domingo, 23 de outubro de 2016

UMA VEZ SALVO, SALVO PARA SEMPRE?


Embora muitos crentes manifestem descontentamento com essa doutrina, a resposta é SIM! Aliás, poucas doutrinas são tão fáceis de se comprovar biblicamente quanto esta.

Ultimamente, muitos esforços têm sido empreendidos na tentativa de se provar o contrário. E, não por coincidência, ultimamente, os crentes conhecem muito pouco de Bíblia. No entendimento de muitos deles, essa é uma teologia desmotivadora para a santificação dos crentes. Eles entendem que dizer “uma vez salvo, salvo para sempre!” colocaria em risco a salvação das pessoas, afinal sem santificação ninguém verá a Deus. 

Essa refutação é, na verdade, um sofisma. O erro está em assumir falsos pressupostos. Ninguém vai encontrar um calvinista que trate a santificação como um detalhe supérfluo.

A dificuldade do arminiano dos tempos atuais está na autojustificação. Para ele, a obediência a Cristo é um mérito humano, ele pensa contribuir para sua salvação (sinergismo). Até se reconhece que a salvação é pela graça, mas acredita-se que a santidade será mantida por meio de esforços pessoais. Essa é uma maneira complicada de enxergar a salvação: “Cristo me salva gratuitamente, mas eu preciso me manter a salvo, com base na minha obediência ao Evangelho”. Para quem pensa desse modo, a salvação é uma conquista humana.

Ocorre, contudo, que o arminiano critica aquilo que não compreende. Fato mesmo é que o próprio arminianismo não vê a santificação sob esta perspectiva. Esta é uma forma de se pensar muito mais católico-romana do que arminiana. O sinergismo do arminianismo reside na fé e não nas obras. Quem ensina que as boas obras contribuem para a salvação é o Vaticano. E o fato dos arminianos defenderem esse negócio só mostra o quão Católica é a alma dos evangélicos no Brasil.

O QUE REALMENTE PENSA O CALVINISMO

A doutrina em questão é conhecida como “Perseverança dos Santos”. Muito mais do que afirmar a segurança da vida eterna, ela afirma a segurança da salvação. O arminiano costuma reduzir "salvação" à Consumação. A conversão seria uma decisão, a vida cristã uma provação, e o dia da morte, esse, sim, o dia da salvação (ou da condenação... rs). Por isso, quando um calvinista diz: “uma vez salvo, salvo para sempre!”, o arminiano entende que isso signifique um tipo de carimbo no passaporte para o céu, que teria efeito garantido independente da santidade.

Para o calvinista, salvação envolve, dentre outras coisas, o Amor de Deus, o Decreto, a Eleição, a Expiação, a União Mística, o Chamado, a Regeneração, o Arrependimento, a Fé, a Adoção, a Justificação, a Glorificação, e a Vida Eterna. Salvação é TUDO isso, e NUNCA ocorre pelas metades. Há, porém, ainda outro item que eu não mencionei intencionalmente, porque desejava destacá-lo: a salvação também inclui a Santificação do crente.

É aí que está o equívoco do anticalvinista, ao dizer que essa doutrina seja um pretexto para o pecado. Ora, se Deus salva um homem, esse homem vai receber o pacote completo da salvação. 
"Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus." (Filipenses 1.6).
Nenhum desses elementos é concedido por mérito pessoal, mas sempre de modo gracioso. E é claro que a Santificação está incluída nisso. Um calvinista não precisa ficar se explicando toda vez que afirma as doutrinas da graça, porque é ponto pacífico para ele que os verdadeiros crentes são santificados no momento da conversão, e que vivem em contínua santificação. Isso é fruto da graça divina, e é real para todos os salvos.

Se existe alguém que diz que é crente, mas não vive segundo os planos de Deus, essa é a maior evidência de que sua fé é morta, e que tal pessoa engana-se a si mesma. Não se trata de ser calvinista ou arminiano, trata-se de ser cristão ou hipócrita. 
“Amados, amemo-nos uns aos outros; porque o amor é de Deus; e qualquer que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus; porque Deus é amor.” (1 João 4.7-8).
“Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé, e não tiver as obras? Porventura a fé pode salvá-lo? [...] Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma. [...] Porque, assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta.” (Tiago 2.14,17,26).
A doutrina da “Perseverança dos Santos” não ensina que o salvo pode viver como bem entender. Muito pelo contrário. Ensina que o crente não vive em pecado; e que a salvação SEMPRE é acompanhada de obediência e santificação. Nenhum salvo pensaria que pode viver sua vida distante de Deus, porque o pensar desse modo seria a prova de que jamais foi salvo.

MAS, E AS OBRAS?

As boas obras têm importância, sim, na vida cristã. E o apóstolo Paulo ensina o seu lugar: 
“Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie; Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.”(Efésios 2.8-10).
A graça é a base da salvação. A fé é o seu instrumento. E as obras são o resultado dela. “Criados em Cristo Jesus PARA boas obras”. Não fomos salvos pelas boas obras, mas para as boas obras. Por isso se dizer que as obras não salvam, mas dão evidência de quem é salvo. Esse sempre foi o pensamento dos calvinistas, seja hoje ou antigamente. 
"Quem enxerga na cruz uma licença para continuar pecando, não possui a fé que salva. A marca da fé é a luta contra o pecado." (John Piper).
"A Bíblia não reconhece nenhuma fé que não leva à obediência, nem reconhece qualquer obediência que não brota da fé. Os dois são lados opostos da mesma moeda." (A. W. Tozer). 
"A Bíblia fala de eleição para santificação e de predestinação conforme a imagem do Filho de Deus. Se faltarem estes ingredientes, é perda de tempo falar em eleição." (J. C. Ryle).
"O Senhor Jesus Cristo não leva para o céu ninguém que Ele não tenha santificado na terra." (John Owen). 
"O ponto central enfatizado pelas Escrituras na doutrina da Perseverança é que o verdadeiro cristão mantém-se acreditando e obedecendo, a despeito dos vários problemas que encontra." (Jonathan Edwards).
É por essa e outras que os arminianos frequentemente são tratados com desdém: porque opinam naquilo que desconhecem. Afirmar que um calvinista se sentiria motivado a viver desregradamente é um argumento cômico e juvenil, para não dizer ofensivo. Ser calvinista é não só saber teologia, mas viver a vida cristã de acordo com os desígnios de Deus. Se um crente, calvinista ou arminiano, viver de maneira desregrada, é porque ele nunca foi crente.

Há muita gente que pensa ser crente, mas nunca nasceu de novo. Há bastante joio espalhado no meio do trigo, e isso não tem a ver com o rótulo teológico que se carrega, mas com um coração regenerado ou não. A doutrina da "Perseverança dos Santos" não é uma marca distintiva nem do joio e nem do trigo. Antes, ela serve para explicar porque algumas pessoas creem e perseveram, enquanto outras tantas creem mas desistem. É porque no primeiro caso a fé é verdadeira, é espiritual, é proveniente do céu. No caso dos desistentes, nunca houve conversão espiritual.

Quando alguém afirma "uma vez salvo, salvo para sempre!" não é uma referência a uma adesão sociológica, nem a filiação a uma igreja, e nem mesmo ao batismo com água. A afirmativa se refere aos salvos, portanto, aqueles que foram atingidos pela graça salvífica.  Como ensinava Jonathan Edwards, "convicção espiritual da verdade surge somente numa pessoa espiritual".

Este é o testemunho bíblico: Aqueles que foram salvos jamais se perderão. É fácil de se crer, quando sua esperança não está baseada em autojustificação. É o Espírito de Cristo quem garante que eu nunca vou desistir. É pelo poder de Deus que eu continuarei perseverando na fé e na obediência a Deus. Isso é uma certeza, porque quem garante não é o crente, mas Deus. Não crer nessa verdade, por outro lado, seria rejeitar o ensino da Escritura.

Os salvos necessariamente caminham pela estrada da santificação. Nisso, não há variantes. A mesma graça que perdoa pecados é a graça que é poderosa para transformar o caráter. Se alguém acredita que um salvo pode se manter imune às influências dessa divina graça transformadora, este, sim, tem dado provas de que não conhece o poder do Evangelho.

Por tudo isso, com toda certeza devemos dizer, uma vez salvo, salvo para sempre! E que Cristo Jesus seja louvado por sua maravilhosa graça que é tão poderosa para perdoar quanto para santificar! Se alguém defende algo diferente disso, pode ser qualquer coisa, menos calvinista. 

Pense bem: a questão não é se você simpatiza com essa doutrina, mas se esse é o ensino da Palavra de Deus.
“As minhas ovelhas ouvem a minha voz, eu as conheço, e elas me seguem; eu lhes dou a vida eterna, jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que mas deu, é maior do que tudo; e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai. (João 10.27-29).
Para mais provas bíblicas, leia
Dt 30.6; Ez 36.27; Jr 32.40; Jo 5.24; Jo 6.29-40; Jo 14.3; Jo 17.2; Rm 5.17; Rm 8.28 30,39; Rm 11.25-29; Rm 14.4; Rm 16.25; 1Co 1.8-9; 1Co 10.13; 2Co 1.22; 2Tm 1.12; Hb 6.17-20; Hb 10.14,23; Hb 13.20-21; 1Pe 1.1-9; 1Pe 5.10; 1Jo 2.19; Jd 1,24.

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