sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Inédito: Pornografia só para evangélicos (Cuidado com estes "pastores" que só falam de "desconstrucionismo", e que a bíblia é apenas "uma construção histórica", etc... estes pastores liberais, libertinos e mundanos, não são cristãos, são tudo, deístas, gnósticos, etc.... mas, não são cristãos!

Inédito: Pornografia só para evangélicos
Comentário de Julio Severo: O liberalismo e o esquerdismo são literalmente destrutivos. Não estranhe, jamais, um “cristão” progressista de hoje que combate o conservadorismo cristão aparecer em seguida promovendo pornografia “santificada” e perversões do gênero. Dá para duvidar de que estamos nos últimos dias?
A matéria abaixo é do Yahoo:

Evangélicos também gostam de sexo!

Carol Patrocínio
Religião e sexo nunca foram assuntos que andaram lado a lado. Para muitas crenças, o sexo é apenas parte do processo reprodutivo e o prazer é condenado. Outros acreditam que o sexo deva ser feito apenas depois do casamento e apenas com a pessoa que Deus escolheu para você.
E onde tem sexo, tem gente investindo para deixar tudo mais... divertido! É o que vem acontecendo, nos últimos anos, com a indústria gospel. Isso mesmo, indústria gospel relacionada ao mundo do sexo! Essa semana todo mundo resolveu falar de uma empresa que está produzindo filmes eróticos evangélicos. Todas as obras têm enfoque claro e seguem regras de conduta: os protagonistas dos filmes são casais — marido e mulher mesmo - na vida real, todas as cenas seguem preceitos do sexo cristão — e tem a religião como princípio —, nunca é extraconjugal e práticas como ménage, sadomasoquismo e nudismo (!) são impensáveis.
A ideia desses filmes é ensinar aos casais cristãos como eles podem ter e proporcionar prazer de acordo com a Bíblia — incluindo posições sexuais e tratamentos respeitosos ao órgão do outro. Mas a indústria do sexo gospel não é baseada apenas em filmes em que, pelo que eu entendi, rola sexo de roupa. Também há outras... atividades nesse mercado. Quer conhecer?

Sex shop para casais religiosos

Apimentar a relação de acordo com preceitos da Bíblia é a missão de alguns sex shops online. O Book 22 foi o primeiro deles e a história é que o casal que o criou estava, segundo o site NPR.com, cansado de buscar soluções para sua vida sexual e só encontrar pornografia.
Existe também o My Beloved Garden, que oferece produtos para casados. E há também o Intimacy of Eden. Mas não se assuste se o que você encontrar nessas lojas for igual ao que vê em outras sex shop, o que muda é só o nome. Eles vendem o produto e cada um usa como quer, então...

Pole dance para Jesus

Uma americana resolveu criar o esporte e fez algumas mudanças nas aulas convencionais de pole dance, ou dança do poste. Primeiro, as músicas: nada de música de boate, apenas louvores cristãos ou músicas gospel populares. Depois, os movimentos, que não são tão sensuais quando nas aulas normais, afinal, é um momento de adoração.
Além disso, é um exercício físico que deixa as mulheres mais fortes para lidar com os problemas do dia a dia.
"Eu acho que não há nada de errado com o que eu faço. Eu ensino mulheres a se sentir bem consigo mesmas, ensino elas a sentirem-se poderosas. Qualquer um que quiser me julgar, Crystal Deens, criadora da modalidade, para a rede de TV americana Fox News.

Swing gospel

Esse é o nome de um grupo musical que canta temáticas religiosas, mas não é sobre eles que estamos falando. O swing gospel do qual estamos falando é igualzinho àquele não religioso, em que as pessoas trocam de casal e fazem sexo por puro prazer, sem sentimentos ou ligações matrimoniais.
Não há uma casa especializada na prática também conhecida como "sono inocente", mas foram encontrados alguns anúncios em classificados sexuais de casais evangélicos procurando moças evangélicas para fazer parte do relacionamento.
E então, casais evangélicos também sofrem com a monotonia do sexo e curtem apimentar a relação de vez em quando?
Fonte: Yahoo
Divulgação: www.juliosevero.com

Corações Cativos, Igreja Cativa


Por R. C. Sproul

Durante a Reforma Protestante, Martinho Lutero escreveu um pequeno livreto intitulado “O Cativeiro Babilônico Da Igreja”. Nele, Lutero comparou o regime opressor de Roma no século XVI ao suplício de Israel, enquanto era mantido cativo às margens dos rios da Babilônia.

Eu tenho freqüentemente me perguntado como Lutero se posicionaria em nossa presente era e no estado em que a igreja se encontra nos dias de hoje. Eu suspeito que ele escreveria para nosso tempo seu livro, sob o título "O Cativeiro Pelagiano da Igreja". Eu tenho tal suspeita pelo fato de que o próprio Lutero tenha considerado precisamente este como o livro mais importante que já redigiu, sua magnum opus, “A Escravidão da Vontade” (De Servo Arbítrio).

Penso também que Lutero enxergaria a grande ameaça para a igreja de hoje devido ao Pelagianismo, em razão do que se desenrolou depois da Reforma. Historiadores tem dito que apesar de Lutero ter vencido a batalha contra Erasmus no século XVI, ele a perdeu no século XVII e foi afinal demolido no século XVIII, graças às conquistas obtidas pelo Pelagianismo e pelo Iluminismo. Ele veria a igreja de hoje enlaçada pelo Pelagianismo, tendo assim este inimigo da fé conseguido estabelecer uma fortaleza sobre nós.

O Pelagianismo em sua forma pura foi pela primeira vez articulado pelo homem cujo nome cunhou seu ensino, um monge bretão do século Quarto. Pelágio envolveu-se em um feroz debate com Santo Agostinho, um debate provocado pela reação do monge à oração de Agostinho: "Ordena aquilo que Tu desejas, e conceda aquilo que Tu ordenas". Pelágio insistia que uma obrigação moral necessariamente implicava em capacidade moral. Se Deus exigia dos homens que estes vivessem vidas perfeitas então estes homens deveriam ter a capacidade de viver tais vidas perfeitas. Isto levou Pelágio a sua completa negação do pecado original 1. Ele insistia que a queda de Adão tinha afetado somente o homem Adão; não haveria a realidade da natureza humana caída e herdada que afligiria a humanidade. Além disso, refutava a idéia da necessidade da graça como necessária para a salvação; afirmava que o homem seria capaz de ser salvo por suas obras sem a necessidade de assistência da graça. O pensamento de Pelágio foi: a graça pode facilitar a obediência, mas não seria uma condição necessária para tal.

Agostinho triunfou em sua luta contra Pelágio, cujas visões foram conseqüentemente condenadas pela igreja. Ao condenar o Pelagianismo como heresia, a igreja veementemente confirmou a doutrina do pecado original. Na visão de Agostinho, isto sedimentou e alicerçou a noção de que apesar do homem caído ainda possuir um vontade livre no sentido que ele retém a capacidade de escolher, sua vontade é decaída e escravizada pelo pecado a tal ponto, em tamanha magnitude e extensão, que o homem não possui liberdade moral. O homem não pode não pecar.

Depois do encerramento do conflito, visões modificadas de Pelagianismo voltaram a assombrar a igreja. Essas visões foram aglutinadas sob o nome de semi-Pelagianismo. O semi-Pelagianismo admitiu a Queda como real e uma real transferência do Pecado Original para a descendência de Adão. O homem está arruinado e caído, e precisa da graça a fim de que seja salvo. Contudo, esta visão insiste que nós não estamos tão decaídos a ponto de nos encontrarmos totalmente escravizados pelo pecado ou totalmente depravados em nossa natureza. Uma ilha de justiça permanece no homem decaído por meio da qual tal pessoa ainda possui poder moral para inclinar-se, por si mesmo, sem a intervenção da graça operativa, em direção às coisas de Deus.

Apesar da igreja antiga ter condenado o semi-Pelagianismo tão vigorosamente quanto condenou o próprio Pelagianismo, ele de fato nunca morreu. No século dezesseis os magistrados reformadores ficaram convencidos que Roma havia se degenerado do puro Agostinianismo e abraçado o semi-Pelagianismo. Não é um detalhe histórico insignificante mencionar que o próprio Lutero tenha sido um monge da Ordem Agostiniana. Lutero viu em sua luta contra Erasmus e Roma, um retorno ao conflito titânico entre Agostinho e Pelágio.

No século dezoito, o pensamento Reformado foi desafiado pelo surgimento do Arminianismo, uma nova forma de semi-Pelagianismo. O Arminianismo conseguiu capturar o pensamento de proeminentes homens, como por exemplo John Wesley. A cisão doutrinária entre Wesley e George Whitefield focava-se neste aspecto. Whitefield enfileirou-se então para o lado de Jonathan Edwards na defesa do Agostinianismo clássico durante o "Grande Avivamento" norte-americano.

O século XIX testemunhou o reavivamento do Pelagianismo puro através dos ensinamentos e da pregação de Charles Finney. Finney não dosou palavras acerca de seu Pelagianismo escancarado. Finney rejeitou a doutrina do Pecado Original (junto com a visão ortodoxa da Expiação e a doutrina da Justificação Somente pela Fé). Mas a tremenda bem-sucedida metodologia evangelística de Finney de tal forma marcou e envolveu seu nome, que ele se tornou um modelo reverenciado pelos modernos evangelistas e ainda hoje comumente é considerado um herói da Fé Evangélica, a despeito de sua completa rejeição à própria doutrina evangélica.

Apesar da Fé Evangélica americana não ter abraçado o Pelagianismo puro e direto de Finney (fato que coube aos Liberais o fazerem), tal pensamento infectou profundamente o meio evangélico por meio do pensamento e da teologia semi-Pelagiana,a tal ponto que o semi-Pelagianismo é percebido ostensivamente nos dias modernos de forma aguda e profunda, em diversas camadas do pensamento teológico evangélico. Apesar da maioria dos evangélicos não hesitarem em afirmar que o homem caiu, poucos abraçam a doutrina reformada da Total Depravação.

Trinta anos atrás eu estava ensinando Teologia em uma faculdade evangélica que era pesadamente influenciada pelo semi-Pelagianismo. Eu estava trabalhando sobre os 5 pontos do Calvinismo usando o acróstico TULIP com uma classe com cerca de 30 alunos. Após apresentar uma extensa e detalhada exposição da doutrina da Total Depravação, eu perguntei à classe quantos deles estavam convencidos acerca da doutrina. Todos os 30 levantaram as mãos.

Eu sorri e disse: “Veremos...”

Eu escrevi o número 30 no canto esquerdo do quadro-negro. Enquanto eu prosseguia com a doutrina da eleição incondicional, muitos dos estudantes então começaram a pular e reagir. Fui subtraindo do número original 30 os que iam manifestando sua insatisfação e desacordo. Quando atingi a doutrina da Expiação Limitada, o número tinha caído de trinta para três.

Então eu tentei mostrar aos estudantes que se eles realmente abraçassem a doutrina da Total Depravação, então as outras doutrinas descritas nos 5 Pontos deveriam simplesmente na verdade ser consideradas como notas de rodapé. Os alunos logo descobriram que de fato eles realmente não acreditavam na total depravação do homem, no final das contas. Eles acreditavam em depravação, mas não no sentido total. Eles ainda desejavam reter a convicção sobre uma ilha de justiça que não tinha sido afetada pela Queda por meio da qual pecadores poderiam ainda manter uma capacidade moral para se inclinarem por si próprios a Deus. Eles acreditavam, sim, que a fim de ser regenerados, eles precisavam primeiro exercer fé por meio do exercício de suas vontades. Eles não criam que a divina e sobrenatural ação do Espírito Santo seria uma pré-condição necessária para fé.

Os autores da introdução ao ensaio sobre “A Escravidão da Vontade” escreveram:

“Qualquer um que terminar este livro sem ter percebido que a teologia evangélica mantém-se em pé ou cai com a doutrina da Escravidão da Vontade, o leu inutilmente. A doutrina da justificação livre unicamente pela fé, que se tornou o olho do furacão de tamanha controvérsia surgida no período da Reforma Protestante, é considerada com freqüência como o coração da Teologia dos Reformadores, mas isto é dificilmente preciso. A verdade é que o pensamento de tais homens estava realmente concentrado sobre esta contenda...que a completa salvação do pecador tem lugar pela livre e soberana graça unicamente...é pois a nossa salvação completamente da parte de Deus, ou a final de contas depende de algo que depende de nós mesmos? Aqueles que afirmam a segunda opção (os Arminianos o fazem) portanto negam a declarada incapacidade do homem advinda do pecado, e também confirmam que uma forma de semi-Pelagianismo é verdadeiro, de alguma maneira. Não é de se admirar, portanto, que a primitiva teologia Reformada condenou o Arminianismo, como sendo em princípio um retorno a Roma... e uma traição à Reforma... o Arminianismo foi, verdadeiramente, aos olhos dos Reformadores, uma renúncia ao Cristianismo do Novo Testamento em favor do Judaísmo neotestamentário; pelo fato de alguém se garantir a si mesmo por fé, não ser afinal diferente em nada do princípio de se repousar nas suas própria obras, sendo anti-Cristão tanto um pensamento quanto o outro”.

Estas são palavras severas. Verdadeiramente para alguns são até palavras contenciosas. Mas de uma coisa eu estou certo: elas espelham e refletem com precisão os sentimentos de Agostinho e dos Reformadores. A questão da magnitude e extensão do Pecado Original está atrelado inseparavelmente à nossa compreensão da doutrina da Sola Fide. Os Reformadores compreenderam claramente que existe uma imprescindível ligação entre Sola Fide e Sola Gratia. Justificação unicamente pela fé significa pela graça unicamente.

Assim sendo, o semi-Pelagianismo em seu formato Erasmiano cria uma ruptura entre as duas e apaga o fator SOLA do temo Sola Gratia.

NOTAS:
1. Entenda-se pelo termo teológico PECADO ORIGINAL, não o próprio ato de desobediência que Adão e Eva cometeram no jardim, ao comerem do fruto da árvore sobre a qual o Senhor Deus os havia advertido, mas às conseqüências abrangentes deste ato sobre toda a sua posteridade.

Fonte: www.ministeriobbereia.blogspot.com

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Uma Análise dos Evangélicos Hoje - Entrevista a Revista Eclésia



Trancrevo aqui entrevista concedida à revista Eclésia e que foi publicada neste último número. É uma entrevista bem extensa que abordou muitos e variados assuntos. Acredito que reflete de maneira justa a realidade das igrejas evangélicas no Brasil hoje.

ECLÉSIA: Ateus são aqueles que não crêem em Deus. De que maneira pode existir um “ateísmo cristão”, justamente o título de seu último livro? O apóstolo Paulo se refere àqueles que professam conhecer a Deus e que, entretanto, o negam por suas obras (Tito 1:16). Chamo de ateísmo cristão a negação de que Deus interfere, age e atua na realidade humana, negação esta feita por pessoas que se professam cristãs e que argumentam usando a terminologia cristã. Na verdade, isto nada mais é que o antigo deísmo, a idéia de que Deus existe mas que não interfere na realidade humana. O deísmo foi a religião dos antigos liberais e continua, ligeiramente modificada, sendo a teologia dos novos liberais. Para mim, admitir a existência de Deus mas negar sua presença na história e na experiência humana é a mesma coisa, ao final, que o ateísmo – só que com capa de cristianismo.

ECLÉSIA: Há quem acredite que o Brasil esteja experimentando um avivamento por causa do crescimento dos evangélicos. Mas o senhor diz que a Igreja sofre sérias ameaças. Isso não é uma contradição?

No meu caso não é uma contradição porque eu nunca afirmei que o Brasil está experimentando um avivamento espiritual. O que constato é o crescimento nas duas últimas décadas das seitas neopentecostais, que a mídia costuma confundir com os evangélicos. Eu sei que há pessoas que são verdadeiramente crentes no Senhor Jesus nesse meio, em que pesem os ensinamentos e práticas estranhos ao Evangelho. Todavia, isto não diminui a ameaça que o movimento representa para a igreja cristã.

ECLÉSIA: Ainda falando sobre o crescimento evangélico, o segmento mais conhecido hoje é neopentecostal. E, talvez pelo aparente sucesso, talvez pelo poder midiático, tem influenciado com práticas e estilos de culto denominações pentecostais e históricas. Esse processo não é irreversível?
Não sei se é irreversível. Este crescimento vem diminuindo nos últimos anos, pois a proposta das igrejas neopentecostais não se sustenta por muito tempo. Cedo ou tarde as promessas da teologia da prosperidade se mostram vazias, gerando uma multidão de decepcionados que vão engordar as fileiras dos desigrejados. Percebe-se, também, a crescente separação e distanciamento destes movimentos neopentecostais do pentecostalismo clássico e das igrejas históricas, o que é muito bom, pois deixa a diferença entre nós e eles mais clara. Infelizmente, a influência das práticas neopentecostais nas igrejas históricas tem feito e continuará a fazer, por algum tempo, considerável estrago. A culpa, em parte, é das lideranças que não prepararam o povo adequadamente para enfrentar estes erros. Mas, a responsabilidade é principalmente dos pastores de igrejas históricas que traindo e abandonando os compromissos que fizeram por ocasião de sua consagração e ordenação, adotaram eles mesmos estas práticas estranhas ao cristianismo histórico, no afã de crescer, ganhar adeptos e aumentar o seu ministério. E não podemos esquecer que se as seitas neopentecostais têm um grande volume de adeptos, isto se deve também ao fato de que tem muita gente interessada em Deus por motivos errados, como saúde, prosperidade e sucesso, deixando a razão maior para trás, que é a glória do próprio Deus.

ECLÉSIA: Os últimos números das pesquisas apontam para um aumento grande do número de pessoas que acreditam em Deus mas não tem uma religião específica. Ou, pelo menos, que não estão em uma denominação evangélica. Provavelmente, porque já estiveram e saíram. Quem é o maior culpado por isso: os abusos cometidos pelos líderes ou o triunfalismo pregado dos púlpitos e que, na prática, não alcança resultados?
Acho que as duas coisas. E devemos nos humilhar e nos penitenciar diante de Deus por isto. Mas eu ainda acrescentaria uma terceira razão, que é a tendência do coração humano de não se sujeitar à disciplina, liderança, governo espiritual e a seguir normas e regras. As igrejas cristãs – pelos menos as sérias – são organizadas de acordo com o padrão bíblico, têm uma liderança espiritual constituída e seguem normas encontradas na Palavra de Deus. Obviamente nem todo mundo tem disposição para fazer parte de uma comunidade onde ficará sujeito a cobranças, questionamentos e perguntas sobre sua vida individual, sobre seu comportamento, hábitos e decisões. Ou seja, muita gente que se considera evangélica não quer a responsabilidade inerente à membresia de uma igreja séria. Em resumo, o crescimento do número dos desigrejados se dá tanto pela falha da igreja organizada quanto pela rebeldia de boa parte dos próprios desigrejados.

ECLÉSIA: Em seu último livro, o senhor aborda temas como o fato do crente ficar ou não doente e a prática de expulsar o diabo. Particularmente, o senhor já viu casos escabrosos ou até esteve presente diante de práticas estranhas e que o motivaram a escrever sobre isso? Pode falar sobre elas?
Sobre crentes ficarem doentes, não creio que precisemos dar evidências e provas disto. É claro que ficam. E nem sempre é falta de fé, resultado de um pecado específico ou demonização. Já orei por gente que ficou boa e também por gente que morreu em seguida. É Deus quem cura, quando quer e se quiser. Já me deparei com diversos casos de possessão demoníaca em meu ministério. Alguns deles, verifiquei em seguida, não se tratavam realmente de possessão. Mas pelo menos dois deles só consigo explicar como sendo casos reais de possessão demoníaca. Acredito que a possessão demoníaca é uma realidade em nossos dias, mas não acredito que tudo que se considera como tal, nas igrejas neopentecostais, é de fato possessão. Há muita mistificação e engano, muita confusão de sintomas de doenças mentais e distúrbios psicológicos com demonização.

ECLÉSIA: Mas batalha espiritual é um assunto bíblico. Só que o senhor já disse que esse conceito foi contaminado pelo paganismo que se infiltrou no meio eclesiástico. Como assim?
Sem dúvida, a batalha espiritual é um assunto totalmente bíblico. Paulo nos diz em Efésios 6 que nossa luta real é contra os principados e potestades, as forças espirituais do mal nos lugares celestiais. Não tenho dúvidas quanto a isto. Satanás é real e suas tentações e seu poder são reais. Ele está presente e ativo no planeta Terra, como já disse alguém. O problema não é este, mas sim como enfrentamos Satanás e suas forças. O moderno movimento de batalha espiritual ensina conceitos e práticas que não encontram fundamentação bíblica, como quebra de maldições, espíritos territoriais, oração de guerra, mapeamento espiritual, cobertura espiritual, demônios associados com doenças específicas, associação dos nomes das divindades pagãs do umbandismo com espíritos malignos determinados, - enfim, a lista é grande. Procuramos em vão no relato bíblico da vida e obra de Jesus e dos apóstolos evidências de que eles faziam mapeamento espiritual, demarcação de território, amarração de potestades, quebra de maldições. Para mim, a igreja não deve adotar práticas que não sejam claramente apoiadas pela Escritura. A fonte de autoridade para estas práticas no movimento de batalha espiritual não é a Bíblia, mas declarações de pessoas endemoninhadas, sonhos, visões, palavras proféticas, supostas revelações e outras fontes subjetivas que acabam tomando o lugar da Palavra de Deus na vida do crente e da igreja. Isso tudo abre a porta para a entrada de crendices, misticismo e paganismo na igreja.

ECLÉSIA: Por outro lado, o senhor diz que não é totalmente contra o Natal. Mas essa festa não tem origens e práticas pagãs, como a própria árvore e as luzinhas? Não seria uma contradição?
As festividades natalinas modernas com árvore de natal, luzinhas, Papai Noel, ceia com peru, troca de presentes e onde nem se menciona o nome de Jesus Cristo são claramente uma prática não cristã. A origem desta prática realmente é pagã, mas não a idéia de celebramos o nascimento do nosso Salvador Jesus Cristo. Se os anjos se alegraram com o nascimento dele, formando um coral celestial para entoar louvores a Deus, se os pastores e os magos foram adorá-lo e se a encarnação de Deus Filho é considerada na Bíblia um evento crucial da história da salvação – sem o qual não haveria sua morte e a sua ressurreição – vejo como perfeitamente cristão celebrar o nascimento do Salvador. Como não sabemos a data exata de seu nascimento, seguimos a antiga convenção cristã de fazê-lo no dia 25 de dezembro. Poderia ser em outro dia qualquer. Natal não é dia santo.

ECLÉSIA: As igrejas por aqui geralmente são acusadas de copiar tudo dos Estados Unidos. De bom e de ruim. Inclusive, práticas espirituais, demonizando a cultura nacional. De que maneira podemos forjar uma espiritualidade bíblica e ao mesmo tempo brasileira?
É um equívoco demonizar a cultura brasileira – ou outra qualquer – como um todo. Como calvinista, creio na graça comum, isto é, que Deus abençoa as pessoas com habilidade e capacidade para fazerem arte, música, cultura, descobertas científicas, mesmo aquelas que não o conhecem e até o negam. Portanto, encontraremos em qualquer cultura coisas boas que refletem a bondade do Criador. Além disto, a verdadeira espiritualidade não tem nacionalidade e transcende as barreiras geográficas e étnicas. Os profetas e os apóstolos eram judeus e viveram numa cultura antiga que já nem existe mais, o Antigo Oriente. Todavia, a espiritualidade deles é a base da nossa. A verdadeira espiritualidade consiste em viver neste mundo de acordo com a vontade de Deus revelada nas Escrituras. E isto nos Estados Unidos, no Brasil ou na China. É claro que o homem espiritual haverá de adaptar-se à sua cultura, mas a base e a fonte de sua espiritualidade sempre será a pessoa de Jesus Cristo, conforme revelada nas Escrituras. Isto não significa negar que se copia muita coisa aqui, não só dos Estados Unidos, mas da Coréia, por exemplo. Todavia, se o que os crentes americanos estão fazendo é biblicamente correto e saudável, qual é o problema em aprender com eles ou com crentes da China e da África? Tem muito nacionalismo irracional no meio evangélico. Tem gente que fala de teologia brasileira, louvor brasileiro, espiritualidade brasileira como se fosse possível isolar este ente etéreo chamado “brasilianidade” da cultura global em que vivemos hoje. As próprias culturas em que a Bíblia nasceu e foi escrita eram misturadas. Copiavam-se práticas, costumes e tradições. Não vejo nenhum problema em aproveitar o que cristãos de outros países fazem certo, desde que o critério final seja a coerência e a conformidade com as Escrituras.

ECLÉSIA: Qual a maior ameaça à Igreja brasileira: as inovações neopentecostais, o liberalismo, o fundamentalismo, o teísmo aberto ou as novas tentativas de reforma?
Cada um destes movimentos representa uma ameaça em seus próprios termos. Eu diria que o liberalismo teológico e as inovações pentecostais são as mais perigosas pelo volume de adeptos e pelo radicalismo. O teísmo aberto é um movimento praticamente defunto no Brasil, pois não encontrou respaldo quer entre os calvinistas, quer entre os arminianos, em razão de negar uma doutrina preciosa para ambos, que é a onisciência de Deus.

ECLÉSIA: Ultimamente os emergentes e grupos que combatem a aridez e os modismos de grandes denominações aparecem como opção para uma nova espiritualidade. O que o senhor pensa dela?
Existem vários tipos de emergentes. Há um movimento dentro dos emergentes que se identifica com o liberalismo teológico e sobre este movimento a minha opinião é a mesma que tenho sobre os liberais. Mas há um movimento emergente que quer manter o compromisso com as doutrinas centrais da Palavra de Deus, com a pregação bíblica, com uma vida pautada pelas normas cristãs de amor ao próximo e santidade de vida. E ao mesmo tempo, querem ser relevantes para sua geração. Eles defendem um culto diferente dos cultos das igrejas tradicionais, mais informal, com música contemporânea e uma ordem litúrgica menos elaborada. Há inclusive um movimento vigoroso de reapreciação pela teologia e práxis da Reforma protestante, que vem exercendo muita influência nas igrejas históricas e nas pentecostais. Eu vejo com muita simpatia este movimento.

ECLÉSIA: Falando em debate e em polêmica, recentemente houve uma discussão pelas redes sociais entre o bispo Edir Macedo, líder da IURD, e a cantora e pastora batista Ana Paula Valadão sobre as manifestações do Espírito Santo. Um dizia que só cai no chão quem é endemoninhado. A outra, que alguém que recebe a unção de Deus pode cair. Como o senhor vê esse debate?
Não acompanhei esta discussão, mas estou familiarizado com o assunto. Estive a muitos anos na Igreja do Aeroporto, em Toronto, da Vineyard, onde começou o movimento da “bênção de Toronto,” que é onde nasceu esta prática de “cair no Espírito.” Estranhei bastante o que vi lá, pois ao comparar as quedas com os relatos de quedas na Bíblica ficava evidente o contraste. Na Bíblia, as pessoas que caíram diante da presença de Deus caíram sobre seus rostos e joelhos, não de costas. Caíram diante do descobrimento do seu próprio pecado, da santidade de Deus ou da glória de Cristo. Em nenhuma destas ocorrências as quedas aconteceram por causa de unção com óleo ou imposição de mãos dos profetas, de Jesus e dos apóstolos. E não encontramos em lugar nenhum da Bíblia qualquer orientação para os crentes sobre este assunto. No caso dos endemoninhados, também não há qualquer registro de gente endemoninhada caindo quando Jesus ou os apóstolos lhes impuseram as mãos. Sempre, o que havia, era a expulsão imediata dos demônios, sem muita conversa. Assim, se eu for tomar a Bíblia como referencial, eu diria que não temos como demonstrar biblicamente que pessoas cheias do Espírito caem no chão e nem que endemoninhados caem no chão na hora do exorcismo.

ECLÉSIA: Já se falou muito em dentes de ouro, risada santa e até em adoração extravagante. Que modismos estão afetando atualmente a Igreja e com quais crentes e lideranças devem ficar atentos?
A lista é grande demais para caber aqui numa entrevista destas... sugiro que consultem o blog do Pr. Renato Vargens, que documenta em detalhes estes modismos.

ECLÉSIA: Em partes tudo isso também não é culpa das lideranças e da formação que elas recebem nas faculdades teológicas? Ou da falta de formação para quem não estuda? Um de seus textos, no último livro, questiona por que tantos seminaristas perdem a fé...
Sem dúvida. Quando um pastor desconhece a história da igreja, a história das doutrinas, a teologia bíblica e teologia sistemática, quando ele não tem nem mesmo as noções mais básicas de grego e de hebraico, quando lhe falta o conhecimento dos grandes credos e confissões da igreja cristã, desconhece as polêmicas teológicas e a obra dos grandes vultos da Igreja Cristã, sua tendência será levar avante o seu ministério na base do improviso, da intuição e do pragmatismo. Ele vai usar como modelo aquelas instituições religiosas que aparentemente conseguiram sucesso em arrebanhar pessoas. Pior ainda, se nos seminários e institutos bíblicos ele teve professores liberais, sairá no mínimo um pastor confuso, incerto e sem convicção sobre nada – e portanto aberto a todo tipo de prática e crença que lhe garanta a posição e o sustento.

ECLÉSIA: Há pouco tempo, o país enfrentou o debate sobre o ensino do criacionismo nas escolas. Depois, a discussão foi sobre o ensino religioso. Como chanceler de uma das mais importantes universidades confessionais brasileiras, de que forma vê a questão?
Esse assunto é muito complexo. A Constituição brasileira e a Lei de Diretrizes e Bases reconhecem a educação confessional, que é aquela feita por instituições de ensino que se orientam por uma ideologia específica. Portanto, instituições de ensino confessionais têm liberdade de ensinar sua ideologia desde que cumpram satisfatoriamente os requisitos e parâmetros curriculares determinados pelo MEC. Não creio que se deva abolir o ensino do evolucionismo nas escolas confessionais. Mas creio que ao lado do evolucionismo se deveria mostrar que existe outra opinião, defendida por cientistas renomados e sérios, quanto à questão da origem das espécies, como, por exemplo, a teoria do Design Inteligente. Isto cumpriria perfeitamente o ideal de pluralidade que se espera de uma escola e de uma universidade. Como está, apenas uma posição é ensinada, como se a mesma não fosse contestada por muitos. É uma ilusão pensar que o ensino pode ser feito de maneira isenta, neutra ou cientificamente laica. Não existe isto. Toda educação parte de uma visão de mundo pré-concebida. Se não for uma cosmovisão religiosa, será uma materialista, humanista, naturalista ateísta, marxista... Portanto, o ensino confessional cristão tem legitimidade. Sobre o ensino religioso, acho que num país onde cerca de 90% da população diz crer em Deus e estar afiliada a alguma religião por si só já é argumento suficiente para não se ignorar a dimensão religiosa e o papel importante que ela desempenha na vida dos brasileiros.

ECLÉSIA: Universidades confessionais têm enfrentado várias crises nos últimos tempos. Tome-se como exemplo a PUC de São Paulo e a Ulbra do Rio Grande do Sul. Não estão administrando o ensino como tomam conta das igrejas? Como o senhor avalia a situação das escolas confessionais e o que o Mackenzie tem a ensinar sobre o assunto?
Eu diria apenas que o setor educacional privado no Brasil, como um todo, atravessa profundas dificuldades administrativas, financeiras e estruturais. As instituições confessionais de ensino, inclusive as universidades confessionais também são atingidas, algumas mais, outras menos. Os desafios são muito grandes.

ECLÉSIA: Recentemente, o Mackenzie foi alvo de protestos por parte de ativistas homossexuais por conta de um texto em seu site que criticava o PLC 122/06. Como o senhor vê esse debate sobre o casamento gay no Brasil? Os evangélicos não correm sérios riscos de serem submetidos a uma mordaça?
É preciso esclarecer os fatos. O que foi publicado no site do Mackenzie nada mais era que o posicionamento da Igreja Presbiteriana do Brasil tomado em 2007 pelo seu Supremo Concílio. Estava no site do Mackenzie desde aquele ano, pois a IPB é a Associada Vitalícia da instituição e suas decisões precisam ser conhecidas. É claro que toda violência feita a um homossexual deve ser punida. Quem agride gays deve ser preso e responder a processo. Aliás, quem agride qualquer cidadão brasileiro, independentemente de sua escolha sexual, deve ser preso. É lamentável quando jovens saem às ruas de noite para espancar gays e travestis. Não podemos concordar jamais com este tipo de atitude – da mesma forma que não podemos concordar com agressões feitas a qualquer pessoa. Acredito que as pessoas têm o direito de escolher o tipo de vida que desejam levar e que não deveriam agredir nem afrontar quem pensa diferente. A Constituição Brasileira garante o direito à liberdade de consciência, religião e expressão. Assim sendo, não posso apoiar nenhum projeto que intente dar direitos especiais a um grupo de brasileiros em detrimento da liberdade de consciência, expressão e religião de outros. Sobre o casamento gay, é claro que sou contra, pois além do conceito ser contrário às minhas convicções cristãs, considero-o um fator de risco para a família. Quanto à mordaça sobre os evangélicos, é bem possível que venha a acontecer, mas a Igreja cristã nunca deixou de cumprir o seu papel de anunciar o perdão de Deus aos pecadores arrependidos mesmo em sociedades hostis, como no primeiro século da era cristã, sob o Império Romano. Lá não tinha mordaça, mas leão, cruz e espada para os dissidentes.

ECLÉSIA: Há pouco, quem esteve no Mackenzie foi John Piper, participando de debates que tiveram sua presença e a de Russel Shedd. Nos últimos anos, a universidade tem sido palco de congressos e grandes eventos que atraíram importantes nomes da fé cristã. De que maneira isso ajuda no amadurecimento da fé evangélica no país?
A realização destes eventos só é possível por causa do apoio da alta direção do Mackenzie, que é composta de cristãos sérios e comprometidos com a qualidade da educação e a visão cristã de mundo. A visão deles, da qual sou um dos executores como Chanceler, é de que o Mackenzie deve contribuir para a sociedade não somente oferecendo ensino de alta qualidade, como vem fazendo há décadas, mas também mostrando que o Cristianismo não exige que abandonemos a intelectualidade, a erudição, a cultura e o bom senso. Por isto, trazemos nomes de peso mundial para nos falar. Para o ano que vem (2012) planejamos trazer Dra. Nancy Pearcey, renomada historiadora da ciência, Dr. W. Lane Craig, um dos apologetas cristãos mais conhecidos hoje, que atua junto às grandes universidades do mundo, Dr. Michael Behe, cientista e biólogo renomado e considerado o pai da teoria do Design Inteligente, além do Pr. Paul Washer, um dos pregadores mais conhecidos dentre aqueles cujo ministério é voltado para os jovens.

ECLÉSIA: O senhor é um entusiasta da internet. Seus textos no blog já viraram até livro. A Igreja tem aproveitado bem a tecnologia e as redes sociais? Ou o mundo virtual é mais uma ameaça à fé do real?
A igreja tem aproveitado bem a tecnologia e as redes sociais. Os evangélicos têm presença marcante nas mídias sociais. Mas, é claro, esta participação pode melhorar, com a inserção de material mais sólido, sério, e que tenha potencial para formar esta nova geração. Portanto, não vejo a tecnologia como uma ameaça – desde que corretamente usada, como tudo o mais na vida.

ECLÉSIA: O senhor é reverendo presbiteriano mas tem trânsito entre várias correntes e denominações. Durante muito tempo, a Igreja Presbiteriana foi criticada por ser fechada. Isso está mudando?
No que tange à minha denominação, não creio que a Igreja Presbiteriana do Brasil tenha sido fechada no passado. Os presbiterianos sempre foram abertos para os irmãos de denominações reconhecidamente evangélicas. Não rebatizamos quem vem destas denominações e servimos a Ceia a todos os que são membros de igrejas evangélicas. Não temos proibição de convidarmos pregadores de outras denominações para nossos púlpitos e nem de participarmos de eventos conjuntos com eles. O que realmente não concordamos é com aqueles que se dizem cristãos mas negam a inerrância da Palavra de Deus, os milagres da Bíblia, a ressurreição de Cristo e sua morte vicária. Também queremos distância das práticas neopentecostais e das seitas. Quanto à minha pessoa, se tenho algum trânsito em outros setores evangélicos isto talvez se deva à principal ênfase do meu ministério, que é pregar expositivamente a Palavra de Deus. Evangélicos de todas as denominações amam a Bíblia e gostam de ouvir explicações sobre ela feitas com simplicidade e clareza.

ECLÉSIA: Sua trajetória pessoal é pontuada por uma sólida formação acadêmica. Sempre que isso acontece, surge o questionamento: como conciliar conhecimento com uma fé viva e dinâmica. Qual é seu segredo? O que diria para jovens ministros que estão começando a carreira e não querem deixar de crer diante de uma Igreja com tantos problemas?
Conhecimento e fé viva não são opostos e nem inimigos. Essa dicotomia é resultado da visão iluminista e racionalista de mundo que prevalece na cultura ocidental desde o século dezoito, que estabeleceu a razão como o critério final da realidade. Antes disto, este conflito estava ausente na vida dos grandes cientistas que nos deram a moderna ciência e que eram, na maior parte, cristãos. Todo conhecimento pressupõe um princípio unificador que serve de orientação e sustentação. A crença na existência de um Deus criador, que é amor e justiça, santidade e misericórdia, que fez o mundo segundo princípios e leis e criou o ser humano à sua imagem, funciona perfeitamente como princípio unificador para o conhecimento. Sendo assim, meu conselho aos jovens pastores é que cultivem a sua mente com a mesma energia com que cultivam a sua vida devocional. Estudem, pesquisem, escrevam, perguntem, discutam. Procurem não somente uma sólida formação espiritual como também bíblico-teológica-geral.

Fonte via: http://tempora-mores.blogspot.com/2012/01/uma-analise-dos-evangelicos-hoje.html

Divulgação: http://luis-cavalcante.blogspot.com

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

A Confissão de Fé de Westminster: Da Fé Salvadora

Pr. Daniel Carneiro

I. A Fé e os Eleitos

A Confissão de Fé aqui chama nossa atenção para dois pontos. Ela diz:
1. “Os eleitos são habilitados a crer para a salvação das suas almas”.
De acordo com este parágrafo, a fé salvadora é uma dádiva ou dom de Deus que só os eleitos possuem. Os não-eleitos podem até desenvolver algum tipo de fé, como:
    1. Fé Histórica que é uma simples compreensão da verdade, mas vazia de qualquer propósito moral ou espiritual.
    2. Fé Miraculosa que é a convicção que uma pessoa tem em sua mente que um milagre será realizado por ela ou em favor dela.
    3. Fé Temporal que é a convicção das verdades religiosas que uma pessoa possui, mas que não tem suas raízes num coração regenerado.
Além destes tipos de fé, há a fé salvadora que tem sua sede no coração e suas raízes na vida regenerada. Esta fé salvadora é apenas dos eleitos de Deus (Ef 2.8; 2 Ts 3.2; Tt 1.1).
Esta fé salvadora
2. “É a obra que o Espírito de Cristo faz nos corações deles (eleitos)”.
O Espírito Santo é quem capacita os eleitos a crerem, derramando a fé salvadora nos corações deles. Para produzir a fé salvadora nos corações dos eleitos, O Espírito Santo se utiliza da instrumentalidade da Palavra de Deus que Ele mesmo inspirou. A Confissão de Fé diz que a fé salvadora “é ordinariamente operada pelo ministério da Palavra” (Rm 10.14,17).

II. A Fé e a Palavra de Deus

A Confissão de Fé aqui chama nossa atenção para três pontos. Ela diz:
1. “Por essa fé o cristão... crê ser verdade tudo quanto nela é revelado”.
É um contra-senso um crente  que não crê na Palavra de Deus. Infelizmente, há muitos que se chamam “crentes”, mas que não acreditam em certas passagens da Escritura que falam, por exemplo, de milagres, da encarnação do Filho de Deus, da Sua ressurreição etc., afirmando que tais passagens são mitológicas ou ficção religiosa e não fatos verdadeiros ou históricos. Dizem ainda que passagens que falam do céu  e do inferno, da salvação e da condenação, da segunda vinda de Cristo, do juízo final, da ressurreição dos mortos, são simbólicas e não literais.
Esta postura é de incrédulos, não de crentes. O crente, necessariamente crê na Palavra de Deus, pois, Ela é a verdade de Deus (Jo. 17.17; 20.27; At 24.14; 1 Ts 2.13).
2. “Por essa fé o cristão... age de conformidade com aquilo que cada passagem contém em particular, prestando obediência aos mandamentos, tremendo às ameaças a abraçando as promessas de Deus para esta vida e para a futura”.
Nos sempre agimos de acordo com o que cremos. Por exemplo, se alguém diz que há uma cobra em nossa cama e cremos nesta notícia, providenciamos uma maneira de matar o bicho. Ou se alguém diz que nossa casa está em chamas e cremos nisso, procuraremos fugir do local e providenciaremos chamar os bombeiros para apagar o fogo.
Assim se dá com a Palavra de Deus. Se realmente cremos Nela, nos Seus mandamentos, nas Suas ameaças, nas Suas promessas, devemos agir de acordo com tudo isso (Mt 7.24-27).
3. “Os principais atos da fé salvadora são aceitar e receber a Cristo e firmar-se só nele para a justificação e vida eterna”.
Isto é, somente em Cristo há salvação e vida eterna. Fora de Cristo o que espera os homens são as trevas do inferno (Jo. 1.12; At 15.11; 16.31).

III. A Fé e Seus Graus

“Esta fé é de diferentes graus, é fraca ou forte... mas sempre alcança a vitória”.
Quando a fé é forte, o crente tem perfeita segurança em Cristo; porém, quando a fé é fraca o crente não tem perfeita segurança em Cristo e chega a afirmar que não tem certeza da sua salvação. A Confissão de Fé diz que a fé “sempre alcança a vitória”, ou seja, a fé sempre avança para a maturidade. Ela se fortalece. Mas, como o crente pode alcançar o crescimento da sua fé? A Confissão diz que para que a fé seja aumentada nos crentes, O Senhor providenciou a “administração dos sacramentos e a oração”, para serem usados legitimamente pelos crentes.
O problema com muitos crentes é que eles não têm uma vida de oração e negligenciam os sacramentos, especialmente a ceia, participando dela apenas de vez em quando. O resultado disso é uma fé fraca.
Que Deus nos livre desta negligência para que tenhamos sempre uma fé forte.

_________________________
Sobre o autor:
O Pr. Daniel Carneiro da Silva é ministro da IPB e está à procura de campo. É professor de Teologia Sistemática, Teologia Contemporânea, Religião e Sociedade Pós-Moderna e Símbolos de Fé no Seminário Presbiteriano do Norte (SPN), em Recife.

A Transfiguração: Exposição de Lucas 9.28-36



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Leia Lucas 9.28-36
O evento descrito nestes versículos, habitualmente chamado de “a transfiguração”, é um dos mais notáveis na história do ministério terreno de nosso Senhor. É uma passagem que sempre devemos ler com especial gratidão. Remove uma parte do véu que permanece sobre as coisas referentes ao mundo por vir e esclarece algumas das verdades mais profundas do cristianismo.
Primeiramente, esta passagem nos mostra algo da glória que Cristo terá em sua segunda vinda. Somos informados que “a aparência do seu rosto se transfigurou e suas vestes resplandeceram de brancura”; e os discípulos que estavam com Ele “viram a sua glória”.
Não devemos ter dúvidas de que esta maravilhosa visão aconteceu com o propósito de encorajar e fortalecer os discípulos de nosso Senhor. Eles tinham acabado de ouvir a respeito da crucificação e morte de seu Senhor, do negar a si mesmos e dos sofrimentos aos quais teriam de sujeitar-se, se desejassem ser salvos. Agora foram animados por meio de uma breve contemplação “da glória que os seguiria” (1Pe 1.11) e da recompensa que todos os fiéis servos de Cristo um dia receberiam. O Senhor lhes fizera ver o dia de sua própria fraqueza; agora estavam contemplando, por alguns minutos, uma amostra de sua glória futura.
Devemos nos fortalecer com o pensamento de que para todos os verdadeiros crentes encontram-se entesouradas coisas boas, que compensarão as aflições do tempo presente. Agora é o tempo de tomar a cruz e compartilhar da humilhação de nosso Senhor. A coroa, o reino e glória ainda estão por vir. No presente, Cristo e seu povo, assim como Davi, encontram-se na caverna de Adulão, desprezados e considerados insignificantes pelo mundo. Parece não haver beleza e formosura nEle e em sua obra. Mas vem a hora, e será em breve, quando Cristo exercerá seu grande poder, reinará e colocará os inimigos debaixo de seus pés. Então, a glória que, durante alguns minutos, foi vista apenas por três discípulos no monte da Transfiguração será contemplada por todo o mundo e não será mais ocultada por toda a eternidade.
Em segundo, esta passagem nos mostra a segurança de todos os verdadeiros crentes que partiram deste mundo. Quando nosso Senhor apareceu em glória, Moisés e Elias foram vistos em pé ao seu lado, conversando com Ele. Moisés morrera havia mais de quinze séculos. Elias fora levado ao céu em um redemoinho há mais do que novecentos anos antes deste acontecimento. No entanto, estes dois homens crentes foram vistos novamente, vivos e, não somente vivos, em glória.
Devemos nos consolar no bendito pensamento de que a ressurreição e a vida futura são realidades. Tudo não acaba quando morremos. Existe outro mundo além desta vida. Mas, acima de tudo, devemos nos fortalecer com o pensamento de que até que o dia amanheça e aconteça a ressurreição, o povo de Deus está seguro na companhia de Cristo. Muitas coisas a respeito da atual condição deles são profundamente misteriosas para nós. Em que lugar específico está a habitação deles? O que eles sabem a respeito das coisas que acontecem na terra? Estas são perguntas que não podemos responder. Mas para nós deve ser o bastante saber que Jesus está cuidando deles e os trará juntamente consigo no último dia. Aos seus discípulos Ele mostrou Elias e Moisés, no monte da Transfiguração, e nos mostrará, em sua segunda vinda, todos os que já morreram em Cristo. Nossos irmãos em Cristo estão sendo bem preservados; estão salvos e apenas nos antecederam.
Em terceiro, esta passagem nos mostra que os santos do Antigo Testamento que estão na glória se interessavam intensamente na morte expiatória de Cristo. Quando Moisés e Elias apareceram em glória ao lado de Cristo, no monte da Transfiguração, conversaram com Ele. E qual era o assunto da conversa? Não precisamos fazer suposições e imaginar coisas a respeito disto. “Falavam da sua partida, que ele estava para cumprir em Jerusalém.” Conheciam o significado daquela morte. Sabiam quantas coisas dependiam da morte de Cristo. Portanto, “falavam” a seu respeito.
É um grave erro supor que os crentes do Antigo Testamento nada sabiam no que se refere ao sacrifício que Cristo deveria oferecer pelos pecados dos homens. Sem dúvida, a luz que possuíam era menos nítida do que a nossa. Viam à distância e sem clareza coisas que vemos como se estivessem bem próximas aos nossos olhos. Porém não existe a menor evidência de que os crentes do Antigo Testamento olhavam para qualquer outra satisfação dos seus pecados, exceto aquela que Deus prometera realizar, ao enviar seu Messias. Desde Abel em diante todos os crentes do Antigo Testamento parecem ter descansado na promessa de um sacrifício e de um sangue de onipotente eficácia que ainda se manifestaria. Desde o começo do mundo, sempre existiu tão-somente um fundamento de esperança e paz para os pecadores — a morte de um poderoso Mediador entre Deus e os homens. Este fundamento é a verdade central de todo o cristianismo. Foi o assunto a respeito do qual Moisés e Elias estavam conversando, quando apareceram em glória. Falavam sobre a morte de Cristo.
Observemos que a morte de Cristo é o alicerce de toda a nossa confiança. Nada mais nos outorgará conforto na hora da morte e no Dia do Juízo. Nossas próprias obras são imperfeitas e defeituosas. Nossos pecados são mais numerosos do que os cabelos de nossa cabeça (SI 40.12). A morte por nossos pecados e a ressurreição de Cristo em favor de nossa justificação têm de ser a nossa única garantia, se desejamos ser salvos. Feliz é aquela pessoa que aprendeu a cessar suas obras e a se gloriar unicamente na cruz de Cristo! Se os crentes na glória veem na morte de Cristo tanta beleza, que sentem necessidade de conversar sobre ela, quanto mais deveriam fazê-lo os pecadores na terra.
Por último, esta passagem nos mostra a imensa distância que existe entre Cristo e todos os outros ensinadores que Deus outorgou à humanidade. Lucas nos conta que Pedro, “não sabendo… o que dizia”, propôs fazerem “três tendas”: uma seria para Jesus, outra, para Moisés, e outra, para Elias; como se os três merecessem a mesma honra. Mas esta proposta foi imediatamente censurada de maneira notável: “Veio uma voz, dizendo: Este é o meu Filho, o meu eleito; a ele ouvi”. Aquela era a voz de Deus, o Pai, reprovando e instruindo. Aquela voz proclamou aos ouvidos de Pedro que, embora Moisés e Elias fossem grandes, ali estava Alguém que era maior do que eles. Moisés e Elias eram apenas súditos, Jesus era o Filho do Rei. Eles eram apenas pequenas estrelas; Jesus era o Sol. Eram apenas testemunhas; Jesus era a própria verdade.
Estas solenes palavras do Pai devem sempre ecoar em nossos ouvidos e tornarem-se o conceito fundamental de nosso cristianismo. Honremos os ministros do evangelho por amor ao Senhor deles. Sigamos os seus ensinos até ao ponto em que eles seguem a Cristo. Entretanto, nosso principal objetivo deve ser ouvir a voz de Cristo e O seguir por onde quer que Ele vá. Outros podem ouvir a voz da igreja e se contentarem em dizer: “Escuto este ou aquele pastor”. Jamais nos sintamos satisfeitos, a menos que o Espírito Santo testifique em nosso coração que ouvimos a voz do próprio Cristo e somos discípulos dEle.
 
Fonte: J. C. Ryle, Meditações no Evangelho de Lucas (Editora Fiel), p. 151-153.
Extraído de www.monergismo.com

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Biografia do Missº Philip Landes

 Por Rev. Alderi Sousa Matos (Ministro Presbiteriano e Historiador)

Missionário em Mato Grosso e professor do Seminário de Campinas
Philip Landes nasceu em Botucatu, Estado de São Paulo, no dia 22 de junho de 1883. Foi o segundo dos dez filhos do Rev. George Anderson Landes e D. Rebecca Margaret N. Sheeder Landes. No dia do seu nascimento, estava hospedada em sua casa a Sra. Alexandrina Teixeira da Silva Braga, da qual recebeu os primeiros cuidados. Era esposa do candidato ao ministério João Ribeiro de Carvalho Braga e mãe do futuro Rev. Erasmo Braga, então com seis anos. Os pais do recém-nascido haviam chegado ao Brasil menos de dois anos antes, em agosto de 1881, indo fundar o trabalho presbiteriano em Botucatu, situada no extremo oeste do estado, na fronteira das terras habitadas pelos indígenas.
Em novembro de 1885, a família Landes se transferiu para Curitiba, onde o futuro missionário viveu sua infância. Às vezes acompanhava o pai em suas viagens evangelísticas. Estudou até 1896 na Escola Americana, dirigida pelas professoras Mary P. Dascomb e Elmira Kuhl. No ano seguinte, deu continuidade aos estudos no Mackenzie College, em São Paulo. Em 1898, a família seguiu em gozo de férias para os Estados Unidos, onde o filho continuaria os estudos preparatórios e começaria a cursar o Wooster College, no Estado de Ohio. Em 1902, com 19 anos, o jovem voltou ao Brasil com a família, passando dois anos como vigilante e professor de inglês e álgebra na Escola Americana, em São Paulo.
Regressou a Wooster em 1905, concluindo o “college” dois anos mais tarde. Seguiu então para o Seminário Teológico de Princeton. Segundo suas próprias palavras, ele jamais pensou na possibilidade de fazer outra coisa na vida senão pregar o evangelho. Lembrava-se que, quando criança em Curitiba, costumava pregar aos animais recolhidos em um estábulo nos fundos de sua casa. Em 1910, o seminário lhe conferiu o grau de bacharel em teologia, e mais tarde, durante suas férias missionárias, o de mestre em teologia. Recebeu ainda o grau de mestre em artes da Universidade de Princeton. Foi ordenado ao ministério no dia 13 de maio de 1910.
Ao deixar o Seminário de Princeton, assumiu o pastorado de uma pequena igreja e matriculou-se na Escola de Medicina da Universidade Cornell, em Nova York, acreditando que o duplo título de pastor e médico lhe daria possibilidades muito maiores de serviço no campo missionário. Além disso, inspirou-se no exemplo de sua irmã Pauline, que havia morrido inesperadamente em 1908 perto de concluir o curso de medicina. Após dois anos de estudos, atendendo aos argumentos de alguns amigos sobre a urgente necessidade de obreiros, interrompeu o curso de medicina e regressou imediatamente ao Brasil, em 1912. Seu treinamento médico se mostraria valioso nos anos seguintes. Inicialmente a Missão determinou que ele fosse auxiliar o Rev. Henry McCall em Caetité, no sul da Bahia. Cheio de entusiasmo, viajou extensamente por todo o campo, visitando locais como Carinhanha, Cocos, Santa Maria da Vitória e Bom Jesus da Lapa.
Em 16 de junho de 1915, casou-se em Vila Americana, São Paulo, com Margaret Bookwalter Hall, nascida em 1884, filha do casal Charles Moses Hall e Mary Elizabeth Miller Hall. Ele havia conhecido essa família durante os estudos no Mackenzie. Margaret, que tinha uma irmã gêmea, Julia, foi a última das irmãs Hall a se casar com um missionário presbiteriano. Seu casamento foi o último a realizar-se em Vila Magnólia, a residência dos pais em Americana. Após breve visita a Curitiba, seguiram para a longínqua Cuiabá, onde o trabalho presbiteriano havia sido iniciado recentemente pelo Rev. Franklin Floyd Graham. A cidade era uma fronteira primitiva, onde se misturavam fugitivos da justiça, garimpeiros e índios selvagens, por vezes com grande violência. Foi um grande desafio para o novo missionário e sua esposa.
Foram recebidos pela família Dias, os únicos protestantes de Cuiabá. O Sr. João Pedro Dias (1867-1930) era um cearense que havia se convertido em Recife, filiando-se à igreja congregacional. Em fevereiro de 1899, mudou-se para Cuiabá trazendo um grupo de migrantes cearenses. Era casado com Maria Dias de Melo, que lhe deu seis filhos e faleceu em 1906. Mais tarde, casou-se em segundas núpcias com Maria José Dias, com quem teve a filha Tabita. Sendo muito empreendedor, implantou a primeira companhia telefônica da cidade (1909) e a primeira usina de energia elétrica (1919). Realizava cultos em sua residência antes da chegada dos missionários presbiterianos.
O casal Landes alugou uma casa e comprou a única cama da cidade: as pessoas dormiam em redes, temendo que escorpiões, aranhas ou mesmo cobras subissem nas camas. Além das atividades pastorais, o Rev. Landes destacou-se como polemista, evangelista e professor. Quando os franciscanos começaram a atacar o protestantismo em seu semanário A Cruz, respondeu por meio da imprensa leiga. Nas colunas de um periódico da cidade, manteve memorável polêmica com D. Francisco de Aquino Corrêa, o bispo local que acabava de ser nomeado governador do estado. No interesse da causa evangélica, lecionou inglês no Ginásio do Estado, o Liceu Cuiabano, e fez muitas amizades nos círculos educacionais. Sua irmã Maud chegou em 1916 para auxiliar na área educacional. Ela fundou uma escola primária que três anos mais tarde foi transferida para Buriti, na Chapada dos Guimarães. Margaret se dedicou às famílias e às mulheres, visitando, consolando, mostrando como melhorar a alimentação, tratando de enfermidades, ensinando a ler e escrever, bem como costura e culinária.
A partir de 1917, Filipe fez de Cuiabá o ponto de irradiação do evangelho para muitas partes do estado, visitando Brotas, Rosário, Cáceres, Guia, Poconé e outros locais. Em 1919, passou a contar com a colaboração de um novo missionário, o Rev. Adam John Martin. A congregação de Cuiabá experimentou nítido crescimento, sendo organizada em igreja no dia 12 de outubro de 1920, com 26 membros professos. No dia 7 de setembro do ano seguinte, foi lançada festivamente a pedra fundamental do templo. Em 3 de janeiro de 1922, os missionários adquiriram para a missão uma esplêndida propriedade na Chapada dos Guimarães – Buriti. Pouco depois, a família Landes seguiu de férias para os Estados Unidos. Filipe fez estudos na Universidade e no Seminário de Princeton, e trabalhou como pastor assistente na Igreja Presbiteriana de Tioga, em Filadélfia.
Regressando a Cuiabá, encontraram um novo casal missionário, o agrônomo Homer Moser e sua esposa, que tinha vindo iniciar uma escola agrícola em Buriti. A Escola de Buriti iniciou modestamente suas atividades em julho de 1924. O belo templo de Cuiabá foi concluído e solenemente inaugurado. Algum tempo depois, um novo casal se uniu à equipe missionária – Rev. Charles Roy Harper e sua esposa Evelyn (1925-1927), antes de ir trabalhar no “Curso Universitário José Manoel da Conceição”, em São Paulo. Quando os Moser seguiram de licença para a pátria, a família Landes se transferiu para Buriti a fim de cuidar da fazenda e da escola. Nessa época, a igreja de Cuiabá passou a ter o seu primeiro pastor nacional, Rev. Rodolfo Anders, que foi instalado no dia 21 de abril de 1929. Com o retorno da família Moser, os Landes, após breve período em Cuiabá foram residir em Rosário Oeste, onde permaneceram por dois anos, sendo então substituídos pelo Rev. Good, um missionário solteiro.
Em maio de 1925, o Rev. Landes fundou com alguns colaboradores o periódico A Pena Evangélica. Seu primeiro redator foi José Nonato de Faria, um dos primeiros presbíteros da Igreja de Cuiabá. O jornal e outros materiais eram impressos em um equipamento doado pela escola dominical da Igreja Presbiteriana de Tioga. Seus objetivos eram combater vícios sociais, polemizar com a igreja católica e evangelizar. O Dr. Waldyr Carvalho Luz, seu ex-aluno, lembra uma história a seu respeito: certa ocasião, estando Cuiabá ameaçada de invasão pela Coluna Prestes, mobilizados os civis para defender a cidade, o Rev. Landes se apresentou nas trincheiras empunhando um fuzil. O comandante tentou dissuadi-lo argumentando que ele era clérigo e estrangeiro, ao que replicou de modo veemente dizendo que tinha família e era seu dever defendê-la e, além disso, era brasileiro, tendo nascido no Brasil, ficando com as tropas até que o perigo passou.
Um dos principais colaboradores dos missionários no trabalho evangélico era o jovem Augusto José de Araújo, que se transferira para Cuiabá em 1920. Ele se casou com Raquel, filha do Sr. João Pedro Dias, e fez os primeiros estudos para o ministério com os Revs. Charles Harper e Adam Martin. Além de trabalhar como evangelista, foi professor na escola de Buriti e colaborou com o jornal A Pena Evangélica.
Em 1930, a família teve novo período de férias nos Estados Unidos. O Rev. Filipe estudou em Hartford, Connecticut, mas, segundo a filha Pauline, não concluiu a tese de doutorado “porque não queria um grau que o colocasse acima dos seus colegas brasileiros”. Antes de regressarem ao Brasil, visitaram os velhos pais em Pasadena, Califórnia. De 1932 a 1934, o Rev. Landes trabalhou como evangelista geral da Missão, viajando por vários estados, como Santa Catarina, Goiás e Mato Grosso. Residiu em São Paulo, nas proximidades do Mackenzie, e os filhos estudaram na Escola Americana. Em 1934, foi enviado a Cuiabá a fim de resolver algumas dificuldades surgidas no seio da igreja durante o pastorado do Rev. Juvenal Batista. No mesmo ano, em 15 de setembro, iniciou o trabalho presbiteriano em Campo Grande, que teve como núcleo inicial um grupo de crentes vindos da capital do estado. Entre eles estavam José Verlangieri, Dr. Alípio de Castilho e José Fabelino. A família Landes residiu em Campo Grande até 1938, quando outra vez seguiu para os Estados Unidos em gozo de férias. Filipe fez novos estudos no Seminário de Princeton, presidido pelo Dr. John Mackay.
Em 1939 o Rev. Landes reassumiu seu posto em Campo Grande, onde permaneceria até 1940. Nessa época, o Seminário de Campinas perdeu um dedicado servidor, o Rev. Roberto Frederico Lenington. O missionário de Mato Grosso foi escolhido pela Missão Central para ocupar a vaga do colega falecido. Como professor da cadeira de História Eclesiástica, o Rev. Landes permaneceu no Seminário do Sul até o final de 1953, seis meses além do limite de sua aposentadoria. Continuou a utilizar o Manual de História da Igreja, de Albert Henry Newman, adotado pelo antecessor. Exerceu também os cargos de reitor e deão. Foi ainda um dos primeiros colaboradores da Junta de Missões Nacionais da IPB, tendo ocupado as funções de secretário executivo e presidente.
Ao retirar-se do seminário, depois de 41 anos de trabalho ativo no campo missionário, os olhos do Rev. Landes se voltaram para uma região remota de Mato Grosso, onde uma companhia imobiliária de orientação evangélica pretendia implantar a cidade de Jaciara. Quando, em conversa com o casal, o Rev. Américo Ribeiro perguntou se ainda tinham forças para enfrentar tal desafio, D. Margaret respondeu: “Eu só me lembro que tenho quase setenta anos quando olho para o espelho”. Na manhã do dia 29 de novembro de 1953, foi realizado na Igreja Presbiteriana de Campinas um culto de ação de graças pelos serviços prestados ao seminário pelo Rev. Filipe Landes e pelo Prof. Carlos Cristóvão Zink. O pregador da ocasião, Rev. José Borges dos Santos Júnior, falou sobre “O conceito cristão da aposentadoria”.
Ao se aposentarem, os Landes foram residir em Jandira, São Paulo. Em 1965, o casal comemorou as bodas de ouro com a presença de muito familiares. Diz a filha Pauline: “A fé da minha mãe era simples e serena, como um hino. Meu pai confiava no cuidado constante de Deus e no fato de Deus ‘cumprir o seu propósito’, nas famílias, em toda a criação e na história. Ele falou dessas coisas para sua família reunida”. O Rev. Filipe Landes faleceu vitimado por um câncer no dia 27 de julho de 1966, aos 83 anos, no Hospital Samaritano, em São Paulo. Nos seus últimos anos, trabalhou incansavelmente para consolidar a Igreja Presbiteriana de Jandira, levantando recursos para a construção do templo, pregando e visitando. Sua esposa faleceu em 16 de maio de 1979, aos 95 anos, em São José dos Campos, onde residiu com a filha Mary Elizabeth e o genro. Seu verso bíblico predileto era Filipenses 2.3 e seu hino favorito, “Preciosas são as horas” (NC 128).
O Rev. Landes foi um valente defensor da concepção reformada acerca do batismo, tendo escrito dois livros sobre o assunto: Estudos Bíblicos sobre o Batismo (1938) e Estudos Bíblicos sobre o Batismo de Crianças (1947). Publicou em inglês uma valiosa biografia de Simonton: Ashbel Green Simonton: model Pioneer missionary of the Presbyterian Church of Brazil (1956). Em 1970, seu nome foi dado ao instituto bíblico da Missão Evangélica Caiuá, em Dourados (MS). O casal Landes teve quatro filhos, todos nascidos em Cuiabá: Pauline – “Polly” (1916), George (1919), Mary Elizabeth –“Bibette” (1921) e Philip (1926)
Pauline foi casada com o Rev. George Chalmers Browne (1915-1988), nascido na China, filho de missionários. Foi ordenado em 1940, em Wooster, Ohio, pouco depois de se casar com Pauline. Após um período de pastorado e estudo nos Estados Unidos e de trabalho missionário na China, vieram para o Brasil em 1951. Serviram em Jataí (1951-1955), Chapecó (1957-1959) e em Buriti, onde substituíram o casal Moser. A seguir, trabalharam com a Confederação Evangélica do Brasil, em São Paulo, na área de literatura e alfabetização (1962-1965). Foram então para Recife, onde atuaram na Cruzada ABC – Ação Básica Cristã, um projeto apoiado pelo governo e subsidiado pela Usaid. Indo para Goiânia, trabalharam com o Departamento de Educação Básica de Adultos (Deba), da Confederação Evangélica, e com o Mobral. Por fim, realizaram trabalho missionário em Moçambique e Guiné-Bissau (1975-1981), voltando então para os Estados Unidos. Pauline reside em St. Petersburg, na Flórida, e é autora de vários livros. Sua filha Elizabeth é casada com o engenheiro Maurício Dias e reside em São Paulo, onde dirige o curso de idiomas Unique Business Language Center.

Casamento gay ameaça a humanidade, diz o papa (O Governo Petista e as Ong´s Gays financiadas pelo dinheiro público vão processar o Papa)

DA REUTERS, EM CIDADE DO VATICANO

O papa Bento 16 disse na segunda-feira que o casamento homossexual é uma das várias ameaças atuais à família tradicional, pondo em xeque "o próprio futuro da humanidade".

Foram as declarações mais fortes já proferidas pelo pontífice contra o casamento homossexual, durante um pronunciamento de ano novo a diplomatas de quase 180 países acreditados no Vaticano, abordando questões econômicas e sociais contemporâneas.

Segundo Bento 16, a educação das crianças precisa de "ambientes" adequados, e "o lugar de honra cabe à família, baseada no casamento de um homem com uma mulher".

"Essa não é uma simples convenção social", disse o papa, "e sim a célula fundamental de cada sociedade. Consequentemente, políticas que afetam a família ameaçam a dignidade humana e o próprio futuro da humanidade".

Em vários países --principalmente no mundo desenvolvido--, autoridades eclesiásticas católicas protestam contra iniciativas voltadas para a legalização do casamento gay.

Nos EUA, um dos principais paladinos dessa causa é o arcebispo de Nova York, Timothy Dolan, que será sagrado cardeal pelo papa em fevereiro.

Numa recente carta, Dolan criticou o presidente Barack Obama por sua decisão de não apoiar uma proibição federal ao casamento homossexual, e alertou que essa política pode "precipitar um conflito nacional de enormes proporções entre a Igreja e o Estado".

PECADO

A Igreja Católica, que tem 1,3 bilhão de seguidores no mundo, prega que as tendências homossexuais não são pecado, mas que os atos homossexuais são, e que as crianças devem crescer em uma família tradicional, com um pai e uma mãe.

"A unidade familiar é fundamental para o processo educacional e para o desenvolvimento dos indivíduos e Estados; daí a necessidade de políticas que promovam a família e auxiliem na coesão social e no diálogo", disse Bento 16 a diplomatas.

O casamento gay já é legal em vários países europeus, como Espanha e Holanda. Algumas religiões que autorizam o casamento gay e a ordenação de mulheres e homossexuais como clérigos têm perdido fiéis para o catolicismo, e o Vaticano já tomou medidas para facilitar tais conversões.

Em 2009, Bento 16 decretou que os anglicanos que se converterem ao catolicismo podem manter uma hierarquia paralela, preservando parte das suas tradições.

Grande parte dessa migração do anglicanismo para o catolicismo envolve fiéis que consideram a Igreja Anglicana liberal demais.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/mundo/1031966-casamento-gay-ameaca-a-humanidade-diz-o-papa.shtml

Divulgação: http://luis-cavalcante.blogspot.com

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Vale tudo para ganhar almas?


Por Mauricio Zágari

Existe um equívoco muito comum entre os cristãos: a idéia de que a coisa mais importante do universo para Deus é ganhar almas. Isso se baseia na leitura de Marcos 16, onde, antes de subir ao Céu, Jesus proclama a chamada Grande Comissão, também conhecida como o “ide” de Jesus: “E disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura“. Com base nesse versículo isolado, uma gigantesca e desinformada parcela da igreja acredita que sua maior missão é ganhar almas, o que acaba gerando um pensamento distorcido: se essa é a grande meta, vale tudo para alcançá-la! Assim, acreditam muitos que qualquer meio é valido para esse fim e o que ouço todos os dias é “ah, mas se pelo menos uma alma foi ganha valeu a pena” ou “o importante é que a semente foi plantada”.
Só que todo esse pensamento está errado.
Escandalizado por eu ter dito isso? Não tem problema, vamos deixar de lado a clichezada gospel e vamos à Bíblia. Primeiro: o “ide” não é sobre “ganhar almas”. Pois as pessoas leem Marcos 16 mas passam por cima de Mateus 28 (que apresenta a Grande Comissão completa) como quem passa por cima de um bueiro na rua. Diz o texto: “Ide portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado” Ou seja: o “ide” não é sobre “ganhar almas”, é sobre FAZER DISCÍPULOS E ENSINAR-LHES A OBEDIÊNCIA. O que não é nem de longe o que faz quem organiza, por exemplo, um festival de música gospel ou um grande evento de alguma igreja qualquer. Pois grandes eventos não discipulam nem uma mosca.
Essa constatação nos leva automaticamente a uma pergunta: o que é um discípulo? Respondo: um discípulo é alguém que não sabe nada sobre nada e que, pela convivência, pela instrução e pelo exemplo pessoal do discipulador vai crescendo dia após dia, se solidificando, amadurecendo, estudando, lendo e se fortalecendo – aprendendo a guardar tudo o que Jesus nos ordenou – até o dia em que ele estará tão maduro que viverá sua vida de fé tão enraizado na Rocha que será capaz de discipular novas pessoas.
Mas, no imaginário de milhares e milhares de cristãos equivocados, basta “aceitar Jesus”. Não, Mateus 28 mostra que não basta. O “ide” de Cristo não é sobre arremessar ovelhas para dentro da igreja: é sobre cuidar delas, tosá-las, escová-las, catar suas pulgas, alimentá-las e muito mais. Para que se tornem obedientes. Mostre-me um cristão desobediente aos mandamentos de Cristo e te mostrarei alguém que foi mal discipulado.
Então, quando alguém diz “o importante é que a Palavra foi pregada e almas foram ganhas pra Jesus” eu suspiro profundamente. Na igreja em que me converti, em 1996 havia 6 mil membros. Os batismos periódicos eram (e, ao que consta, ainda são) sempre com cem pessoas ou mais. Hoje, 16 anos depois, a igreja tem… 6 mil membros. Estranho, não? A conta não fecha. Mas sabe por quê? Porque a ênfase está em “ganhar almas”: foi à frente na hora do apelo, levantou a mão, recebeu oração, fez umas aulinhas sobre o básico da fé, foi batizado e… acabou. Não há um prosseguimento. Não há um envolvimento pessoal. Não há… discipulado. E sem discipulado a Grande Comissão não foi cumprida.
Segundo: quando digo que nem todo método ou evento é válido para evangelizar, canso de ouvir “ah, Zágari, não importa onde ou como foi pregada a Palavra. Filipenses 1.18 diz “Todavia, que importa? Uma vez que Cristo, de qualquer modo, está sendo pregado, quer por pretexto, quer por verdade, também com isto me regozijo, sim, sempre me regozijarei“. Ou seja, o irmão lê essa passagem totalmente fora do contexto geral da Bíblia e passa a achar que toda e qualquer forma de proclamação é válida “se apenas uma alma foi ganha” ou “se a semente foi plantada” – é o que tenho ouvido repetidas e repetidas e repetidas vezes. Minha pergunta é: será?
Será que realmente não importa como e onde foi pregado o Evangelho, desde que “ao menos uma alma tenha sido ganha para Cristo?”. Façamos o seguinte: em vez de só ficarmos repetindo frases feitas como vaquinhas de presépio, vamos pensar. Vamos nos distanciar dos clichês gospel e refletir. Pois esse argumento me dá base, por exemplo, para abrir uma boate de striptease gospel. Entre um show de sexo ao vivo e outro vem um pregador e dá uma palavra evangelistica. Escandalizou-se com a ideia? Ué, mas… e se um alma for ganha? Não valeu a pena?
“Ah, Zágari, não é bem assim”. Hmmm…então já começamos a pensar. Vamos adiante: poderíamos inaugurar um prostíbulo gospel, onde cada prostituta pregaria o arrependimento após atender cada cliente, proclamaria as boas-novas de salvação e lhe daria uma Bíblia de presente. Parece uma ideia esdrúxula? Não só parece: é. Só que ela se encaixa perfeitamente na ideia de que “se pelo menos uma alma for salva…”.
Ou podemos críar um campeonato de Ultimate Fighting gospel. Entre um espancamento, um murro e um chute na cara, um pregador entra na arena e dá uma palavra evangelística Vai que uma alma é ganha! E daí que aquilo é violência pura? Não é um bom meio de atrair gente que gosta de sangue e violência? Ou então abrimos uma tenda de cartomantes gospel. Chamamos uma médium e entre uma sessão e outra de leitura de tarô um pastor senta à mesa e prega o Evangelho ao cliente. Vai que um dia alguém se converte?
Em qualquer um desses casos almas podem “ser ganhas” e a “semente plantada”. A pergunta é: vale mesmo a pena?
Outra coisa: sempre que alguém chega exultante até mim dizendo “Fulano aceitou Jesus!”eu digo “traga ela aqui dentro de 20 anos e veremos se aceitou mesmo”. Pois ela pode ter se empolgado em um show gospel (nos velhos tempos eu mesmo me empolguei vendo muitos shows, pulei, suei e me emocionei vendo Roger Waters, Rolling Stones, Guns and Roses, Yes e até no sambódromo… mas depois chegava em casa e toda aquela empolgação passava), se emocionado num culto ou ficado apavorada numa cruzada porque disseram que ia pro inferno e foi à frente na hora do apelo. Aceitou Jesus? Coisíssima nenhuma. Essa pessoa foi apenas movida por empolgação, emoção ou medo. Novo nascimento? Veremos…
Minhas perguntas são: “Está sendo bem discipulada? Está sendo instruída? Está aprendendo a resistir às tentações do mundo?”. Então eu exulto não com mil e uma pessoas que se emocionaram num ambiente religioso e que em pouco tempo estarão de volta no mundo, mas sim com cristãos que têm anos de estrada e demonstram o fruto do Espirito, que vivem para a glória de Deus.
E aqui está o terceiro ponto: a grande missão da Igreja biblicamente não é ganhar almas, isso é apenas uma de suas muitas tarefas. Repare que as Escrituras não dizem em lugar nenhum que Jesus no ultimo dia chegará e perguntará “quantas almas você ganhou?” O que a Bíblia diz que Ele falará é: “Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos
está preparado desde a fundação do mundo. Porque tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes de beber; era forasteiro, e me hospedastes; estava nu, e me vestistes; enfermo, e me visitastes; preso, e fostes ver-me“. Ou seja. Jesus vai falar mais sobre o amor ao próximo do que sobre evangelismo. Surpreendente para muitos, não? Mas me diga você: não é o que a Bíblia diz?
“Deixa de inventar moda, Zágari, se ganhar almas não é a grande razão de ser da Igreja, qual é?”, você poderia perguntar. Bem, um curso básico de Teologia responderia isso: a glória de Deus.
Assim, quer vocês comam, bebam ou façam qualquer outra coisa, façam tudo para a glória de Deus.” (1 Coríntios 10.31)
Pois dele, por ele e para ele são todas as coisas. A ele seja a glória para sempre! Amém.” (Romanos 11.36)
Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo, assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade, [repare agora o que diz o texto] para louvor da glória de sua graça, que ele nos concedeu gratuitamente no Amado” (Efésios 1)
No mesmo capítulo voltamos a ver que as pessoas são salvas para a glória de Deus: “Nele, digo, no qual fomos também feitos herança, predestinados segundo o propósito daquele que faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade, a fim de sermos para louvor da sua glória“.
Deus não existe em função das almas. As almas é que são ganhas em função de Deus. Para ir ao Céu e lá se juntarem à grande multidão celestial que brada, como relata Apocalipse 19, “Aleluia! A salvação, e a glória, e o poder são do nosso Deus (…) Aleluia! Pois reina o Senhor, nosso Deus, o Todo-Poderoso. Alegremo-nos, exultemos e demos-lhe a glória“.
Então, meu irmão, minha irmã, continue proclamando o Evangelho, evangelizando e “ganhando almas”. Só nunca se esqueça de que isso não é sinônimo de “missão cumprida”: é apenas o primeiro passo de uma longa jornada de discipulado e intimidade com Deus que redundará na magnífica glorificação final.
Vale tudo para ganhar uma alma? Vale levar pessoas a pecar em nome de “ganhar almas”? Vale se misturar com o mundo com esse fim? Jesus rejeitou todas as ofertas de Satanás no deserto. Termino com uma reflexão: será que o Todo-Poderoso Espírito Santo precisa que adotemos a mentalidade do “vale tudo” para “salvar pelo menos uma alma” ou será que Ele tem poder suficiente para resgatar uma alma do inferno sem que precisemos prostituir nossos princípios?
Para fazer o que Ele quer Deus depende de Deus ou Deus depende de eventos, festivais, shows, programas de TV e outras megaproduções? Tudo de que ele precisa, meu querido, é de “lábios que confessem o seu nome“. O resto é clichezada gospel.
Paz a todos vocês que estão em Cristo.
Fonte: Apenas

Rabinos emitem documento afirmando que a Lei de Deus não aceita a homossexualidade


Mais de 100 líderes judeus e profissionais de saúde mental se posicionaram contra a “opção gay”.
Nos Estados Unidos, existe uma campanha do presidente Barack Obama para promover e normalizar a homossexualidade.
Mas um grupo de 100 rabinos ortodoxos e profissionais respeitados da área da saúde mental diz que “ser gay” é um comportamento que pode ser alterado e curado com a terapia. Isso, claro, se a pessoa desejar que seja assim.
“O conceito de que Deus criou um ser humano que é incapaz de encontrar a felicidade em um relacionamento amoroso com o outro sexo não é nem plausível nem aceitável”, diz o documento, intitulado “Declaração sobre a abordagem da Torá à homossexualidade”. Os rabinos afirmam que a atração pelo mesmo sexo é algo que pode ser modificado e “curado”. Eles condenam a “campanha agressiva” que existe “para convencer o público sobre a legitimidade da homossexualidade”.
A declaração diz: “A mídia está repleta de rótulos negativos classificando de ‘ódio’ ou de ‘homofóbico’ quando alguém não aceita o estilo de vida homossexual como algo legítimo. Esta coerção política silenciou muitos. Infelizmente, esta atitude se infiltrou na comunidade que segue a Torá e muitos ficaram confusos ou passaram a aceitar o que a mídia diz sobre esta questão”.
O presidente Obama, pouco depois que assumiu o cargo em 2009, assinou na lei classificando como “crimes de ódio” qualquer atitude contrária aos gays, aumentando a pena para esses crimes e oferecendo proteção especial para os homossexuais.
“A Torá faz uma declaração clara de que a homossexualidade não é um estilo de vida aceitável ou uma identidade legítima, e proíbe claramente essa conduta. Além disso, a Torá, sempre alerta para as influências negativas deste mundo, adverte-nos Vayicrá (Levítico) 20:23 “não andeis nos costumes das nações que eu expulso de diante de vós” “Particularmente, a Torá declara isso ao que diz respeito à homossexualidade e outras relações sexuais proibidas”, afirma a declaração dos rabinos.
O documento foi assinado por uma coalizão de mais de 100 rabinos, líderes comunitários e profissionais de saúde mental. Entre os signatários que decidiram assumir publicamente sua posição estão a psicóloga e autora Dr. Miriam Adaham, de Jerusalém, o rabino Simcha Feuerman, presidente da Rede Internacional de Profissionais Ortodoxos de Saúde Mental; a psiquiatra e autora Dr. Miriam Grossman ; o Dr. Joseph Gelbfish; o psicoterapeuta e autor Rabino Yaakov Salomon; rabino Steven Pruzansky, atual vice-presidente do Conselho Rabínico da América e dezenas de outros.
Essa coalizão de rabinos e profissionais da saúde diz que “embora não seja politicamente correto, a Torá aprova que a única atitude correta em relação à homossexualidade é terapia psicológica associada à teshuvá, ou arrependimento.” Os signatários concordam que atração pelo mesmo sexo é uma escolha e pode ser modificado e curado”.
Janet Boynes , uma ex-lésbica que hoje lidera um ministério especializado, disse que o presidente Obama está usando a sua influência “e o poder financeiro do governo” para promover a homossexualidade em todo o mundo. Ela afirma ainda que o governo Obama também “propaga a ataque de crenças judaico-cristãs em um nível global”.
Ele colocou mais homossexuais em cargos políticos do que qualquer outro presidente, abriu o exército dos EUA para a entrada de homossexualidade e sancionou um plano que prevê proteção especial para homossexuais, insiste Boynes.
“A Bíblia diz que o inimigo veio para roubar, matar e destruir (João 10:10)”, lembrou ela. ”O objetivo principal do Diabo é trazer confusão e causar divisão dentro da igreja. Ele faz isso alterando a verdade de Deus de tal maneira que muitos cristãos estão enganados sobre essa questão.”

Notícias Cristãs com tradução e adaptação de WND via Gospel Prime

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