Por Pr. Isaltino Gomes
A mediocridade da cultura atual é assustadora. A bobagem avulta em
todos os segmentos da mídia! As pessoas se pautam pela mediocridade, até
mesmo as que deveriam ter a mente iluminada por Cristo!
Recordo-me
de um jornal de Boa Vista, Roraima, que certa vez entrevistou com uma
menina de 15 anos. Cada frivolidade! Seu sonho de consumo era uma
Ferrari vermelha. Seus votos: “Simplicidade para todos!”. Dá para
entender? As pessoas hoje são famosas não pelo brilho intelectual ou por
acrescentarem à sociedade, mas pela estética e por aparecerem na tevê.
Então, lemos na Internet: “Veja o que os famosos estão fazendo hoje!”.
Bisbilhotar gente fútil é cultura!
Nesta
semana li uma entrevista com uma candidata a miss, num jornal de
Macapá. Que raso! Espremendo não dá uma colher de café. Mas é querer
muito que pessoas que saem em jornais porque foram maquiadas tenham o
que dizer. Um português fraco, não corrigido pela redação (aliás,
corrigir erros de português é preconceito linguístico!). Indagada sobre
Deus, a jovem disse: “Tudo que preciso para me sentir bem”.
Deus
virou Lexotan. Não é mais um Ser, o Criador, o Sustentador, a
Perfeição, o Absoluto que serve de padrão para nossas ações. É algo para
nos sentirmos bem. E o que é “me sentir bem”? Para o drogado, uma pedra
de crack. Para o sádico, infligir mal a alguém. A vida é se sentir bem?
Ou é ser bom, fazer o bem, ser íntegro e honrado? A vida é só sensação,
prazer, ou é dever e saber viver em grupo? E quando fazemos essas
coisas nos sentimos bem de verdade!
O
individualismo contemporâneo tem produzido uma geração fútil, mesquinha
e egoísta. As pessoas parecem querer que o mundo gire ao seu redor.
São o centro do mundo, e geralmente seu mundo é pobre. São vazias. A
vida lhes é roupa de grife, a traquitana eletrônica mais recente, e
indigência existencial. Parece que quanto mais medíocre for a pessoa
mais sucesso faz. Recordo de um decadente ator de televisão: “Machado de
Assis? Pô, cumpadi, tu mi pegô, esse aí num sei não quem é!”. O ator
deitava falação sobre a vida, ensinando aos jovens como viver. Deveria
ir para uma escola. Bem, não sei se ajudaria. Queda-me a impressão que o
Estado está mais preocupado em distribuir kit gay e a possibilidade de
dar preservativos aos adolescentes que com a qualidade de ensino. Pelo
menos discute mais aqueles que este.
Dá-se
o mesmo no evangelho. Cânticos pobres, mensagens pobres, cultos pobres,
um blábláblá terrível. Espreme-se e não sai uma colher de café de
conteúdo. Boa parte da teologia pregada é como a da mocinha: Deus é uma
coisa para elas se sentirem bem. As pessoas não são chamadas à vida
santa útil, correta e dedicada a Deus e aos outros. Deus é o açúcar e
não o Senhor de suas vidas. Arrependimento, abandono do pecado e
santidade saíram do temário. O tema agora é ser feliz e abençoado. E os
outros são pretexto, objeto em discurso. Amamos os que nos amam,
elogiamos os nossos queridos e nossos familiares, evitamos os irmãos de
quem não gostamos, e dizemos que vivemos em amor e somos filhos de Deus.
Boa parte dos crentes nunca leu a Bíblia toda, não conhece os
fundamentos da sua fé, não tem base alguma. Mas se o culto lhes fez bem,
foi tudo que elas precisavam. Deus existe para fazê-las felizes, não
para lhes dizer como viver. Nessa hora, “ninguém tem nada com a minha
vida!”.
Quando
tinha 20 anos de idade, numa aula de Teologia Sistemática, eu disse ao
professor, o saudoso Dr. Soren, que a razão era uma maldição. Quatro
décadas depois, valho-me da razão: ela é muito boa, uma bênção de Deus,
mas às vezes é mesmo uma maldição. Deve ser maravilhoso não pensar. Quem
não pensa não tem crise existencial nem frustração com a humanidade.
Não raciocinar, não avaliar, satisfazer-se com o visual e com as
sensações, sem avaliar nada, deve trazer algum bem. Caso contrário, as
pessoas seriam mais analíticas.
Definitivamente, assumi a rabugice. Mas não dá para aceitar frivolidades como filosofia de vida. Menos ainda como teologia.