Parte II - Eleição
Incondicional
Devido ao pecado de Adão, seus descendentes
entram no mundo como pecadores culpados e perdidos. Como criaturas caídas, eles
não têm desejo de ter comunhão com o seu Criador. Ele é santo, justo e bom, ao
passo que eles são pecaminosos, perversos e corruptos. Deixados à sua própria
escolha, eles inevitavelmente seguem o deus deste século e fazem a vontade do
seu pai, o diabo. Conseqüentemente, os homens têm se desligado do Senhor dos
céus e têm perdido todos os direitos de Seu amor e favor. Teria sido
perfeitamente justo para Deus ter deixado todos os homens em seus pecados e miséria
e não ter demonstrado misericórdia a quem quer que seja. É neste contexto que a
Bíblia apresenta a doutrina da eleição.
A doutrina da eleição declara que
Deus, antes da fundação do mundo, escolheu certos indivíduos dentre todos os
membros decaídos da raça de Adão para ser o objeto de Seu imerecido amor.
Esses, e somente esses, Ele propôs salvar. Deus poderia ter escolhido salvar
todos os homens (pois Ele tinha o poder e a autoridade para fazer isso), ou Ele
poderia ter escolhido não salvar ninguém (pois Ele não tem a obrigação de
mostrar misericórdia a quem quer que seja), porém não fez nem uma coisa nem
outra. Ao invés disso, Ele escolheu salvar alguns e excluir (preterir) outros.
Sua eterna escolha de determinados
pecadores para a salvação não foi baseada em qualquer ato ou resposta prevista
da parte daqueles escolhidos, mas foi baseada tão somente no Seu beneplácito e
na Sua soberana vontade. Desta forma, a eleição não foi condicionada nem
determinada por qualquer coisa que os homens iriam fazer, mas resultou
inteiramente do propósito determinado pelo próprio Deus. Os que não foram escolhidos
foram preteridos e deixados às suas próprias inclinações e escolhas más.
Não cabe à criatura questionar a
justiça do Criador por não escolher todos para a salvação. É suficiente saber
que o Juiz de toda a terra tem agido bem e justamente. Deve-se, contudo, ter em
mente que se Deus não tivesse graciosamente escolhido um povo para Si mesmo, e soberanamente
determinado prover-lhe e aplicar-lhe a salvação, ninguém seria salvo. O fato de
Ele ter feito isto para alguns, à exclusão dos outros, não é de forma alguma
injusto para os excluídos, a menos que se mantenha que Deus estava na obrigação
de prover salvação a todos os pecadores - o que a Bíblia rejeita cabalmente.
A doutrina da eleição deve ser vista
não apenas contra o pano de fundo da depravação e culpa do homem, mas também
deve ser estudada em conexão com o Eterno Pacto ou acordo feito entre os membros
da Trindade. Pois foi na execução deste pacto que o Pai escolheu desse mundo de
pecadores perdidos um número definido de indivíduos e deu-os ao Filho para
serem o Seu povo. O Filho, nos termos desse pacto, concordou em fazer tudo
quanto era necessário para salvar esse povo escolhido e que lhe foi concedido
pelo Pai. A parte do Espírito na execução desse pacto foi e é a de aplicar aos
eleitos a salvação adquirida para eles pelo Filho.
A eleição, portanto, é apenas um
aspecto (embora muito importante) do propósito salvador do Deus Triuno, e dessa
forma não deve ser vista como salvação. O ato da eleição em si mesmo não salvou
ninguém. O que ele fez foi destacar (marcar) alguns indivíduos para a salvação.
Desta forma, a doutrina da eleição não deve ser divorciada das doutrinas da
culpa do homem, da redenção e da regeneração, pois de outra forma ela será
distorcida e deturpada. Em outras palavras, se quisermos manter em sua perspectiva
bíblica, e corretamente entendido, o ato da eleição do Pai deve ser relacionado
com a obra redentora do Filho, que Se deu a Si mesmo para salvar os eleitos e
com a obra renovadora do Espírito, que traz o eleito à fé em Cristo.
1. Declarações gerais mostrando que
Deus tem um povo eleito, que Ele predestinou esse povo para a salvação e, desta
forma, para a vida eterna (Dt. 10.14-15; Sl. 33:12; Ag. 2:23; Mt. 11:27; 22:14
)
2. Antes da fundação do mundo, Deus
escolheu determinados indivíduos para a salvação. Sua escolha não foi baseada
em qualquer resposta ou ato previsto, a ser cumprido pelos escolhidos. A fé e
as boas obras são o resultado e não a causa da escolha divina.
a) Deus fez a escolha: (1Ts 1:4; 2:13);
b) A escolha divina foi feita antes da
fundação do mundo: (Ef. 1:4; 2Ts. 2:13; 2Tim. 1:9; Ap. 13:8; 17:8);
c) Deus escolheu determinados
indivíduos para a salvação - seus nomes foram escritos no livro da vida antes
da fundação do mundo: Ap 13:8;17:8.[acima];
d) A escolha divina não foi baseada em
qualquer mérito previsto naqueles a quem Ele escolheu, nem foi baseada em
quaisquer obras previstas, realizadas por eles: (Ro. 9.11-16; 10:20);
e) As boas obras são o resultado e não
a base da predestinação: Ef. 1.12; 2:10; Jo. 15:16);
f) A escolha divina não foi baseada na
fé prevista. A fé é o resultado e, portanto, a evidência da eleição divina, não
a causa ou base de Sua escolha: (At. 13.48; 18:27 Fl.1:2; 2:12; 2:13; 1Ts.
1:4-5; 2Ts. 2:13-14);
g) É através da fé e das boas obras
que alguém confirma sua chamada e eleição: (2Pe. 1.5-11);
3. A eleição não é a salvação, mas é
para a salvação. Assim como o presidente eleito não se torna o presidente de
fato até o dia da sua posse (instalação), assim aqueles que são eleitos para a
salvação não são salvos até que sejam regenerados pelo Espírito e justificados
pela fé em Cristo:(Em Efésios 1:4 Paulo mostra que os homens foram eleitos “em
Cristo” antes que o mundo existisse. Em Rm 16:7 ele mostra que os homens não estão
realmente “em Cristo” até que se convertam). (Ro. 11.7; 2Ti. 2:10; At. 13:48;
1Ts. 2:13-14)
4. A eleição foi baseada na
misericórdia soberana e especial de Deus. Não foi a vontade do homem, mas a
vontade de Deus que determinou que pecadores iriam ser alvos da misericórdia e
ser salvos: (Ex. 33.19; Dt. 7:6-7; Rom. 9:11-24; 11:4-36 )
5. A doutrina da eleição é apenas uma
parte da doutrina bíblica mais ampla da soberania de Deus. As Escrituras não
apenas ensinam que Deus predestinou certos indivíduos para a vida eterna, mas
que todos os eventos, grandes ou pequenos, acontecem como o resultado do eterno
decreto de Deus. O Senhor Deus reina sobre os céus e a terra com absoluto
controle. Nada acontece fora do Seu eterno propósito: (1Cr 29.10-12; Jó 42:1-2;
Sl. 115:3; 135:6; Is. 14:24-27; 46:9-11; 55:11; Jer. 32:17; Dan. 4:35; Mt.
19:26)
Tradução Livre e adaptada do livro Os Cinco Pontos do Calvinismo -
Definidos, Defendidos, Documentado, de David N. Steele e Curtis C. Thomas,
Partes I e II, [Presbyterian & Reformed Publishing Co, Phillipsburg, NJ,
EUA.], Feito por João Alves dos Santos)
Nenhum comentário:
Postar um comentário