quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Devemos Buscar o bem dos Demais Crentes

Por Joao Calvino 
 
1. Como é extremamente difícil nos preocuparmos com o bem do nosso vizinho, a menos que deixemos de lado todas as considerações egoístas e esqueçamos de nós mesmos!
Como podemos levar a cabo os deveres que Paulo nos ensi­na como obras de amor, a menos que renunciemos a nós mes­mos e dediquemo-nos aos demais?
“O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria. não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interes­ses, não se ira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade” (I Co 13,4-6).
2. Ainda que somente se nos ordenasse a não buscarmos nosso próprio benefício, deveríamos, contudo, seguir exercendo uma considerável pressão sobre nossa velha natureza, pois está tão fortemente inclinada a amar o próprio "Eu", que não estaria facilmente disposta a deixar de lado seus interesses egoístas.
Busquemos, outrossim, o benefício dos demais e ainda, de maneira voluntária, renunciemos a nossos direitos pelo bem de nosso próximo.
As Escrituras exigem de nós e nos advertem a considerarmos que qualquer favor que obtenhamos do Senhor, o temos recebido com a condição de que o apliquemos em benefício comum da Igreja.
Temos de compartilhar liberalmente e agradavelmente com todos e cada um dos favores do Senhor com os demais, pois isso é a única coisa que os legitima.
Todas as bênçãos de que gozamos são depósitos divinos que temos recebido com a condição de distribuí-los aos demais.
Não podemos imaginar uma incumbência mais apropriada a uma sugestão mais poderosa que essa.
3. De acordo com as Escrituras, nossos talentos pessoais devem ser comparados com os poderes conferidos aos membros do corpo humano.
Nenhum membro do corpo mantém sua força para si mes­mo, nem a aplica para seu uso exclusivo, mas somente para o proveito dos demais De igual modo, nenhum membro da Igreja recebe vantagens de sua própria atividade, mas através de sua cooperação tom a totalidade do corpo de crentes.
Qualquer habilidade que um fiel cristão tenha, deve dedi­cá-la ao serviço de seus companheiros crentes, como também submeter, com toda a sinceridade, seus próprios interesses ao bem-estar comum da Igreja.
Apropriemo-nos dessa regra com boa vontade e amabili­dade, para que quando tivermos a ocasião de ajudarmos os demais, possamos comportar-nos como quem, algum dia, dará conta de seus próprios atos, recordando sempre que a distri­buição dos benefícios se determinará em harmonia com a lei do amor.
Em primeiro lugar, não deveríamos intentar promover o bem dos demais, buscando o nosso próprio, mas, antes, preferir o bem dos outros pelo que isso significa em si mesmo.
4. A lei do amor não só concerne aos grandes benefícios, pois, desde a antiguidade, Deus nos tem ordenado que a recordemos e a ponhamos em prática mesmo nos pequenos favores da vida.
Deus ordenou ao povo de Israel que Lhe oferecesse os pri­meiros frutos de milho, como uma mostra solene de que lhe era ilegítimo gozar de uma bênção que primeiramente não houvesse sido oferecida a Ele.
Se os dons de Deus não são parte da nossa vida santificada e não os dedicamos com nossas próprias mãos ao seu autor, seríamos culpados de um abuso pecaminoso se deles descartásse­mos tal dedicação.

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Fonte: A Verdadeira Vida Cristã, João Calvino, Fonte Editorial, 4ª edição, 2008, págs. 37,38.

Extraído do site: http://www.eleitosdedeus.org

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