacidade alguma para crer no evangelho, tal como lhe falta toda a capacidade para dar credito a lei, a despeito de toda indução externa que sobre ele possa ser exercida.
2. O homem nunca e de tal modo controlado por Deus que não possa rejeitá-lo. 2. A eleição de Deus e uma escolha gratuita, soberana e incondicional de pecadores, como pecadores, para que venham a ser redimidos por Cristo, para que venham a receber fé e para que sejam conduzidos a gloria.
3. A eleição divina dos que serão salvos alicerça-se sobre o fato da provisão divina de que eles haverão de crer, por sua própria deliberação. 3. A obra remidora de Cristo teve como sua
finalidade e alvo a salvação dos eleitos.
4. A morte de Cristo não garantiu a salvação para ninguém, pois não garantiu o dom da fé para ninguém (e nem mesmo existe tal dom); o que ela fez foi criar a possibilidade de salvação para todo aquele que crê. 4. A obra do Espírito Santo, ao conduzir os homens à fé, nunca deixa de atingir o seu objetivo.
5. Depende inteiramente dos crentes manterem-se em um estado de graça, conservando a sua fé; os que falham nesse ponto desviam-se e se perdem. 5. Os crentes são guardados na fé e na graça pelo poder inconquistável de Deus, até que eles
cheguem a glória.

Após este exame introdutório à luz da história da Igreja, dos Reformadores no século 16 e observando a teologia já então madura e desenvolvida pela lavra dos puritanos no século 18; não pude permanecer nas fileiras do arminianismo cujo ensino católico romano de salvação por obras é negado pelas Escrituras e pelos antigos mestres que devemos imitar a Fé (Hb 13.7).
Depois de constatar como o Doutor Fabiano Antônio que também foi arminiano, “a total consistência desses ensinos com as Escrituras, não pude fazer outra opção e o meu pêndulo teológico se inclinou irresistivelmente para o calvinismo”.

O Que é Calvinismo?

Chegamos ao fim da nossa introdução, mas antes é preciso terminar com certa classe. Devemos responder a razão da nossa esperança mesmo que seja de maneira breve, o que é então esta força que varreu toda Europa nos séculos 16, 17 e 18, e ainda hoje continua em pleno século 21. Escritores e teólogos que são contra a Fé Calvinista não deixam de declarar todo o seu pessimismo e assim, sem buscar outros livros são pegos pela heresia humanista do arminianismo.
Abraham Kuyper (1837-1930), teólogo reformado na sua obra monumental sobre o Calvinismo, lemos a grande contribuição e influencia desse sistema. O referido autor pergunta o que seria do mundo sem o Calvinismo? Ao que o mesmo responde:
Para provar isto, perguntem-se o que seria a Europa e América teriam se tornado se, no século 16, a estrela do Calvinismo não tivesse subitamente nascido no horizonte da Europa ocidental. Neste caso, a Espanha teria esmagado a Holanda. Na Inglaterra e Escócia, os Stuart teriam executado seus planos fatais (...). O Protestantismo não teria sido capaz de manter-se na política (KUYPER, 2002, Pg. 48).
É importante lembrar que o Calvinismo não estar apenas associado com a doutrina da predestinação, mas também com artes, a libertação dos escravos na América, com o direito de aprender a ler e escrever, e mais ainda com a criação da escola pública para todos e etc. O professor John H. Leith diz:
A comunidade reformada dos séculos XVI e XVII, especialmente seu ramo calvinista, não teve como propósito estabelecer seja uma sociedade democrática ou a tolerância religiosa. Contudo, pode-se se argumentar que a comunidade reformada e mesmo o calvinismo, na sua forma assumida no puritanismo inglês, contribuíram significativamente para a democracia política liberal, para a liberdade religiosa e para o modelo denominacional de vida eclesiástica (LEITH, Op. Cit., Pg. 342).
Assim, antes do Calvinismo ser um apanhado de doutrinas sistemáticas à luz da Bíblia, vamos vê-lo como se opondo as desigualdades impostas e operando transformações sociais e econômicas. 
No aspecto doutrinário sabemos que:
A teologia Reformada reconhece a centralidade real de Deus em todas as coisas, tendo como alvo principal não o tão decantado bem estar humano (que tem sua relevância), mas a glória de Deus, sabendo que as demais coisas serão acrescentadas (Mt 6.33; Ef 1.12-11). Para a teologia reformada, entretanto, é a Palavra de Deus que deve dirigir toda a abordagem e interpretação teológica, bem como de toda a realidade: O Espírito através da palavra é que deve nos guiar à correta interpretação da revelação. As Escrituras são o padrão e apelo final (MAIA, Op. Cit., Pg. 34).
Spurgeon (1843-1892), grande pregador batista afirmou que não estava pregando nenhuma novidade; nenhuma doutrina nova – Gosto imensamente de proclamar essas antigas e vigorosas doutrinas que são conhecidas pelo cognome de Calvinismo e ainda; em sua opinião é que não há pregação de Cristo e este crucificado, a menos que se pregue àquilo que se chama Calvinismo (Apud, ANGLADA, Op. Cit. Pg.1).
O Calvinismo longe de ser mais uma novidade no campo evangélico ou quem sabe mais um “ismo” do momento, é a verdade revelada na Escritura e como bem afirmou o holandês Abraham Kuyper – Nele o meu coração tem encontrado descanso. O reverendo Paulo Anglada citado acima diz o seguinte:
O Calvinismo é a síntese das doutrinas dos reformadores; que por sua vez, é redescoberta da pregação apostólica do evangelho bíblico; e também é confessada na maioria das confissões de fé protestantes. O Calvinismo, portanto, são as antigas doutrinas da graça (ANGLADA, Op. Cit., Pg. 2).
O que é Calvinismo? Packer assim escreve:
O calvinismo é um ponto de vista universal, derivado de uma clara visão de Deus como o Criador e Rei do mundo inteiro. O calvinismo é a tentativa coerente de reconhecer o Criador como o Senhor, Aquele que faz todas as coisas segundo o conselho da Sua vontade. O calvinismo é uma maneira teocêntrica de pensar acerca da vida, sob a direção e controle da própria Palavra de Deus. Em outras palavras, o calvinismo é a teologia da Bíblia vista da perspectiva da Bíblia — a visão teocêntrica que vê o Criador como a origem, o meio e o fim de tudo quanto existe, tanto no âmbito da natureza quanto no âmbito da graça. O calvinismo, assim sendo, reflete o teísmo (a crença em Deus como o fundamento de todas as coisas), reflete a religião (a dependência a Deus como o doador de todas as coisas), e reflete a posição evangélica (a confiança em Deus através de Cristo, para todas as coisas), tudo na sua forma mais pura e mais altamente desenvolvida.
O calvinismo é uma filosofia unificada da história, que encara a inteira diversidade de processos e eventos que têm lugar no mundo de Deus, como nada mais e nada menos do que a concretização de Seu grandioso plano preordenado, visando Suas criaturas e Sua Igreja.
Os cinco pontos asseveram precisamente que Deus é sobe­rano quando salva o indivíduo; mas o calvinismo, como tal, preocupa-se com assertivas muito mais amplas, acerca do fato que Deus é soberano em tudo (PACKER, 1992, Pg. 6).
Mais uma definição do que seja ou o que é Calvinismo é que e um conceito dos modernos historiadores:
Calvinismo é um conceito que devemos aos historiadores modernos. Quando o usarmos, tenhamos a certeza que as Igrejas reformadas do século XVI, e do século XVII, e mesmo a do século XVIII, já mais se nomearam calvinistas (Apud, MAIA, Op. Cit., 9).
Quem pode ser calvinista? Somente aqueles que foram tocados pela majestade de Deus, como Isaías fora quando contemplou o Senhor (Is 6). Kuyper de maneira profunda afirmou:
Somente é verdadeiro calvinista e pode levantar a bandeira calvinista aquele que, em sua própria alma, foi tocado pela Majestade do Altíssimo, e submisso ao seu poder esmagador de seu amor eterno ousou proclamar este amor majestoso em oposição a Satanás, ao mundo e ao mundanismo de seu próprio coração, na convicção pessoal de haver sido escolhido pelo próprio Deus e, portanto, devendo agradecer a ele e a ele somente por toda graça eterna (KUYPER, Op. Cit., Pg. 77).
Depois de mostrar o pensamento de grades expoentes da Fé Calvinista, fica claro que a caricatura mal feita e absurda que fazem os oponentes e certos autores armianianos não condiz com a verdade. O Calvinismo é uma religião da mente e do coração. Dos livros e da piedade. “É o canal em que se moveu a Reforma do século 16, enriquecendo a vida cultural e espiritual dos povos que o adotaram. O sistema que hoje a igreja cristã deve reconhecer como bíblico” ou como bem disse o Pastor Antônio Carlos, “O santo reformado é alguém que vive sob a luz da doutrina, avalia suas experiências pela doutrina, vê sentido no que faz por causa da doutrina e não espera que suas afeições se elevem sem que primeiro lugar a mente tenha sido esclarecida pela doutrina” (COSTA, 2005, Pg. 120).
Por fim, faço das minhas últimas palavras a do grande teólogo suíço Karl Barth (1886-1968), cuja escrita calvinista é viva e profunda em dizer: “O verdadeiro discípulo de Calvino só tem um caminho a seguir: não obedecer ao próprio Calvino, mas àquele que era o mestre de Calvino” (Apud, COSTA, 1999, Pg. 181).


Extraído do site: http://www.eleitosdedeus.org