terça-feira, 24 de maio de 2011

Mark Driscoll e Dons Espirituais

Algumas pessoas estranharam quando comecei a publicar a série sobre dons do Mark Driscoll. Imagino que por dois motivos: (1) a aflição que o assunto dons causa em alguns círculos do meio reformado e (2) o autor é o polêmico Mark Driscoll.
Dons: assunto que causa arrepios
Quanto ao primeiro aspecto, creio que o assunto dons não pode ser negligenciado por nós, reformados. É uma pena que um tema que aparece repetidas vezes nas Escrituras seja abandonado por nós e deixado à mercê de “mestres” neopentecostais de caráter duvidoso. Ninguém tem melhor condição de tratar desse assunto do que nós. Nossos fundamentos de fé são nossa segurança neste e em todos os outros assuntos da Palavra.
Creio que por influência principalmente da velha escola de Princeton, o cessacionismo ganhou muita força no meio reformado, especialmente entre os presbiterianos. Heróis da resistência como o Dr. Martyn Lloyd-Jones procuraram manter a postura continuacionista (Deus pode manifestar qualquer dom para a sua igreja conforme o seu beneplácito em todo e qualquer tempo). Lloyd-Jones foi acusado por muitos de ser pentecostal em função de sua postura bíblica de não ir além do que está dito nas Escrituras.
Hoje, com homens como C.J. Mahaney, Lingon Duncan e Mark Dever andam lado a lado o que nos faz crer que há espaço para um reposicionamento. Tive a grata surpresa de saber através do meu querido irmão Raniere (Frases Protestantes, Editora Monergismo, Fórum Monergismo) que o polêmico e por vezes radical Vincent Cheung posicionou-se contra o cessacionismo. Raniere até me mandou algumas frases e dois links (Cessacionismo e o Falar em Línguas e Cessacionismo e Rebelião) traduzidos por outro querido irmão (Felipe Sabino de Araújo Neto – leia-se Monergismo (risos)). Dali ele (Raniere) destacou alguns trechos muito contundentes:
“Cessacionismo é a falsa doutrina que as manifestações de concessões miraculosas tais como aquelas listadas em 1 Coríntios 12 cessaram desde os dias dos apóstolos e a finalização da Bíblia.”
“O cessacionismo é também perverso e perigoso. Isso porque se o cessacionismo é falso, então aqueles que advogam essa doutrina estão pregando rebelião contra o Senhor.”
“Visto que os argumentos para o cessacionismo são forçosos e frágeis, e visto que a doutrina apresenta um perigo tão grande, é melhor acreditar na Bíblia como ela está escrita, e obedecer aos seus mandamentos como estes estão declarados…”
Uau! Como sempre, Cheung não tem papas na língua. Como disse o Raniere, “ACHO QUE É UM ASSUNTO QUE MERECE ATENÇÃO!”. Amém.

Mark Driscoll

Eu gosto do Mark Driscoll. Simplesmente gosto dele. Já ouvi dezenas de pregações e palestras dele e ele é claramente um sujeito fora do comum. Às vezes ele exagera e fala de maneira excessivamente irreverente, defeito que ele já admitiu e espero que esteja trabalhando. Mas a liderança e capacidade de trabalho desse jovem pastor é fora de série. Seu compromisso com as Escrituras e especialmente com o Senhor Jesus Cristo é inviolável. Uma palestra que ouvi, dirigida a pastores, foi uma das mais contundentes e sérias que já ouvi na minha vida. Até prova em contrário considero que foi Deus que levantou esse homem para fazer um trabalho de larga escala em meio à juventude de um país que um dia já foi fortemente cristão.
Concordo com todas as posições dele? É claro que não. Mal e mal concordo com as minhas próprias posições (risos). Entretanto, a série que estou publicando e que é um resumo do tema, baseado nas pregações que ele fez em 1 Coríntios e que tive oportunidade de escutar uma por uma, abordam o assunto de uma forma que nos leva a pensar em alguns aspectos. O fato dele ser um calvinista, dos novos calvinistas, ajuda a partir das mesmas bases.
Uma das coisas que mais me chamou a atenção foram histórias que ele contou de amigos de ministério que saíram em missão em outro país e que foram capacitados por Deus a falar uma língua que nunca tinham ouvido falar nas suas vidas. Também a abordagem dele sobre a diferença entre o ofício de pastor (equivalente a presbítero e bispo) e o dom de pastor, é algo que salta aos olhos no nosso dia a dia. Quantos pastores já vimos na vida que claramente não tinham o dom de pastor. O mesmo ocorre com os apóstolos (veja artigo publicado hoje). Fico pensando o quanto apóstolos são necessários nos dias de hoje e em nosso país. Plantar igrejas realmente bíblicas em outro país ou mesmo aqui no Brasil é algo muito difícil e que exige uma capacitação muito especial da parte do Senhor.
De qualquer forma, creio que o assunto precisa ser tratado com coragem e disposição e não deve ficar relegado às mãos de gurus do movimento de crescimento de igreja como Peter Wagner e líderes neopentecostais inescrupulosos que usam os dons como meio de barganha. Está na hora do meio reformado se posicionar diante do assunto e encontrar o verdadeiro sentido bíblico dos dons do Espírito. Mark Driscoll tem feito a sua parte.
Fonte: Bom Caminho

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