sexta-feira, 27 de julho de 2012

Exposição bíblica do Credo Atanasiano –Parte 1

‘Não consigo entender o dogma da Trindade!’ Essa é a principal afirmação cristã (e também anticristã) que se ouve a respeito da doutrina cristã classificada como A Santíssima Trindade.
No geral, a doutrina é possível de ser entendida. O que é negado pelos expositores cristãos é a compreensão da essência da Trindade propriamente dita. Isso não é de se alarmar. A eternidade também não é compreendida por nós, seres finitos.
O que pretendo fazer com essa série de estudos é explorar as afirmações do antigo credo conhecido como “Atanasiano”. Não me deterei aos dados históricos e polêmicas em torno do mesmo*. Me concentrarei em uma exposição bíblica, simplificada e positiva.
Os estudos serão divididos em parágrafos, em frases, ou em algumas partes do Credo, para melhor exposição didática.
O Credo Atanasiano:
“Todo aquele que quer ser salvo, antes de tudo deve professar a fé católica.
O credo introduz uma advertência evangelística ao dizer “quer ser salvo”. Ecoa as palavras da Bíblia em Jo 3.16,36; At 13.48; Ap 22.17.
A primeira afirmação é que a Fé deve ser professada para salvação. Em Romanos 10.9,10 notamos que a profissão de fé é necessária. Crer de modo ‘particular e oculto’ não é a maneira cristã de crer. Todos precisam saber que cremos!
Em segundo lugar, a fé é especificada: Fé católica. Isso é dito, pois não se trata da firme certeza nas promessas de Deus (Hb 11.6). Aqui é a Fé religiosa, o sistema de crenças, o conteúdo doutrinário, as afirmações teológicas que se faz. Observe bem que Judas diz da “fé que uma vez por todas foi entregue aos santos”(3). Ela é católica por causa da ‘multinacionalidade’ da Igreja de Cristo (Ap 7.9) e da crença nela disseminada, aceita e defendida.
O Credo continua:
“Quem quer que não a conservar íntegra e inviolada, sem dúvida perecerá eternamente.”
Pelo jeito essa crença, fé, é muito séria! A ponto de colocar em risco a salvação do indivíduo. Alguns acham que crer de maneira diferente em assuntos centrais é a mesma coisa de discordar de assuntos periféricos. Engano! Pedro diz que os que torcem as Escrituras o fazem para a própria perdição (2 Pe 3.16). Negar que Cristo veio em carne nos lança no bojo do anticristo (1 Jo 4.2,3; 2 Jo 7). O apóstolo Paulo escreveu que outro evangelho era maldito (Gl 1.8,9) e muitos estavam crendo em outro Jesus (2 Co 11.4). Adorar Deus e ídolos é condenação certa (Ex 20.3,4).

 
Os assuntos deixam de serem periféricos quando tais mudam o caráter e a natureza do Salvador, da salvação e da revelação. Nesses casos, teremos um Deus diferente revelado nas Escrituras, uma salvação diferente e a autoridade da revelação diluída. Deus, Salvação e Infabilidade das Escrituras, não são assuntos periféricos, mas centrais.
“E a fé católica consiste em venerar um só Deus na Trindade e a Trindade na unidade...”
Essa colocação do Credo é de proeminência. Minha opinião é que aqui temos uma janela para entendermos a doutrina. Nessa breve citação existe uma eternidade de respostas. Perceba que adoramos ‘um só Deus’(Dt 6.4; Gl 3.20), na Trindade (Mt 28.19)’. Não é que a soma das três pessoas resultam em Deus. Mas que esse Deus só é visto nas três Pessoas. Adorar a ‘Trindade na unidade’ é vê-la  em sua essência divina. O Deus Todo-Poderoso é o Pai, o Filho e o Espírito Santo. E cada uma é completamente Deus que é permissível eu dizer que o Deus Todo-Poderoso é o Filho (Jd 4), pois essa é a sua essência.
*Um estudo sistemático sobre a doutrina trinitariana pode ser visto em Teologia Sistemática Trinitariana, de autoria do irmão Cláudio do Blog Aprendei. Caso queira o material de três volumes, em pdf, deixe seu e-mail que enviaremos.
 

A política e o legado perdido dos puritanos


Que seja dito de nós, como foi dito nobremente sobre Davi (At 13.36)“Que servimos à nossa geração segundo a vontade de Deus.”

É bem verdade que vivemos em um país tomado pela corrupção, vislumbramos um evidente caos político, dentro e fora dos governos, fora e dentro da “igreja”. Homens miseráveis, aproveitando-se do poder para satisfazerem os seus mais vis desejos pessoais. No entanto, desencorajar qualquer forma de envolvimento cívico significa afastar-se da rica herança reformada.  

Os “evangélicos” foram o segmento religioso que mais cresceu no Brasil no período entre os censos de 2000 e 2010. Segundo os números divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2000, os “evangélicos” representavam 15,4% da população. Em 2010, com um aumento de cerca de 16 milhões de pessoas (de 26,2 milhões para 42,3 milhões), chegaram a 22,2%. Em 1991, este percentual era de 9,0% e em 1980, 6,6%. Mas é possível indagar: Qual a força política do pensamento “Cristão” hodierno? Qual a preocupação político-social existe? Qual o receio causado nas autoridades, quando as mesmas violam princípios e valores Bíblicos?

Talvez seja preciso olharmos para trás, mergulharmos um pouco na história dos puritanos, para que nos envergonhemos de nosso “evangelho” atual, percebendo que o “povo de Deus” não foi sempre assim, pois ao contrário do que muitos pensam, o povo do século XVI mudou o seu tempo não só “dentro da igreja”, mas fora dela também.

Os Puritanos foram pensadores sociais e ativistas. Diante da situação da igreja e do estado, até a liberdade de praticar suas convicções especificamente religiosas exigia que eles entrassem na área política. A ação social Puritana era baseada numa teologia do pacto, que requeria das pessoas que buscassem o bem comum da comunidade e que via as boas obras como um ato inevitável de gratidão pela salvação de Deus. Um aspecto da ação social puritana era a preocupação em ajudar os necessitados na sociedade. Sendo principalmente voluntária e pessoal.

A ênfase Puritana na comunidade era compensada por uma preocupação pela liberdade e dignidade de cada indivíduo. Os Puritanos desafiaram o privilegio baseado em posição ou nascimento e encorajaram um espírito de igualdade.

Não é possível refazer a história sem olhar para trás e ver o imenso legado e exemplo deixado pelos reformados, não é possível lutar sem o pleno amor pelo conhecimento tanto das coisas do alto, como das “terrenas”. O povo que revolucionou a Inglaterra com seu pensamento cristão e democrático, lutando bravamente por liberdade na América, influenciando na educação, economia e diversas outras áreas, já não é o mesmo. Mas através de um sonho, é possível sentir o anseio e a saudade, daqueles que mudaram o mundo pela pureza do evangelho.

Quando notamos o presente, por um instante nos oprimimos, mas quando olhamos para o passado, vemos a força do Evangelho mudar uma nação.

Soli Deo Gloria!

Wollney Ribeiro
Igreja Congregacional Zona Sul
Campina Grande PB

quinta-feira, 26 de julho de 2012

6 Marcas de um Pastor Atemorizado Diante de Deus


Por Paul Tripp                                

Quais os sinais que se produzem no coração de um pastor atemorizado diante de Deus, que são vitais para um ministério eficaz, produtivo e que honra a Deus?

1. Humildade

Não há nada que se compare ao estar indefeso diante da maravilhosa glória de Deus, para colocar-lhe em seu devido lugar, para corrigir a maneira com que você se vê pessoalmente, para arrancar-lhe da sua arrogância funcional, e para tirar-lhe o vento das velas da sua justiça própria. Diante de Sua glória, eu me sinto despido, sem qualquer glória que ainda possa restar-me a fim de que eu possa exibir-me diante de outros. Enquanto eu me compare com outros, poderei sempre encontrar outra pessoa cuja existência parece fazer-me, por comparação, mais justo. Mas se eu comparar meus panos imundos ao puro linho, eternamente sem manchas, da justiça de Deus, eu correria a esconder-me com um coração dilacerado e envergonhado.

E isto foi o que aconteceu com Isaías no capítulo seis. Ele está diante do majestoso trono da glória de Deus e diz: "Ai de mim! Estou perdido! Porque sou um homem de lábios impuros, habito no meio de um povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos." (Isaías 6:5). Isaías não está falando aqui em termos de uma formal hipérbole religiosa. Ele não está buscando tornar-se agradável diante de Deus por mostrar-se "ó, tão humilde". Não; Isaías aprendeu que só à luz da colossal glória e santidade de Deus, é que você poderá ter uma visão exata e correta de si mesmo e entender a profunda necessidade de ser resgatado com o resgate que só a graça gloriosa de Deus poderá prover-lhe.

Com o correr do tempo durante sua vida ministerial, muitos pastores chegam a se esquecerem de quem são eles. Têm uma visão inchada, destorcida, grandiosa de si mesmos, que os mantêm altamente inacessíveis, e que lhes permitem justificar seus pensamentos, seus desejos, as coisas que dizem, e a fazerem aquilo que, biblicamente, não é justificável fazer. Eu já "estive lá" e, de quando em quando, caio outra vez no mesmo erro. Em ocasiões como essas, eu tenho que ser resgatado de mim mesmo. Quando você está sobremodo maravilhado de si mesmo, você se posiciona para ser hipócrita, controlador, super confiante, e um autocrata eclesiástico extremamente crítico. Você, inadvertidamente, constrói um reino em cujo trono você mesmo se assenta, não importa o quanto afirme que tudo o que você faz, o faz para a glória de Deus.

2. Sensibilidade

A humildade, que só este sentir atemorizante de Deus pode produzir no meu coração, cria em mim, sensibilidade pastoral para com as pessoas que carecem da mesma graça. Ninguém pode compartilhar graça melhor do que aquele que está profundamente convencido de que ele mesmo necessita esta graça, e a recebe de Cristo. Esta sensibilidade me faz afável, gentil, paciente, compreensivo e esperançoso diante do pecado alheio, sem nunca comprometer o chamamento santo de Deus. Protege-me de estimativas como "... não acredito que você pudesse fazer uma coisa dessas!," o que, diga-se, me faz essencialmente diferente de todos os demais. É difícil apresentar o Evangelho a alguém, quando você está contemplando esse alguém, com superioridade. Confrontar os pecados dos outros com uma sensibilidade inspirada em meu assombro diante Deus, me livra de ser um agente de condenação, ou de esperar que a lei cumpra aquilo que somente a graça pode cumprir, e me motiva a ser um instrumento dessa graça.

3. Paixão

Não importa o que está funcionando, ou o que não está funcionando bem em meu ministério, não importa quais as dificuldades que eu esteja vivendo, ou tampouco importa as lutas pelas quais eu esteja passando, a influente glória de Deus me anima a levantar-me pela manhã e fazer aquilo para o qual fui dotado e chamado para fazer, e faze-lo com entusiasmo, coragem e confiança. Minha alegria não se deixa maniatar pelas circunstâncias ou pelos relacionamentos, e meu coração não é tomado por qualquer direção em que ditas circunstâncias e relacionamentos o queiram levar. Tenho toda razão para alegrar-me porque sou um filho escolhido, e um servo recrutado pelo Rei dos reis, e Senhor dos senhores, o grande Criador, o Salvador, e meu Chefe. Ele está sempre perto e é sempre fiel. Minha paixão pelo ministério não depende de como eu esteja sendo recebido. Minha paixão flui da realidade de que eu fui recebido por Ele. Não me entusiasmo porque as pessoas possam gostar de mim, mas porque Ele me tem aceitado e me tem enviado. Não estou apaixonado por meu ministério, por ser, o ministério, algo glorioso, mas sim porque Deus é eternamente e imutavelmente glorioso. Assim eu prego, ensino, aconselho, lidero e sirvo com uma paixão evangélica que inspire e acenda o mesmo sentir naqueles ao meu redor.

4. Confiança

Confiança - aquele sentimento de bem-estar e de capacitação, me vem de conhecer Aquele a quem sirvo. Ele é minha confiança e minha habilidade. Ele nunca irá chamar-me para uma tarefa para a qual não me tenha capacitado. Ele tem mais zelo pela saúde de sua igreja do que eu jamais poderia ter. Ninguém tem maior interesse no uso dos meus dons do que Aquele que me outorgou ditos dons. Ele está sempre presente e sempre de boa vontade. Ele é todo-poderoso e todo omnisciente. Ele é ilimitado em amor e glorioso em sua graça. Ele não muda; para sempre é fiel. Sua Palavra nunca cessará de ser a verdade. Seu poder para salvar nunca será exaurido. Seu governo nunca deixará de existir. Nunca será conquistado por algo maior do que Ele mesmo. Assim, eu posso fazer com confiança tudo o que Ele me chamou para fazer, não em virtude de quem eu seja, mas porque Ele é o meu Pai, e é glorioso em todos os aspectos, em todos o sentidos.

5. Disciplina

O ministério pastoral, nem sempre é glorioso. Muitas vezes as suas expectações ingénuas, são apenas isso – ingenuidade. E algumas vezes se levará mais do que um ministério de sucesso e a apreciação do povo para arrancar-lhe da cama e cumprir o seu chamado. Outras vezes você não verá muitos frutos como o resultado de seus esforços e tampouco terá muitas esperanças de uma colheita breve e abundante. Algumas vezes você se verá traído e se sentirá sozinho. Então, a sua disciplina precisa estar arraigada em alguma coisa mais profunda do que sua avaliação horizontal de como as coisas pareçam estar caminhando. Eu estou cada vez mais convencido, em minha própria vida, de que uma auto-disciplina robusta e firme, do tipo essencial para um ministério pastoral, está solidificada na adoração. A gloriosa existência de Deus, Seu caráter, Seu plano, Sua presença, Suas promessas e Sua graça, me fornecem a motivação para trabalhar com ardor e nunca desistir, sem importar-me se estamos vivendo sob um tempo de amenidade, ou se estamos sob uma época tempestuosa.

6. Repouso

Finalmente, enquanto contemplo minha própria fraqueza e os distúrbios da igreja local, o que poderá trazer verdadeiro repouso ao meu coração? A Glória! Esta lhe dará repouso. É o conhecimento de que nada é tão difícil para o Deus a quem você serve. É a segurança de que todas as coisas são possíveis para Ele. É saber, como Abraão, que Aquele que fez todas aquelas promessas, é fiel para cumpri-las. Ainda que pareça haver múltiplas razões no nível horizontal para fazer-nos ansiosos, eu não permitirei que meu coração seja raptado por preocupação ou medo, porque o Deus de inestimável glória, que me tem enviado, Ele mesmo prometeu: "Eu serei contigo." Eu não tenho que fazer joguinhos mentais comigo mesmo. Eu não tenho que negar, nem minimizar a realidade a fim de que me sinta bem, porque Ele já tem invadido minha existência com Sua glória, e eu posso descansar até mesmo, e de certa forma, no conceito truncado do "já" e do "não ainda" cumprido e realizado.

Recuperando nossa perplexidade diante de Deus

Em conclusão, eu não tenho uma fórmula de estratégias para lhe oferecer. Mas lhe aconselho a correr agora, e correr rapidamente ao seu Pai de aterrorizante glória. Confesse a ofensa do seu tédio ministerial. Ore e peça por olhos abertos aos 360 graus, 24 horas por dia, 7 dias por semana, para que você veja a exibição da glória à qual você tem estado cego. Determine-se dedicar uma porção de cada dia para meditar na glória de Deus. Clame, busque com vigor a ajuda de outros e lembre-se de estar agradecido por Jesus quem lhe oferece Sua graça, mesmo ainda naqueles momentos quando essa graça não é, nem no mínimo, gloriosamente valiosa para você como deveria ser.

Fonte: The Gospel Coalition Via: Editora Fiel
 
 

A letra assassina e o ladrão destruidor: os perigos da superficialidade bíblica

A letra assassina e o ladrão destruidor: os perigos da superficialidade bíblica 
Por Ruy Marinho

“Era pouco mais de 20 horas de uma sexta-feira chuvosa. Luizinho, recém convertido através do “encontro com Deus” e com muita vontade de saber mais sobre a fé que lhe fora anunciada, chega para sua primeira aula na “escola de líderes” em uma grande igreja neopentecostal adepta ao G12.

Luizinho, muito empolgado e feliz por ter a oportunidade de aprender mais sobre a Bíblia, indaga ao professor:
– Estou louco para começar a estudar teologia com vocês, meus irmãos!
 O professor, com ar de reprovação, responde:
– Luizinho, aqui nós não aprendemos teologia, pois você pode esfriar espiritualmente e desviar-se da fé, porque a Bíblia diz que a letra mata, mas o espírito vivifica.

Luizinho conferiu o versículo na bíblia e convenceu-se do que o professor afirmou. A partir de então, não se preocupou em estudar a Bíblia a fundo, focando os estudos nos manuais de estratégias G12, transformando-se num produtivo multiplicador de células. Porém, depois de algum tempo não se teve mais notícias de Luizinho. Alguns dizem que o mesmo desviou-se da fé por não ter conseguido bater as metas de multiplicação, impostas pelo apóstolo líder da Igreja.

Outro dia, irmã Mariazinha se reuniu no templo de sua Igreja para um círculo de oração, juntamente com o Pastor e demais irmãos. Logo, começaram uma oração forte pela restituição financeira. Mariazinha, de forma desesperada, pede uma oração ao Pastor afirmando que estava preocupada, pois além de desempregada, todo o dinheiro que ela tinha recebido de um acerto trabalhista havia se perdido em apenas um dia, gasto compulsivamente com roupas e eletrônicos. O Pastor, ao orar, proclamou:
– Satanás, devolva o dinheiro que você roubou da Mariazinha, em nome de Jesus!
– Pastor, então foi Satanás que roubou meu dinheiro? – de forma duvidosa a irmã pergunta.
– Claro irmã, você nunca leu, na Bíblia, que o diabo veio para roubar, matar e destruir? Está escrito lá em João 10:10 – responde o Pastor.”

Estas são histórias fictícias, porém realísticas no sentido ilustrativo do que acontece em muitas igrejas. Trata-se de um dos maiores problemas enfrentados em muitas denominações brasileiras, principalmente neopentecostais: a falência da correta interpretação bíblica. Ou, se preferirem: a superficialidade bíblica!

Interpretar as escrituras de maneira alegórica, pegando textos isolados de seus respectivos contextos, transformando-os em pretextos para justificar a espiritualidade mística particular, é o que podemos denominar de “neomisticismo herético”. Trata-se de uma perniciosa prática de interpretação que ignora totalmente a análise teológica dos textos bíblicos, pois defende que o necessário para ler a Bíblia é unicamente à oração e o jejum, posteriormente a iluminação do Espírito Santo virá sobre o texto como revelação.

Este método é errado e perigoso, pois ignora totalmente o entendimento correto dos textos bíblicos e exprime alegoricamente o significado segundo a interpretação particular de quem lê. Neste caso, a Bíblia deixa de ser a palavra de Deus para tornar-se palavra individual de quem interpreta, proporcionando assim as mais absurdas interpretações místicas.

Calvino defendia a hermenêutica “orare et labutare”, ou seja, a oração para buscar a iluminação do Espírito Santo e posteriormente o estudo diligente da Bíblia através do método gramático-histórico. [1] Para ilustrar este método, Lutero empregou uma figura como exemplo: “um barco com dois remos, o remo da oração e o remo do estudo. Com um só destes remos, navega-se em círculo, perde-se o rumo, e corre-se o risco de não chegar a lugar algum.” [2]

Oração e estudo são princípios básicos fundamentais para compreender as Escrituras. Para tanto, você não precisa ser um exímio exegeta acadêmico, embora reconheça a grande importância do preparo teológico para todos. Em todo caso, para detectar os erros de interpretação bíblica, em primeira instância basta analisar o contexto direto, ou seja, os versículos que precedem e os que seguem imediatamente nas passagens bíblicas.

O contexto imediato informa o verdadeiro entendimento consistente na passagem, bem como o pano de fundo em que o autor escreveu (tema, propósitos do autor, cenário histórico, tipo de literatura – parábola – poesia – apocalíptica – ensino, a quem foi escrito etc.). Deve-se levar em conta também o contexto amplo nas Escrituras (quais são as outras passagens na Bíblia que abordam sobre o mesmo assunto) e por último, caso seja necessário, incluir no estudo a identificação de termos chaves (palavras difíceis que necessitam de análise textual), nos quais um bom dicionário linguístico e uma concordância bíblica podem ajudar. Com estes importantes passos hermenêuticos, chegaremos ao correto entendimento bíblico. [3]

Depois desta explicação básica, agora vamos pegar os exemplos das passagens bíblicas citadas no começo do artigo, para analisar o nível de gravidade que um texto mal interpretado pode ocasionar.

A primeira passagem citada de forma superficial é a segunda parte de 2Co 3:6, onde diz: “porque a letra mata, mas o espírito vivifica“.

Conforme foi utilizado no caso fictício apresentado, muita gente cai no mesmo erro ao afirmar que a “letra” (o ensino teológico) “mata” a fé do crente, enquanto o “espírito” vivifica. Ou seja, o ensino teológico é amplamente marginalizado com esta afirmação, transformando-o em motivo para esfriamento de fé.

Neste caso, estaria o Apóstolo Paulo afirmando que o estudo das escrituras seria um suicídio espiritual? Ou melhor: Estaria Paulo indo contra a sua própria erudição e conhecimento teológico, dos quais ele mesmo utilizou diversas vezes para pregar o evangelho (Atos 17, 18 e 19)?

Na verdade, o contexto direto desta passagem nos dá a resposta:

“3: Estando já manifestos como carta de Cristo, produzida pelo nosso ministério, escrita não com tinta, mas pelo Espírito do Deus vivente, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, isto é, nos corações. 4: E é por intermédio de Cristo que temos tal confiança em Deus; 5: não que, por nós mesmos, sejamos capazes de pensar alguma coisa, como se partisse de nós; pelo contrário, a nossa suficiência vem de Deus, 6: o qual nos habilitou para sermos ministros de uma nova aliança, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata, mas o espírito vivifica. 7: E, se o ministério da morte, gravado com letras em pedras, se revestiu de glória, a ponto de os filhos de Israel não poderem fitar a face de Moisés, por causa da glória do seu rosto, ainda que desvanecente, 8: como não será de maior glória o ministério do Espírito!” (2 Co 3:3-8, negrito meu)

Após a leitura do contexto direto, não é difícil perceber que Paulo estava falando da superioridade da nova aliança sobre a antiga! A “letra” que o apóstolo fala não é o ensino teológico, mas sim uma alusão à lei mosaica (vs 3 e 7), na qual a mesma “mata” pelo fato da necessidade de obediência irrestrita, algo inalcançável, devido o peso de glória contraposto ao corrompido ser humano em pecado, trazendo assim morte espiritual (Gl 3:10). Porém, o espírito vivifica pelo ato de escrever a lei de Deus nas “placas de carne”, ou seja, em nossos corações (vs 3).

Portanto, esta passagem não dá qualquer margem de interpretação para afirmar uma condenação ao ensino teológico. Na verdade, é importante colocar o significado da palavra Teologia: no grego théos = Deus + logos = conhecimento. [4] A teologia então, simplesmente é uma forma de se organizar o estudo sobre Deus, sobre os ensinos bíblicos. Em outras palavras, quando você estuda a Bíblia, você está fazendo teologia!

A segunda passagem interpretada de forma superficial é: “O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância.” (Jo 10.10)

Estaria Jesus afirmando nesta passagem que o ladrão que mata, rouba e destrói é Satanás? Embora eu reconheça que as intenções do adversário, de fato são essas, o contexto direto da passagem nos dá uma pista de quem é o “ladrão” que Jesus está se referindo, bem como no contexto amplo mostra com exatidão o sentido da metáfora de Jesus, vejamos:

 “8:Todos quantos vieram antes de mim são ladrões e salteadores; mas as ovelhas não lhes deram ouvido. 9: Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim, será salvo; entrará, e sairá, e achará passagem. 10: O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância. 11: Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas. 12: O mercenário, que não é pastor, a quem não pertencem as ovelhas, vê vir o lobo, abandona as ovelhas e foge; então, o lobo as arrebata e dispersa. 13: O mercenário foge, porque é mercenário e não tem cuidado com as ovelhas. 14: Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem a mim, 15: assim como o Pai me conhece a mim, e eu conheço o Pai; e dou a minha vida pelas ovelhas.” (Jo 10:8-15, negrito meu)

Juntando todo o contexto da passagem, notamos que Jesus não está especificando alguém em particular como “ladrão supremo”. Mas direciona um conceito genérico para aqueles que tomam o bem alheio de forma indevida, mesmo que tal atitude inclua matar e destruir. Ao contrário da obra de Cristo que é trazer vida em abundância (leia-se vida espiritual, vida eterna), os “falsos mestres” agiam como verdadeiros ladrões mercenários. O mercenário que pastoreia as ovelhas para fins lucrativos, no primeiro momento de perigo as abandona (vs 12). Ele não tem genuíno cuidado para com as ovelhas, pois é falso pastor (vs 13), desta maneira o rebanho torna-se presa fácil para lobos. O bom pastor conhece as suas ovelhas e dá a vida por elas (vs 15). Este era o foco metafórico de Jesus.

Enfim, após o exame detalhado das duas passagens que pegamos como exemplo, podemos ver o quanto uma interpretação alegórica pode prejudicar o correto entendimento bíblico.

Precisamos corrigir este problema de maneira urgente. A Hermenêutica deve ser matéria obrigatória em todas as escolas bíblicas dominicais e grupos de estudos, pois se não interpretarmos a bíblia da maneira correta, como vamos conhecer a vontade de Deus através de sua Palavra? Para tanto, precisamos de preparo adequado para compreender corretamente os ensinos bíblicos. É obrigação de todos, inclusive da liderança da Igreja.

Sola Scriptura!

Notas:
1 – Para maiores informações sobre o método Hermenêutico Gramático-Histórico, clique aqui!
2 - Citado por Paulo R. B. Anglada em Hermenêutica Reformada das Escrituras. Fides Reformata 02/01/1997: Clique aqui p/ ler!
3 – Para um melhor entendimento sobre como fazer uma hermenêutica correta, veja este excelente guia clicando aqui!
4 – Dicionário Bíblico Strong – Léxico Hebraico, Aramaico e Grego – SBB 2002, págs. 1401 e 1488.

Fonte: Gospel Mais
 

quarta-feira, 25 de julho de 2012

O Bispo de nossas almas

R. C. Sproul
Por R. C. Sproul

Os títulos que os escritores do Novo Testamento usam para Jesus rendem um estudo fascinante e esclarecedor. Um dos mais obscuros e desconcertantes desses títulos é encontrado em 1 Pedro 2.25, onde o Apóstolo escreve: “Pois vocês eram como ovelhas que estavam perdidas; agora, porém, retornaram ao Pastor e Protetor das suas almas.” Na linguagem clássica da Versão King James, este título é traduzido como “Pastor e Bispo das vossas almas”. Muitos evangélicos reagem negativamente à ideia de Jesus como nosso Bispo. O que Pedro tinha em mente quando falou de Jesus dessa maneira?

Ainda que a carta de Pedro seja o único lugar no Novo Testamento onde Cristo é chamado de nosso Bispo, o conceito está profundamente enraizado nas Escrituras. Nós até encontramos uma dica disso no cântico de Zacarias, pai de João Batista. Zacarias disse: “Bendito o Senhor Deus de Israel, porque visitou e remiu o seu povo” (Lucas 1.68). No Antigo Testamento, as promessas de redenção feitas por Deus ao seu povo incluíam a promessa de um dia de visitação divina. Os judeus foram ensinados a esperar a visita de Deus. Zacarias, no entanto, disse que Deus os tinha visitado e redimido seu povo. Ele falou desta maneira, porque entendia que o aparecimento do Messias estava próximo, e Ele seria anunciado por seu próprio filho Zacarias.

O que isso tem a ver com o título de “bispo”? A palavra grega traduzida como “visitado” em Lucas 1.68 é episkeptomai, que é uma forma verbal do substantivo episkopos, palavra grega que é traduzida como “bispo” ou “protetor” em 1 Pedro 2.25. Essa palavra, episkopos, é refletida no nome da Igreja Episcopal, que é governada por bispos.

A palavra episkopos é composta por um prefixo e uma raiz. O prefixo é epi-, que serve para intensificar a palavra com a qual é combinado. A raiz é skopos, que nos dá a palavra “escopo”. Nós encontramos esta raiz em palavras como telescópio, periscópio e um microscópio, que são instrumentos que nos ajudam a ver as coisas. Se fôssemos escrever o prefixo epi- a palavra escopo, teríamos um instrumento de observação intensiva. Isso é precisamente o que um episkopos era na Grécia antiga, exceto que ele era uma pessoa, não um instrumento. O episkopos era um oficial de alta patente militar que inspecionava as tropas para ter certeza de que eles estavam prontos para a batalha. Com esse contexto, podemos ver que um bispo é aquele que é fiscalizador na igreja, com a responsabilidade de olhar atentamente para todos os assuntos sob sua supervisão.

Jesus, então, é o nosso Bispo, nosso Episkopos, que tem nos fiscalizado como nosso Senhor. Ele é investido com o poder de olhar dentro de nossas vidas, para avaliar a nossa prontidão para o combate contra as forças das trevas.

O fato triste, porém, é que nós geralmente não gostamos de passar por sua inspeção. Você se lembra como Adão e Eva reagiram quando Deus visitou o jardim do Éden, depois de terem comido da árvore proibida? Eles se esconderam. Eles entenderam que estavam nus em sua presença, incapazes de esconder seu pecado de Seu exame minucioso (Gênesis 3.8-10). Adão e Eva não queriam nada com um episkopos. Foi a mesma coisa quando veio Jesus em Sua encarnação. As Escrituras nos dizem que “Ele veio para o que era seu, e os seus não o receberam. ” (João 1.11). Como Adão e Eva, os judeus não queriam nada com este Visitante celestial. Na verdade, todos os seres humanos caídos ficam aterrorizados com a exposição ao escrutínio de Deus.

Os judeus nos tempos do Antigo Testamento aguardavam com expectativa a vinda do Messias. Mas os profetas avisaram que o dia de Sua vinda poderia não ser a maravilhosa experiência que eles esperavam. Eles esperavam ver Deus julgar os seus inimigos, mas os profetas disseram que o Episkopos julgaria seu próprio povo se eles não estivessem prontos para recebê-Lo, se eles fossem infiéis e desobedientes.

Mas Zacarias cantou sua canção da perspectiva de um filho de Deus, daquele que estava contente de ver a vinda do Visitante celestial e que saudava seu escrutínio. Para todos que estão prontos, a visita do Episkopos é algo bem-vindo, pois compreendem que seu escrutínio é direcionado para o cuidado das almas sob sua supervisão.

O Bispo de nossas almas nos conhece melhor do que nós mesmos. Embora os ministros e bispos sejam chamados a seguir o exemplo de nosso Senhor, nunca teremos, nem de longe, um pastor ou presbítero que cuide de nossas almas como Cristo, nosso Bispo, faz.

Você quer que Deus conheça você? Você ora como Davi: “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração!” (Salmos 139.23a)? Essas são as palavras de uma pessoa que conhece a graça perdoadora de Deus. Uma vez que experimentamos a graça e a sensível misericórdia de Deus, queremos mais. O cristão se deleita em ser conhecido pelo Bispo de sua alma.

Fonte: Ipródigo

A DOUTRINA DA IRA DE DEUS

 Se os pregadores do passado em alguns momentos sofreram de uma fascinação doentia pelo inferno, os ministros de hoje, incluindo não poucos líderes emergentes, são culpados de uma ambivalência indevida sobre o assunto. [...] É certo que não existe espaço para leviandade no que se refere à ira de Deus, mas será que não há lugar para uma advertência apaixonada e viva? Não é bíblico deixar para trás o agnosticismo em relação ao inferno e implorar às pessoas em favor de Cristo, dizendo “reconciliem-se com Deus” (2Co 5:20)? Será que nosso evangelismo se degenera, nossa pregação carece de autoridade e nossas congregações perdem foco porque não temos a doutrina do inferno bem clara diante de nós para colocar nossa face como seixo na direção de Jerusalém?
Precisamos da doutrina da punição eterna. Por repetidas vezes no Novo Testamento descobrimos que entender a justiça divina é essencial para nossa santificação. Crer no julgamento de Deus de fato nos ajuda a ser mais semelhantes a Jesus. Em resumo, precisamos da doutrina da ira de Deus.
Primeiro, precisamos da ira de Deus para nos mantermos honestos em relação ao evangelismo. Paulo discutiu com Félix sobre justiça, domínio próprio e juízo vindouro (At 24:25). Precisamos fazer o mesmo. Sem a doutrina do inferno, nossa tendência é nos envolvermos em todo tipo de coisas importantes que honram a Deus, mas negligenciarmos aquilo que importa para toda a eternidade, que é insistir com os pecadores a que se reconciliem com Deus.
Segundo, precisamos da ira de Deus para perdoar nossos inimigos. A razão de podermos abrir mão de pagar o mal com o mal é que confiamos na promessa do Senhor, segundo a qual ele retribuirá os ímpios. A lógica de Paulo é sadia. “Amados, nunca procurem vingar-se, mas deixem com Deus a ira, pois está escrito: ‘Minha é a vingança; eu retribuirei’” (Rm 12:19). A única maneira de deixar para trás nossas feridas mais profundas e as traições que sofremos é descansar seguros de que todo pecado contra nós foi pago na cruz ou será punido no inferno. Não precisamos buscar justiça com as próprias mãos, pois Deus será nosso justo juiz.
Terceiro, precisamos da ira de Deus para podermos arriscar nossa vida em favor de Jesus. A devoção radical necessária para sofrer pela palavra de Deus e o testemunho de Jesus vem, em parte, da segurança que temos de que Deus nos vindicará no final. É por isso que os mártires embaixo do trono clamarão: “Até quando, ó Soberano, santo e verdadeiro, esperarás para julgar os habitantes da terra e vingar o nosso sangue?” (Ap 6:10). Eles pagaram o preço derradeiro por sua fé, mas seus clamores manchados de sangue serão respondidos um dia. Sua inocência será estabelecida quando Deus finalmente julgar os que os perseguiram.
Quarto, precisamos da ira de Deus para viver uma vida santa. Paulo nos adverte de que Deus não pode ser zombado. Colheremos aquilo que plantarmos. Somos levados a viver uma vida de pureza e boas obras em função da recompensa prometida pela obediência e a maldição prometida pela desobediência. Se vivermos para agradar à carne, colheremos de Deus a destruição. Mas, se vivermos para agradar ao Espírito, colheremos a vida eterna (Gl 6:6-7). Às vezes os ministros hesitam diante da ideia de motivar pessoas com a ameaça da punição eterna. Mas não foi essa a abordagem de Jesus quando ele disse “não tenham medo dos que matam o corpo, mas não podem matar a alma. Antes, tenham medo daquele que pode destruir tanto a alma como o corpo no inferno” (Mt 10:28)? Às vezes precisamos literalmente arrancar o inferno das pessoas por meio do medo.
Quinto, precisamos da ira de Deus para entender o significado da misericórdia. Sem a ira divina, a misericórdia divina não tem sentido. Somente quando sabemos que éramos merecedores da ira (Ef 2:3), que já estávamos condenados (Jo 3:18) e que enfrentaríamos o inferno como inimigos de Deus, não fosse a misericórdia imerecida (Rm 5:10), é que podemos cantar de todo o coração “preciosa a graça de Jesus, que um dia me salvou”.
Sexto, precisamos da ira de Deus para entender como o céu será maravilhoso. Jonathan Edwards é famoso (ou mal-afamado) por seu sermão “Pecadores nas mãos de um Deus irado”. Ele ainda é lido nas aulas de literatura americana, normalmente como uma caricatura do espírito puritano da Nova Inglaterra colonial. Mas poucas pessoas percebem que Edwards também pregou sermões como “O céu é um mundo de amor”. Diferentemente da maioria de nós, Edwards via em cores vívidas o terror do inferno e a beleza do céu. Não podemos ter um quadro claro de um sem o outro. É por isso que a descrição da Nova Jerusalém celestial também contém uma advertência aos covardes, aos incrédulos, aos depravados, aos assassinos, aos que cometem imoralidade sexual, aos que praticam feitiçaria, aos idólatras e aos mentirosos, cujo lugar “será no lago de fogo que arde com enxofre” (Ap 21:8). É improvável que desejemos nossa salvação final sem saber do que somos salvos.
Sétimo, precisamos da ira de Deus para sermos motivados a cuidar de nossos irmãos pobres. Todos nós conhecemos a afirmação de que os cristãos estão de tal modo voltados para o céu que não prestam para nada na terra. A ideia é que, se tudo o que pensarmos for apenas céu e inferno, terminaremos ignorando ministérios de compaixão e justiça social. Mas que melhor impulso para a justiça social do que a sóbria advertência de Jesus de que, se deixarmos de cuidar do menor de nossos irmãos, iremos para a punição eterna? (Mt 25:31-46)? A ira de Deus é um motivador para que mostremos compaixão aos outros, pois, sem amor, como diz João, não temos a vida eterna e, se não compartilharmos nossos bens materiais com os que passam necessidades, não temos amor (1Jo 3:17).
Oitavo, precisamos da ira de Deus para nos prepararmos para a volta do Senhor. Devemos manter as lâmpadas cheias, os pavios aparados, as casas limpas, a vinha cuidada, os trabalhadores ocupados e os talentos investidos a fim de que não sejamos pegos despreparados no dia do acerto de contas. Somente quando crermos plenamente na ira iminente de Deus e tremermos diante da ideia da punição eterna é que ficaremos despertos, alertas e preparados para que Jesus venha outra vez e julgue os vivos e os mortos.
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* Trecho extraído do capítulo 9 do excelente livro Não quero um pastor bacana – e outras razões para não aderir à igreja emergente, de Kevin DeYoung e Ted Kluck (São Paulo: Mundo Cristão, 2011).


Sobre o Autor

Kevin DeYoung
Kevin DeYoung
Kevin DeYoung é o pastor sênior da Igreja Reformada University em East Lansing, Michigan, pastor e escritor. Graduado pela Hope College e Gordon Conwell Theological Seminary, atua na equipe de executivos da RCA Integrity, um grupo de renovação dentro da Igreja Reformada da América. Ele e sua esposa, Trisha, têm três filhos.

ESCLARECIMENTOS AOS LEITORES

GRAÇA E PAZ!
ESTIVE AFASTADO DO MUNDO VIRTUAL NESTE MÊS POR TER ME SUBMETIDO A UMA CIRURGIA E NÃO PODIA BAIXAR A CABEÇA, DEVIDO A CIRRURGIA SER NO NARIZ E AS VEIAS FICAREM ABERTAS. AGRADEÇO A TODOS QUE ACESSARAM NESTE PERÍODO, ORARAM POR MIM E SENTIRAM FALTA DESTE ESPAÇO. ESTOU DE VOLTA!
UM ABRAÇO COM AMOR EM CRISTO!
MISSº VERONILTON PAZ