quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Jesus virá em breve. Sim ou não?

Fazer uma afirmação destas pode causar alguns anticorpos e reacções extemporâneas de repúdio e reprovação. Como defensores da verdade, os cristãos não devem ter frases feitas que não se fundamentem absolutamente na revelação bíblica.

Cresci no meio cristãos com esta expectativa sempre presente, com todos os defeitos e problemas, que causava á socialização e formas de encarar o dia a dia. Todo o esforço estava centrado em evangelizar o maior número de pessoas no mais curto espaço de tempo, até porque o tempo estava a esgotar-se, os “sinais” eram por demais evidentes, a vinda do Senhor Jesus estava próxima e podia dar-se a qualquer momento. Construir um futuro, pensar em planos a médio e longo prazo era considerado inútil e até pouco espiritual, pois era tudo uma questão de meses, dias ou horas para se dar o “arrebatamento secreto”. Toda a construção teológica, antropológica, social e até eclesiástica estava assente nesta construção psicológica que tudo era perene e a qualquer momento se iria deteorar desaparecendo para sempre o nosso modo de vida actual.

A base bíblica para esta ideia é bem conhecida pela citação constante de algumas afirmações da escritura que dizem o que dizem mas nunca o que nos querem fazer crer que dizem. Ap.22.7,12 e 20 “Eis que (certamente) cedo venho” O livro da Revelação deixa esta afirmação enfática e clara, Jesus promete vir no mais breve curto espaço de tempo, referido aqui pela expressão “cedo”. Kenneth L. Gentry Jr. Define esta palavra com o significado de: “Rápidamente”, “depressa”, “imediato” “agora”.

Se Jesus está a deixar este aviso tão sério aos seus primeiros ouvintes, não será o mais correcto aplicar este sentido de cedo, para cada época ou tempo que nos pareça mais apropriado. Antes pelo contrário, devemos perceber em primeiro lugar, a quem estava esta carta sendo dirigida e quem o primeiro público alvo que foi destinada.

Não será muito honesto a apropriação da frase e aplica-la consoante o interesse de cada um ao momento que lhe parece mais sugestivo.

Jesus escreveu primariamente para os cristãos de sete igrejas da Ásia próximo do ano 70, preparando-os para as coisas que brevemente devem acontecer. (Ap.1.1.).

Todo o teor desta carta deve subscrever-se à intenção original do autor, tanto em temporalidade como geográfico.

Afinal a minha afirmação inicial não será assim tão descabida quando a colocamos na análise critica da revelação bíblica, em contraste com alguma tradição recente que nos quer fazer crer numa vinda eminente de Jesus cíclica em todas as décadas desde à século e meio para cá.

Creio que Jesus voltará para a sua igreja, será o momento mais importante da História depois da sua primeira vinda na “plenitude dos tempos”. Mas quando se referiu à sua vinda “breve” não estava a prometer ou a exigir que em todas as épocas os cristãos vivam manietados com uma inquietação de não poder desenvolver uma perspectiva transgeracional da implantação do reino de Deus na terra, porque não há tempo, tudo tem de ser feito com urgência e não vale a pena investir em projectos de longo tempo; porque a sua vinda está para breve.

Este é o meu ponto principal; uma expectativa errada causa motivações erradas e interfere com tudo o que estamos a construir para o futuro. Cristãos que aguardam a eminência da vinda de Jesus a todo o momento não constroem um futuro, não semeiam com esperança e vivem sempre em sobressaltos.

O mundo precisa de nós! Da nossa influência, da nossa esperança, do nosso investimento nas gerações seguintes, de todo o envolvimento para mudar e transformar o que está mal em bem. Só quem crê que há tempo para tal se envolve de corpo e alma na tarefa árdua de contrariar o “status quo” e remar contra a cultura corrente de superficialidade que caracteriza a geração actual.

Um cristão que crê que Jesus ainda demorará algum tempo para vir, está melhor preparado para cumprir tal tarefa fundamental nos dias actuais.

Jesus não vem em breve é uma mensagem fundamental para mudar a mentalidade cristã, tornando-a mais saudável e apta para os desafios contemporâneos.

Bem-haja!

Fonte: http://www.preterismo.org/voltaraembreve.html

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