quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Analise Sobre a TULIP

Pastor Marcelo Lemos (Pastor Pentecostal Reformado)
Tenho notado um grande interesse pelos temas relacionados ao calvinismo. Tal interesse não ocorre apenas aqui na nossa “Apologética Cristã Evangélica” , mas em diversos outros lugares. Como sinaliza o Rev. Augustus Nicodemos, o Brasil esta despertando para as Doutrinas da Graça. De fato, podemos presenciar este despertar quase todos os dias. E grande parte deste renovado interesse pelas Doutrinas da Graça vem dos pentecostais. Temos notícias até de grandes ministérios assembleianos que já promovem fóruns relacionados ao assunto.

A nossa “Apologética Cristã Evangélica” tem presenciado muitos temas relacionados a este assunto e, atualmente, há certa proliferação de assuntos correlatos em tópicos distintos. Por um lado é bom ver tanto interesse pela Doutrina aqui na comuna; por outro, é ruim que isso se dê sem certa organização. Penso que se pudermos concentrar nossos esforços em um único lugar estaremos economizando tempo, espaço e energia.

Minha intenção neste novo tópico é tentar proporcionar um “pano de fundo” que nos possibilite dialogar sobre o assunto. Convicto de que boa parte de tais questões surge de um entendimento errôneo ou incompleto do calvinismo, iniciarei falando exatamente sobre este ponto. Em seguida, falo resumidamente sobre o que se convencionou chamar – a partir de ‘Dort’ – de “Os Cinco Pontos do Calvinismo”.

Desfazendo Erros…
A maioria das objeções contra o Calvinismo procede de pessoas que não sabem nada sobre ele. Por desinformação ou desonestidade, muitas pessoas criam uma caricatura daquela que foi, conforme declarou Lutero, a doutrina pilar da Reforma Protestante. Mesmo que seja apenas desinformação a situação é triste: como alguém se atreve a criticar algo que não conhece? Em um livro eletrônico, intitulado “Assim Diz o Senhor”, divulgado na Internet pela Igreja Adventista do Sétimo Dia, encontramos a seguinte acusação contra o Calvinismo:

“Segundo Calvino, existiria no mundo um grupo de pessoas que poderiam fazer tudo errado, mas seriam salvas. E outro grupo de pessoas poderia fazer tudo certo, mas jamais se salvariam!”.

[Não sei o site citado é oficial da IASD, me parece que sim. Fica registrado o endereço para quem desejar conferir a fonte: www.advir.com.br].

A afirmação do site se baseia em desonestidade ou falta de informação? Difícil julgar. O que sabemos, é que não se baseia em nada que Calvino, ou qualquer outro Reformador, tenha escrito. Na verdade, logo depois de fazer tal afirmação, o autor da acusação acima, cita um trecho cuja autoria é de Calvino, na clara intenção de “validar” sua calúnia:

“Ora, a semente da Palavra de Deus só se enraíza e produz frutos nas pessoas que o Senhor, por Sua eleição eterna, predestinou para serem filhos e herdeiros do Reino Celestial. Para todos os outros (que pelo mesmo conselho de Deus foram rejeitados antes da fundação do mundo) a clara e evidente pregação da verdade só pode ser um cheiro de morte para a morte” (Calvino).

Obviamente não existe nada neste trecho de Calvino que dê margens para a infame calúnia. Impossibilitado de citar algum trecho onde Calvino confirme a acusação, o autor do livro se dá ao luxo de citar uma porção onde o grande teólogo da Reforma diz exatamente o contrário do que ele acusa!! De fato, nem Calvino, nem qualquer outro reformador, jamais disse que o eleito pode fazer o que bem quiser de sua vida, e nem que o não-eleito, ainda que faça tudo certo, não poderá ser salvo.

O que o calvinismo ensina? Ensinamos que a graça de Deus irá capacitar os eleitos a chegarem à estatura do varão perfeito, não com base nos méritos deles, mas pelos méritos do próprio Cristo. Também afirmamos que os não-eleitos jamais irão fazer tudo certo – como tolamente considera possível o autor do livro – uma vez que isso é contrário à natureza pecaminosa que possuem:

“Porventura pode o etíope mudar a sua pele, ou o leopardo as suas manchas?” (Jeremias 13.23; João 6.44; 6.65; Ez. 11.19; etc.).

Mas a loucura de alguns parece não ter limite. Depois de ter citado Calvino, o autor do livro continua com suas acusações infundadas, e, portanto, inúteis. Ele diz que segundo o Calvinismo:

“Os que Deus destinou a salvação serão salvos mesmo pecando ou não querendo ser salvos. E os que destinou à perdição não serão salvos mesmo aceitando o Sacrifício de Jesus, e vivendo vida santificada.”

Se não fosse tão trágica, haja vista enganar milhares de pessoas, esse tipo de manobra seria hilária. Em que lugar do trecho que ele mesmo citou de Calvino, se diz que os eleitos serão salvos mesmo que não queiram? E onde se diz que os não eleitos, mesmo querendo, não poderão ser salvos? Em lugar algum! O Calvinismo jamais ensinou tamanha loucura!

Não é entranho, porém, que as Doutrinas da Graça despertem tanta perseguição. Desconheço qualquer outra doutrina que, como estas, humilhem tanto o homem e exalte unicamente a Deus sobre tudo e todos. Como já tenho dito aqui por diversas vezes, a doutrina pilar do calvinismo não é a eleição, mas sim a Soberania de Deus; a eleição, portanto, é apenas uma das expressões de sua Soberania na história da humanidade.

Com isso não quero dizer que as pessoas não tenham o direito de questionar as afirmações calvinistas. A semelhança dos crentes bereanos, sempre se faz necessário conferir todo ensino a luz das Escrituras Sagradas. De modo que o protesto acima não diz respeito aos que analisam, mas sim, aos que nos acusam de forma infame, como no exemplo analisado.

Quem se interessa pelo assunto pode encontrar grande auxilio lendo as obras de Calvino; a Confissão de Fé de Westiminster; O Catecismo Maior e Menor, e baixando literatura gratuita no site da Felire [www.felire.com].

Também aconselho que leiam pregadores fantásticos como Charles Spugeon [www.spurgeon.org]; pesquisem grandes comentaristas como Matthew Henry [publicado pela CPAD; e disponível gratuitamente em www.biblegatewaei.com]; e que não deixem de acompanhar o trabalho simples, mais genial, de pessoas como os irmãos da Revista Fé Para Hoje [www.fiel.com.br].

Esta ultima teve grande importância na minha vida. [Saiba mais...]

Mas cuidado! Pode ser que você descubra que o calvinismo tem em seu time cristão piedosos; cheios do Espírito Santo; sedentos por santificação e apaixonados por evangelismo e missões. Para aqueles que nos enxergam como um grupo de [i] eruditos carrancudos & desalmados [/i], tal descoberta pode ser um choque!

Para tentar facilitar um pouco mais o estudo, segue-se um resumo do que se convencionou chamar de “Cinco Pontos do Calvinismo”. Na verdade, estes cinco pontos foram escritos em resposta aos “Cinco Pontos” do protesto de Jacob Armínio [remonstrance]. Para saber mais sobre isso, jogue no GOOGLE a expressão “Cânones de Dort”.

Segue-se, então, um resumo dos cinco pontos do calvinismo:
1º) A ELEIÇÃO INCONDICIONAL

Nenhum cristão é louco o bastante a ponto de negar abertamente que a Bíblia fale de uma eleição e predestinação. Estes termos são facilmente encontrados nas Escrituras. Porém, não são poucos os que tentam alterar o significado óbvio destes termos e doutrinas. Consequentemente, não é errado dizer que grande parte dos cristãos, hoje, nega que haja uma eleição e predestinação na Escritura.

Os que negam a existência de uma predestinação que predestina gostam muito de usar a famosa analogia do barco. Dizem que Deus elegeu a Igreja, não pessoas, e assim, se alguém faz parte do Corpo, torna-se um predestinado. Como um barco dirigindo-se para o céu, a Igreja segue seu caminho vitorioso – se alguém pular pra dentro; será salvo, e caso um dia pule fora, estará perdido.

Existem diversos problemas com este conceito de predestinação. Primeiro, trata-se de uma predestinação que não predestina ; segundo, trata-se de um sistema de salvação meritório ; em outras palavras, Deus aponta uma chance de salvação e o homem precisa correr atrás.

Mas a predestinação bíblica não é geral, mas sim, pessoal e muito bem definida (Efésios 1.4,5; Romanos 8.28-30; Apocalipse 17.8; etc).

Além disso, a predestinação bíblica não é meritória , mas sim, um ato livre e soberano da graça de Deus (II Timóteo 1.9; Romanos 9; Efésios 2; etc).

Outros dizem que a eleição se deu na eternidade, contudo, tendo por base a fé prevista no homem. Porém, a Bíblia diz que mesmo a fé é fruto da eleição, portanto, não pode ser causa dela: Atos 13.48; Efésios 2.8-10; etc

2º) A TOTAL DEPRAVAÇÃO DA HUMANIDADE

A Bíblia nos ensina claramente que o homem, devido a Queda, está morto espiritualmente. O Calvinismo, ao aceitar a total depravação da humanidade, simplesmente leva a sério esse fato: o homem não regenerado está morto!

Estando morto, tudo o que o homem pode produzir por si mesmo é o fruto de sua natureza caída: “Porque do interior do coração dos homens saem os maus pensamentos, os adultérios, as prostituições, os homicídios, os furtos, a avareza, as maldades, o engano, a dissolução, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura” (Marcos 7.21,22).

Estando morto, nenhum homem pode de si mesmo, buscar sinceramente pelas coisas de Deus: “O SENHOR olhou desde os céus para os filhos dos homens, para ver se havia algum que tivesse entendimento e buscasse a Deus. Desviaram-se todos e juntamente se fizeram imundos: não há quem faça o bem, não há sequer um”(Salmos 14.2,3). Na verdade, o homem não regenerado sequer pode sequer compreender as coisas de Deus: “Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente” (I Coríntios 2.14).

Portanto, não é de se estranhar Paulo dizer que o homem natural não é , e nem pode ser sujeito à vontade de Deus (Romanos 8.7,8).

Todavia, alguns dizem que o homem, mesmo depois da Queda, manteve intacta uma capacidade fundamental para a sua salvação: [i] a capacidade de escolher o bem espiritual [/i]. Mas, ao se afirmar tal coisa, mesmo que sem querer, eles negam o que a Bíblia ensina sobre a total incapacidade do homem em fazer a vontade de Deus!

No mais, se conceito tão positivo sobre a liberdade humana quanto a salvação estiver correto, devemos concluir o seguinte: que faz o salvo diferente do não-salvo é o seu próprio mérito: o salvo foi mais sábio; foi mais rápido no entendimento; foi mais receptivo; foi mais maleável a ação do Espírito. Ou seja, a diferença está em algo bom no próprio homem.

Este conceito positivo sobre o homem pecador pode ser visto, por exemplo, na analogia do Sol que diversos arminianos usam. Em um livro publicado pela CPAD, o encontramos com as seguintes palavras:

“O Sol, pelo seu calor, torna a cera mole e o barro duro, endurecendo um, amolecendo outro, produzindo pela mesma ação resultados contrários. Assim, a longaminidade de Deus faz bem a alguns e mal a outros; alguns são amolecidos e outros endurecidos. Contudo, cremos que esse amolecimento ou esse endurecimento vêm daquilo que o homem apresenta a Deus: um coração contrito, ou orgulhoso”. – A Bíblia Responde; CPAD.

Em outras palavras, tudo depende do que o homem morto faz para Deus. Assim, admite-se que o homem morto possa fazer algo bom para Deus: como, por exemplo, ter um coração quebrantado para lhe apresentar!

Este conceito é um erro. Paulo diz que os crentes eram exatamente iguais aos incrédulos; não havia nada neles mesmos que os tornasse diferentes. No entanto, certamente algo os fez diferentes! Mas o que teria sido? Paulo responde:

“Entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também. MAS DEUS, QUE É RIQUÍSSIMO EM MISERICÓRDIA, PELO SEU MUITO AMOR COM QUE NOS AMOU, Estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos)” – Efésios 2.3-5.

Por qual razão os crentes deixaram a sepultura espiritual de Adão e passaram a viver com Cristo? Porque são alvos de um amor especial de Deus! Este é o ensino claro do apóstolo Paulo: “Mas Deus que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas…”. Os mortos não podem fazer nada, a menos que Cristo lhe chame para a vida: “Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora, e agora é, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus, e os que a ouvirem viverão!” (João 5.24).

3º) A GRAÇA EFICAZ

Algumas pessoas imaginam que o Espírito Santo chama de maneira igual a todas as pessoas; mas isso não é verdade. Há um chamado que se restringe apenas aos eleitos: “E aos que predestinou, a estes também chamou!” (Romanos 8.30).

Por “Graça Eficaz” nos referimos àquela certeza bíblica de que os eleitos do Senhor certamente irão responder positivamente ao chamado do Evangelho: “As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem” (João 10.27). Com isso, não queremos dizer que um eleito seja salvo na primeira pregação que ouve, mas sim, que mesmo que haja um longo e duro processo, ele se renderá aos pés do Senhor: “E, indo no caminho, aconteceu que, chegando perto de Damasco, subitamente o cercou um resplendor de luz do céu. E, caindo em terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? E ele disse: Quem és, Senhor? E disse o Senhor: Eu sou Jesus, a quem tu persegues. Duro é para ti recalcitrar contra os aguilhões. E ele, tremendo e atônito, disse: Senhor, que queres que eu faça? E disse-lhe o Senhor: Levanta-te, e entra na cidade, e lá te será dito o que te convém fazer” (Atos 9.3-6).

Alguns textos para consideração adicionais: João 6.37; João 5.21; João 10.16; Romanos 8.29-30; Atos 13.48; Efésios 1.18-20; I Cor. 4.7.

4º) A EXPIAÇÃO DEFINIDA

Apesar de aparentemente complicada, esta doutrina é de mui fácil assimilação. O mais importante aqui é saber exatamente qual o significado da morte do Senhor Jesus Cristo. Pode parecer tolice, porém, a maioria dos cristãos atuais possui apenas uma novação vaga do significado da morte de Cristo, como demonstraremos daqui a pouco.

Como sabemos, o Senhor Jesus Cristo é o “Cordeiro de Deus”. Esta expressão é análoga ao sacrifício de expiação realizado no Antigo Testamento. Segundo o preceito de Deus, o pecador apresentava um animal inocente diante do altar e o sacrificava. Deus, por sua vez, aceitava aquele sacrifício como pagamento pelo pecado; de modo que o pecador estava livre de sua justa condenação. Este ritual se denomina “expiação”; ou seja, o sangue do animal inocente “cobria” o pecado do transgressor.

Sendo Jesus o “Cordeiro de Deus”, estabelece-se o fato de que sua morte é uma morte expiatória; ou seja, trata-se de uma morte substutiva. Em outras palavras, “ao invés de requerer nossa própria morte, Deus enviou Jesus Cristo para pagar por nossos pecados, levando a nossa culpa e morrendo na cruz em nosso lugar”.– Vicente Cheung; Teologia Sistemática; monergismo.com.

De fato, quando o Senhor Jesus morreu, a Bíblia nos diz que Ele se sacrificou a fim de retirar nossos pecados: “Assim também Cristo, oferecendo-se uma vez para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para a salvação”(Hebreus 9.28). Por isso, Hebreus 9-10 nos mostra que a morte de Cristo foi VICÁRIA, SUBSTUTÍVA e PROPICIATÓRIA.

Quando se fala em “propiciação” – tornar propicio; tornar aceitável – significa que Cristo aplacou completamente a Ira de Deus; ou seja, Deus aceitou o pagamento realizado por Cristo:

“Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus. Ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus; Para demonstração da sua justiça neste tempo presente, para que ele seja justo e justificador daquele que tem fé em Jesus” (Romanos 3.24-26).

“Por isso convinha que em tudo fosse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote naquilo que é de Deus, para expiar os pecados do povo” (Hebreus 2.17).

“Nisto está o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou a nós, e enviou seu Filho para propiciação pelos nossos pecados” (1 João 4.10).

Se tal descrição da morte de Cristo é verdadeira, e é, pois quem a fez é a Bíblia Sagrada; compreendemos que em sua morte Cristo reconciliou com Deus aqueles que foram alvo de seu sacrifico, eliminando completamente a inimizade de outrora:

“Porque se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais, tendo sido já reconciliados, seremos salvos pela sua vida” (Romanos 5.10).

E com isso também os redimiu da maldição da Lei:

“Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro” (Gálatas 3.13).

Você concorda com esta definição sobre o significado da morte de Cristo? Se a sua resposta for “sim”, então precisas aceitar o fato de que Morte de Cristo foi “definida”, ou seja, apenas em favor dos eleitos.

Ora, se você aceita como fato Deus ter enviado Jesus para pagar por nossos pecados, levando a nossa culpa e morrendo na cruz em nosso lugar, e ao mesmo tempo defende a idéia que Jesus morreu em favor de cada indivíduo da face da terra, a sua teologia é incoerente. Se Jesus pagou o preço pelos pecados de todos os seres humanos, então, não é óbvio concluir que a dívida de todos os seres humanos está quitada? Não foi exatamente isto que Jesus fez na cruz: pagar completamente a dívida do pecador? E, se a dívida de todos os seres humanos está quitada, não é óbvio concluir que todos serão salvos?

A resposta mais comum a estas questões fundamentais é mais ou menos como se segue: “Bem, Jesus de fato pagou a dívida de todos os homens, porém, eles precisam tomar posse deste pagamento!” – responde o arminiano. Mas, o problema é que esta resposta, aparentemente piedosa, joga seu defensor em alguns problemas insolúveis. Citemos alguns:

a) Se isso for verdade, então na Cruz do Calvário, o Senhor Jesus não salvou ninguém, tudo o que fez foi tornar a salvação possível e, se alguém deseja ser salvo, que faça por merecer!

b) Se isso for verdade, então Deus ao mandar alguém para a condenação eterna, está na verdade COBRANDO DUAS VEZES A MESMA DÍVIDA; uma vez que o fato de alguém não “receber a benção” não mudar o fato de Deus aceitou o sacrifício de Cristo em relação a todas as pessoas.

c) Se isso for verdade, então Jesus tentou salvar a todos e conseguiu salvar apenas alguns; não podendo, portanto, ser dito que cumpriu totalmente a sua vontade. Se sua vontade na Cruz era salvar a todos os homens, então, sua vontade não foi feita.

A luz do Novo Testamento isso não faz sentido: a obra de Cristo foi completa e definida – Ele sabia exatamente por quem, e com qual objetivo, estava morrendo (João 6.37-40; Mateus 1.21; João 10.15,26; João 15,13; Atos 10.28; Efésios 5.25).



“Nisto está o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou a nós, e enviou seu Filho para propiciação pelos nossos pecados”– 1 João 4.10.

5º) A PRESERVAÇÃO DOS SANTOS

Gosto muito da forma como Edwin H. Palmer define esta doutrina: “Em outras palavras, perseverança dos santos significa segurança eterna. A pessoa que coloca sinceramente sua confiança em Cristo como seu salvador, está segura nos braços de Jesus. Está a salvo. Nada a pode ferir. Irá ao céu. E assim será por toda a eternidade. Está segura para sempre, não só por um tempo. Está eternamente segura!” – Doutrinas Chaves; Felire.

“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3.16).

“Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; mas aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece” (João 3.36).

“Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida” (João 5.24).

“Estas coisas vos escrevi a vós, os que credes no nome do Filho de Deus, para que saibais que tendes a vida eterna, e para que creiais no nome do Filho de Deus” (1 João 5.13).

“Respondeu-lhes Jesus: Já vo-lo tenho dito, e não o credes . As obras que eu faço, em nome de meu Pai, essas testificam de mim. Mas vós não credes porque não sois das minhas ovelhas , como já vo-lo tenho dito. As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem; e dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai” (João 10.25-29).

“Em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa. O qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão adquirida, para louvor da sua glória” – Efésios 1.13,14.

Conclusão:
Amados, como escreveu Spurgeon em seu sermão “Eleição e Chamamento”; precisamos atentar para o fato de que: [i] “O grande livro dos decretos de Deus está firmemente fechado para a curiosidade do homem” [/i]. Ou seja, sempre termos diante de nós elementos que Deus não quis nos revelar nas Sagradas Escrituras, e quanto a eles, nos calamos, ou humildemente conjeturamos, sem dogmatizar.

Este é o problema dos chamados “hipercalvinistas”. São aqueles que dizem: “Ora, se Deus elegeu alguém para ser salvo, então, não preciso evangelizar e nem pregar – ele será salvo”. Acontece que o mandamento de Deus é pregar e evangelizar. E uma vez que não conhecemos quem são os eleitos antes do Espírito Santo operar em seus corações, não faz o menor sentido se recusar a anunciar a todos o Evangelho da Graça de Deus.



Paz e Bem

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