sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Revelações Desnecessárias

À Lei e ao Testemunho!

Ricardo Cerni

Como já tive ocasião de ver neste livro, a questão fundamental que nos preocupa no que diz respeito ao chamado "movimento carismático" é a suficiência da Sagrada Escritura como fonte de revelação doutrinal, e como guia de nossas vidas. Se a Bíblia é suficiente para mostrar o caminho da salvação e para ordenar a nossa conduta, então não há outra luz. Por outro lado, quando alguém procura por instrução ou revelação espiritual fora da Bíblia, ou na margem dela, o que ele está dizendo, queira ou não, é que a sua confiança na Escritura é parcial e limitada.
O grande perigo da ideologia “carismática" é que, em nome de Deus, é o de receber novas divulgações de informações sobre questões de conduta e de prática, e até mesmo de doutrina. A reivindicação de uma revelação direta de Deus para o indivíduo, e não através das Escrituras e sem nenhum controle ou verificação, é uma arma perigosa contra a vida da igreja cristã. É o velho erro dos falsos profetas que imitam o "Assim diz o Senhor" dos verdadeiros profetas, sem que Deus lhes houvesse enviado. Recordamos aqui conflito com os profetas Jeremias em Jeremias 28.
No entanto, de modo algum podemos limitar a imensa riqueza e variedade das maneiras que Deus se usa para se comunicar conosco. Por um lado temos a “revelação geral", através da criação e da providência. Por outro lado, temos a verdadeira orientação do Espírito, manifestado na vida dos crentes através de fatos circunstanciais e comunhão espiritual com o Senhor. Através desta comunhão e vínculos de amor mútuo, os crentes sabem o que Deus quer que se faça. Esta é uma direção pessoal. Não se trata de revelações particulares sobre questões de interesse geral afetando a igreja em geral, mas comunicações singulares que o crente pode discernir. Assim, muitas vezes em nossas vidas, recebemos reais instruções, correções, consolos e libertação do Senhor. A palavra escrita não está diretamente envolvida nestas demonstrações, mas é claro que a riqueza da sua educação foi estabelecida em nossos corações, e isso garante que o Senhor, e não outro, é quem fala aos nossos corações.
Se perguntarmos por que existe nas igrejas de hoje a preferência por "sinais", "milagres", "dons" e "revelações", a resposta imediata é que a Palavra de Deus tem deixado de estar no centro das atenções dessas igrejas. Na verdade, não é somente isso, se trata também de um sintoma de uma doença espiritual séria, o mesmo que o apóstolo Paulo diagnosticou na igreja Corinto (1 Coríntios 1.22; 2.1-5). Crentes judeus tinham uma preferência pelos "sinais", enquanto os gentios tinham  uma preferência pela "sabedoria". Mas o apóstolo não cedeu nem a um nem ao outro, porque a sua missão não era fazer maravilhosas manifestações impressionante, mas "pregar Cristo crucificado". Para o crente, basta o conhecimento de Cristo e de Sua Palavra. Todos os pedidos e desejos devem ser satisfeitos nEle. Todas as necessidades e desejos são resolvidos nEle. Quem tem o conhecimento da verdade revelada nas Escrituras não necessita de mais nada. Isto é expresso pelo salmista no maravilhoso Salmo 119. Através deste Salmo pode-se perceber a plenitude da alegria e segurança dos filhos de Deus. A Lei de Deus, ou melhor, a "instrução" de Deus (porque a palavra Torah, = lei, deriva de uma raiz que significa "ensinar", "instruir") contém todas as coisas necessárias para nossa vida presente e para nossa salvação futura. A nossa vida individual, assim como a nossa vida em comunidade, deve ser regulada pelo testemunho escrito da palavra.

Quando alguém diz "O Senhor me disse..." devemos ter cuidado. Sim, o Senhor nos fala, mas fala por meio das Escrituras, pelas verdades, pelas doutrinas, pelos exemplos, pelos princípios, e até mesmo pelo seu silêncio. Esse é o jeito de falar de Deus. Ninguém deve assumir o privilégio de ter uma "revelação especial" de Deus como os profetas e apóstolos, porque isso equivale a declarar-se fundamento da igreja (Ef 2.20), e sabemos que este fundamento já foi estabelecido. A origem da maioria das seitas heréticas se encontra precisamente nos delírios de grandeza de algum “iluminado” que se apresenta com um "Assim diz o Senhor..." quando na verdade apenas expressou sua própria ambição. Tudo o que o crente precisa saber para sua vida agora e por vir, Deus já revelou em Sua Palavra.

Também não devemos permitir que alguém manipule a nossa vida com uma falsa mensagem de Deus. Houve, e ainda haverá quem tentar conduzir nossas vidas com a falsa autoridade de uma revelação para nós. São aqueles que falam "irmãos, o Senhor me disse que você deve fazer isto e aquilo..." como se Deus não pudesse dizer a mim! Tal manipulação da Palavra de Deus tem causado grandes estragos no povo de Deus. Quantas tragédias e sofrimentos têm sofridos aqueles que deram crédito a essas palavras! Devemos manter firme o princípio de que o Senhor conhece cada um de suas ovelhas, e como o Bom Pastor, chama-os pelo nome, e trata com eles em particular. O amor e o consolo do Senhor não necessita de mediadores especiais. É verdade, o Senhor em sua sabedoria, pode usar outras pessoas para enviar-nos a Sua ajuda, mas isso nunca irá significar uma barreira ou uma mediação do caráter sacerdotal. Nosso único Sacerdote é o próprio Cristo, e nEle temos a fonte da sabedoria.
Se essas supostas revelações não são necessárias, menos ainda são os "sinais". Quando nossa confiança está na Palavra de Deus, nada pode substituí-lo. A fé não precisa de muletas para andar. Nós andamos pela fé, e não pela visão. Acreditamos na autoridade da Palavra em si mesmo. A verdade de Deus é mais evidente do que qualquer testemunho dos nossos sentidos. A exigência de sinais é prova de falta de fé na Palavra. Isso é mostrado em Mateus 12.38-39. Uma passagem de especial interesse é o de João 4.43-54 sobre a cura do filho de um homem importante em Israel. O que é importante nesta passagem é o próprio Jesus fazer diferença entre o crer nos sinais e o crer na Palavra. Jesus disse: "Se, porventura, não virdes sinais e prodígios, de modo nenhum crereis" (vs 48). O atribulado pai imediatamente entendeu a diferença e, numa rápida reação, colocou a sua confiança nas palavras de Jesus: “... o homem creu na palavra de Jesus e partiu".

Um dos problemas mais impressionantes das igrejas de nosso tempo é a importância exagerada que se dá a tudo o que o apóstolo João chama de "a concupiscência dos olhos" (1 Jo 2.16). Dentro desse fenômeno, deve registrar a importância exagerada ligada a tudo o que é sentido. Os cultos das igrejas são organizadas como se fossem um espetáculo para gratificar os sensorial. A música, a atmosfera de humor, o discurso agradável etc. É um cenário ideal para excitar os sentidos e preparar o público para assistir qualquer "sinal" ou "milagre", como por exemplo, uma suposta "cura". Enquanto isso, a necessidade da fé vai diminuindo. Quanto mais se depende dos sinais externos, menos se depende da fé. Quanto mais valor se dá aos dons, menos a Palavra é valorizada. Mas o que o Senhor nos diz é "... que creiamos em o nome de seu Filho, Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, segundo o mandamento que nos ordenou" (1 Jo 3.23).

Antes de pedir sinais, antes de exibir os dons, antes de gloriarmos em milagres, estejamos certos de que nossa fé pode ser muito bem sustentada sem todas essas “ajudas”. Estejamos seguros de que a Palavra de Deus, a Escritura, é suficiente para mantermos fiéis ao Senhor, cheio de amor e gratidão por sua obra de redenção.

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Tradução: Heitor Alves
Sobre o autor: Ricardo Cerni Bisbal é pastor reformado e coordenador da Fundación Editorial de Literatura Reformada (FELiRe). Conheça a FELiRe pelo site www.felire.com.
Fonte: Este artigo é um epílogo do livro El Movimiento Carismático da editora FELiRe.


Extraído do site: http://www.eleitosdedeus.org

Reflexão Doutrinária e Devocional

Deus não Vai se ajustar a Você!

Josemar Bessa

"Ainda hoje a minha queixa é de um revoltado, apesar de a minha mão reprimir o meu gemido. Ah! se eu soubesse onde o poderia achar! Então me chegaria ao seu tribunal. Exporia ante Ele a minha causa, encheria a minha boca de argumentos. Saberia as palavras que ele me respondesse, e entenderia o que me dissesse" (Jó 23.1-5).
Imagine isto: uma convocação de pessoas irritadas se reunindo numa montanha para ter uma sessão de queixas com Deus.

A primeira pessoa a apresentar o seu caso é Moisés. Ele agarra firmemente seu bordão e dá um passo autoritário à frente. Olha dramaticamente para a esquerda e depois seu olhar se desvia a direita. Faz uma pausa deliberada, cofiando a barba esvoaçante. Ele olha diretamente para Deus e estronda numa voz poderosa: "Deus, nós nos conhecemos muito bem. O Senhor fez um bom trabalho no Mar Vermelho e com o exército de Faraó. Mas, será que eu não poderia ter colocado pelo menos um pé na terra de Canaã? Tenho esta queixa contra o Senhor há milhares de anos e preciso desabafar. Minha experiência com o Senhor não tem sido totalmente agradável. Fui deliberadamente exaltado para depois ser humilhado. Tudo que fiz foi bater na rocha! Que mal a nisso!"

"Olhe" - Moisés continua, elevando a voz emocionado. "Desisti do conforto do Egito, como segundo em autoridade ao Faraó. Segui ao Senhor sem vacilar. Tudo o que obtive em troca foram 40 anos nos confins de um terrível deserto, outros 40 anos tratando com uma multidão de pessoas que se comportavam como mentecaptos mal agradecidos, e depois morri justamente 30 dias antes de todos os outros entrarem na Terra Prometida! Estou desgostoso. O Senhor simplesmente não é 'justo'!”

Deus sorri reverentemente e em silêncio faz um aceno par o próximo da fila.

João Batista pigarreia nervosamente, lançando um olhar pra o papel amassado que guarda na mão. Ele começa, "Deus, sei que o Senhor é reto e santo, mas estou realmente aborrecido. Quanto mais penso, tanto mais me enraiveço. Deixe-me fazer uma pergunta: O Senhor já teve que comer gafanhotos? Eu tive - UFA! Além disso, o Senhor me obrigou a andar por morros e vales, gritando sobre o arrependimento com toda a força dos meus pulmões. E isso não é tudo. Depois de trabalhar tanto por sua causa, terminei numa cela da prisão e, a seguir sem cerimônia alguma minha cabeça foi cortada! Isso não é 'justo'! Acredito que me explorou para proveito próprio. É dessa forma que age? Se agrada em espremer as pessoas, tirando tudo delas e depois jogá-las fora? É isso que faz?"

Deus sorri brandamente e acena pra o outro indivíduo. Este se porta como um aristocrata. Seu nome é Jó. Ele passa levemente o dedo pelo nariz e fala, "Deus, sei que o Senhor tem tudo sobre controle. Mas, penso que é um 'desmancha-prazeres cósmico’. Deve ficar sentado em seu trono esperando que alguém esteja gozando a vida ao máximo, e então ri sinistramente e torce satisfeito as mãos. Posso ver isso claramente: o que faz é esmagar tudo o que essa pessoa tem. Não tente fugir agora; estou aqui para comprovar pessoalmente o fato de que esse é um dos seus passatempos favoritos".

Neste ponto todos concordam vigorosamente com a cabeça e resmungam afirmativamente.

Jó continua, "Fui vítima indefesa. Sem consultar-me o Senhor deu ao diabo permissão para me destruir. Perdi 7.000 ovelhas, 3.000 camelos, meu gado, jumento, servos, sete filhos e minhas três preciosas filhas. Isso não é tudo. Enquanto me sentava nas cinzas de minha casa queimada, cuidando de meus tumores, minha mulher me disse que eu havia perdido a integridade e que deveria blasfemar contra o Senhor e morrer. Deus, não consigo compreender como isso aconteceu comigo. O Senhor é 'injusto' em suas ações, não só comigo..."

Ao olhar a fila, Deus vê muitas pessoas cuja raiva está crescendo. João se queixa de seus "Benefícios da Previdência Social" no asilo de loucos na ilha de Patmos. Os outros discípulos estão reclamando sobre suas experiências desconcertantes com o martírio, Jeremias se queixa das condições do calabouço, onde ele ficava enterrado na lama praticamente até as orelhas.
Paulo tem uma longa lista de reclamações: Naufragou três vezes, não teve como se vestir, passou fome, foi amargamente perseguido, apedrejado, rejeitado pelo sistema religioso, encarcerado e finalmente cortaram o seu pescoço. José está extremamente raivoso por ter sido vendido como escravo, caluniado pela mulher do seu patrão, e atirado numa cela por anos... Seu único crime foi um sonho! O honesto e puro Estevão ainda tem lugares inchados e ferimentos por ter sido apedrejado até a morte.

Deus também não pode esquecer-se de Davi. Ele foi caçado como um animal raivoso pelo invejoso Saul. A seguir, depois de trinta minutos de pecado com Bete-Seba, Davi colheu literalmente o caos em sua família e no reino durante 40 anos. Cada um tem uma pasta cheia de "fatos" que justificam sua queixa básica contra Deus.

Em meio ao nosso sofrimento, nossas emoções se descontrolam. Essa é a razão de necessitarmos de um regime de impacto através da ajuda objetiva das Escrituras. Nós aqui, no século XXI, só nos ajustamos à justiça de Deus tendo um conhecimento categórico sobre Ele. (Você pode ver então a tragédia e o engano diabólico do 'evangelho da prosperidade?') - Ele é uma mentira e nos faz crer num Deus que é mera ficção. É importante também para nós compreender suas (de Deus) intenções a nosso respeito porque quando estamos sofrendo, no geral questionamos seus motivos e sua integridade.

Alguém talvez diga: "Mas Deus é tão misterioso, ninguém pode saber realmente quem Ele é!" Embora seja verdade que Deus é tão grande que nenhum pensamento humano pode contê-lo plenamente, temos, como seus filhos, capacidade de conhecê-lo. Nossa responsabilidade é colocar o conhecimento que temos sobre Deus em nossa mente e depois pedir ao Espírito Santo que o torne uma realidade viva tanto nos bons como nos maus momentos.

Os seguintes atributos de Deus estão prontos para serem bombardeados para o nosso tanque de pensamentos desde já. Preparado?

01. Deus sabe tudo (At 15.18).

02. Deus é santo (1Pe 1.15,16). Ele lhe dá o poder para andar na luz.


03. Deus é amor (1Jo 4.8). Ele está vitalmente interessado no nosso bem maior.


04. Deus é verdadeiro (Rm 3.4). Ele cumpre todos os acordos sem queixar-se as suas costas.


05. Deus não tem de dar contas a ninguém (Is 40.13-14). O que Deus faz por você não é devido a um sendo de obrigação.


06. Deus é Todo-Poderoso (Ap 19.6). Você pode sentir-se protegido pelo seu cuidado.


07. Deus é infinito e eterno (Sl 90.2) - Ele tem o ponto de vista perfeito com relação ao seu sofrimento.


08. Deus é invariável e imutável (Tg 1.17). Ele não é neurórico em sua atitude compassiva para com você.


09. Deus é Onipresente (Sl 139.1-24). Você não pode fugir da atuação dEle em sua vida.


10. Deus é reto e justo (Sl 19.9). Ele não faz acepção de pessoas.


11. Deus é o Rei do Universo (Ef 1.1-23). Ele tem tudo sob controle, inclusive a sua situação.

Nós muitas vezes desejamos que Deus se ajuste ao nosso modo de pensar. Quando esta é a abordagem, não leva muito tempo para compreendermos que estamos empenhados numa tarefa inútil. Se, porém, nos ajustarmos adequadamente aos pensamentos de Deus, nosso valor como seus servos aqui na terra irá aumentar aos olhos dEle. Podemos então deixar de lado nossos sofrimentos e levar o poder curativo da cruz de Cristo a outros que estão sofrendo. Nós nos ajustamos categoricamente ao modo de pensar de Deus.

Em resumo, Deus não vai se ajustar aos seus pontos de vista. Você pode tentar manipular a atenção dEle com choro, súplicas ou desvios. Mas depois de tudo ter sido dito e feito, você ainda terá de ajustar-se aos pensamentos de Deus, como revelados na Palavra.

Você talvez fumegue um pouco e aja insensatamente durante algum tempo, mas mais cedo ao mais tarde, depois do esgotamento total, terá de enfrentar o fato de que Ele não vai se mover. Ele está no controle. Ele é o Criador. Você sua criatura. Os cristãos humildes não tem problema com esta realidade, porque uma vez compreendida, eles entram numa esfera de maior liberdade, vida e amor dentro dos limites de sua herança espiritual.
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Fonte: Josemar Bessa

Pastoral

Reavivamento, obra soberana de Deus

Reavivamento é uma obra soberana de Deus. A igreja não produz reavivamento; ela o busca e prepara seu caminho. A igreja não agenda reavivamento; ela ora por ele e aguarda sua chegada. Reavivamento não é estilo de culto, nem apenas presença de dons espirituais ou manifestações de milagres. O Salmo 85 trata desse momentoso assunto de forma esclarecedora. O salmista pergunta: "Porventura, não tornará a vivificar-nos, para que em ti se regozije o teu povo?" (Sl 85.6). Dr. Augustus Nicodemus, em recente mensagem pregada em nossa igreja, ofereceu-nos quatro reflexões acerca do versículo em epígrafe.
1. Reavivamento é uma obra de Deus na vida do seu povo. Reavivamento não acontece no mundo, mas na igreja. É uma intervenção incomum de Deus na vida do seu povo, trazendo arrependimento de pecado, volta à Palavra, sede de santidade, adoração fervorosa e vida abundante. Reavivamento começa na igreja e transborda para o mundo. O juízo começa pela casa de Deus. Primeiro a igreja se volta para Deus, então, ela convoca o mundo a arrepender-se e voltar-se para Deus.
2. Reavivamento é uma obra exclusiva de Deus. Os filhos de Coré clamaram a Deus por reavivamento. Eles entenderam que somente Deus poderia trazer à combalida nação de Israel um tempo de restauração. Nenhum esforço humano pode produzir o vento do Espírito. Nenhuma igreja ou concílio pode gerar esse poder que opera na igreja um reavivamento. Esse poder não vem da igreja; vem de Deus. Não vem do homem; emana do Espírito. Não procede da terra; é derramado do céu. Laboram em erro aqueles que confundem reavivamento com emocionalismo. Estão na contramão da verdade aqueles que interpretam as muitas novidades do mercado da fé, eivadas de doutrinas estranhas às Escrituras, como sinais de reavivamento. Não há genuína obra do Espírito contrária à verdade revelada de Deus. O Espírito Santo é o Espírito da verdade e ele guia a igreja na verdade. Jamais ocorreu qualquer reavivamento espiritual, produzido pelo Espírito de Deus, dentro de seitas heterodoxas, pois Deus não age contra si mesmo nem é inconsistente com sua própria Palavra.
3. Reavivamento é uma obra extraordinária de Deus. O reavivamento não é apenas uma obra de Deus, mas uma obra extraordinária. É uma manifestação incomum de Deus na vida do seu povo e através do seu povo. Deus pode fazer mais num dia de reavivamento do que nós conseguimos fazer num ano inteiro de atividades, estribados na força da carne. Quando olhamos os reavivamentos nos dias dos reis Ezequias e Josias, vemos como o povo se voltou para Deus e houve júbilo e salvação. Quando contemplamos o derramamento do Espírito no Pentecostes, em Jerusalém, vemos como a mensagem de Pedro, como flecha, alcançou os corações e quase três mil pessoas se agregaram à igreja. Quando estudamos o grande reavivamento inglês, no século dezoito, com John Wesley e George Whitefield constatamos que uma nação inteira foi impactada com o evangelho. O mesmo aconteceu nos Estados Unidos no século dezenove e na Coréia do Sul no século vinte. O reavivamento é uma obra incomum e extraordinária de Deus e nós precisamos urgentemente buscar essa visitação poderosa do Espírito Santo na vida da igreja hoje.
4. Reavivamento é uma obra repetida de Deus na história. É importante entender que o Pentecostes é um marco histórico definido na história da igreja. O Espírito Santo foi derramado para estar para sempre com a igreja e esse fato é único e irrepetível. Porém, muitas vezes e em muitos lugares, Deus visitou o seu povo com novos derramamentos do Espírito, restaurando sua igreja, soprando sobre ela um alento de vida e erguendo-a, muitas vezes, do vale da sequidão. Nós precisamos preparar o caminho do Senhor e orar com fervor e perseverança como o salmista: "Porventura, não tornarás a vivificar-nos, para que em ti se regozije o teu povo?" O reavivamento é uma promessa de Deus e uma necessidade da igreja. É tempo de clamarmos ao Senhor até que ele venha e restaure a nossa sorte!

Rev. Hernandes Dias Lopes

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Pecados Sexuais

Homossexualismo

John A. Kohler, III

  • É ímpio e pecaminoso (Gênesis 13:13; 18:20).
  • É uma abominação (Levítico 18:22; Deuteronômio 23:17-18; I Reis 14:24).
  • É um crime capital, merecedor de pena de morte (Levítico 20:13; Romanos 1:32 ).
  • É do Diabo ou Satânico (Juízes 19:22 ).
  • É loucura ou uma coisa tola na qual as pessoas se envolvem (Juízes 19:23).
  • É condenado por Deus (I Reis 14:24; Colossenses 3:4-6; II Pedro 2:6; Judas 7).
  • Deve ser eliminado pelos oficiais do governo, não deve ser nem tolerado e muito menos encorajado (I Reis 15:11-12; 22:46; II Reis 23:7).
  • É comum em sociedades orgulhosas, prósperas, materialistas e auto-suficientes (Ezequiel 16:49-50; Eclesiastes 10:18).
  • É característico de uma sociedade que rejeitou ou virou as costas para Deus (Romanos 1:24-32).
  • É característico de uma sociedade na qual a criatura é mais adorada do que o Criador; uma sociedade idólatra, que é centrada no homem, ao invés de centrada em Deus (Romanos 1:25).
  • É um pecado praticado por aqueles que serão excluídos do céu (I Coríntios 6:9-10; Gálatas 5:19-21).
  • É um pecado do qual alguém pode ser liberto (I Coríntios 6:11).
  • É contrário à sã doutrina (I Timóteo 1:9-10).
  • É tanto ímpio como a feitiçaria, o ódio, a heresia, a idolatria, o adultério, o roubo, a cobiça, a bebedeira, a extorsão, o assassinato, a prostituição, o seqüestro, a mentira, o perjúrio, a bruxaria, ou qualquer outro pecado (I Coríntios 6:9-10; Gálatas 5:19-21; I Timóteo 1:9-10; Apocalipse 22:15).
  • É uma forma de fornicação (Mateus 15:19; Marcos 7:21; Atos 15:20,29; 21:25; Romanos 1:29; I Coríntios 6:9,13,18; 7:2; 10:8; II Coríntios 12:21; Gálatas 5:19; Efésios 5:3; Colossenses 3:5; I Tessalonicenses 4:3; Apocalipse 2:14,20-21; 9:21).
  • É baseado num mal-entendimento egoísta do sexo (I Coríntios 7:2-5). É um pecado que pode ser sobrepujado através da salvação e do relacionamento marital bíblico (I Coríntios 7:2-5).
  • É um pecado que resulta da depravação do homem, não de sua hereditariedade ou meio-ambiente (Mateus 15:19; Marcos 7:21).
  • É um pecado que desonra o corpo humano (I Coríntios 6:13).
  • Deve ser evitado a todo custo (I Coríntios 6:18; 10:8; Efésios 5:3; I Tessalonicenses 4:3).
  • É uma obra da carne (Gálatas 5:19).
  • É contrário à vontade de Deus (I Tessalonicenses 4:3).
  • É inadequado ou impróprio (Romanos 1:27).
  • É vil e contra a natureza ( Romanos 1:26 ).
  • É impuro e desonroso (Romanos 1:24).
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Fonte: www.monergismo.com
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto


Vida Cristã

O Processo do Pecado Sexual

Steve Viars

O artigo abaixo é uma sinopse da sessão plenária de Steve Viars na pré-conferência do NANC 2003 sobre “Pecado Sexual”.
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Nós vivemos numa cultura enlouquecida pelo sexo. Num ano recente, a U.S. News e a World Report declararam que a indústria pornográfica arrecadou mais que oito bilhões de dólares, ultrapassando todas as receitas geradas pela música country e o rock, sendo mais do que a América gastou com as produções da Brodway, teatro, balé, jazz e música clássica juntos. O web site da Playboy sozinho recebe cinco milhões de acessos todos os dias.
A Long-On Data Corporation informa que são 72.000 sites de sexo explícito na internet, com uma estimativa de 266 novos sites pornográficos adicionados a cada dia. O efeito da pornografia sobre as tendências do relacionamento social é, também, importante. Estima-se que uma em cada três garotas e um em cada sete rapazes serão molestados sexualmente antes dos dezoito anos. Algumas estatísticas sugerem que um molestador típico de crianças se aproveitará de mais que 360 vítimas durante seu tempo de vida e será capaz de abusar entre trinta e sessenta crianças antes que seja pego pela primeira vez. Num estudo sobre molestadores de crianças condenados, 77% que abusaram de garotos e 87% de garotas disseram que foram consumidores regulares de pornografia hard-core.
Mais uma situação que deve, sem dúvida, chamar nossa atenção como líderes é que conforme a entidade Focus on the Family, uma em cada sete chamadas recebidas no seu serviço de aconselhamento para pastores inclui a pornografia de internet.
Tiago 1.14-15 menciona três princípios para ajudar o povo de Deus a vencer o combate com o pecado sexual:
Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz. Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte.

Aprenda que o pecado sexual é um processo que começa bem antes do ato

O ponto central do texto é que o pecado sexual envolve alguns passos específicos e identificáveis. A fonte da tentação são as nossas cobiças, da palavra grega epithumia. Conselheiros bíblicos seriam sábios se aprendessem tudo o que podem sobre este conceito bíblico particular.
Deus nos fez seres que desejam. Esta é a chave para entender a motivação humana. Parte do processo de aconselhamento é ajudar homens e mulheres a identificarem os desejos de seus corações, especialmente em situações em que eles desagradam a Deus regularmente. Geralmente, faço duas perguntas no aconselhamento: “O que você quis tão perversamente que se dispôs a pecar, a ponto de fazer isso?” e “O que você quis tão perversamente que se dispôs a pecar, quando não deveria fazer isso?”. Fundamentalmente, isso é um resultado da idolatria porque os desejos de uma pessoa revelam o seu deus funcional.
Com certeza, alguns podem contestar que é impossível controlar seus desejos. Esta é uma questão teológica central que precisa ser debatida. O Kittle’s Theological Dictionary of the New Testament explica que epithumia é “um impulso da vontade”. Em outras palavras, nós escolhemos aquilo que queremos.
Tiago, também, explica nesta passagem que se nós não controlarmos nossos desejos com a verdade bíblica, eles terão poder para nos seduzir e nos afastar. O quadro aqui é de um peixe fisgado ou de um animal que caiu em armadilha. Alguns podem se sentir desconfortáveis com os seres humanos sendo apresentados como se fossem animais, já que fomos feitos à imagem de Deus. Mas, eu creio que precisamos reconhecer a capacidade dos seres humanos para viver bem diferente dos animais, apenas se escolherem viver no poder de Deus. No outro lado desta equação, se os seres humanos escolhem rejeitar a Deus e Sua Palavra, muitas das escolhas de seu estilo de vida irão escravizá-los absolutamente. Eles experimentarão fraqueza e vício como um animal que caiu em armadilha.
O próximo passo nesse processo é um ato pecaminoso. É interessante e sensato perceber que Tiago movimenta as metáforas aqui. Desejos incontrolados dão à luz ações pecaminosas. Isso não significa que os desejos precedentes são neutros ou aceitáveis, mas agora, as ações pecaminosas são “seres” gerados por um coração pecaminoso.
A questão central é que nossos aconselhados nunca alcançarão melhora nesta área de suas vidas, até entenderem que o pecado sexual é um processo que começa bem antes do ato.

Aprenda a parar o pecado sexual onde ele começa pelo poder de Deus

Uma das implicações de conhecer esse processo é identificar a cobiça ou o desejo específico do coração que conduziu ao comportamento. Pessoas pecam sexualmente por diferentes razões. Algumas das cobiças comuns que levam ao pecado sexual são:

A. Desejo por gratificação imediata

O pecado sexual, especialmente quando é pornografia de internet, prostituição ou infidelidade conjugal produz uma sensação pessoal de um modo particular sem precisar percorrer o difícil trabalho relacional. O sujeito quer prazer que vem com o relaxamento sexual sem a necessidade de caminhar pelo empenho do envolvimento relacional na construção de um casamento piedoso.

B. Desejo pela aprovação do homem

No pecado sexual, em nível de coração, a pessoa é o grande homem do campus da Universidade, a mais bela pessoa da praia, a pessoa mais atrativa do escritório. Então, imaginam outras pessoas lisonjeando sua sexualidade de maneira que nunca ocorreria na vida real. É por isso que, provavelmente, as pessoas envolvidas em pornografia se tornam violentas, freqüentemente. Porque as pessoas da vida real não as tratam como as das suas fantasias. É basicamente o pecado do orgulho, uma forma vulgar de amor próprio que deseja ser o centro do drama, o herói do jogo.

C. Desejo por controle

No pecado sexual, a pessoa se encontra no comando de tudo e de todos. Não há perguntas ou recusas. É a estrela do filme, o diretor do filme e o telespectador, também.

D. Desejo de ser Deus

Esta pessoa deseja uma vida em que não haja conseqüências, causa e efeito e nem regras: apenas determine o que você quer. Esta pessoa crê que pode pensar e fazer aquilo que deseja, não mantém limites.
Uma vez que tais desejos são identificados, é hora de mortificá-los. O impacto do evangelho no progresso da vida do crente não é apenas uma mensagem de vida e ressurreição, mas também, de morte e crucificação. Esta é a raiz do verdadeiro ódio ao pecado, não apenas o pecado das ações sexuais, porém, ainda, dos pensamentos sexuais ilícitos.
A próxima implicação do entendimento do processo é optar por desejos que honrem a Deus. Os passos que Tiago descreve podem ser revertidos, na demonstração do amor de alguém por Cristo mediante a escolha de desejos na vida sexual de alguém que o honra.

Esteja convencido de que as conseqüências em falhar na interrupção deste processo são severas

Tiago completa a metáfora pela descrição de um aborto: “quando o pecado é completado, produz morte”. Homens e mulheres pegos pelo pecado sexual sofrem a morte espiritual de ser um estranho para Deus.
É, ainda, a morte de relacionamentos. Recentemente, uma de minhas aconselhadas descobriu que seu marido estava envolvido com pornografia de internet. Ela descreveu a lenta morte de seu casamento em palavras como estas: “Eu sabia que algo estava errado, mas sempre pensei que eu fosse a responsável. Eu cri que se perdesse mais peso ou se eu tentasse mais intensamente satisfazê-lo as coisas melhorariam. Eu estou tão irada, doente, confusa e desapontada ao descobrir que todo este tempo ele tinha uma amante”.
Com certeza, a boa notícia é que “onde abundou o pecado, a graça superabundou” (Rm 5.20). Todo seguidor pode aprender a “possuir seu próprio corpo em santificação e honra” (1 Ts 4.4). Deus nos informou acerca do processo, a fim de que o revertêssemos no momento mais cedo possível.
Ver cristãos praticarem esse princípio é exatamente o que a nossa cultura enlouquecida pelo sexo precisa.

Extraído do site: http://www.eleitosdedeus.org

Doutrinas da Igreja

O Batismo

R. C. Sproul

Romanos 4.11,12; 6.3,4; 1 Coríntios 12.12-14; Colossenses 2.11-15; Tito 3.3-7.
O batismo é o sinal sacramental da Nova Aliança. É um sinal por meio do qual Deus sela aos eleitos sua garantia de que estão incluídos na aliança da graça.
O batismo tem vários significados. Em primeira instância, é um sinal de limpeza e de remissão de nossos pecados. Também significa ser regenerado pelo Espírito Santo, ser sepultado e ressuscitado com Cristo, ser revestido pelo Espí­rito Santo, ser adotado na família de Deus e ser santificado pelo Espírito Santo.
O batismo foi instituído por Cristo e deve ser administrado no nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. O sinal exterior não comunica automática ou magicamente as realidades que são simbolizadas. Por exemplo, embora o batis­mo simbolize a regeneração, ou o novo nascimento, não comunica automatica­mente o novo nascimento. O poder do batismo não está na água, mas no poder de Deus.
A realidade para a qual o sacramento aponta pode estar presente antes ou depois que o sinal do batismo é dado. No Antigo Testamento, o sinal da aliança era a circuncisão, a qual era, entre outras coisas, um sinal de fé. No caso dos adultos, como Abraão, a fé veio antes do sinal da circuncisão. Com os filhos dos crentes, contudo, o sinal da circuncisão era dado antes da profissão de fé, como foi o caso de Isaque. Semelhantemente, na Nova Aliança, a teologia reformada requer que os convertidos adultos sejam batizados depois de fazer a profissão de fé, enquanto que os filhos recebem o batismo antes que professem sua fé.
Batismo significa lavagem com água. O mandamento de batizar pode ser obedecido por imersão, aspersão ou afusão. A palavra grega batizar inclui as três possibilidades.
A validade do batismo não se baseia no caráter do ministro que o realiza ou no caráter da pessoa que o recebe. O batismo é um sinal da promessa de Deus de salvação para todo aquele que crê em Cristo. Sendo ele uma promessa de Deus, a validade da promessa repousa na confiabilidade do caráter divino.
Visto o batismo ser um sinal da promessa de Deus, ele não deve ser administrado mais de uma vez a uma pessoa. Ser batizado mais de uma vez significa lançar uma sombra de dúvida na integridade e na sinceridade da pro­messa de Deus. Certamente, os que foram batizados duas ou mais vezes não pretendem lançar dúvida sobre a integridade de Deus, mas a ação, se compreendida corretamente, transmitiria tal dúvida. Todo cristão, contudo, deve ser batizado. O batismo não é um ritual sem sentido, mas um sacramento ordenado por nosso Senhor.
Sumário
  1. O batismo é um sinal sacramental da Nova Aliança.
  2. O batismo tem múltiplos significados.
  3. O batismo foi instituído por Cristo e deve ser administrado com água no nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
  4. O batismo não comunica automaticamente o novo nascimento.
  5. O batismo pode ser administrado por imersão, aspersão ou afusão com água.
  6. A validade do batismo repousa na integridade da promessa de Deus e deve ser a ministrado só uma vez a uma pessoa.
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Fonte: Verdades Essenciais da Fé Cristã, R.C. Sproul, 3º Caderno, Ed. Cultura Cristã.


Extraído do site: http://www.eleitosdedeus.org

Reforma Protestante

"O justo viverá pela sua fé"
O texto de Romanos 1:17 foi fundamental
para que surgisse a Reforma Protestante no Século XVI. Quando Martinho Lutero leu essa passagem das Escrituras foi convencido de que a nossa justificação não se dá através das boas obras,
mas através da fé. A Reforma Protestante foi
um termo pejorativo empregado pelos católicos romanos à aqueles que protestaram contra o sistema religioso da época, mas esse termo foi assimilado
e usado a partir do século XVI até aos nossos dias para designar os grandes fatos vividos pelos
que desejavam e desejam pautar sua vida religiosa segundo a Bíblia.

Que foi a Reforma Protestante?
Dependendo do ponto de vista, poderíamos ter vários conceitos. No entanto, consideramos a Reforma como um movimento de retorno aos padrões bíblicos do Novo Testamento. Isso expressa a realidade da "Reforma Protestante", pois tudo que se fez tinha a finalidade de levar as pessoas a se aproximarem de Deus através de um relacionamento profundo com Ele.
Por que aconteceu a Reforma Protestante?
Alguns fatores contribuíram para que acontecesse a Reforma. Entre eles podemos destacar os seguintes:
a) As mudanças geográficas. O século XVI foi a era das grandes navegações realizadas pelas superpotências Portugal e Espanha e, consequentemente, das grandes descobertas. Com isso o mundo não se limitava mais à Europa, mas o novo mundo trouxe novos horizontes de conquista e expansão.
b) Mudanças políticas. Surgem as nações-estados. A Europa começa a se fragmentar em países independentes politicamente uns dos outros. Surgem países como a Inglaterra, França, Espanha, Portugal, etc. Com isso é natural o desejo de cada governante de sentir-se livre de um poder central e dominador que era o papado.
c) Mudanças intelectuais. Há grandes transformações intelectuais com o surgimento dos humanistas cristãos, os quais tiveram um interesse profundo pelo estudo das Escrituras Sagradas e das línguas originais e começaram a fazer uma comparação entre o Novo Testamento e o que a Igreja Católica Romana estava vivendo. Entre esses humanistas podemos destacar Desidério Erasmo ou Erasmo de Rotherdan que influenciou os reformadores com o seu Novo Testamento Grego.
d) Mudanças religiosas. O autoritarismo da Igreja católica romana era insustentável. O catolicismo não satisfazia os anseios espirituais do povo que buscava uma religião satisfatória e prática, que respondesse às suas indagações e expectativas.

Onde aconteceu a Reforma Protestante?
A Reforma aconteceu na Alemanha, mas logo, se espalhou para outros países como Inglaterra, Suíça, França, Escócia, etc. Em cada país podemos destacar um líder que levou avante este movimento.

Quando ocorreu a Reforma?
A partir do final do Século XII, começam a surgir alguns movimentos na Europa que pediam mudanças dentro da Igreja Católica Romana. Entre eles podemos destacar dois grupos:
  • Os valdenses com Pedro Valdo na Itália.
  • Os cataritas na França.
Também surgiram alguns homens que podemos considerá-los pré-reformadores como:
  • John Wycliff na Inglaterra, no século XIV, 1384
  • John Huss na Boêmia, no começo do século XV, 1415
  • Jerônimo Savanarola na Itália, no final do século XV, 1498
A Reforma Protestante, no entanto, só aconteceu no Século XVI na Alemanha, quando o frade agostiniano Martinho Lutero afixou as 95 teses nas portas da igreja do castelo de Wittenberg.
Era o dia 31 de outubro de 1517, véspera do dia de "todos os santos", quando milhares de peregrinos afluíam para Wittenberg para a comemoração do feriado do "dia todos os santos e finados", 01 e 02 de novembro.
Era costume pregar nos lugares públicos os avisos e comunicados. Lutero aproveitou a oportunidade e, através de suas teses, combatia as indulgências que eram vendidas por João Tetzel com a falsa promessa de muitos benefícios. Ele dizia que, se alguém comprasse uma indulgência para um parente falecido, "no momento em que a moeda tocasse no fundo do cofre a alma saltava do inferno e ia direto para o céu".

Quais foram os principais reformadores?
  • Na Alemanha, Martinho Lutero (1483/1546)
  • Na Suíça, Huldreich Zwínglio (1484/1531) e João Calvino (1509/1564)

Quais foram as principais obras de Lutero?
Lutero expressa suas idéias através de três obras. São elas:
a) A Liberdade Cristã. Nesse livro, pregou que somos livres em Cristo. Negou nessa obra que somente o papa pudesse interpretar as Escrituras, mas que podiam ser lidas e interpretada por qualquer crente sincero.
b) Apelo à Nobreza. Aqui Lutero faz um apelo para o povo se unir contra a Igreja Católica Romana.
c) Cativeiro Babilônico da Igreja. Afirmava que a Igreja estava vivendo num cativeiro, assim como o povo de Israel esteve na Babilônia escravizado.

Quais eram as principais doutrinas defendidas por Lutero?
a) Justificação pela fé. Baseado nos ensinos de Paulo, ele ensinava que o homem não é justificado pelas suas obras, mas pela fé em Jesus Cristo.
b) A infalibilidade da Bíblia. Ele considera a Bíblia infalível e acima de toda e qualquer tradição religiosa. Enquanto a Igreja Católica Romana defendia a idéia de que o papa era infalível e a Bíblia era sujeita à sua interpretação, Lutero afirmava que A Bíblia estava acima do papa, pois ela é a Palavra de Deus inspirada pelo Espírito Santo.
c) Sacerdócio de todos os crentes. Lutero nega o conceito que afirmava ter o papa poderes sobrenaturais como intermediário entre o povo e Deus. Ele defende a idéia de que todo crente é um sacerdote e tem livre acesso à presença de Deus. Não precisamos de um intermediário, o único intermediário entre o homem e Deus é o Senhor Jesus Cristo.

Quais eram os princípios fundamentais da Reforma?
a) Supremacia das Escrituras sobre a tradição.
b) A supremacia da fé sobre as obras.
c) A supremacia do povo sobre o sacerdócio exclusivo.

Lutero foi vitorioso?
Sim. Apesar das tentativas para condenarem Lutero, o papa e o Imperador Carlos V não conseguiram. Quando foi convocado a comparecer ao concílio diante do imperador, ele expressou-se destemidamente da seguinte forma: "É impossível retratar-me, a não ser que me provem que estou laborando em erro, pelo testemunho das Escrituras ou por uma razão evidente. Não posso confiar nas decisões de concílios e de Papas, pois é evidente que eles não somente têm errado, mas se têm contraditado uns aos outros. Minha consciência está alicerçada na Palavra de Deus. Assim Deus me ajude. Amém".
Uma das expressões mais profundas do sentimento de Lutero está no hino Castelo Forte que diz:
"Que a Palavra ficará, sabemos com certeza, e nada nos assustará, com Cristo por defesa; se temos de perder os filhos bens, mulher, embora a vida vá, por nós Jesus está, e dar-nos-á seu Reino". 
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Florêncio Moreira de Ataídes é pastor da IPRB, residente em Assis, SP.
Detentor do prontuário 521.
Desde 2009 é diretor da EMPA, Escola de Missões Priscila e Áquila.
Artigo publicado no Jornal Aleluia de fevereiro de 2004.
Inserido no site em 28/10/2007.