terça-feira, 14 de agosto de 2012

Jesus é o grande Deus de Tt 2.13? Ao Apologista da Verdade.

“Aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus.” – Tito 2:13, Imprensa Bíblica Brasileira.
“do grande Deus e do Salvador Nosso, Jesus Cristo”. – Tito 2:13, Novo Testamento, de Mateus Hoepers, Editora Vozes Ltda., Petrópolis, RJ.”
Com a citação dessas duas traduções, um apologista das Testemunhas de Jeová, parte do seguinte pressuposto simples: ‘Se é possível gramaticalmente, é possível contextualmente e doutrinariamente’(AQUI).
Em primeiro lugar, é o pressuposto de um tradutor que estabelece sua preferência ao escolher uma dentre algumas possibilidades. O que precisa ser assentado é se o tal pressuposto é bíblico. Em segundo lugar, a leitura literal desse texto prefere a posição tradicional. Em terceiro, as possibilidades gramaticais não interagem necessariamente com o contexto imediato, ou com a doutrina geral bíblica. Levando isto em consideração, pode ser que a possibilidade gramatical seja uma ‘falácia’.
A discussão gramatical não apresenta de modo definitivo a solução da questão, pois se houve tradutores que entenderam daquela forma, dificilmente poderíamos caminhar positivamente, ou negativamente, nessa linha.

 
Vamos propor algumas observações como resposta ao Apologista TJ:
1) As informações em favor da tradução tradicional são abundantes. As bases históricas e eruditas correm em sua maioria do lado trinitariano. Sabemos, porém, que a visão trinitária dos eruditos poderia ser a força nevrálgica que os conduziriam a traduzir Tt 2.13 da maneira que conhecemos. Ao mesmo tempo, também, o tal texto em sua leitura literal e correta poderia ser, nos primórdios do cristianismo, uma das bases para o fortalecimento do trinitarianismo.
A leitura simples diz o “do grande Deus e Salvador nosso Jesus Cristo”. Essa leitura deixa a versão tradicional gramaticalmente correta. Um autor da patrística, Inácio (110) diversas vezes usa essa terminologia em suas cartas diz
“...pela vontade do Pai e de Jesus Cristo, nosso Deus.” (Ao Efésios – saudação)
“...segundo a fé e o amor em Cristo Jesus, nosso Salvador...reanimados pelo sangue de Deus.” (Aos Efésios 1.1)
“...de fato, o nosso Deus Jesus Cristo, segundo a economia de Deus.” (Aos Efésios 18.1)
“...segundo a fé e o amor dela por Jesus Cristo, nosso Deus.” (Aos Romanos –saudação)
“...alegria pura em Jesus Cristo nosso Deus.” (Aos Romanos – saudação)
“...nosso Deus Jesus Cristo, estando agora com seu Pai...” (Aos Romanos 3.1)
“...desejo que estejais sempre bem em nosso Deus Jesus Cristo.” (A Policarpo 8.2)
(Os Padres Apostoólicos, Ed. Paulus).
Inácio trata Jesus como Deus várias vezes. Mas destaquei aqui as partes que encontrei ele dizendo ‘nosso Deus’ que é obviamente uma confissão adorativa. Em Tt 2.13 a identificação do nosso Salvador é com o Grande Deus. Logo, nosso Deus!
Obviamente, se o texto fosse ‘do grande Senhor e Salvador nosso Jesus Cristo’, não causaria incômodo às Testemunhas de Jeová, como veremos no ponto 4. Visto que o substantivo “Deus” aparece acoplado com ‘O GRANDE’, ficaria difícil usar “do grande deus”. Se bem que para as henoteístas Testemunhas de Jeová, isso não teria problema. Eles diriam: ‘Jesus é grande deus, mas não O Grande Deus!’.
Ou seja, mesmo que a gramática provasse definitivamente a tradução tradicional, o Apologista TJ disse que ‘não faria diferença’. Ele estabeleceu isso quando perguntou retoricamente: “O primeiro modo de traduzir essa passagem interfere no conceito geral que a Bíblia apresenta sobre a pessoa de Jesus Cristo, como subordinado ao seu Pai? Faz com que ele seja igual em poder, autoridade e eternidade a seu Pai celestial?” Ele ainda assegurou: “Assim sendo, o modo como Tito 2:13 é traduzido não compromete a clara doutrina bíblica de subordinacionismo do Filho em relação ao Pai.”

 
Fica difícil interagir com o Apologista TJ, pois pode existe uma falta de sintonia no que ele pensa em Cristo ser subordinado ao Pai, com o que os trinitários pensam.
2) A Glória de quem se manifestará? Descobrir isso na Bíblia pode ser de importância. Um texto que temos para um entendimento claro desse assunto é 1 Tm 6.14,15 que diz “Guarde este mandamento imaculado, irrepreensível, até a manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo, a qual Deus fará se cumprir no seu devido tempo. Ele é o bendito e único Soberano, o Rei dos reis e Senhor dos senhores, o único que é imortal e habita em luz inacessível, a quem ninguém viu nem pode ver. A ele sejam honra e poder para sempre. Amém.” (NVI)
As Testemunhas de Jeová, curiosamente, sob o comando do Corpo Governante, entendem que esse único Soberano do versículo 15 se refere a Cristo. A razão é a doutrina de 1914, o que não vem ao caso agora. Mas observe que a construção da ideia é semelhante ao de Tt 2.13. Para os cristãos trinitários, isso não causa pavor. Infelizmente, as Testemunhas de Jeová decidiram seguir os caminhos de Ário. E o que de fato interessa aqui é o termo “manifestação”.

 
A ‘manifestação da glória do...’ se refere ao retorno de Cristo. Ele foi humilhado como um homem fraco na cruz. Sua glória não foi manifesta ao mundo depois de sua humilhação na cruz.
Destaco ao Apologista TJ, segundo ele ‘apologista da verdade’, que a manifestação da glória na Bíblia é uma doutrina relacionada ao Filho, e não ao Pai, como você tentou mostrar em seu texto. O que não se nega é que a manifestação da glória de Cristo está sim, incluído a glória do Pai. No entanto, a expressão se aplica ao Filho como o objeto dessa manifestação. Veja: 2 Ts 2.8; 1 Tm 6.14, 4.1,8 e o texto em tela Tt 2.13.
3) Salvador e Deus. Observe que o problema para as Testemunhas é a força monoteísta nos dizeres ‘O Grande Deus’. A distorção disso seria um pedágio a mais para a teologia da Torre de Vigia, dentre tantos que ela já paga.
Em Tt 3.4,6 o apóstolo usou a mesma classificação “Nosso Salvador”, para o Pai, e para o Filho. O que impediria ele usar ‘Nosso Grande Deus’ para o Pai, e para o Filho em Tt 2.13? Mais uma vez voltemos ao texto de 1 Tm 6.14 e responda o Apologista TJ: Quem é o ÚNICO SOBERANO? Judas, irmão do Senhor, tem mais para nos dizer no verso 4 de sua carta.
4) A Tradução do Novo mundo em outros textos: Aldo Meneses indica esse fato em seu livro (Por que abandonei as Testemunhas de Jeová, p. 98-101).
“...no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo”(2 Pe 1.11)
“...pelo conhecimento exato do Senhor e Salvador Jesus Cristo...” (2 Pe 2.20)
“...e do mandamento do Senhor e Salvador por intermédio dos...” (2 Pe 3.2)
“...e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.” (2 Pe 3.18)
Se Tito 2.13 tivesse a nomenclatura acima, jamais o Apologista TJ se preocuparia em desacreditar (ou não) a tradução cristã tradicional. Obviamente que o grande barulho que o Apologista da Verdade fez com ‘a regra’, não se aplicaria nesses casos...??? ‘Observe que quando o problema não é doutrinário’, a Tradução do Novo Mundo segue outra linha. É um tipo de acusação que ele faz aos tradutores trinitários e que se aplica de fato aos Líderes TJ.
CONCLUSÃO
A tradução tradicional de Tt 2.13 é apoiada por fatos ‘científicos’ em todos os seus quadrantes, a saber: gramatical, contextual, doutrinal e histórico. Não existe objeção alguma que deveria ser levada a sério.
A verdade é que Jesus é o nosso Grande Deus e Salvador. Na verdade, O Apologista da Verdade, infelizmente, tem sido um apologista da mentira.
 

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