sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Satanás, o orgulhoso e poderoso (I)

Satanás, o orgulhoso e poderoso


Por R.C. Sproul

De onde surgiu a idéia de um Diabo de pele vermelha, carregando um tridente? As raízes dessa caricatura grotesca de Satanás vêm da Idade Média. Era um esporte popular da época medieval zombar do Diabo, descrevendo-o em termos ridículos. Havia um método nesta loucura. A igreja medieval acreditava na realidade de Satanás. Ela estava consciente de que Satanás era um anjo caído que sofreu de uma overdose de orgulho. Orgulho era a suprema fraqueza de Satanás. Resistir a Satanás, aquela criatura orgulhosa, mas caída, requer um combate feroz. O combate era focado no ponto mais vulnerável de Satanás, seu orgulho. A teoria era esta: Ataque Satanás no seu ponto de fraqueza e ele fugirá de vocês.
Qual a melhor maneira de atacar o orgulho de Satanás do que mostrá-lo como um bobo da corte, de casco fendido e em um terno vermelho? Estas imagens tolas de Satanás eram caricaturas intencionais. Infelizmente, as gerações posteriores responderam a estas caricaturas como se elas fossem verdadeiras.
A visão bíblica de Satanás é muito mais sofisticada do que a caricatura. As imagens bíblicas incluem a de um “anjo de luz” (2 Coríntios 11.14). A imagem de um “anjo de luz” indica a capacidade inteligente de Satanás manifestar-se sub species boni (sob a aparência do bem). Satanás é sutil. Ele é sedutor. A serpente no jardim foi descrita como “astuta” (Gênesis 3.1). Satanás não surge como um tolo. Ele é uma falsificação sedutora. Ele é um orador eloqüente. Sua aparência é deslumbrante. O príncipe das trevas veste um manto de luz.
A segunda imagem que temos de Satanás é a de um leão que ruge e está à procura de quem irá devorar (1 Pedro 5.8). Notem que a mesma figura usada por Cristo, o leão, é usada por Satanás, o protótipo do Anticristo. O anti-leão devora. O Leão de Judá redime.
Com ambas as alusões ao leão, encontramos como símbolo a força, embora com Satanás seja uma força do mal e demoníaca. Sua força não se compara com a de Cristo, mas certamente é uma força superior às nossas. Ele não é mais forte que Cristo, mas é mais forte que nós.
Existem dois caminhos que Satanás freqüentemente nos engana. De um lado, ele nos faz subestimar a sua força. De outro lado, há momentos que nos faz superestimar a sua força. Em qualquer caso, ele nos engana e pode nos fazer tropeçar.
O pêndulo da crença popular sobre Satanás tende a oscilar entre esses dois extremos. De um lado estão os que não acreditam que ele exista, ou se ele existe, é uma mera “força” impessoal maligna, uma espécie de mal coletivo que encontra sua origem no pecado da sociedade. Do outro lado há aqueles que têm uma preocupante fixação, um foco de atenção quase ocultista sobre ele, e desviam seus olhares de Cristo.
Em qualquer caminho, Satanás conquista algum espaço. Se ele conseguir convencer as pessoas que ele não existe, ele pode trabalhar seus enganos sem ser detectado e sem resistência. Se ele levar as pessoas a ficarem preocupadas com ele, pode atraí-las para o ocultismo.
Pedro subestimava Satanás. Quando Jesus avisou Pedro sobre sua iminente traição, Pedro protestou, dizendo: “Senhor, estou pronto para ir contigo para a prisão e para a morte” (Lucas 22.33). Pedro estava muito confiante. Ele subestimou a força do adversário. Momentos antes, Jesus o alertou sobre a força de Satanás, mas Pedro rejeitou esse aviso. Jesus disse: “Simão, Simão! Satanás pediu vocês para peneirá-los como trigo” (Lucas 22.31).
Os protestos de Pedro rapidamente viraram massa nas mãos de Satanás. Foi tão fácil para Satanás seduzir Pedro como é fácil separar o trigo numa peneira. No jargão comum, foi como se Jesus dissesse a ele: “Pedro, você é moleque. Você não é páreo para a terrível força de Satanás”.
Ainda assim, o poder de Satanás sobre nós é limitado. Ele pode ser mais forte do que nós, mas temos um campeão que pode e, de fato, nos defende. As Escrituras declaram: “Maior é aquele que está em vocês do que aquele que está no mundo” (1 João 4.4). Tiago acrescenta essas palavras: “Portanto, submetam-se a Deus. Resistam ao Diabo, e ele fugirá de vocês” (Tiago 4.7). Quando resistimos ao rugido do leão no poder do Espírito Santo, ele foge com o rabo entre as pernas.
Satanás peneirou Pedro, mas sua vitória foi temporária. Com o aviso, Jesus também trouxe a consolação: “Mas eu orei por você, para que sua fé não desfaleça. E quando você se converter, fortaleça seus irmãos” (Lucas 22.32). Jesus predisse tanto a queda, quanto a restauração de Pedro.
Subestimar Satanás é sofrer o orgulho que precede a destruição. Superestimá-lo é dar a ele mais honra e respeito que ele merece.
Satanás é uma criatura. Ele é finito e limitado. Ele é subordinado a Deus. O Cristianismo nunca aceita um princípio dualista de poderes opostos e iguais. Satanás é mais forte que os homens, mas não é páreo para Deus. Ele não tem atributos divinos. Seu conhecimento pode exceder o nosso, mas ele não é onisciente. Sua força pode ser maior do que a nossa, mas não é onipotente. Ele pode ter uma esfera de influência mais ampla do que a nossa, mas ele não é onipresente.
Satanás não pode estar em mais de um lugar ao mesmo tempo. Ele é uma criatura limitada, como todos os anjos bons ou maus, pelo espaço e pelo tempo. É provável que na sua vida inteira você nunca experimentará um encontro direto e imediato com o próprio Satanás. Você pode encontrar um de seus capangas de segunda classe ou alguém de sua série de discípulos, mas é provável que ele gaste seu tempo e espaço em objetivos maiores do que eu ou você. Mesmo em seu ataque concentrado em Jesus, Satanás se apartou d’Ele por um longo tempo (Lucas 4.13).

Fonte: iPródigo

UMP da IV Igreja Presbiteriana de Campina Grande Entrevista Presb. e Professor do IFPB

Presbítero da IV IPCG, professor de matemática IFPB, graduado em matemática, mestrando em Ensino de Ciências e Matemática. Ex-presidente da Federação de Mocidades do Presbitério da Borborema e foi o primeiro Secretário Executivo da Confederação de Mocidades do Sínodo da Paraíba. Conversamos agora com o Presb. Cícero Pereira, sobre o trabalho com a UMP, este blog e o grupo de estudos da UMP da Quarta, dentro outros assuntos.
01 - Faz um tempo que você é o conselheiro da UMP da IV Igreja Presbiteriana em Campina Grande. De onde vem essa ligação tão forte com esse trabalho? Apesar de todos que se opõem a ele, ainda é uma sociedade viável?

Minha história com a UMP começou em 1994, quando eu era da Igreja Presbiteriana da Liberdade, ao ser eleito presidente da sociedade naquele ano. Daí então me encantei com o trabalho e como este, quando bem direcionado, tem condição de direcionar e abençoar os jovens dentro e fora da IPB. Em 1999 fui presidente da federação de mocidades do Presbitério da Borborema, quando este ainda envolvia as igrejas de Campina e do Sertão. Depois, em 1999 fui eleito primeiro secretário da confederação do Sínodo Paraiba_Rio Grande do Norte e em 2002 fiz parte, como secretário executivo da primeira diretoria da confederação de mocidades do recém criado Sínodo da Paraíba. Com a experiência acumulada nesse período e com os estudos e leituras aceca da história da UMP dentro da história da IPB, digo, sem medo de errar, que a sociedade é viável, e juntando a força e os recursos com que os jovens de hoje contam à nossas belas história e tradição, temos a possibilidade de desenvolver um belíssimo trabalho dentro da nossa igreja, para a Glória de Deus.

02 - E a respeito deste blog? Como foi o seu surgimento e quais seus objetivos e perspectivas futuras?

Este blog foi uma ideia de alguns membros da diretoria (entre eles você).  O princípio era publicar os textos na quarta, numa alusão ao nome de nossa igreja, o que foi uma sacada muito legal. Mas, com o desenrolar, vimos a possibilidade, não só de ampliarmos o leque de atuação, como a de envolver mais gente no trabalho. E assim, temos uma equipe distribuída entre articulistas (da quarta), os que fazem as indicações (na segunda) e os entrevistadores (na sexta). Temos visto e experimentado boas surpresas com este trabalho, pois ele tem sido efetivamente, um instrumento para o reerguer-se de nossa UMP como uma sociedade plena tanto em suas atividades, como ciente dos objetivos a que estas se destinam. Quanto ao futuro, podemos vislumbrar uma série de atividades que podem se desenrolar a partir dos temas discutidos aqui nos artigos, nas entrevistas e tudo o mais. A excelente movimentação que temos virtualmente é o que queremos ver no ambiente físico. E podemos sim, sem sombra de dúvida, fazermos um trabalho pertinente, bíblico e contextualizado entre e com os jovens. Oramos a Deus por isto e temos fé que alcançaremos para a Glória do Nome de Jesus.


03 - Um dos assuntos que tem sido tratado neste espaço é a cosmovisão calvinista em todos os aspectos da vida. Na área das ciências humanas, trata-se de mudar o modo de observar os fatos humanos, sobre uma perspectiva centrada na soberania de Deus e em sua graça por nós. E como observar isso nas ciências exatas, como a matemática, por exemplo?
Vamos lá. É coisa demais numa pergunta só. Primeiro, adotamos a cosmovisão calvinista não por mero assentimento intelectual, mas por ela refletir o que diz a Bíblia, sem tirar nem por, e sem querer adequá-la a tempo, espaço ou desejos humanos. Não vemos Calvino como infalível ou o Calvinismo uma cosmovisão perfeita, pois se assim fizéssemos, estaríamos contrariando o próprio Calvinismo. Dizemos sim, que compartilhamos da fé de Calvino, por entender que esta é bíblica, e que esta mesma fé, usada pela Graça de Deus para a salvação de Calvino, foi a mesma que o espírito santo derramou em nossos corações para a salvação. Agora, quanto ás ciências exatas e a matemática, entendo que toda a boa dádiva vem do pai das luzes, e a Ciência é manifestação da graça comum de Deus sobre os homens. Ao observarmos como o desenvolvimento da ciência (em específico o desenvolvimento do conhecimento matemático) tem beneficiado a humanidade, vemos aí a mão de Deus agindo soberanamente sobre todas as coisas. Curiosamente, houve muitos matemáticos cristãos, entre eles os irmãos Bernoulli, que contribuíram muito no estudo de equações diferenciais. E hoje, o estudo das equações diferenciais permite desenvolver uma área chamada de controlabilidade, que permite controlar o alcance de cheias de rios, resistências de asfaltos e aparelhos de uso médico, entre outros. É ou não é manifestação da graça do Pai? Nesse campo, poderia ficar falando aqui durante horas, inclusive do outro lado, que é o quanto isto também tem usado para prejuízo da humanidade e da criação. E isto só ocorre por causa do pecado, residente no coração do homem. Aqui entendemos algo maravilhoso. A graça comum não é suficiente para a salvação do homem, precisando para isto que Deus revele sua graça especial, convencendo o homem do pecado, da justiça e do juízo. Resumindo, precisamos ter uma visão global da cosmovisão calvinista, para entendermos e observá-la corretamente em todas as áreas.

04 - Amanhã, sábado dia 17 de setembro, a UMP da Quarta iniciará um grupo de estudos. Fale-nos sobre este trabalho, e a relevância do tema escolhido para iniciar as discussões, no caso a Confissão de Fé de Westminster.
Este é mais um desafio para nós. Termos jovens estudando, debatendo sua fé à luz da Bíblia, do contexto em que vivemos em tudo o mais. E foi mais uma ideia que surgiu na internet, nas discussões no twitter. A Igreja Presbiteriana do Brasil adota a Confissão de Fé de Westminster como um dos símbolos de Fé. Em momento algum ela está  pé de igualdade ou acima da Bíblia. Trata-se, sim, de um documento que expressa em que cremos e por que cremos, bem como as bases bíblicas para dizermos isto. Apesar de sermos signatários da CFW, ela ainda é uma ilustre desconhecida para muitos. E é neste ponto que pretendemos atuar, rogando a Deus que estes estudos formem jovens preparados, piedosos e com identidade. Isto me lembra o título de um livro de John Stott, chamado OUÇA O ESPÍRITO, OUÇA O MUNDO. Vamos em frente, para a Glória de Deus.

05 - Por fim, agradecemos a participação, desta vez como entrevistado, e pedimos que deixe uma palavra para todos que estão lendo esta entrevista.
Obrigado, que Deus abençoe a todos quantos lêem estas linhas. E minha mensagem é na verdade um convite: juntem-se a nós neste trabalho de divulgarmos a Palavra de Deus com fidelidade, qualidade, poesia, contextualização e contestação de tudo que distorça o texto sagrado. Assim, termos jovens cristãos abençoados e abençoadores para a glória de Deus.
Abração a todos.




Presb. Cícero Pereira

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Cristo intercede pelos Eleitos

Por R. C. Sproul

A expiação é a principal obra de Cristo como nosso grande sumo-sacerdote, mas não é sua única tarefa sacerdotal. Ele também vive como nosso intercessor com o Pai. Sua intercessão é outro meio ao fim ou propósito da redenção dos eleitos. Cristo não só morre por suas ovelhas, mas também ora por elas. Sua obra especial de intercessão é clara em seu propósito. Em sua oração sacerdotal Jesus diz:

Manifestei o teu nome aos homens que me deste do mundo. Eram teus, tu mos confiaste, e eles têm guardado a tua palavra. Agora, eles reconhecem que todas as coisas que me tens dado provêm de ti; porque eu lhes tenho transmitido as palavras que me deste, e eles as receberam, e verdadeiramente conheceram que saí de ti, e creram que tu me enviaste. É por eles que eu rogo; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus; ora, todas as minhas coisas são tuas, e as tuas coisas são minhas; e, neles, eu sou glorificado. Já não estou no mundo, mas eles continuam no mundo, ao passo que eu vou para junto de ti. Pai santo, guarda-os em teu nome, que me deste, para que eles sejam um, assim como nós. Quando eu estava com eles, guardava-os no teu nome, que me deste, e protegi-os, e nenhum deles se perdeu, exceto o filho da perdição, para que se cumprisse a Escritura. João 17.6-12

Jesus intercede aqui a favor daqueles que o Pai lhe tem dado. É abundantemente claro que isto não inclui toda a humanidade. O Pai deu a Cristo um número limitado de pessoas. São aquelas por quem Cristo ora. São também aquelas por quem Cristo morreu. Jesus não ora pelo mundo inteiro. Ele diz isto direta e claramente. Ele ora especificamente por aqueles dados a ele, os eleitos.

Antes, também no Evangelho de João, Jesus diz: "Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora. Porque eu desci do céu, não para fazer a minha própria vontade, e sim a vontade daquele que me enviou. E a vontade de quem me enviou é esta: que nenhum eu perca de todos os que me deu; pelo contrário, eu o ressuscitarei no último dia" (Jo 6.37-39). Não há incerteza aqui. A obra de redenção realizada por Cristo como nossa segurança não é mera possibilidade ou potencialidade. E uma certeza.

Que Cristo não ora pelo mundo inteiro e não morre pelo mundo inteiro é disputado por semipelagianos de todos os tipos. O texto mais im¬portante ao qual apelam é encontrado na Primeira Epístola de João: "... Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo; e ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro" (Uo 2.1,2). Na superfície esse texto parece demolir a expiação limitada, dizendo explicitamente que Cristo é a propiciação dos pecados para o "mundo inteiro". O mundo inteiro é colocado em contraste com "nossos". Devemos perguntar: o que significam aqui nossos e o mundo inteiro?

Nossos poderia se referir a cristãos como distinguidos de não-cris-tãos, crentes como opostos a não-crentes. Se essa interpretação é correta, então Cristo é uma propiciação não só para crentes cristãos, mas para todas as pessoas no mundo inteiro.

Por outro lado nossos poderia se referir especificamente a crentes judeus. Uma das perguntas centrais do primeiro período formativo da igreja era esta: quem é para ser incluído na comunidade do Novo Pacto? O Novo Testamento trabalha o ponto que o corpo de Cristo inclui não só judeus étnicos, mas também samaritanos e gentios. A igreja é composta de pessoas de toda tribo e não de pessoas atraídas de todo o mundo, não meramente o mundo de Israel.

Ampla evidência indica que o termo mundo no Novo Testamento muitas vezes não se refere nem ao globo inteiro nem a todas as pessoas que vivem sobre a terra. Por exemplo, nós lemos em Lucas: Naqueles dias, foi publicado um decreto de César Augusto, convocando todo o mundo para recensear-se (Lc 2.1). Sabemos que esse censo não incluía os habitantes da China ou América do Sul, portanto "todo o mundo" não se refere a todas as pessoas no mundo inteiro. O uso de mundo dessa maneira é de uso amplo na Escritura.

Semipelagianos também apelam a 2Coríntios, em que Paulo diz que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação (2Co 5.19). Paulo fala do "reconciliar o mundo" de Cristo para com Deus no modo indicativo do verbo. Momentos depois ele muda do indicativo ao imperativo. "Rogamos que vos reconcilieis com Deus" (2Co 5.20). Será esta simplesmente uma ordem para sermos o que já somos?

Para dizer a verdade, a propiciação de Cristo na cruz é ilimitada em sua suficiência ou valor. Neste sentido Cristo faz uma expiação pelo mundo todo. Mas a eficácia dessa expiação não se aplica ao mundo inteiro, nem o seu projeto final faz isso.

O propósito supremo da expiação se encontra no supremo propósito ou vontade de Deus. Esse propósito ou intento não inclui a raça humana inteira. Se incluísse, a raça humana inteira certamente seria redimida.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Desabafo de um cristão revoltado

Por Thiago Ibrahim (@thiagoibrahim)

Olá, querido leitor. De início quero pedir a você que não se assuste com o tom do meu texto de hoje, mas que leia com atenção e muita contrição, entendendo que essas são palavras de quem ama a igreja e a enxerga, de acordo com a Palavra, como agência de Deus e sua Justiça aqui na Terra.

Tenho orado a Deus pedindo uma nova reforma na igreja brasileira e nos corações dos cristãos brasileiros. Muito me preocupa a falta de compromisso que vejo no meio evangélico, e também a falta de profundidade que assola a fé cristã neste país. Tenho ouvido cristãos batendo no peito gabando-se do crescimento do número de evangélicos no Brasil, só que, como atualmente não consigo ficar sem fazer indagações, pergunto: será que esse crescimento não tem sido um inchaço?


Ouvi dia desses uma entrevista do grande músico João Alexandre na qual, indagado sobre o crescimento dos evangélicos no Brasil, saiu-se com a seguinte afirmação: "é um crescimento sim, mas esse é um crescimento superficial. Vejo um evangelho com 8 Km de superfície, mas 5 cm de profundidade". Após ouvir essa afirmação desse nosso poeta cristão, parei e me pus a refletir. A partir desse momento de reflexão, sigo o exemplo do apóstolo Paulo e coloco-me de joelhos me humilhando diante de Deus implorando por sua Graça sobre o Brasil. Tenho pedido a Deus que nos mude, liberte-nos e traga sua igreja de volta ao verdadeiro, puro e simples evangelho de Jesus Cristo.


Precisamos ser livres do misticismo, precisamos ser livres da necessidade de materialização da nossa fé, precisamos nos livrar da dependência de vermos "moveres sobrenaturais" para crermos em Cristo e na manifestação do Espírito Santo. Precisamos urgentemente retornar aos ideais da fé reformada. Enfim, precisamos de cristãos que estejam dispostos a viver [e porque não dizer sofrer] o evangelho em vez de cristãos que o troquem por qualquer vento e modinha inventados por homens que só querem ter poder e manipular as massas desmioladas e ignorantes das verdades bíblicas.

Clamo a Deus por misericórdia, clamo por perdão, clamo pela Graça que é capaz de nos tornar para Ele, retirando da igreja brasileira essa imensidão de imundícies que têm permeado a nossa fé.

Perdoem-me, mas está insuportável.

E se você ainda não entendeu a minha revolta, assista ao vídeo abaixo:




Misericórdia...

Soli Deo Gloria.

UMP da IV Igreja Presbiteriana de Campina Grande Indica Livro Sobre Perseverança dos Santos



Termo doutrinário de grande importância. Palavra que aparece de forma muito destacada nas escrituras. Atributo essencial para um eleito de Deus. Destacada é a importância da PERSEVERANÇA, e por isto o livro que indicamos hoje é indispensável para todo aquele que deseja aprender mais sobre este tema,  com consistentes exposições bíblicas acompanhadas de grandes exemplos práticos.

O livro aborda a perseverança sobre vários aspectos. O primeiro deles é a busca por uma vida santa que seja consiste e constante, que se encontrará firme no fim de nossa caminhada na terra. No primeiro capitulo, Jerry Bridges, nos apresenta quatro ações diárias que podem nos auxiliar a termina bem nossa carreira.

No segundo capítulo, o pastor John Piper, um dos organizadores do livro, trata sobre o envelhecimento e de como ele deve glorificar a Deus, demonstrando que a visão de "aposentadoria" que temos em nosso trabalho, não pode de modo algum ser aplicada a nossa vida espiritual, e nos apresenta belos exemplos de cristãos que trabalharam arduamente até os seus últimos suspiros.

No decorrer do livro também vemos o pastor Jonh MacArtur compartilhando a respeito de como podemos ter um ministério duradouro, a partir da exposição das palavras de Paulo a igreja de Corinto e ao exemplo que tem diante dos vários anos que permanece como pastor da mesma igreja. Randy Alcorn e a missionária Helen Rosevare, tratam sobre a perseverança em uma causa, como a luta contra o aborto que custou um alto preço para a família do primeiro, e a difícil tarefa de ser missionária em uma cultura diversa, como é o caso da segunda. Por fim, ainda temos entrevistas feitas com os escritores, a respeito da temática abordada.

Enfim, este é um livro que pode edificar muito a vida dos que buscam estar cada vez mais firmes nos caminhos do Senhor, e esperam Nele que perseverem até o final da jornada!

Rodrigo Ribeiro
@rodrigolgd

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Soteriologia Reformada

Uma das maiores e mais preciosas doutrinas da Bíblia é a da graça de Deus, da salvação somente pela graça. Mesmo uma leitura perfunctória da Bíblia, especialmente do Novo Testamento, mostrará que a salvação e todas as bênçãos da vida cristã são resultado da graça de Deus. Vejamos numa incursão rápida pelo Novo Testamento qual é o lugar que a graça ocupa em toda a nossa vida espiritual.
1 - A eleição é pela graça. “Assim, pois, também agora, no tempo de hoje, sobrevive um remanescente segundo a elei­ção da graça. E se é pela graça, já não é pelas obras; do contrário, a graça já não é graça” (Rom 11:5,6).
2 - Jesus é a personificação da graça. “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade... To­dos nós temos recebido da sua plenitude, e graça sobre graça. Porque a lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo” (Jo.1:14,16,17). “Conheceis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo que, sendo rico, se fez pobre por amor de vós, para que pela sua pobreza vos tornásseis ricos” (2Cor 8:9).
3 - A Salvação é pela graça. “Pela graça sois salvos por meio da fé” (Ef 2:8). “Porquanto a graça de Deus se manifes­tou salvadora a todos os homens” (Tito 2:11).
4 - A Justificação e o Perdão dos pecados são pela graça. “Sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus” (Rom 3:24). “No qual te­mos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, se­gundo a riqueza da sua graça” (Ef 1:7).
5 - A Fé é pela graça. “Tendo chegado, auxiliou muito aqueles que mediante a graça haviam crido” (At 18:27).
6 - A graça capacita-nos a servir. “Pela graça de Deus, sou o que sou; e a sua graça que me foi concedida, não se tornou vã, antes trabalhei muito mais do que todos eles; todavia não eu, mas a graça de Deus comigo” (1Cor 15:10).
7 - Graça capacita-nos a ser pacientes e perseverantes. “Então me disse: A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza” (2Cor 12:9). “Acheguemo-nos portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportu­na” (Heb 4:16).
8 - Devemos crescer na graça. “Crescei na graça e no conhecimento do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” (2Pe 3:18).
9 - A plenitude de nossa salvação na segunda vinda de Cristo será uma nova expressão da graça de Deus. “Cingindo o vosso entendimento, sede sóbrios e esperai inteiramente na graça que vos está sendo trazida na revelação de Jesus Cristo” (1Pe.1:13).
10 - Por toda a eternidade os salvos serão um monumento da graça de Deus. “Em amor nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo... para louvor da glória de sua graça” (Ef 1:5,6). “Para mostrar nos séculos vindouros a suprema riqueza da sua graça, em bondade para conosco, em Cristo Jesus” (Ef 2:7).
Vemos, conseqüentemente, a singularidade do papel que a graça de Deus desempenha em todo o plano de nossa salvação. Desde toda a eternidade fomos eleitos por graça de Deus. No devido tempo, esta graça foi revelada, em toda a sua beleza, por Jesus Cristo. Por esta graça é que somos salvos, isto é, justificados e perdoados mediante a fé, a qual em si mesma é um resultado da graça. Esta mesma graça, que trouxe salvação às nossas almas, capacita-nos a servir a Deus e dá-nos força para suportar todos os sofrimentos a que estamos sujeitos neste mundo e a perseverar até ao fim. Nesta graça estamos firmes (Rom 5:2) e crescemos. A segunda vinda de Cristo será nova revelação de graça, e por toda a eternidade a infinita graça de Deus resplandecerá em nós, para Seu eterno louvor e glória.
Que é graça?
“Graça é favor gratuito, não merecido, mostrado, aos indignos dele. Se a redenção fosse devida a todos os homens, ou se fosse uma compensação necessária à responsabilidade deles, não poderia ser gratuita, e o dom de Cristo não poderia ser uma expressão supe­rior do livre favor e amor de Deus. Só poderia ser uma revelação de Sua retidão. Mas as Escrituras declaram que o dom de Cristo é uma expressão sem pa­ralelo de amor gratuito, e que a salvação procede da graça... E todo verdadeiro crente reconhece a graciosidade essencial da salvação, como um elemento in­separável de sua experiência. Dai as doxologias do céu. — 1Cor 6:19,20; 1Pe 1:18,19; Ap 5:8-14. Contudo, se a salvação é pela graça, então obviamente é compatível com a justiça de Deus salvar a todos, a muitos, a poucos, ou a ninguém, como lhe aprouver”.[1]
“A graça, por sua própria natureza tem de ser livre ou gratuita; e a diversidade ou disparidade de sua dis­tribuição (ou manifestação) demonstra que é de fato gratuita. Se alguém pudesse com justeza exigi-la, dei­xaria de ser graça para se tornar débito. Se neste particular nega-se a Deus Sua soberania, a salvação então se torna uma questão de divida para com todas as pessoas”.[2]
É interessante notar que Paulo associa esta doutrina de salvação exclusivamente pela graça à doutrina da total depravação e, por conseguinte, à doutrina do novo nascimento. “Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo — pela graça sois salvos e juntamente com ele nos ressuscitou... para mostrar nos séculos vindouros a suprema riqueza da sua graça, em bondade para conosco, em Cristo Jesus. Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie" (Ef 2:4-9). Se estamos mortos em delitos e pecados, não podemos viver para Deus se Ele não nos criar es­piritualmente por seu infinito poder. Esse criar de novo é uma como ressurreição ou novo nascimento, como já vimos. E Deus não tem nenhuma obrigação de fazer isso. Se o faz, é por pura graça e misericórdia. E se é pela graça, Ele pode salvar a todos, a muitos, a poucos, ou a ninguém, como Lhe aprouver. Como disse Paulo, citando palavras de Deus dirigidas a Moisés, “Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia, e compadecer-me-ei de quem me aprouver ter compaixão. Assim, pois não depende de quem quer, ou de quem corre, mas de usar Deus a sua misericórdia.” (Rm 9:15,16).
Assim escreveu o Dr. James Moffatt em seu excelente livro Grace in the New Testament, p. 172, 173:
“Quando os que experimentam a graça de Deus refletem na origem dela, que é a vontade do mesmo Deus, o resultado instintivo é a doutrina da eleição. Os crentes descobrem que devem sua posição não a qualquer habilidade sua de penetrar na fé, mas devem-na à cha­mada e escolha do próprio Deus, que os distinguiu com esse privilégio. Sabem que foram escolhidos pela gra­ça e portanto não o foram por nada que tivessem feito; de outro modo a graça deixaria de ser graça (Rom 11:6). O primeiro passo foi dado por Deus, e muito antes que eles se apercebessem de que precisavam de salvação. Foi um movimento livre, gracioso da Vontade eterna. Paulo não pôde explicar de outro modo por que ele ou qualquer outro foi escolhido para ser membro da Igreja de Deus. Devia ter sido Deus, e Deus foi movido pelo amor”.

_________________________
Fonte:
Escolhidos em Cristo – O Que de Fato a Bíblia Ensina Sobre a Predestinação, Samuel Falcão, Ed. Cultura Cristã, 1997, pág. 99-103.

_________________________
Notas:
[1] A. A. Hodge, op. cit., p.225
[2] Loraine Boettner, op cit, p.270

Extraído do site: http://www.eleitosdedeus.org
P.S. O tema eu reformulei