Entretanto, o firme fundamento de Deus permanece inabalável e selado com esta inscrição: “O Senhor conhece quem lhe pertence” e “afaste-se da iniquidade todo aquele que confessa o nome do Senhor”. Numa grande casa há vasos não apenas de ouro e prata, mas também de madeira e barro; alguns para fins honrosos, outros para fins desonrosos. Se alguém se purificar dessas coisas, será vaso para honra, santificado, útil para o Senhor e preparado para toda boa obra. (2 Timóteo 2.19-21)
Paulo escreve que os falsos mestres “a alguns pervertem a fé” (v. 18). Ele não quer dizer que a fé verdadeira possa destruída, pois adiciona: “O firme fundamento de Deus permanece inabalável… O Senhor conhece quem lhe pertence”. “Conhecer” aqui deve se referir a mais do que mera ciência. A afirmação é que o fundamento de Deus permanece firme, mas se há uma mudança constante quanto aos indivíduos que constituem o povo de Deus, de forma que alguns que não eram seus tornam-se seus enquanto alguns que eram seus deixam de sê-lo, então uma mera ciência, um mero estar a par da identidade desses indivíduos não poderia ser considerado como um sólido fundamento que permanece. Antes, consistente com o uso bíblico, “conhecer” aqui refere-se a um relacionamento positivo estabelecido por escolha de Deus.
Deus é o criador, e todos “lhe pertencem” nesse sentido, mas ele não estabeleceu um relacionamento amigável, amoroso e salvador com todo indivíduo. A ideia é usada num sentido diferente aqui, a saber, aqueles que ele escolheu ter esse relacionamento especial com ele “lhe pertencem”. Porque Deus fez suas escolhas antes da criação do mundo, há uma lista fixa de indivíduos que teriam relacionamento com ele por meio de Jesus Cristo. Portanto, mesmo quando falsos mestres fazem com que pessoas desviem, e parecem destruir a fé de alguns membros da igreja, o fundamento de Deus permanece firme.
Isso significa que aqueles cuja fé é destruída pelos falsos mestres nunca foram verdadeiros cristãos. Como o apóstolo João escreve: “Eles saíram do nosso meio, mas na realidade não eram dos nossos, pois, se fossem dos nossos, teriam permanecido conosco; o fato de terem saído mostra que nenhum deles era dos nossos” (1 João 2.19). O fundamento de Deus é sua própria decisão, reforçada pelo seu próprio poder. Ele nunca pode ser abalado ou alterado. E dessa forma, a igreja não pode ser destruída por más influências.
Existe uma segunda parte disso: “Afaste-se da iniquidade todo aquele que confessa o nome do Senhor”. Deus escolheu uma lista fixa de indivíduos para ter um relacionamento especial e salvífico com ele por meio de Jesus Cristo. E ele faz com que esses indivíduos cheguem até ele por meio de Jesus Cristo realizando uma ação direta em suas almas, regenerando-os e produzindo fé neles. Eles, por sua vez, confessam o nome do Senhor.
Os réprobos podem imitar a ação física de confessar ao Senhor; contudo, o relacionamento que os escolhidos têm com Deus não está fundamentado na confissão deles como tal, mas na eleição deles por Deus, que produz a confissão. Dessa forma, a confissão é um efeito da eleição e regeneração. A verdadeira confissão não é algo que pode ser imitado, ou algo que alguém possa simular. Aqueles que confessam verdadeiramente ao Senhor Jesus têm o poder de Deus neles, e eles estão em relacionamento pactual com Deus. Eles devem e podem se voltar da iniquidade. Isso é algo que os réprobos não podem fazer.
No contexto da nossa passagem, a iniquidade deve incluir falsas doutrinas, e não apenas ações imorais. Da mesma forma, quando o apóstolo procede para a metáfora de artigos da casa, a limpeza da qual ele fala também deve incluir falsas doutrinas. Sem dúvida uma pessoa deve estar limpa de ações e hábitos imorais para se tornar um dos artigos mais úteis na casa de Deus, mas ele também deve, e nesse contexto deve primariamente, estar limpo de falsas doutrinas. De outra forma, ele seria um dos vasos “desonrosos”, que nas antigas casas provavelmente seria usado para recolher lixo ou excremento. Quem respeita a palavra de Deus – quem respeita a Deus – deve concordar com esse julgamento. Os não cristãos e os falsos mestres são recipientes de excremento. Eles são vasos sanitário.
Fonte: Reflections on Second Timothy
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto
Sobre o Autor
Vincent Cheung é autor de trinta livros e centenas de palestras sobre uma gama de assuntos em teologia, filosofia, apologética e espiritualidade. Através dos seus livros e palestras, ele está treinando cristãos para entender, proclamar, defender e praticar a cosmivisão bíblica como um sistema de pensamento abrangente e coerente, revelado por Deus na Escritura. Vincent Cheung reside em Boston com sua esposa Denise.
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