Por Taciano Cassimiro
Texto: GN 1.1-31
I. O CRIADOR
Teorias que negam a existência de Deus:
1.1. Ateísmo: crer na inexistência de Deus.
· Platão definiu dois tipos básicos de ateístas:
Primeiro, aqueles que estão convencidos de que Deus ( ou deuses ) não existe;
Segundo, aqueles que afirmam que não há qualquer lugar para Deus ( ou deuses ) neste mundo.
1.2. Agnosticismo: crer que não existem indícios suficientes para se provar ou refutar a existência ou inexistência de Deus ( ou deuses ).
2. O relato Bíblico
Verdade que a Bíblia não é um livro cientifico, embora haja ciência nela. A mesma não tenta provar a existência de Deus, porém afirma que Ele Existe. HEBREUS 11 – 1. Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se vêem. 2. Porque por ela os antigos alcançaram bom testemunho. 3. Pela fé entendemos que os mundos foram criados pela palavra de Deus; de modo que o visível não foi feito daquilo que se vê.
2.1. A Bíblia afirma que houve um princípio, e este principio não foi obra do acaso.
Quanto à origem de Deus podemos responder com DANIEL 4.3 - Quão grandes são os seus sinais, e quão poderosas as suas maravilhas! O seu reino é um reino SEMPITERNO, e o seu domínio de geração em geração.
Deus não teve início e não terá fim. Ele é o “ El-Olam “ o Deus Eterno. Gn 21.33; Is 40.28.
É possível afirmar a existência de Deus de três formas:
· Primeiro, Afirmação da Existência de Deus nas Escrituras Sagradas: A Bíblia afirma “ No Princípio Criou Deus...”
· Segundo, Afirmação da Existência de Deus na Constituição do Ser Humano: O homem carrega idéias inatas sobre a existência de Deus. Exemplos:
O “ Semem Religionis “ nas palavras João Calvino “ como a experiência mostra, Deus plantou uma semente de religião em todos os homens”.
O “ Sensus do Divino “, João Calvino tratando do assunto afirmou “ Portanto, visto que desde o começo do mundo não tenha havido nenhuma religião, nenhuma cidade, em resumo, nenhuma família que pudesse viver sem religião, nisto descansa a tácita confissão de que o sensos do divinitatis está inscrito no coração de todos os homens “.
· Terceiro, Afirmação da Existência de Deus nos Argumentos Racionais:
1. Argumento Ontológico – A existência real de Deus parte de sua existência necessária em nosso pensamento.
2. Argumento Moral – Existe um Legislador supremo, QUE É DEUS, e do fato de haver a presença de uma lei moral no universo.
3. Argumento Teleológico - Há um propósito no universo. Deve haver alguém que estabeleceu o propósito, que é Deus.
4. Argumento Cosmológico - Declara que deve haver uma causa final de todas as coisas. Esta causa afirma ser Deus.
Com base neste argumento Deus é o único ser não causal, é sem causa.
II. As obras da criação
- Catecismo maior, pergunta 15. O que é a obra da criação?
RESP. A obra da criação é aquela pela qual Deus, pela palavra do seu poder, fez do nada o mundo e tudo quanto nele há, para si, no espaço de seis dias, e tudo muito bem.
- · O ato da criação foi obra do Deus trino. A Bíblia revela que o Deus trino é o autor da criação ( Is 40.12; 44.24; 1 Co 8.6; Jo 1.3; Cl 1.15-17; Gn 1.3; Sl 104.30; Jó 26.13; 33.4 ).
- · A criação foi ato livre do criador ( Jó 22.3,13; At 17.25 )
- · A obra da criação teve um começo ( Gn 1.1; Sl 90.2; Sl 102.25 )
Hb 11.1-3 – Seguindo o texto de Hebreus acreditamos que o universo foi formado pela palavra de Deus. Com certeza aqui há lugar para uma simples pergunta. Em quantos dias Deus criou o universo?
Embora haja a citação acima do Catecismo afirme “ seis dias “ a pergunta que surge, é – estes seis dias, são literais de 24 horas?
Teorias:
Primeira, Os dias da criação foram dias literais de 24 horas.
Martinho Lutero, consistentemente, defendeu a interpretação literal do relato da criação: “Afirmamos que Moisés falou no sentido literal, e não alegórica ou figurativamente, isto é, que o mundo, com todas as suas criaturas, foi criado em seis dias, como se lê no texto”. Também os outros Reformadores entendiam os “dias” da criação da mesma forma.
Segunda, Os dias da criação foram longos e sucessivos períodos ( dias eras ).
O erudito britânico John C. L. Gibson argumenta que Gênesis 1 deve ser tomado como uma “metáfora” (21), “história”, ou “parábola” (22), e não como um registro direto dos acontecimentos da criação. Escreveu ele em seu comentário sobre Gênesis, de 1981:
“... Se entendermos “dia” como equivalente a “época” ou “era”, poderemos pôr a seqüência da criação, apresentada no capítulo 1, em conexão com os relatos da moderna teoria da evolução, e assim caminhar um pouco no sentido da recuperação da reputação da Bíblia em nossa era científica ... Tanto quanto este argumento inicie uma tentativa de ultrapassar o sentido literal, atribuindo à semana da criação o sentido de uma parábola, com uma duração muito mais extensa, isso será digno de elogios.”
A Bíblia não é um tratado científico, embora haja ciência nela. Em Gênesis vejo que o propósito é de nos revelar Deus como Criador de todas as coisas, independente dos dias serem de 24 horas ou eras. Entendo ser mais edificante para comunidade cristã crer e entender a beleza do Criador e de sua criação do que passar horas e horas discutindo, sem chegar a lugar algum sobre a questão dos dias criativos.
Não desmereço a tentativa dos estudiosos nessa questão, mas nosso propósito é tratar de outros aspectos da narrativa de Gênesis.
Eis os dias da criação:
Sem Forma Transformado em Forma | Vazio Transformado em Habitação | ||||
v. 3-5 | 1º Dia | Luz | v. 14-19 | 4º Dia | Luminares (sol, luz, estrelas) |
v. 6-8 | 2º Dia | Atmosfera (espaço superior) Água (espaço inferior) | v. 20-23 | 5º Dia | Peixes e Pássaros |
v. 9-13 | 3º Dia | Plantas terrestres | v. 24-31 | 6º Dia | Animais e Homem |
As obras da criação apontam para um criador, e esse criador é Deus (GN1.1). Tudo veio a existir e ficou firme ao comando de Yahweh Deus ( Sl 33.1,6-9 ). Yahweh trouxe o cosmos à existência ex nihilo ( do nada ).
Em seis dias Deus completou o ciclo de criação, e sua afirmação ao criar “Gn 1.31 - E viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom. E foi a tarde e a manhã, o dia sexto.
As obras da criação dão testemunho de seu criador.
III. Os propósitos da criação
O catecismo maior, pergunta 1. Qual é o fim supremo e principal do homem?
RESP. O fim supremo e principal do homem é glorificar a Deus e gozá-lo para sempre.
É verdade que o catecismo pergunta em relação ao homem, porém, vejo na mesma o propósito da criação no seu todo.
Assim ao lermos o Salmo 19.1, começamos a entender o propósito da criação: “ Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos”.
Em Rm 11.36 - Porque dele, e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.
Os propósitos da criação:
Propósitos primários
- 1. Ensinar que Deus é o criador “Jr 51.15 - É ele quem fez a terra com o seu poder, estabeleceu o mundo com a sua sabedoria, e estendeu os céus com o seu entendimento.
- 2. Para glória e louvor de seu nome. Esta afirmativa não significa que Deus estava precisando de gloria de sua criação, porém o resultado inevitável de seu ato criador é a sua glória.
- 3. Iniciar o progresso de revelação bíblica. A fala de Deus “ Disse Deus” é o primeiro passo nesse processo, e este acredito ser um dos propósitos da criação uma vez registrado.
Propósitos secundários
- 1. Os homens devem se submeter ao Deus da criação em temor e obediência. Os céus proclamam a glória de Deus
“Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis; porquanto tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato.” (Rm. 1:20-21).
- 2. Os homens devem confiar no Deus da criação, para prover todas as suas necessidades.
“Fazes crescer a relva para os animais, e as plantas para o serviço do homem, de sorte que da terra tire o seu pão; o vinho, que alegra o coração do homem, o azeite que lhe dá brilho ao rosto, e o pão que lhe sustém as forças. Avigoram-se as aves do Senhor, e os cedros do Líbano que ele plantou, em que as aves fazem seus ninhos; quanto à cegonha, a sua casa é nos ciprestes. Os altos montes são das cabras montesinhas, e as rochas o refúgio dos arganazes. Fez a lua para marcar o tempo; o sol conhece a hora do seu ocaso. Dispões as trevas, e vem a noite, na qual vagueiam os animais da selva. Os leõezinhos rugem pela presa, e buscam de Deus o sustento; em vindo o sol, eles se recolhem e se acomodam nos seus covis. Sai o homem para o seu trabalho, e para o seu encargo até a tarde.” (Sl. 104:14-23)
- 3. Os homens devem se humilhar diante da sabedoria de Deus evidenciada na criação. Jó sofreu muitas aflições. Mas, afinal, o suficiente foi suficiente. Ele começou a questionar a sabedoria de Deus em sua adversidade. Ao seu questionamento Deus respondeu:
“Depois disto o Senhor, do meio de um redemoinho, respondeu a Jó: Quem é este que escurece os meus desígnios com palavras sem conhecimento? Cinge, pois, os teus lombos como homem, pois eu te perguntarei, e tu me farás saber. Onde estavas tu, quando eu lançava os fundamentos da terra? Dize-mo, se tens entendimento. Quem lhe pôs as medidas, se é que o sabes? Ou quem estendeu sobre ela o cordel? Sobre que estão fundadas as tuas bases, ou quem lhe assentou a pedra angular, quando as estrelas da alva juntas alegremente cantavam, e rejubilavam todos os filhos de Deus?” (Jó 38:1-7).
Conclusão
Que o estudo desta noite tenha edificado a igreja de Jesus Cristo, e que nesta certeza possamos caminhar na fé e no poder do nosso amado Deus. Deus real, criador e de cujos propósitos são para louvor de sua glória.
“ Creio em Deus Pai, Todo-Poderoso criador do céu e da terra”.
Credo Apostólico
Fonte: www.introduoteologica.blogspot.com
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