Por Rev. Ricardo Mota*
A
Reforma Protestante foi muito mais do que um movimento religioso. Em 31
de outubro de 1517, oficializou um estilo de vida. Naquela época a
igreja institucionalizada estava sobrecarregada de erros que não
poderiam continuar. Algo teria que acontecer!
Práticas
religiosas como a oração pelos mortos, missas celebradas de costas para
o povo, adoração de imagens, canonização dos santos, adoração da Virgem
Maria, legalização da penitência por dinheiro, dogma da virgindade
perpétua de Maria e sua ascensão e, sobretudo, o abandono das Escrituras
Sagradas deveriam ter fim.
Aprouve
ao Espírito Santo de Deus usar o monge agostiniano Martinho Lutero
(1483-1546) para protestar em meio a tanto desfio da fé bíblica. A
iluminação na mente daquele conceituado professor universitário o fez
entender que a salvação é pela fé em Cristo Jesus, que as Escrituras
Sagradas estão acima da tradição religiosa e que todos devem ter
liberdade de consciência.
Mas,
a Reforma Protestante não foi apenas uma questão religiosa foi, também,
uma questão econômica e educacional. Com o ensino sobre “vocação”, as
pessoas aprenderam que Deus também vocaciona e capacita as pessoas para
exercerem funções não religiosas. Deus é quem capacita o médico, o
jurista e outros. Tal concepção contribuiu para mudar a vida econômica
na Europa. Trabalhar, ganhar dinheiro não mais precisaria ser
interpretado como algo condenável.
A
influência da Reforma Protestante na área educacional foi ainda mais
convincente. Naquela época, os filhos deveriam trabalhar e não estudar. O
sonho dos pais não era outro a não ser ver seus filhos indo para o
mosteiro, seguirem a próspera carreira sacerdotal. Matinho Lutero
ensinou a universalidade do saber. A educação é para todos, anunciou o
reformador. Os pais deveriam enviar os filhos à escola e, se não o
fizessem, estariam pecando contra Deus. O Estado deveria providenciar os
meios para que todos tivessem acesso ao saber. Os professores deveriam
ser bem preparados e bem remunerados.
A
Reforma Protestante contribuiu para mudanças religiosas, econômicas e
educacionais. O conhecimento e a prática das Escrituras Sagradas têm o
poder de gerar mudanças profundas na vida de um indivíduo e da
sociedade.
Nesta
data em que comemoramos o DIA DA REFORMA PROTESTANTE questionamos se,
de fato, tal movimento faz parte de nossa religiosidade, economia e
educação. Vivemos em meio a um sincretismo religioso que nos remete às
praticas religiosas da Idade Média.
Há
uma expectativa de que Deus levante homens e mulheres para promoverem o
bem comum. Pessoas que recebam de Deus o chamado para, em diferentes
funções, exercerem o ministério sagrado. Ansiamos para que Deus “visite
sua vinha” e promova um verdadeiro avivamento no meio do seu povo, onde a
crendice daria lugar à fé, os escritos meramente humanistas dariam
lugar à Bíblia Sagrada e, o estrelismo e personalismo dariam lugar à
piedade. Que venha a reforma!
*Rev. Ricardo Mota é secretário executivo da Apecom - Agência Presbiteriana de Evangelização e Comunicação.
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