Camila Campanerut
Do UOL Notícias
Em Brasília
Acusado de racismo após entrevista a programa de TV nesta semana, o deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) reapresentou um projeto de lei que dá uma nova redação à Constituição Federal pedindo que sejam reservadas 50% das 513 cadeiras da Câmara dos Deputados para as populações negras e pardas. Segundo ele, o intuito é "ironizar" o que considera “a indústria das cotas do país”.
“Se o sistema de cotas é justo para o ensino, deve também ser a representação federal. Mesmo sendo autor da proposição, por coerência, votarei contra essa matéria”, disse o parlamentar no texto do projeto.
Questionado sobre o assunto pelo UOL Notícias sobre as ações que irá enfrentar pela declaração considerada racista à cantora Preta Gil, Bolsonaro nega que trata a questão da igualdade racial como deboche.
“Não chega ao deboche, eu chamo a atenção. É irônico, mas sério, que a gente chama a atenção para a indústria das cotas neste país”, resume. “É um projeto irônico, sim. E é irônico e para chamar a atenção do parlamento, quem é a favor de cota, de concurso etc. para preencher cadeiras na Câmara, no Senado, nas Assembleias Legislativas e Câmaras Municipais. Duvido que aprove, é um desafio”, afimrou.
Até esta quinta-feira (31), já chegavam a seis o número de ações de deputados acusando-o de cometer crime de racismo e violação dos direitos humanos. O caso veio à tona depois da apresentação, na última segunda-feira (28), da participação dele no programa de televisão, “CQC”, no qual Preta Gil o indagava sobre o que faria se o filho dele se apaixonasse por uma negra.
Bolsonaro disse que não iria "discutir promiscuidade" e que não correria o risco porque seus filhos "foram muito bem educados e não viveram em um ambiente como, lamentavelmente, é o teu" (em referência à Preta Gil). Logo depois, em nota, ele negou que seja racista e disse que se confundiu com a pergunta.
“Eu devo ser um covarde para manter meu mandato? Eu prefiro ficar sem mandato e viver com dignidade lá na planície do que com mandato e viver 'de quatro' no Planalto", afirmou. Bolsonaro é deputado desde 1995.
"Não vou mudar em nada o que eu falei, no dia que, se por ventura, eu errar, eu peço desculpas. Até o momento, eu não tenho errado”, afirmou. “Eu sou deputado para falar, discutir apresentar ideias, sugestões e não para apoiar o governo em troca de algumas coisas”, declarou.
Comissão de Direitos Humanos
De acordo com dados da Câmara dos Deputados, desde 1999, o deputado do PP já participou quatro vezes da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados: em 1999, 2000, 2010 e 2011, sempre como suplente.
Neste ano, a indicação dele para a vaga na comissão foi feita pelo líder do PP, Nelson Meuer (PR), que não cogita a retirá-lo ou trocá-lo por outro parlamentar na comissão.
“Não estou do lado dele. Não aprovo a resposta que ele deu. Também não aprovo a resposta maldosa que ela [Preta Gil] fez. E os dois que assumam a responsabilidade pelo o momento infeliz que tiveram”, disse Meuer ao UOL Noticias.
Dentro da comissão, Bolsonaro apresentou duas propostas, das quais uma já foi rejeitada. Ambas se referem ao "kit" preparado pelo Ministério da Educação para distribuir nas escolas com intenção de combater o preconceito contra homossexuais. A proposta rejeitada chamava o ministro da Educação para explicar o projeto do kit aos deputados. Já a outra, que pede que seja cancelada a proposta ministerial e o material não chegue às escolas, ainda não foi votada.
“É um material ‘dito’ didático para combater a homofobia, mas, na verdade, pela carga pesada, daquilo em si, estimula o homossexualismo e escancara as portas para a pedofilia”, afirmou Bolsonaro. “Mostrando filme pornográfico para a garotada de 1º grau, você não está combatendo a homofobia, você está aguçando a curiosidade de jovens que estão com o seu caráter em formação”, declarou o deputado.
Maiores informações e vídeo e imagem no link abaixo
Fonte: http://noticias.bol.uol.com.br/brasil/2011/03
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