Rev. Hernandes
Dias Lopes
Há uma enxurrada de comentários
tendenciosos e distorcidos circulando as redes sociais, em nossos dias,
atacando a doutrina dos dízimos. Acusam os pastores que ensinam essa doutrina
de infiéis e aproveitadores. Acusam as igrejas que recebem os dízimos de explorar
o povo. Outros, jeitosamente, tentam descaracterizar o dízimo, afirmando que
essa prática não tem amparo no Novo Testamento. Tentam limitar o dízimo apenas
ao Velho Testamento, afirmando que ele é da lei e não vigente no tempo da
graça.
Não subscrevemos os muitos
desvios de igrejas que, laboram em erro, ao criarem mecanismos místicos,
sincréticos e inescrupulosos para arrecadar dinheiro, vendendo água
fluidificada, rosa ungida, toalha suada e até tijolo espiritual. Essas práticas
são pagãs e nada tem a ver com ensino bíblico da mordomia dos bens. O fato,
porém, de existir desvio de uns, não significa que devemos afrouxar as mãos, no
sentido de ensinar tudo quanto a Bíblia fala sobre dízimos e ofertas. Destaco,
aqui, alguns pontos para nossa reflexão.
Em primeiro lugar, a prática do dízimo antecede à lei. Aqueles que se
recusam ser dizimistas pelo fato de o dízimo ser apenas da lei estão
rotundamente equivocados. O dízimo é um princípio espiritual presente entre o
povo de Deus desde os tempos mais remotos. Abraão pagou o dízimo a
Malquizedeque (Gn 14.20) e Jacó prometeu pagar o dízimo ao Senhor (Gn 28.22),
muito antes da lei ser instituída.
Em segundo lugar, a prática do dízimo foi sancionada na lei. O princípio
que governava o povo de Deus antes da lei, foi ratificado na lei. Agora, há um
preceito claro e uma ordem específica para se trazer todos os dízimos ao Senhor
(Lv 27.32). Não entregar o dízimo é transgredir a lei, e a transgressão da lei
constitui-se em pecado (1Jo 3.4).
Em terceiro lugar, a prática do dízimo está presente em toda Bíblia. A
fidelidade na mordomia dos bens, a entrega fiel dos dízimos e das ofertas, é um
ensino claro em toda a Bíblia. Está presente no Pentateuco, os livros da lei;
está presente nos livros históricos (Ne 13.11,12), poéticos (Pv 3.9,10) e
proféticos (Ml 3.8-10). Também está explicitamente ratificado nos evangelhos
(Mt 23.23) e nas epístolas (Hb 7.8). Quanto ao dízimo não podemos subestimá-lo,
sua inobservância é um roubo a Deus. Não podemos subtraí-lo, pois a Escritura é
clara em dizer que devemos trazer “todos os dízimos”. Não podemos
administrá-lo, pois a ordem: “Trazei todos os dízimos à casa do tesouro”.
Em quarto lugar, a prática
do dízimo é sancionada por Jesus no Novo Testamento. Os fariseus
superestimavam o dízimo, fazendo de sua prática, uma espécie de amuleto. Eram
rigorosos em sua observância, mas negligenciam os preceitos mais importantes da
lei: a justiça, a misericórdia e a fé. Jesus, deixa claro que devemos observar
atentamente a prática dessas virtudes cardeais da fé cristã, sem omitir a
entrega dos dízimos (Mt 23.23). Ora, aqueles que usam o argumento de que o
dízimo é da lei, e por estarmos debaixo da graça, estamos isentos de
observá-lo; da mesma forma, estariam também isentos da justiça, da misericórdia
e da fé, porque essas virtudes cardeais, também, são da lei. Só o pensar assim,
já seria uma tragédia!
Em quinto lugar, a prática do dízimo é um preceito divino que não pode ser
alterado ao longo dos séculos. Muitas igrejas querem adotar os
princípios estabelecidos pelo apóstolo Paulo no levantamento da coleta para os
pobres da Judéia como substituto para o dízimo. Isso é um equívoco. O texto de
2 Coríntios 8 e 9 trata de uma oferta específica, para uma causa específica.
Paulo jamais teve o propósito de que essas orientações fossem um substituto
para a prática do dízimo. Há igrejas na Europa e na América do Norte que
estabelecem uma cota para cada família para cumprir o orçamento da igreja.
Então, por serem endinheirados, reduzem essa contribuição a 5% ou 3% do
rendimento. Tem a igreja competência para mudar um preceito divino? Mil vezes
não! Importa-nos obedecer a Deus do que aos homens. Permaneçamos fiéis às
Escrituras. Sejamos fiéis dizimistas!