terça-feira, 16 de novembro de 2010

Análise Calvinista de Versículos “Arminianos”: Hebreus 2.9

Heitor Alves


“... vemos, todavia, aquele que, por um pouco, tendo sido feito menor que os anjos, Jesus, por causa do sofrimento da morte, foi coroado de glória e de honra, para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todo homem”.
Esse é mais um texto usado pelos arminianos para afirmarem que Cristo morreu por toda a humanidade, visto que o texto fala de “todo homem” como significando a totalidade do gênero humano. Vamos à análise.
A palavra “homem” no grego é antropos. Interessante notar que em Hebreus 2.9 não aparece a palavra antropos. Não há no grego o vocábulo “homem”, para que se insinue que Cristo morreu por todos. Literalmente o texto diz o seguinte: “para que, pela graça de Deus, provasse a morte por tudo”. Logo, no original, não há nada no texto que indique que Cristo morreu por toda a humanidade.
Mas, mesmo com a ocorrência da palavra “homem”, ainda assim o texto não afirma que Cristo morreu pela humanidade. Isso é evidenciado através de uma referência a um texto no Velho Testamento.
O texto que é indicado como referência à Hebreus 2.9 é Isaías 53.12. Lá o texto diz que Cristo “foi contado com os transgressores; contudo, levou sobre si o pecado de muitos e pelos transgressores intercedeu”. Não temos, em Isaías a idéia de totalidade da humanidade. “Muitos” não significam “todos”!
Voltando a Hebreus 2.9, os versos seguintes indicam que todos os homens são todos os filhos de Deus, e não toda a humanidade. O verso 10 fala que a morte de Cristo conduziu “muitos filhos à glória”. Ainda no verso 10, Cristo é chamado de “Autor da salvação deles”. Deles quem? “Deles” são os “muitos filhos” que Ele conduz à glória. Esses “muitos filhos” são chamados de “irmãos” (v. 11,12). Ainda no verso 12, encontramos a profecia de Salmos 12.12 declarando que esses “irmãos” faziam parte da congregação (grego ecclesia, que quer dizer “igreja”).
Pare um pouco para pensar: se Cristo “provou a morte por todo homem”, e em seguida esse “todo homem” é chamado de “filhos” que são conduzidos á glória, onde Ele é o autor da salvação deles, e que, por isso, são chamados de irmãos que estão cantando louvores na congregação, podemos concluir que todos os homens indistintamente são filhos de Deus? Todos os homens estão sendo conduzidos á glória? Todos os homens são tidos por “irmãos” de Cristo? Todos os homens fazem parte da igreja? Estão todos os homens cantando louvores?
Ainda não terminou. No verso 13 lemos: “E outra vez: Eu porei nele a minha confiança. E ainda: Eis aqui estou eu e os filhos que Deus me deu”. Isso significa que esses filhos pertenciam inicialmente a Deus, e que o próprio Deus deu esses filhos a Cristo.
As Escrituras declaram que a humanidade está dividida entre os “filhos de Deus” e os “filhos do diabo” (1Jo 3.10). Cristo insinua também que há uma separação entre as suas ovelhas e as que não são (Jo 10.14-16,26,27). Fica impossível de concluir que entre os filhos que Deus deu a Cristo (v. 13), estão também os filhos do diabo. Ora, quando Cristo afirma que ele provou a morte por todo o homem, fica evidente que Ele estava se referindo somente aos filhos de Deus dados a Ele. Também é evidente que Cristo exclui os que são tidos por “filhos do diabo”, pois não haveria motivos para o próprio Cristo fazer essa acepção!
O que dizer de João 17.1-9? Se Cristo “provou a morte por todo homem”, como querem os arminianos, como se explica o fato de Cristo não orar pela salvação de todo mundo? (Jo 17.9). Será que os arminianos descobriram que há uma confusão na Trindade? O Deus-Pai desejando a salavção de todo mundo, mas o Deus-Filho orando pela salvação de alguns? É absurdo a compreensão arminiana de que Cristo morreu por toda a humanidade!
Encontramos em João 17 uma clara referência aos filhos que pertenciam a Deus e que foram dados a Cristo (“aqueles que me deste, porque são teus”, Jo 17.9). É a mesma idéia de Hebreus 2.13 onde encontramos um grupo limitado de pessoas pertencentes a Deus sendo entregues a Cristo. E o próprio Cristo é contado entre eles, ou seja, Cristo se coloca entre esses filhos: “Eis aqui estou eu e os filhos...”. Essa relação de unidade que o próprio Cristo faz entre Ele e os filhos de Deus é impossível com aqueles que são tidos por “filhos do diabo”. Cristo jamais se uniria dessa forma com toda a massa da humanidade. Ele jamais se contaria entre aqueles que não são suas ovelhas!
Essa é a idéia: uma parte da humanidade chamada de “filhos de Deus”, onde o próprio Deus os deu ao seu Filho Jesus Cristo para morrer por eles, e não apenas isso, mas que ora pela salvação deles.
É antibíblico imaginar que Cristo morreu por toda a humanidade, pois isso acarretaria na conclusão de que todos os homens pertencem a Deus, e que todos eles foram dados a Cristo, e que Cristo ora pela salvação de todos eles, e que todos eles são chamados “filhos de Deus” e ainda de “irmãos” e que todos eles estão na igreja cantando louvores a Deus!
É irresponsável pegar um texto como Hebreus 2.9 e força o texto a dizer o que não é afirmado em lugar nenhum das Escrituras, ignorando até o sentido que as línguas originais dão ao texto.
Cuidado, pois nem sempre “todos” pode significar de fato “todos”!
Soli Deo Gloria


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