quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Uma breve reflexão sobre santidade


Ontem teve início mais uma edição do Encontro para a Consciência Cristã. O tema deste ano é “Santidade, sem a qual ninguém verá o Senhor”. E isto me pôs a refletir. Qual a ideia que a igreja de hoje tem sobre santidade? O que significa ser santo.

Uma das ideias associadas à santidade é a de reclusão. Historicamente, vemos pessoas, isoladamente, ou em grupo, se afastar de tudo e de todos, para purificar-se, livrar-se das más companhias e tornar-se mais santo. A história também tem mostrado que esta atitude é tão improdutiva, quanto não buscar santidade, pois o texto sagrado afirma que devemos, assim como a paz, seguir (Hb 12.14) a santidade com todos. Ou seja, a santidade é individual, mas é para ser desenvolvida com todos e para todos, no exercício da servidão a Deus e ao próximo.

Uma segunda associação feita é a de que, para ser santo, você precisa ser intelectualmente capacitados, ler mil livros e ser uma pessoa informada, eloquente e estudiosa. Estas coisas são importantes, mas por si só, não geram santidades, nem são suficientes para determinarmos o fato de uma pessoa ser santa ou não. Infelizmente, no meio evangélico, o intelectualismo tem se tornado um ídolo, ao ponto de as pessoas chegarem ao inevitável ponto de se acharem melhor que outras. Ser santo significa se enxergar miserável pecador e carente das misericórdias de Deus a cada segundo, sem as quais seríamos consumidos e que precisamos uns dos outros. Santidade gera humildade, não soberba. Santidade gera ortodoxia (ensino correto) com ortopraxia (prática correta) e leva a vivermos a máxima de que a Bíblia é nossa única e infalível regra de fé e prática.

Gostaria de tratar ainda de mais uma vertente. Muitos acham que ser santo significa ser extravagante em exercícios espirituais. Gritar quando prega, pular feito acrobata enquanto canta, falar que teve mil e uma experiências com Deus e que teve revelações, visões, sonhos e outras coisas mais. E isto tem se tornado muito frequente e tem sido parâmetro para “medir” a espiritualidade de alguém. Nada mais enganoso. Um dos frutos do espírito é domínio próprio, o culto a Deus é algo sério e reverente, não uma feira. E além de feira no sentido sonoro, é uma feira de vaidades, pois cada um que queira ser mais espiritual que o outro. Enquanto isso, Jesus nos ensina a recolher-nos e orar ao nosso Pai em secreto. Paulo afirma que o culto deve ser prestado com ordem e decência.

Enfim, qual o parâmetro de santidade? Em que base devemos nos sustentar para buscarmos a santidade de maneira correta, a fim de que vejamos o Senhor. O parâmetro, o norte, o eixo para isto é pura e simplesmente o próprio Deus, que invoca o seu povo em Lv  20.7:   “Portanto, santificai-vos e sede santos, pois eu sou o SENHOR, vosso Deus.”

Deus nos guarde e nos conduza em santidade.

Presbítero Cícero Pereira
@ciceroeiris

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