Por Josemar Bessa
Este
é um problema que
surgiu na igreja em Corinto, e certamente surgiu em toda a igreja
primitiva. Algumas pessoas tentam usar esse texto com o propósito de
validar um servo de Deus
escolher alguém ímpio para se casar. Esse é o problema de ir a Bíblia
tentando
achar justificativas para escolhas que Deus deixou claro que não devem
ser
feitas, e não ir a Bíblia para buscar a verdade de Deus sobre todas as
coisas,
inclusive relacionamentos, casamentos...
Paulo está falando sobre
a conversão de um homem ou mulher casados, quando o outro cônjuge permanece
ímpio, e não sobre o servo de Deus deliberadamente escolhendo esta situação.
Essa era uma situação comum na igreja primitiva e hoje também: “Se algum irmão tem mulher descrente, e ela
consente em habitar com ele, não a deixe. E se alguma mulher tem marido
descrente, e ele consente em habitar com ela, não o deixe.” - 1 Coríntios 7:12-13
Imagine, por exemplo,
uma mulher que pela pregação da Palavra foi regenerada e creu no Evangelho. Ela
se tornou viva, se arrependeu, exerceu fé. Ela é uma nova criatura em Cristo
mas está casada com um marido não-cristão (ou
um marido com uma esposa não-cristã).
A questão que surgiu
naqueles dias, e que é pertinente hoje é: e agora, devo me divorciar? A luz
está ligada as trevas...? Serei corrompido por este relacionamento? A pureza de
Cristo vai ser corrompida por isso? Paulo está falando de alguém que sendo
regenerado tem agora uma vida para o Senhor... e não de um cristão nominal,
mundano... em que o estilo de vida nada mais é do que o do mundo, escolhendo
deliberadamente estar em jugo desigual... Mas de alguém que se converte já
estando casado ou casada. Então ele diz: “E
se alguma mulher tem marido descrente, e ele consente em habitar com ela, não o
deixe.” – Ou seja, se por causa do sua vida em Cristo o cônjuge descrente
quiser deixá-lo, a relação com Cristo tem toda a prioridade, mas se o descrente
consente em viver junto, essa não é uma razão para deixar o relacionamento
(casamento). Paulo não está falando de alguém que é cristão escolhendo
deliberadamente um cônjuge não cristão.
A questão em Corinto (e
ainda hoje ) era – Estou sendo corrompido, minha pureza em Cristo está sendo
corrompida? Devo deixar meu casamento? E outro pensamento que surgiu junto com
esse era: E meus filhos? Se eu sou cristã e meu marido não é cristão, os meus
filhos vão ser poluídos, impuros pela presença de um não cristão (ímpio) na
família? Preciso sair dessa situação para proteger meus filhos das más
influências do cônjuge não regenerado? Todas essas questões eram comuns quando
alguém em um mundo pagão era regenerado e o cônjuge não. Muitas vezes, o marido
não convertido abandonava a esposa – mas a questão era se isso podia partir do
convertido. A resposta como vimos era: “E
se alguma mulher (ou marido) tem marido descrente, e ele consente em habitar
com ela, não o deixe.”(v.13) – O verso 15 diz que se o cônjuge incrédulo
desejar se divorciar por causa de Cristo, da conversão do outro cônjuge, este
que foi abandonado não está mais preso aquela pessoa: “Mas, se o descrente se apartar, aparte-se; porque neste caso o irmão,
ou irmã, não esta sujeito à servidão; mas Deus chamou-nos para a paz. Porque,
de onde sabes, ó mulher, se salvarás teu marido? ou, de onde sabes, ó marido,
se salvarás tua mulher?” 1 Coríntios
7:15-16 – Se ele quer ir, deixai-o ir. Ou seja, se for a escolha do cônjuge
não regenerado, por causa do evangelho, se divorciar, deixe-o ir. Mas você (
que foi regenerado ) não faça isso. Por quê. O verso 14 diz: “Porque o marido descrente é santificado
pela mulher; e a mulher descrente é santificada pelo marido; de outra sorte os
vossos filhos seriam imundos; mas agora são santos.” - 1 Coríntios 7:14
Paulo não está falando
de salvação. Nem todos os cônjuges incrédulos se converterão, isso não é algo
que se possa contar como certo. Ele diz: “Porque,
de onde sabes, ó mulher, se salvarás teu marido? ou, de onde sabes, ó marido,
se salvarás tua mulher?” – Ao falar então que “o marido descrente é santificado pela mulher; e a mulher descrente é
santificada pelo marido” – o que Paulo está ensinando?
Paulo está simplesmente
dizendo que é o inverso que acontece – se de fato o cônjuge convertido foi de
fato regenerado e vive uma nova vida – deve entender que maior é aquele que
agora habita, dirige e santifica ele do que aquele que está no mundo. O poder e
a graça de Deus manifesta na vida do cônjuge convertido é tão grande, que ao
invés de dele ser influenciado pelo mal na vida do não regenerado, o não
regenerado será influenciado pela graça, que opera os frutos do Espírito, e o
poder de Deus na vida do convertido. Esse é o ponto de Paulo, ao invés do
marido descrente ter uma influência mundana ou não santificadora sobre a
esposa, o oposto é verdadeiro, a luz resplandecerá sobre as trevas, e o outro
sofrerá a influência da vida transformada do que foi regenerado e é uma nova
criatura.
Agora, de que tipo de
santificação estamos falando? A palavra está falando simplesmente que há um
certo grau de pureza, um certo grau de separação do mal... Ou seja, o cônjuge
cristão em um casamento, reduz a força total da impureza e do mal na vida do
lar. Num casamento entre dois incrédulos, você tem um mal absoluto operando.
Você tem o mundo, a carne, o diabo... e você não tem nada para mitigar este
mal. Este mal não tem nada para diluí-lo, enfraquecê-lo. Mas quando um desses
cônjuges de fato se converte, de fato é regenerado, esse mal que era absoluto é
atenuado.
Então estamos falando aqui
de “santificação conjugal”, santificação familiar e não de santificação
espiritual produzida pela salvação de um homem. O ponto aqui é que você, que
foi regenerado, vai exercer um efeito positivo na medida em que sua presença
naquele ambiente íntimo, na casa, no casamento... é sustentado pela graça e o
poder de Deus para uma nova vida, e a benção de Deus que flui através dessa
nova vida, irá atenuar o mal, que num casamento entre incrédulos seria pleno.
Ou seja, haverá um efeito santificante num sentido temporal, num sentido
terreno sobre o seu cônjuge descrente. E esse efeito atingirá os filhos: “...de outra sorte os vossos filhos seriam
imundos; mas agora são santos.” - 1
Coríntios 7:14
A palavra é usada aqui
nestes mesmos termos. O que significa? Se o convertido está preocupado com seus
filhos, seriam “imundos” crescendo num lar assim... O que Paulo está ensinando
é – Se ambos os pais são não-cristãos, há um nível de mal absoluto que domina o
lar, porque Deus não está lá em seu poder e graça. Mas sendo um dos cônjuges é
de fato regenerado, os filhos já não
estão sob o impacto total da impureza de uma vida não regenerada, mas em certo
grau, este mal é mitigado, restringido, há um certo grau de separação do mal
pela presença de uma mãe ( ou pai ) cristão (Regenerado).
Ou seja, sua relação
com Deus e a benção que flui de sua vida separada para Deus, terá um efeito positivo
sobre o marido e os filhos, um efeito de restrição, em parte, do mal de uma
vida não regenerada. Então Paulo diz,
não se separe por causa disso. Se isso partir do cônjuge não cristão por causa
de Cristo, você não estará mais em servidão, mas não parta de você por esses
motivos alegados. Fique lá, e a obra de Deus através da sua vida terá um
impacto atenuante sobre o mal em seus filhos e seu lar. Mitigando o mal que
seria pleno pela influência de sua vida limpa e santa que flui da regeneração e
santificação de sua vida.
Fonte: Josemar Bessa
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