Referência: Neemias 13.1-31
INTRODUÇÃO
1. A instabilidade do povo de Deus
Muitas vezes, o povo de Deus, fez promessas solenes e as quebrou. No
capítulo 10, vemos um grande avivamento espiritual. O povo fez uma
aliança com Deus, mas no capítulo 13, vemos essas mesmas promessas sendo
quebradas.
2. A importância da liderança espiritual na vida do povo de Deus
Na restauração física e espiritual da cidade de Jerusalém Neemias
enfrentou ataques esternos e internos; inimigos de fora e oposição de
dentro, mas sempre, com firmeza, Neemias conduziu o povo nessa
restauração, durante 12 anos (2:1; 13:6).
Agora, com a ausência de Neemias, sem sua firme liderança espiritual,
o sacerdócio se corrompe e o povo quebra a própria aliança que havia
feito com Deus.
3. A única maneira de restaurar a aliança quebrada é uma volta à Palavra
A restauração recomeçou quando o livro de Moisés foi aberto. Sem
profecia o povo se corrompe. Sem a Palavra de Deus, o povo perde o
caminho. Não há reforma sem volta às Escrituras. Precisamos de uma nova
reforma na vida da igreja.
Hoje, a maior necessidade da igreja evangélica é uma volta profunda à
Palavra. Carregamos a Bíblia, estudamo-la, mas não a pomos em prática.
I. A AMEAÇA DO ECUMENISMO – v. 1-3
1. Uma mistura proibida por Deus – v. 1-2
A proibição de Deus não é racial, mas religiosa. Os amonitas e
moabitas adoravam outros deuses. Eles não só foram hostis ao povo de
Deus, mas contrataram um profeta amante do dinheiro para amaldiçoar o
povo de Deus.
A tolerância com o mal foi a causa da quebra da aliança firmada. O
sacerdote Eliasibe que sempre fora um opositor velado, com a ausência de
Neemias por 12 anos, abusivamente usa seu posto para desviar o povo de
Deus.
Possivelmente nesse tempo, o profeta Malaquias está denunciando a corrupção do sacerdócio de Jerusalém (Ml 2:1-9).
Rute era moabita, mas ao converter-se foi aceita no meio do povo e
tornou-se da linhagem do Messias. Mas aqui, o caso é diferente. A
mistura com aqueles que adoram outros deuses corrompe a teologia, o
culto e a moral.
2. Um afastamento necessário – v. 3
Deus nunca ordenou o seu povo a se unir com os pagãos com o fim de
ganhá-los. A ordem de Deus é sempre: 1) Retirai-vos do meio deles…” (2
Co 6:17); 2) “Retirai-vos dela, povo meu, para não serdes cúmplices de
seus pecados e para não participardes de seus flagelos” (Ap 18:4).
O v. 3 diz que o povo ao ouvir a Palavra de Deus apartou de Israel
todo elemento misto. Foi a leitura pública das Escrituras que tornou
Israel consciente das suas obrigações diante de Deus como seu povo. Há
muita coisa do mundo entrando na igreja que precisa ser tirado.
“Procurei a igreja e a encontrei no mundo; procurei o mundo e o achei na
igreja”.
Existem doutrinas falsas entrando nos seminários, nos púlpitos, nas igrejas.
II. A PROFANAÇÃO DA CASA DE DEUS – v. 4-9
1. A família sacerdotal se une aos inimigos de Deus – v. 4,28
Eliasibe, o sacerdote se aparenta com Tobias, o amonita. Ele se torna
aliado do inimigo. Ele faz aliança com o próprio adversário. Ele
corrompe o sacerdócio.
O neto do sacerdote (v. 28) tornou-se genro de Sambalá, o arquiinimigo de Israel. Formaram uma aliança espúria, perigosa.
Quando Neemias expulsou esse sacerdote, diz Flávio Josefo que,
Sambalá construiu para ele um templo em Gerisim, e aí começou o culto
pagão dos Samaritanos.
2. A família sacerdotal leva o inimigo para dentro da Casa de Deus – v. 5
Se não bastasse o parentesco com o inimigo, agora, Eliasibe leva
Tobias para dentro do templo. Ele põe o inimigo dentro da Casa de Deus.
Certamente ele substitui os sacerdotes e levitas que cuidavam da Casa de
Deus, por um homem vil, que perseguira tão tenazmente o povo de Deus.
Não há maior corrupção do que essa de tirar da Casa de Deus os obreiros fiéis e colocar no lugar, o próprio inimigo.
Eliasibe, um líder que aproveita a ausência de Neemias para destruir a
obra de Deus – Ele era o grande líder religioso, mas em vez de usar sua
influência para abençoar o povo, usou-a para minar a sua fé.
3. A família sacerdotal beneficia o próprio inimigo, e contamina a Casa de Deus – v. 6-9
Eliasibe fez uma câmara grande para Tobias exatamente no lugar onde
eram depositados os dízimos e ofertas para os sacerdotes, levitas e
cantores (v. 5). Neemias diz que ele fizera isso para beneficiar Tobias
(v. 7).
Os dízimos e as ofertas para o sacerdócio tiveram outro destino. Por
isso, o v. 10 nos informa que os obreiros da Casa de Deus, por falta de
sustento, precisaram fugir para os campos e o inimigo instalou-se dentro
da Casa de Deus e a profanou. O verbo fugir do v. 10 indica fugir por
perseguição.
A corrupção religiosa é mais ignominiosa. A parcialidade já um grave
pecado, mas o favorecimento daqueles que são inimigos do povo de Deus é
uma declarada apostasia.
4. Atitudes de Neemias para corrigir essa profanação da Casa de Deus
a) Sentiu grande indignação (v. 8) – Neemias era um homem capaz de
chorar e também de sentir grande indignação. Ele não era condecesdente
com o pecado. Ele irou-se contra aquele terrível mal.
b) Lançou fora todos os móveis de Tobias (v. 8) – Há coisas que são
impróprias dentro da Casa de Deus. Neemias fez uma faxina na Casa de
Deus. O inimigo deve sair e também tudo aquilo que lhe pertence.
c) Purificou as câmaras da Casa de Deus – A Casa de Deus precisa ser um lugar consagrado, exclusivo para o serviço de Deus.
d) Mandou trazer de volta os untensílios e as ofertas – Os objetos
sagrados precisam estar na Casa de Deus. As ofertas retidas precisam ser
novamente trazidas.
III. A DISPERSÃO DOS OBREIROS DE DEUS – v. 10-14
1. Quando a igreja deixa de cumprir o seu papel, os dízimos e ofertas são retidos – v. 10
O sacerdócio estava corrompido. Os dízimos estavam sustentando Tobias
e não os obreiros de Deus. Então, os sacerdotes, levitas e cantores
deixaram o seu posto e o povo reteu os dízimos e as ofertas.
Esse tempo vivido por Neemias em sua segunda visita a Jerusalém é
praticamente o mesmo do tempo do profeta Malaquias. O povo antes do
cativeiro trazia o dízimo para subornar a Deus; agora, ostensivamente,
eles o retém para roubar a Deus.
A retenção do dízimo é desamparar a Casa de Deus (10:39).
Malaquias alertou para esse problema nesse tempo: reter o dízimo, subtrair o dízimo, subestimar o dízimo e administrar o dízimo.
2. Quando a igreja retém os dízimos e as ofertas os obreiros se ocupam com outras atividades – v. 10
O projeto de Deus é que os sacerdotes e levitas trabalhassem
integralmente na sua obra. Eles deviam cuidar exclusivamente das coisas
de Deus. Mas, com a retenção do sustento, eles foram para os campos e a
Casa de Deus foi desamparada.
Com a falta de ensino da Palavra o povo entregou-se a uma vida espiritual frágil e a um grande declínio moral.
3. Quando os obreiros de Deus voltam a abraçar a vocação divina, o povo responde com fidelidade nos dízimos – v. 11-12
Neemias contendeu com os magistrados. Eles deixaram de agir, eles
foram frouxos na liderança, permitindo a corrupção do sacerdócio e a
dispersão dos obreiros.
4. A administração financeira na igreja precisa ser feita com integridade e transparência – v. 13
Neemias é um homem íntegro. E ele entende que as coisas de Deus
precisam ser tratadas com seriedade, integridade e transparência. Ele
nomeia pessoas fiéis para cuidar dos dízimos e ofertas na Casa de Deus.
Hoje, muitas igreja lidam com dinheiro de forma suspeita. Há igrejas
que são empresas familiares. Não há prestação de contas nem integridade
na maneira de arrecadar e investir os recursos.
IV. A PROFANAÇÃO DO DIA DO SENHOR – v. 15-22
1. O trabalho e o comércio no dia do Senhor é visto como um mal – v. 15-17
O sábado foi separado como santo (Ex 16:23-29; 20:10-11; 31:17). Era
expressamente proibido trabalhar no sábado (Ex 35:3; Nm 15:32). A guarda
do sábado era um sinal entre o Deus que guarda a aliança e o seu povo
(Ez 20:12,20).
O sábado foi dado como descanso. Nesse dia deve-se cessar todo o
trabalho nos lembrarmos de Deus. A profanação do dia do Senhor é um
sinal do secularismo.
O comércio no dia do Senhor corrompia completamente o propósito do descanso e da adoração nesse dia.
Quando o lucro toma o culto do culto, então, estamos em grande
perigo. Quando se passa a confiar na provisão mais do que no provedor.
O domingo é o dia do Senhor. Nesse dia devemos descansar de nossas
atividades: trabalho e estudo e reservarmos esse dia para o descanso e
para o culto.
2. A quebra do dia do Senhor e a consequente profanação do culto foi uma das fortes causas da queda de Judá – v. 18
A maior fraqueza do povo é o pecado. Judá não foi derrotado apenas
pelo inimigo. Foi Deus quem trouxe todo o mal contra o seu povo para
discipliná-lo por causa da sua desobediência.
A inobservância do dia do Senhor é um forte sinal da decandência
espiritual da igreja. Na Europa e na América muitas igrejas estão
vazias. Hoje, muitos crentes deixaram de se congregar.
3. Medidas práticas devem ser tomadas para que o dia do Senhor seja observado – v. 19-22
Neemias ordena, determina, controla, vigia, fiscaliza, protesta,
ameaça, põe guardas. Ele não apenas fala, ele age. Ele não apenas
ensina, ele toma medidas práticas para eliminação do mal.
Hoje, uma das maiores causas do secularismo galopante é a quebra da
observância do dia do Senhor. Não nos preparamos para o dia do Senhor.
Não nos deleitamos nesse dia. Muitos se entregam a um lazer profano.
Outros entregam-se ao trabalho e ao desejo do lucro. Outros esquecem-se
de Deus.
V. O PERIGO DO CASAMENTO MISTO – v. 23-29
1. O casamento misto está em desacordo com o propósito de Deus para o seu povo – v. 27
O casamento misto ao longo das Escrituras foi uma prática perigosa
que trouxe problemas para o povo de Deus: no dilúvio, na formação da
nação, na restauração da nação, na dispensação néo-testamentária.
Os judeus estavam se casando com mulheres asdoditas, amonitas e moabitas, ou seja, com mulheres que adoravam deuses estranhos.
Neemias diz que o grande Salomão, o homem amado de Deus, corrompeu-se
e com consequentemente Israel entrou em rota de colisão, por causa do
seu envolvimento com mulheres estrangeiras. Elas o fizeram cair no
pecado (v. 26).
Neemias entende que o casamento misto é um grande mal e uma prevaricação contra Deus (v. 27).
O casamento misto dentro da família sacerdotal (v. 28), foi um golpe
quase atingindo o coração da religião judaica, pois havia regulamentos
especiais que governavam o casamento dos sacerdotes (Lv 21:6-8,13-14; Dt
23:8-11).
O casamento é considerado um pacto entre duas pessoas e Deus (Pv
2:17; Ez 16:8; Ml 2:14). Assim o casamento misto corrói a própria base
do casamento. O lar deve ser a base da sociedade, a estrutura sobre a
qual uma nação se constrói.
Paulo em 2 Co 6:14-17, fala da incoveniência da aliança entre crentes e incrédulos.
Jaime Kemp fala da estatística de 75% dos casamentos mistos que fracassaram.
2. O casamento misto desemboca numa educação deficiente dos filhos – v. 24
Havia corrupção no lar. As mães criavam os flhos conforme seus próprios costumes pagãos, e a ignorância espiritual prevalecia.
Os filhos do casamento misto já não falavam o hebreu, cresceram falando meio asdodita, com línguagem, hábitos e costumes mistos.
Derek Kidner diz: “A balbúrdia de idiomas entre as crianças (v. 24)
não era apenas um sintoma, mas, sim, uma ameaça: importava numa erosão
contínua da identidade israelita no nível da totalidade do pensamento e
da expressão, e uma perda de acesso à Palavra de Deus efetivamente
paganizaria os israelitas” (p. 145).
Os filhos de casamentos mistos ficam divididos. Eles recebem dupla
orientação e às vezes ficam espremidos pela tensão espiritual dos pais.
3. Uma atitude firme contra o casamento misto deve ser tomada – v. 25
Neemias contende, amaldiçoa, espanca, arranca os cabelos, conjura por
Deus, ordena. Para uma doença grave só um tratamento de choque. “Para
grandes males, grandes remédios”. O casamento misto é ainda hoje a ruína
de muitos jovens em nossas igrejas.
Estava em jogo aqui a pureza da linhagem do próprio Messias. O povo
de Israel devia manter íntegra a linhaguem do Messias. A questão aqui
não é preconceito racial, mas pureza espiritual. Rute, sendo moabita, ao
converter-se ao Deus de Israel foi aceita na comunidade de Israel.
Devemos orientar firmemente os nossos jovens e adolescentes a terem o firme propósito de se casarem no Senhor!
CONCLUSÃO
1. O preço da liberdade deve ser a vigilância constante
Thomas Jefferson disse que “o preço da liberdadse é a eterna
vigilância”. As vitórias de ontem não servem para hoje. Ontem houve uma
avivamento, hoje o povo está novamente em crise. Ontem houve uma
aliança. Hoje a aliança foi quebrada.
Neemias nos ensina que não podemos descuidar. Enquanto ele esteve
ausente, (segundo Cyril Barber 12 anos, de 432 a 420 a.C.) o povo se
corrompeu. Mas o fracasso do hoje não deve nos desanimar. Devemos lutar
por uma nova reforma. “Igreja reformada, sempre reformando”.
As mesmas decisões tomadas no capítulo 10, quando da grande reforma,
precisam ser tomadas agora novamente (v. 30-31). Neemias diz: “limpei…
designei… forneci”.
É por isso que nos reunimos domingo após domingo. Precisamos estar continuamente acertando nossa vida com Deus!
2. A restauração do povo precisa sempre passar pela Palavra e pela oração – v. 1,3,14,22,31
A Palavra foi lida e Neemias está orando. O grande líder Neemias
começa o livro orando e termina o livro orando. Sem a Palavra de Deus e
sem dependência de Deus não há restauração do povo de Deus.
3. A restauração depende de líderes comprometidos com Deus
A restauração da cidade de Jerusalém tem muito a ver com a forte
liderança espiritual de Neemias: Homem sensível, íntegro, leal a Deus,
ao rei e ao povo; estável emocionalmente, tinha grande discernimento
espiritual, profunda coragem e era comprometida com a Palavra e com a
oração.
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