terça-feira, 6 de abril de 2010

O Que é o Evangelho? – John Stott

“Ó gálatas insensatos! Quem vos fascinou a vós outros, ante cujos olhos foi Jesus Cristo exposto como crucificado? Quero apenas saber isto de vós: recebestes o Espírito pelas obras da lei ou pela pregação da fé? Sois assim insensatos que, tendo começado no Espírito, estejais, agora, vos aperfeiçoando na carne? Terá sido em vão que tantas coisas sofrestes? Se, na verdade, foram em vão. Aquele, pois, que vos concede o Espírito e que opera milagres entre vós, porventura, o faz pelas obras da lei ou pela pregação da fé? É o caso de Abraão, que creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça. Sabei, pois, que os da fé é que são filhos de Abraão. Ora, tendo a Escritura previsto que Deus justificaria pela fé os gentios, preanunciou o evangelho a Abraão: Em ti, serão abençoados todos os povos. De modo que os da fé são abençoados com o crente Abraão” (Gálatas 3:1-9).

1. O que é o evangelho.

O evangelho é Cristo crucificado, sua obra consumada na cruz. E pregar o evangelho é apresentar Cristo publicamente como crucificado. O evangelho não é, antes de mais nada, as boas novas de um nenê na manjedoura, de um jovem numa banca de carpinteiro, de um pregador nos campos da Galiléia, ou mesmo de uma sepultura vazia. O evangelho trata de Cristo na cruz. O evangelho só é pregado quando Cristo é “publicamente exposto na sua cruz”. Esse verbo, prographein, significa “exibir ou representar publicamente, proclamar ou expor em um cartaz” (Arndt-Gingrich). Era usado em referência a editais, leis e notícias que eram expostos em algum lugar público para que fossem lidos, e também com referência a quadros e retratos.

Isso significa que, quando pregamos o evangelho, temos de nos referir a um acontecimento (a morte de Cristo na cruz), expor uma doutrina (o particípio perfeito “crucificado” indicando os efeitos permanentes da obra consumada de Cristo), e fazê-lo publicamente, ousadamente, vivamente, para que as pessoas vejam como se o testemunhassem com os seus próprios olhos. Isso é o que alguns autores têm chamado de elemento existencial da pregação. Fazemos mais do que descrever a cruz como um acontecimento do primeiro século. Na realidade descrevemos Cristo crucificado diante dos olhos de nossos contemporâneos, de modo que sejam confrontados com o Cristo crucificado hoje e percebam que podem receber hoje a salvação de Deus vinda da cruz.

2. O que o evangelho oferece.

Com base na cruz de Cristo, o evangelho oferece uma grande bênção. Versículo 8: “Em tu serão abençoados todos os povos”. O que é isso? É uma bênção dupla. A primeira parte é justificação (versículo e a segunda é o dom do Espírito (versículos 2-5). É com esses dois dons que Deus abençoa a todos os que estão em Cristo. Ele nos justifica, aceitando-nos como justos diante dele, e coloca o seu Espírito em nós. E ainda mais, ele nunca oferece um dom sem dar o outro. Todos os que recebem o Espírito são justificados, e todos os que são justificados recebem o Espírito. É importante observar esta dupla bênção inicial, uma vez que atualmente muita gente ensina uma doutrina de salvação em dois estágios, que primeiros somos justificados e só posteriormente recebemos o Espírito.

3. O que o evangelho exige.

O evangelho oferece bênçãos; e nós, o que devemos fazer para recebê-las? A resposta adequada é “nada”! Não temos de fazer nada. Temos apenas de crer. Nossa reação não consiste nas “obras da lei”, mas em ouvir a “pregação da fé”, isto é, não em obedecer a lei, mas em crer no evangelho. Obedecer é tentar fazer a obra da salvação pessoalmente, enquanto que crer é deixar que Cristo seja o nosso Salvador e descansar em sua obra consumada. Assim Paulo enfatiza que recebemos o Espírito pela fé (versículos 2 e 5) e que somos justificados pela fé (versículo 8). Realmente, a palavra “fé” e o verbo “crer” aparecem seis vezes neste pequeno parágrafo (versículos 1-9).

Assim é o verdadeiro evangelho, o evangelho do Antigo e do Novo Testamento, o evangelho que o próprio Deus começou a pregar a Abraão (versículo e que o apóstolo Paulo continuou pregando no seu tempo. É a apresentação, diante dos olhos dos homens, de Jesus Cristo como crucificado. Nessa base tanto a justificação como o dom do Espírito são oferecidos. E se exige apenas a fé.

STOTT, John. A Mensagem de Gálatas, Editora ABU; pp. 69-71.

Nosso Andar Diário

Para isto tenho Jesus
Henry G. Bosch
Salmo 66:1-15
…De maneira alguma, te deixarei, nunca jamais te abandonarei. —Hebreus 13:5
1 Samuel 4–6
Lucas 9:1-17
Num encontro evangelístico na Irlanda, o preletor estava explicando o que significa permanecer em Cristo e confiar totalmente nele em todas as provações. Concluindo a sua mensagem, ele repetiu várias vezes: “Significa que em todas as circunstâncias você pode continuar dizendo: ‘Para isto eu tenho Jesus.’”

Em seguida o encontro foi aberto para testemunhos. Uma jovem disse: “Há poucos minutos me entregaram este telegrama, que diz: ‘Mamãe está muito doente; volte para casa imediatamente.’ Quando li aquelas palavras, sabia que a mensagem desta noite era para mim. Em meu coração olhei para cima e disse: ‘Para isto eu tenho Jesus.’ Instantaneamente, paz e força inundaram a minha alma.”

Três ou quatro semanas mais tarde o evangelista recebeu uma carta dessa mulher. Ela escreveu: “Mais uma vez obrigada pela mensagem que você pregou naquele dia. A vida se tornou um salmo ininterrupto de vitória, pois percebi que não importa o que acontecer, para isto eu tenho Jesus.”

Essa mulher cristã encontrara em Seu Salvador aquele que estaria com ela “pelo fogo e pelas águas” e a traria “para um lugar espaçoso” (Salmo 66:12).

Se você está passando por uma grande prova de sofrimento, lembre-se — para isto você tem Jesus!

Se em todas as circunstâncias permanecermos em Cristo, Ele permanecerá conosco.

Salomão, Eta Salomão!

Sendo o objetivo da nossa missão tornar a sabedoria transformadora da Bíblia compreensível e acessível a todos; dediquei-me a conhecer melhor como a sabedoria de Salomão se cumpriu em Cristo.

Uma das coisas que percebi é a maneira como a sabedoria de Salomão e de Cristo equilibram o seu idealismo moral e seus posicionamentos. Ambas exemplificam atitudes de misericórdia direcionadas aos necessitados que outros desprezariam.

Deduzindo que temos o mesmo interesse naquilo que Deus quer fazer pelas pessoas imperfeitas que vivem neste mundo conturbado, procure perceber nas próximas linhas, se este é o ritmo de sua jornada hoje.

SALOMÃO E SUA VIDA CONFUSA
De uma certa distância seria fácil idealizar Salomão. A Bíblia nos fala da sua riqueza e de suas realizações. Os projetos de construção que ele sonhava para o seu país, são um tributo à sua visão. Suas compilações de provérbios e reflexões sobre o significado da vida demonstram a sua contínua busca pelo conhecimento.

Entretanto, ao olharmos mais de perto, vemos que Salomão tinha uma vida difícil e cheia de problemas, com a qual nos identificamos.

Salomão foi o filho gerado pelo casamento de seu pai e Bate-Seba. Ele herdou raízes do lado obscuro de seu pai. A mãe de Salomão era casada com outro homem quando o Rei Davi e ela cometeram adultério. Davi providenciou a morte do marido dela para encobrir o escândalo.

O fato de o Senhor ter amado Salomão (2 SAMUEL 12:24) e tê-lo tornado um dos homens mais sábios que o mundo jamais conheceu ilustram princípios estabelecidos através das Escrituras. Deus não nos responsabiliza pelos pecados de nossos pais.

Salomão herdou o trono em meio a um conflito familiar. Quando Davi estava em seu leito de morte, seu filho mais velho, de outra esposa, tentou roubar o trono que fora prometido a Salomão. Em um crítico momento, Bate-Seba interviu e relembrou o rei que ele tinha prometido o trono ao filho deles (1 REIS 1:15-21). Como Deus havia dito a Davi que Salomão seria o rei (1 CRÔNICAS 22:9-10), as mudanças dramáticas nos eventos que se seguiram nos lembram que nossos inimigos não podem impedir-nos
de fazer aquilo que Deus quer fazer através de nós.

Os primeiros atos de Salomão como rei aconteceram em uma atmosfera de ajustes culturais e religiosos. Ele casou-se com a filha pagã do Faraó do Egito (1 REIS 3:1), aparentemente, para encorajar um bom relacionamento com os vizinhos ao sul de Israel. Além disso, Salomão e seu povo adoraram em lugares altos usados pelo povo daquela terra numa tentativa de aproximar-se dos seus deuses (1 REIS 3:2-3). Tal tipo de adoração tinha sido proibida desde os dias de Moisés (DEUTERONÔMIO 12:2). Contudo, apesar de todos estes erros espirituais, Salomão tinha lugar para o Senhor em seu coração, e Deus foi paciente com ele. A experiência de Salomão nos relembra que em nosso mundo despedaçado, Deus pode trabalhar com o nosso desejo de honrá-lo — mesmo quando não compreendemos o quão confusos estamos.

Uma das mais conhecidas decisões de Salomão foi tomada quando ele estava dormindo. Até os dias de hoje, Salomão é relembrado pela maneira como respondeu quando o Senhor lhe apareceu em sonhos e deu-lhe a oportunidade de pedir o desejo do seu coração (1 REIS 3:5).

Surpreendentemente, Salomão não pediu por saúde ou vida longa. Ao contrário disso, ele pediu compreensão e discernimento para dirigir a nação que lhe fora confiada. Deus afirmou que estava satisfeito com aquele pedido e prometeu dar a Salomão não somente um coração compreensivo, mas também saúde e honra. No entanto, o que alguns esquecem é que Salomão fez este pedido enquanto dormia. Toda a conversação ocorreu durante um sonho (1 REIS 3:15). Esta experiência nos relembra
que Deus trabalha conosco de diversas maneiras, que demonstram melhor a Sua bondade, mais do que a nossa.

O primeiro ato da sabedoria de Salomão registrado foi resolver um conflito de consequências trágicas entre duas mulheres da rua. Deus poderia exibir o Seu dom de sabedoria igualando as habilidades de Salomão àquelas da alta sociedade e com os sábios de então. No entanto, o primeiro ato de sabedoria registrado foi o ajuste de contas entre duas prostitutas. Ambas tinham filhos recém-nascidos cujos pais estavam ausentes. Mas uma delas tinha perdido seu bebê por morte acidental e agora afirmava ser a mãe verdadeira do recém-nascido sobrevivente. As duas mulheres apelaram para Salomão para resolver sua disputa. Salomão foi capaz de fazer justiça à verdadeira mãe, pelo impensável ato de pedir por uma espada e ameaçar dividir o menino vivo em duas partes (1 REIS 3:16-28).

Este primeiro ato de justiça praticado por Salomão nos lembra que a percepção de justiça e misericórdia de Deus alcança aqueles que outros rejeitariam como indignos.

Salomão nos mostrou como procurar pelos dois lados da natureza humana. Através da ameaça de dividir o bebê, Salomão nos mostrou que uma daquelas mulheres estava disposta a ver o bebê morto ao invés de vê-lo nos braços de outra mulher. A segunda demonstrou que preferia dar a criança à outra em vez de vê-la morrer. Ao trazer à superfície um dos melhores, e um dos piores lados da natureza humana, Salomão nos fez vislumbrar nossos próprios corações. A sabedoria rastreia em nós as evidências de que somos criados à imagem de Deus, e, também rastreia os sentimentos conflitantes que se originam ao declararmos a nossa independência de Deus.

A sabedoria de Salomão não o impediu de agir como um tolo. Apesar de todo o entendimento que Deus deu a Salomão, ele acabou fazendo exatamente aquilo que os reis de Israel estavam proibidos de fazer (DEUTERONÔMIO 17:14-20). Ele multiplicou sua riqueza pessoal, esposas e parceiras sexuais de maneira excessivamente tolerante. No entanto, no momento que pensamos que ele não poderia ter feito nada pior, Salomão construiu altares aos deuses pagãos de suas esposas nas montanhas que circundavam Jerusalém (1 REIS 11:1-8). A vida de Salomão nos mostra algo muito importante. A sabedoria nos ajuda somente se dela fizermos bom uso.

Uma das mais importantes contribuições que Salomão nos deixou foi a constatação de que seus problemas e fracassos realmente aconteceram. Através da insensatez de Salomão podemos ver que toda sabedoria do mundo não modifica nossa natureza humana. Quem dentre nós não quer ser mais honesto, mais amoroso e ter mais autocontrole do que a nossa natureza nos permite? Por essa razão, a nossa verdadeira necessidade não é por uma sabedoria de autotransformação, pela qual possamos receber o crédito. Nossa verdadeira necessidade é pela sabedoria que vem como um presente da graça de Deus, em Cristo, através de Cristo, e por Cristo (1 CORÍNTIOS 1:30).

Pai Celeste, por favor, ajuda-nos a nunca esquecer que precisamos da sabedoria que aponta para, e, flui de Teu Filho. Por favor, capacita-nos a ser eternamente gratos a Jesus pelo Seu sacrifício, e na completa dependência do Seu Espírito para mostrar a sabedoria que te glorifique para todo o sempre.

O SOFRIMENTO DO HOMEM: PECADO OU CRISE PSICOLÓGICA?

Por Rev. João Coelho
Teólogo, formado no Seminário Presbiteriano José Manoel da Conceição e Pastor na IPB de Sto. Antonio de Jesus-BA
Mensagem escrita durante o período de carnaval 2010.


Salve amigos,

Estava sumido, mas já estou no batente novamente. O motivo deste post é algo que me intrigou nesta tarde. Hoje terça feira de carnaval, não existe muito que fazer para um servo de Cristo, como não fui a nenhum retiro espiritual, não dá pra evangelizar (a cidade está ás moscas) e eu já fiz o meu devocional diário, então resolvi ligar a televisão. Mudando os canais percebi que estava sem muita escolha nos canais abertos. Fiquei no dilema entre as mulheres peladas das escolas de samba do Rio, as muitas pessoas cheirando Lança Perfume e beijando-se freneticamente no carnaval de Salvador e os loucos que se vestem da cabeça aos pés (num calor que faz o Saara parecer uma feliz sauna) do carnaval de Recife.

Mas graças a Deus pela TV a cabo!! Ao passar os canais vi a chamada do programa Oprah Winfrey Show (pense bem, total falta do que fazer). Oprah iria entrevistar o casal Haggard, Gayle e o Pastor Ted (esse mesmo, o que foi pego tendo um caso extraconjugal com um garoto de programa).

No referido programa Ted disse que ele esta muito melhor graças a “terapia” que esta fazendo e que após iniciá-la ele “nunca mais teve desejos compulsivos”, disse também que estava fazendo um tratamento dos “12 passos” para resolver o problema, mas que ainda estava no início e por isso não estava “sarado” completamente.

Infelizmente o que vi foram pessoas tratando atividade demoníaca e pecado diagnosticando como problema médico ou psicológico. Essa é uma triste realidade do evangelicalismo moderno que precisa ser sanada. Pois pessoas que agem assim não sabem que nenhuma terapia vai resolver (no máximo pode ajudar) o que só a confissão pública e o arrependimento podem restaurar; isso quer dizer que homossexualismo, drogas, gula, compulsão para comprar, por sexo, pornografia etc. Seja qual for o pecado! A chave para a libertação deve ser a confissão (Tg 5.16) e o arrependimento (Os 14.2; Lc 5.32; At 5.31, 11.18) e não a terapia.

Isso porque após confessarmos e nos arrependermos Deus nos conduz à verdade e ao retorno à sensatez, livrando-nos dos laços do diabo (2 Tm 24-26). Significa dizer que a melhor coisa a se fazer é reconhecer o nosso pecado e submeter-nos a Deus, entendendo que essa nódoa (seja qual for o pecado) faz parte de nossa vida e precisa ser limpa pelo poder do sangue de Jesus.

Infelizmente há pessoas que pensam que esconder o erro e o pecado é a melhor forma de resolver o problema, e ainda por cima crêem que terapia pode transformar desejo pecaminoso em santidade. Entretanto, a Palavra de Deus diz que o pecado não confessado corrói a alma e corpo (Sl 32.2-3) e destrói a alegria de viver, mesmo o que ainda não ocorreu na prática destrói as nossas forças até cedermos à tentação (Gn 4.7). Precisamos nesta hora de angustia nos refugiar em Cristo confessando o que tenazmente nos acedia (Hb 12.1).

Todavia, é bom lembrar que o pecado faz parte de nós, não em essência, porque somos imagem e semelhança de Deus e nEle não há pecado, mas existe como algo que um dia será extirpado, por isso a possibilidade de restauração e libertação do pecado para que possamos viver uma vida de santidade em Cristo. Somente no último Dia o pecado será completamente retirado de nós, na volta de Cristo e ressurreição dos santos, quando estaremos então livres de todo o pecar e seremos como Jesus é. Plenamente perfeitos. Até lá não existe pecado que não possamos cometer.

Que Deus nos livre dessa armadilha de pensar que os nossos pecados e desejos lascivos são apenas psicológicos e que Ele nos faça compreender que dependemos da sua graça, em Cristo, para sermos santos e livres do pecado e não da nossa própria justiça e legalismo ou mesmo de fazermos terapia.


A Deus seja a Glória!