sexta-feira, 12 de abril de 2024

Quais são os 8 segmentos menos evangelizados do Brasil?

 Por Márcio Schmidel

 “Abram os olhos e vejam os campos! Eles estão maduros para a colheita.” (Jo 4:35)
 
A igreja de Cristo foi chamada para servir, ser sal da terra, luz do mundo e alcançar os perdidos com o amor de Deus – tanto os de perto quanto os de longe. Recebemos o privilégio e a prioridade na evangelização dos povos “onde Cristo ainda não fora anunciado” (Rm 15:20). É momento de olhar ao redor e perceber que os campos estão prontos para a colheita. E, na dependência de Deus e força do Espírito, por a mão no arado sem olhar para trás.
 
Diante dos inúmeros desafios missionários que se apresentam, um deles é formado pelos grupos minoritários menos evangelizados em nossos país. A AMTB (Associação de Missões Transculturais Brasileiras) reconhece esses grupos como os Oito Segmentos Menos Evangelizados do Brasil, sendo sete deles socioculturais: os indígenas, os ribeirinhos, os ciganos, os sertanejos, os quilombolas, a diáspora ou os imigrantes e os surdos; e um segmento socioeconômico: os mais ricos dos ricos e os mais pobres dos pobres. A AMTB tem sido um importante canal de mobilização e informação para a igreja brasileira a partir das organizações filiadas que atuam especificamente com esses segmentos, bem como no incentivo, na formação de alianças e acompanhamento no aliançamento de novas iniciativas para o alcance desses grupos, como segue:
 
Indígenas
No Brasil existem 344 etnias que falam 181 diferentes línguas. Dessas, 164 etnias ainda são consideradas não alcançadas e 99 continuam sem nenhum engajamento da igreja, ou seja, são dezenas de povos sem presença missionária e sem o conhecimento do evangelho. Essas etnias com pouco ou nenhum conhecimento de Cristo estão espalhadas por todo o país, com maior predominância nas regiões Norte e Nordeste. Há dezenas de etnias com portas abertas, aguardando quem queira ir, mas não tem havido disponibilidade.
 
Ribeirinhos
Distribuídos pelas centenas de rios e igarapés, há na bacia amazônica a maior concentração de ribeirinhos do país com cerca de 37 Mil comunidades. Em um raio de 100 quilômetros das principais cidades, a maioria dessas comunidades já foi alcançada. Os maiores desafios encontram-se em áreas mais distantes e com acesso mais difícil. Apesar de ótimas iniciativas existentes para o alcance desses grupos com o evangelho, estima-se ainda quase 1 Milhão de ribeirinhos com pouco ou nenhum conhecimento de Jesus Cristo. As pesquisas mais recentes apontam a ausência de igrejas em cerca de 10 Mil comunidades.
 
Ciganos
Ainda que generalizados apenas como “ciganos”, existem diversas etnias desse povo ao redor do mundo. No Brasil temos a presença de três grupos predominantes: os Calon, os Rom e os Sinti, todos com língua, costumes e cultura distintos.  Há cerca de mais de 1 Milhão de ciganos no Brasil, sobretudo da etnia Calon, que estão espalhados por todo o território nacional, em bairros das grandes e pequenas cidades e nos diversos acampamentos, em constante êxodo. Há pouquíssimo envolvimento missionário para o alcance desse segmento e apenas 1% da população cigana declara-se crente no Senhor Jesus.
 
Sertanejos
A presença evangélica entre os sertanejos cresceu significativamente nos últimos anos, mas a evangelização continua sendo um grande desafio com milhares de sítios e povoados ainda não alcançados. Nos últimos 10 anos, centenas de assentamentos entre os sertanejos têm tido a aproximação da igreja brasileira, motivo de louvor a Deus. Contudo, estima-se que ainda existem mais de 6 Mil assentamentos sem a presença do evangelho.
 
Quilombolas
Os quilombolas são formados por comunidades de afrodescendentes que se alojaram em áreas remotas nos últimos 200 anos e estão em todas as regiões do Brasil, com maior predominância na região Nordeste. Estão em quase todos os Estados, exceto no Acre e em Roraima, onde não há comunidades certificadas pelo governo. Atualmente há 3.271 comunidades quilombolas com essa certificação, contudo o número pode chegar a 5 Mil comunidades em todo o país. Estima-se que 2 Mil comunidades permanecem sem a presença da Igreja de Cristo.
 
Diáspora ou Imigrantes
Há no Brasil uma boa representação de imigrantes de aproximadamente 100 países com uma população total de cerca de 300 Mil pessoas. A Síria é o país com maior número de imigrantes  com cerca de 35% do total. São Paulo é o Estado que concentra a maior quantidade de imigrantes, seguido do Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul, Distrito Federal e demais Estados. Dentre as 100 nações representadas, em 27 não há liberdade de envio de missionários ou da pregação do evangelho em suas terras, mas eles estão entre nós, na nossa nação. Vidas que perderam muito, e às vezes tudo. Que deixaram seus países de origem devido à violação de direitos humanos, perseguições ou gravíssimas deficiências sociais, entre outros motivos. Frequentemente chegam em nossa nação com pouquíssima esperança, mas nós a conhecemos, a Esperança de vida.
 
Surdos
Os surdos são considerados um povo distinto que compartilha da mesma língua, cultura e normas de comportamento. Segundo dados do IBGE de 2016, há no Brasil mais de 10 Milhões de pessoas com deficiência auditiva e dificuldade de comunicação e que totalizam 6,7% da população brasileira. Nos últimos anos a igreja de Cristo tem se esforçado para se envolver de forma efetiva em alguns projetos de alcance dos surdos, além de iniciativas de tradução da Bíblia para a língua de sinais, mas ainda há pouquíssimas ações intencionais e direcionadas para esse segmento. Menos de 1% dos surdos declaram sua fé no Senhor Jesus.
 
Os mais ricos e os mais pobres
Esse último segmento não é sociocultural como os demais, mas socioeconômico. É dividido em dois extremos: os mais ricos dos ricos e os mais pobres dos pobres. Segundo dados do IBGE de 2012, a presença evangélica é expressiva nas escalas econômicas que se encontram entre os dois extremos, porém sensivelmente menor nas pontas. Em alguns Estados brasileiros há três vezes menos evangélicos entre os mais ricos e os mais pobres do que nos demais segmentos socioeconômicos. Provérbios 22:2 diz que “o rico e o pobre têm algo em comum: o Senhor é o criador tanto de um quanto do outro”.
 
Oito segmentos. Oito fronteiras e seus desafios a serem superados. Oito preciosas oportunidades de envolvimento para o cumprimento do ide e fazei discípulos de Jesus. Como Igreja de Cristo, o que faremos?
 
Algumas ações a partir da igreja para o envolvimento no alcance desses segmentos:
  • Orar ao Senhor por direcionamento e envolvimento efetivo;
  • Compartilhar as necessidades entre os grupos e departamentos da igreja;
  • Realizar campanhas de oração e levantamento de recursos para o alcance desses grupos;
  • Desafiar a igreja a se envolver e enviar novos missionários para o plantio de novas igrejas; 
  • Apoiar ministérios de formação de obreiros para esses segmentos;
  • Adotar em oração e sustento os missionários e obreiros que com eles trabalham; 
  • Realizar parcerias com iniciativas já em andamento entre eles;
  • Interceder continuamente por sinceras conversões;  
  • Cooperar com quaisquer ações que alcancem e fortaleçam a unidade do Corpo de Cristo entre esses segmentos.

Que o Senhor da missão levante mais trabalhadores para a Sua seara e multiplique o número dos que enviam os trabalhadores.
 
• Márcio Schmidel, teólogo e pós graduado em antropologia intercultural, missionário da WEC Brasil e coordenador do departamento de alianças estratégicas da AMTB (Associação de Missões Transculturais Brasileiras). Coordena outras iniciativas como o Capacitar e o Planters Movement. Atua entre indígenas desde 1994.
 
Fontes:
1. Vídeos promocionais da AMTB – compilação e adaptação - textos por Ronaldo Lidório
2. Relatório Indígenas do Brasil 2018 – DAI-AMTB
3. Relatório Como Ouvirão 2018 – Alisson G. de Medeiros
4. Departamento de Alianças Estratégicas-AMTB

FONTEhttps://www.ultimato.com.br/conteudo/quais-sao-os-8-segmentos-menos-evangelizados-do-brasil


Nenhum comentário:

Postar um comentário