sexta-feira, 2 de março de 2012

A escola de onde nunca saímos

Enos Moura Filho

Os pais vivem um período no começo do ano que é, ao mesmo tempo, satisfatório e doloroso: a volta às aulas dos filhos.
Satisfatório pela alegria em saber que os filhos podem estudar, seja em instituições públicas ou privadas, e tem a oportunidade de aprender com profissionais preparados para isso. Claro, infelizmente, não é a realidade para 100% da população, mas já foi bem pior.
E doloroso em dois aspectos. O primeiro, mais subjetivo, que é uma nova separação da família após o tempo de férias, quando, teoricamente, a família passa mais tempo junta. O segundo aspecto, mais tangível, é a necessidade de investimento na educação, leia-se: matrícula, material escolar e uniformes. Notem que não usei a palavra “custo”, ou “gasto”. É um investimento, doloroso apenas pelo fato de ser alto, mas com retorno seguro, pois sempre se aprende algo, no mínimo têm-se a alfabetização da criança! Um dito popular diz que “se você acha cara a educação, experimente a ignorância!”
Pensando ainda por esse caminho, lembro que há uma placa na entrada da Universidade de Oxford que diz: “The more I study, the more I know, the more I know, the more I forget, the more I forget, the less I know, so why study?” Numa tradução livre significa: “Quanto mais eu estudo, mais eu sei, quanto mais eu sei, mais eu esqueço, quanto mais eu esqueço, menos eu sei, então pra que estudar?
Ora, estudar é mandamento bíblico:
“Educa a criança no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer não se desviará dele.” Pv 22.6
Mas como sabermos qual é esse “caminho” citado no versículo de Provérbios 22.6?
A própria Bíblia, palavra de Deus, nos responde. Uma das respostas está lá segunda carta de Paulo a Timóteo:
“Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça.” 2 Tm 3.6
Em boa parte das igrejas os pais costumam batizar os filhos ainda bem pequenos, e uma das coisas com a quais se comprometem perante Deus é proporcionar ensinamento bíblico à criança, levando-a a igreja e compartilhando a Palavra de Deus em casa também.
No Velho Testamento Deus já nos dava as diretrizes:
“E as ensinarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te.” Dt 6.7
No início do sexto capítulo do livro de Deuteronômio Deus estava falando de Seus estatutos e também mais especificamente do que o próprio Jesus denominou de primeiro e grande mandamento (Mt 22.38):
“Amarás, pois, o SENHOR teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças.”
Dt 6:5
Notem que a ordem para ensinar aos filhos é descrita sugerindo que haja uma continuidade.
Entendemos também que, como consequência de uma educação bíblica, os valores que fomentarão a educação secular também procurarão refletir, e não se opor aos ensinos das Escrituras Sagradas. Assim, quando ensinamos nossos filhos nesse caminho citado em Provérbios, garantimos que é uma via pavimentada por ensinos bíblicos, e por assuntos que construam o conhecimento e o caráter dos aprendizes em sintonia com os padrões esperados.
Podemos controlar tudo o que nossos filhos aprendem fora de casa e fora da igreja? Não! Infelizmente. Aqueles que são pais com certeza já foram surpreendidos por seus filhos falando algo não muito lisonjeiro, ou cantando uma ou outra musiquinha de gosto duvidoso!
Contudo, a base e o grosso do conhecimento devem ser de ótima qualidade moral, não só técnica. Isso renderá frutos nos anos vindouros.
A escola, com todos os seus níveis de ensino, depois a faculdade, os cursos profissionalizantes, enfim, a educação secular, são extremamente importantes na preparação para o mundo. Eles têm seus tempos, ciclos e prazos.
Mas o ensinamento Bíblico é contínuo, constante, ininterrupto, onde sempre será possível se aprofundar um pouco mais. Nele somos preparados, atualizados, reciclados, para viver no mundo de acordo com a vontade de Quem o criou.
Os dois são complementares e não excludentes. Exemplos: a Bíblia não me ensina como montar um balanço financeiro, mas me instrui a fazê-lo de forma honesta. Não me ensina como abrir o peito de um doente cardíaco e tratar seu coração, mas me ensina que tudo aquilo é criação de Deus, merece se tratado da melhor maneira que eu puder.
A escola bíblica é a escola de onde nunca saímos, seja a escola dominical, seja o estudo bíblico nos lares... Não há formatura nela nesse mundo terreno. A nossa graduação será na Glória eterna. Quando, então, estaremos com o Mestre dos mestres.
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(*) Enos Moura Filho é presbítero
na Primeira I.P. de Guarulhos-SP

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