‘Não consigo entender o dogma da Trindade!’
Essa é a principal afirmação cristã (e também anticristã) que se ouve a
respeito da doutrina cristã classificada como A Santíssima Trindade.
No geral, a doutrina é possível de ser entendida. O que é negado pelos
expositores cristãos é a compreensão da essência da Trindade
propriamente dita. Isso não é de se alarmar. A eternidade também não é
compreendida por nós, seres finitos.
O que pretendo fazer com essa série de estudos é explorar as afirmações
do antigo credo conhecido como “Atanasiano”. Não me deterei aos dados
históricos e polêmicas em torno do mesmo*. Me concentrarei em uma exposição bíblica, simplificada e positiva.
Os estudos serão divididos em parágrafos, em frases, ou em algumas partes do Credo, para melhor exposição didática.
O Credo Atanasiano:
“Todo aquele que quer ser salvo, antes de tudo deve professar a fé católica.”
O credo introduz uma advertência evangelística ao dizer “quer ser salvo”. Ecoa as palavras da Bíblia em Jo 3.16,36; At 13.48; Ap 22.17.
A primeira afirmação é que a Fé deve ser professada para salvação. Em
Romanos 10.9,10 notamos que a profissão de fé é necessária. Crer de
modo ‘particular e oculto’ não é a maneira cristã de crer. Todos
precisam saber que cremos!
Em segundo lugar, a fé é especificada: Fé católica. Isso é dito, pois
não se trata da firme certeza nas promessas de Deus (Hb 11.6). Aqui é a
Fé religiosa, o sistema de crenças, o conteúdo doutrinário, as
afirmações teológicas que se faz. Observe bem que Judas diz da “fé que uma vez por todas foi entregue aos santos”(3). Ela é católica por causa da ‘multinacionalidade’ da Igreja de Cristo (Ap 7.9) e da crença nela disseminada, aceita e defendida.
O Credo continua:
“Quem quer que não a conservar íntegra e inviolada, sem dúvida perecerá eternamente.”
Pelo jeito essa crença, fé, é muito séria! A ponto de colocar em risco
a salvação do indivíduo. Alguns acham que crer de maneira diferente em
assuntos centrais é a mesma coisa de discordar de assuntos periféricos.
Engano! Pedro diz que os que torcem as Escrituras o fazem para a
própria perdição (2 Pe 3.16). Negar que Cristo veio em carne nos lança
no bojo do anticristo (1 Jo 4.2,3; 2 Jo 7). O apóstolo Paulo escreveu
que outro evangelho era maldito (Gl 1.8,9) e muitos estavam crendo em
outro Jesus (2 Co 11.4). Adorar Deus e ídolos é condenação certa (Ex
20.3,4).
Os assuntos deixam de serem periféricos quando tais mudam o caráter e a
natureza do Salvador, da salvação e da revelação. Nesses casos, teremos
um Deus diferente revelado nas Escrituras, uma salvação diferente e a
autoridade da revelação diluída. Deus, Salvação e Infabilidade das
Escrituras, não são assuntos periféricos, mas centrais.
“E a fé católica consiste em venerar um só Deus na Trindade e a Trindade na unidade...”
Essa colocação do Credo é de proeminência. Minha opinião é que aqui
temos uma janela para entendermos a doutrina. Nessa breve citação
existe uma eternidade de respostas. Perceba que adoramos ‘um só
Deus’(Dt 6.4; Gl 3.20), na Trindade (Mt 28.19)’. Não é que a soma das três pessoas resultam em Deus. Mas que esse Deus só é visto nas três Pessoas. Adorar a ‘Trindade na
unidade’ é vê-la em sua essência divina. O Deus Todo-Poderoso é o Pai,
o Filho e o Espírito Santo. E cada uma é completamente Deus que é
permissível eu dizer que o Deus Todo-Poderoso é o Filho (Jd 4), pois
essa é a sua essência.
*Um estudo sistemático sobre a doutrina trinitariana pode ser visto em Teologia Sistemática Trinitariana, de autoria do irmão Cláudio do Blog Aprendei. Caso queira o material de três volumes, em pdf, deixe seu e-mail que enviaremos.
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