Parte I - Depravação
Total Ou Inabilidade Total
O ponto de vista que
alguém toma a respeito da salvação será determinado, em grande escala, pelo
conceito que essa pessoa tem a respeito do pecado e de seus efeitos sobre a natureza
humana. Por isso, o primeiro ponto tratado pelo sistema calvinista é a doutrina
bíblica da depravação total ou inabilidade total. Quando o calvinista fala do
homem como sendo totalmente depravado, quer dizer que sua natureza é corrupta,
perversa e totalmente pecaminosa. O adjetivo “total” não significa que cada
pecador está tão completamente corrompido em suas ações e pensamentos quanto
lhe seja possível ser. O termo é usado para indicar que todo o ser do homem foi
afetado pelo pecado.
A corrupção estende-se
a todas as partes do homem, corpo e alma. O pecado afetou a totalidade das
faculdades humanas - sua mente, sua vontade, etc. (Confissão de Fé, VI, 2).
Também se pode usar o adjetivo “total” para incluir nele toda a raça humana,
sem exceção. Como resultado dessa corrupção inata, o homem natural é totalmente
incapaz de fazer qualquer coisa espiritualmente boa. É o que se quer dizer por “inabilidade
total”. A inabilidade referida nessa terminologia é a “inabilidade espiritual”.
Significa que o pecador está tão espiritualmente falido que ele nada pode fazer
com respeito à sua salvação.
É evidente que muitas
pessoas não salvas, quando julgadas pelos padrões humanos, possuem qualidades
admiráveis e realizam atos virtuosos. Porém, no campo espiritual, quando julgadas
pelos padrões divinos, são incapazes de fazer o bem (Confissão de Fé, XVI, 1 e 7).
O homem natural está escravizado pelo pecado: é filho de Satanás, rebelde para
com Deus, cego para com a verdade, corrompido e incapaz de salvar-se a si mesmo
ou de preparar-se para a salvação. Em resumo, o não regenerado está morto em
pecado e sua vontade está escravizada à sua natureza má. O homem não veio das
mãos do seu Criador nessa condição depravada. Deus fez a Adão perfeito, sem
qualquer maldade em sua natureza. Originalmente, a vontade de Adão estava livre
do domínio do pecado. Ele não estava sujeito a qualquer compulsão natural para
escolher o mal; porém, por sua queda, trouxe a morte espiritual sobre si mesmo
e sobre toda a sua posteridade. Desse modo, lançou a si mesmo e a toda a raça
na ruína espiritual e perdeu para si e para os seus descendentes a habilidade
de fazer escolhas certas no campo espiritual. Seus descendentes ainda são
livres para escolher - todo homem faz escolhas em sua vida - mas, visto que a
geração de Adão nasce com natureza pecaminosa, não tem a habilidade para escolher
o bem ao invés do mal. Por conseguinte, a vontade do homem não é mais livre (i.e.,
livre do domínio do pecado) como era livre a vontade de Adão, antes da queda. Em
vez disso, a vontade do homem, como resultado da depravação herdada, está
escravizada à sua natureza pecaminosa.
A Confissão de Fé de
Westminster nos dá uma declaração clara e concisa dessa doutrina: “O homem,
caindo em um estado de pecado, perdeu totalmente todo o poder de vontade quanto
a qualquer bem espiritual que acompanhe a salvação, de sorte que um homem
natural, inteiramente adverso a esse bem e morto no pecado, é incapaz de, pelo
seu próprio poder, converter-se ou mesmo preparar-se para isso” (IX, 3). 1.
Como resultado da transgressão de Adão, os homens são nascidos em pecado e são,
por natureza, espiritualmente mortos; portanto, para se tornarem filhos de Deus
e entrarem no Seu reino precisam nascer de novo, do Espírito.
1. Como resultado da
transgressão de Adão, os homens são nascidos em pecado e são, por natureza,
espiritualmente mortos; portanto, para se tornarem filhos de Deus e entrarem no
Seu reino precisam nascer de novo, do Espírito.
a) Quando Adão foi
colocado no jardim do Éden, foi advertido para não comer do fruto da árvore do
conhecimento do bem e do mal, sob pena de imediata morte espiritual;
b) Adão desobedeceu e
comeu do fruto proibido (Gn 3:1-7); por conseguinte, trouxe morte espiritual
sobre si mesmo e sobre a raça;
c) Davi confessou que
tanto ele, como os demais homens, foram nascidos em pecado (Sal. 51).
d) Porque os homens
são nascidos em pecado e são, por natureza, espiritualmente mortos. Jesus
ensinou que, para alguém entrar no reino de Deus, é preciso nascer de novo.
(Jo. 3.5-7)
2. Como resultado da
queda, os homens estão cegos e surdos para a verdade espiritual. Suas mentes
estão entenebrecidas pelo pecado; seus corações são corruptos e malignos (Gen.
6:5; 8:21; Ec. 9:3; Jr. 17:9; Mc. 7:21-23; Jo. 3:19; Ro. 8:7-8; 1Co. 2:14; Ef.
4:17-19, 5:8; Tt. 1:15) ):
3. Antes dos
pecadores nascerem no reino de Deus pelo poder regenerador do Espírito, são
filhos do diabo e estão debaixo de seu controle. São escravos do pecado (Jo.
8:34, 44; Rom. 6:20; Ef. 2:12; 2Tim. 2:25-26; Tt. 3:3; 1Jo. 3:10);
4. O domínio do
pecado é universal: todos os homens estão debaixo do seu poder; por conseguinte,
ninguém é justo, nem um só (Rom. 3:9-18).
5. Os homens, sendo
deixados em seu estado de morte, são incapazes, por si mesmos, de se
arrepender, de crer no evangelho ou de vir a Cristo. Não têm poder, em si
mesmos, para mudar sua natureza ou preparar-se para a salvação (Jer. 13:23; Mt.
7:18; Jo. 6:37, 44, 65 Rom. 11:35; 1Co. 2:14; 2Co. 3:5).
Tradução
Livre e adaptada do livro Os Cinco Pontos do Calvinismo - Definidos,
Defendidos, Documentado, de David N. Steele e Curtis C. Thomas, Partes I e II,
[Presbyterian & Reformed Publishing Co, Phillipsburg, NJ, EUA.], Feito por
João Alves dos Santos)
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