Por Alex Belmonte
A antiga verdade que Calvino, Agostinho e o apóstolo Paulo pregaram é a verdade que eu também devo pregar hoje; do contrário deixaria de ser fiel à minha consciência e ao meu Deus. Charles H. Spurgeon
A Reforma protestante foi o marco de uma
nova fase da História da Humanidade. Com ela o Cristianismo retomou sua
verdadeira identidade, contribuindo assim para a restauração do homem
caído e para uma grande visão bíblica de valorização humana.
Mas a
Reforma não aconteceu da noite para o dia. Foram séculos de pequenas
manifestações e reações por parte daqueles que enxergavam uma igreja em
decadência, que precisava urgentemente rever seus valores. Muitos foram
ridicularizados, calados á força e mortos á fogueira da inquisição, isto
é, a “igreja” estava tão decadente que dia a dia levava o Evangelho a
empedernir a ponto de matar até mesmo seus próprios filhos.
Para a conclusão do propósito divino de
restauração da Igreja de Cristo, a Reforma passou por três grandes
processos em sua execução: A Reforma Teológica, a Reforma Litúrgica, e a
Reforma Missionária, ou missiológica.
1º Processo: A Reforma Teológica:
A reforma teológica significou o resgate da pureza do Evangelho e foi a
base do retorno ás Escrituras. Foi o momento do rompimento definitivo
com o paganismo religioso que a Igreja Romana havia abraçado e o
estabelecimento dos valores e princípios da Bíblia, centrados em Cristo,
sua Graça, na Fé verdadeira e na Glória somente a Deus. Estes cinco
valores fundamentais conhecidos em Latim como Sola Scriptura, Solo Christus, Sola Gratia, Sola Fide e Soli Deo Gloria
se tornaram o fundamento da Teologia Reformada. A Igreja Romana havia
cometido um desvio teológico tão flácido e vexatório que nem mesmo o
povo tinha acesso á leitura da Bíblia, excluindo assim uma prática nobre
da igreja de Cristo (Atos 17.11). Os Bispos se auto intitularam papas. A
instituição da intercessão aos mortos e a substituição do culto cristão
pelas rezas e missas davam ar de que a verdadeira teologia havia sido
destruída. No ano 416 d.C teve início ao batismo de crianças recém
nascidas e pouco tempo depois, em 431, é estabelecido o culto a Maria,
mãe de Jesus. Mas os desvios teológicos vão além com a oficialização do
purgatório e com o culto às imagens. Por fim, a venda de indulgência, ou
seja, pagar pela salvação foi o maior golpe da Igreja Romana contra a
pureza do Evangelho.
Coube aos teólogos Martinho Lutero e
John Calvino esse resgate bíblico. Lutero em 31 de outubro de 1517,
afixou na porta da Igreja de Wittenberg, na Alemanha, suas 95 teses e
Calvino com a sistematização teológica lançou a grande obra “Instituição
da Religião Cristã” em 1536. Esses acontecimentos de comportamento
guapo dos líderes cristãos deram início á reforma teológica na
cristandade.
2º Processo: A Reforma Litúrgica: O vocábulo “Liturgia“,
em grego, formado pelas raízes leit- (de “laós”, povo) e -urgía
(trabalho, ofício) significa serviço ou trabalho público. Por extensão
de sentido, passou a significar também, no mundo grego, o ofício
religioso, na medida em que a religião no mundo antigo tinha um caráter
eminentemente público. A liturgia é considerada por várias denominações
cristãs o momento da adoração e celebração ao Deus vivo. É o culto ao
Senhor, pelo povo do Senhor. Mas o Romanismo havia deturpado o culto
também, e com as cansadas missas, cheias de artifícios religiosos,
transformou o momento de devoção á Deus num período de tristeza e
escravidão religiosa, sem vida e sem a graça de Deus. As missas como
eram conhecidas, pareciam mais uma prisão obrigatória de um ritual que
não oferecia ao cristão a oportunidade de uma nova experiência com Deus e
seu Espírito, e nem mesmo transmitia a alegria da Salvação uma vez
conquistada por Cristo. Faltava a Bíblia, a pregação poderosa pela
unção, o compartilhamento da fé entre membros do corpo. Faltava a
essência da verdadeira adoração, do tempo-momento, da edificação
espiritual.
Os reformadores foram unânimes na
Reforma litúrgica e começaram com a música, com o louvor ao Deus Trino.
Lutero, exemplo de musicista compôs hinos que marcaram gerações.
Louvores que ecoaram em toda a Europa.
Mas a liturgia envolvia também o momento
do ensino da palavra. Nesse âmago o reformador suíço Úlrico Zwínglio
revelou sua ousadia na exposição e ampla visão bíblica. Zwínglio morreu,
mas o movimento iniciado por ele não morreu. As igrejas que surgiram
como resultado do movimento iniciado por Zwínglio são chamadas de
igrejas reformadas em alguns países.
A restauração do Culto ao Senhor foi o resultado do espírito jocoso de nossos reformadores.
3º Processo: A Reforma Missiológica: O que foi então a Reforma missiológica? O que isso teve haver com o processo da Reforma Protestante?
Acontece que a Igreja Romana havia
perdido de vez a verdadeira visão missionária de pregação do Evangelho
em todo o mundo. Suas preocupações políticas e econômicas cegavam a
verdadeira responsabilidade para com os perdidos. A obra de expansão do
Evangelho não era mais exequível, pois dera lugar á busca de conquistas
territoriais e guerras religiosas.
O período da Reforma missiológica começa
com John Knox (1515-1587) passando por ilustres homens como Moody,
Hudson Taylor, Bunyan, George Whitefield e muitos outros. Mas ninguém se
destacou tanto na restauração da visão missionária do que Guilherme
Carey conhecido como o “pai das missões modernas”.
O sapateiro que tinha em sua oficina um
grande mapa-mundi, olhou para o mundo com o coração, e levou o Evangelho
ás vidas mais distantes, enfrentando os mais diversos desafios.
Além de atingir a Reforma missiológica, a
atitude para com a Igreja abrangia ao mesmo tempo algo muito expressivo
que havia também se deteriorado: A pregação relevante e seu poder
transformador.
Enfim, a Reforma
missionária definia os caminhos verdadeiros da Igreja de Cristo. Onde
quer que esteja a Igreja do Senhor, estaria ali também um povo livre, de
uma teologia pura e restaurada, da liturgia que exalta unicamente a
Deus e não ao homem, e de uma chama missionária que jamais se apagou.
Fonte: Napec
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