terça-feira, 16 de agosto de 2016

RESGATANDO NOSSA CONFESSIONALIDADE E REAFIRMANDO SUA IMPORTÂNCIA EM NOSSOS DIAS


(Este texto é para todos os cristãos protestantes, especialmente para os presbiterianos)

De onde viemos e para onde vamos? Essa pergunta não diz respeito somente à nossa origem conquanto seres vivos e pensantes. Ela também aplica-se à questão da nossa confessionalidade.

Essa palavra (confessionalidade) que originariamente veio do meio acadêmico, aos poucos está se tornando mais e mais conhecida e empregada em nosso dia a dia, especialmente nas questões da nossa fé. Daí daremos o enfoque a esta palavra no nosso contexto presbiteriano, e falaremos aqui sobre a “confessionalidade presbiteriana”.

Vejamos primeiramente:

I – A essência da nossa confessionalidade

Olhando para as nossas origens destacamos que a nossa confessionalidade é: puritana, confessional e reformada (e tudo isso e sinônimo de “bíblico”).

A Igreja Presbiteriana em seu nascedouro é puritana. Os puritanos ingleses do século XVI eram homens piedosos que buscavam uma igreja pura, que não fosse influenciada e dominada pelo Estado. Para isso tiveram de lutar contra os vestígios remanescentes do catolicismo romano e expurgar do ministério e do meio da congregação todos aqueles que se comportassem como incrédulos e ímpios. Daí receberam o nome de “puritanos”. Não deveríamos nos esquivar dessa identificação, ainda que em nossos dias ela tenha uma conotação pejorativa da parte dos ímpios. Deus nos chama à pureza, e o crente deve amar a pureza que Cristo lhe conquistou na cruz.

Foram esses homens que produziram a Confissão de Fé de Westminster, os Catecismos Maior e Breve e um Diretório de Culto para instrução da Igreja na Assembleia que foi convocada em 12 de junho de 1643, em Londres. Muitas igrejas de confissão reformada adotaram esses Símbolos de Fé, inclusive a nossa amada IPB.

Por séculos as igrejas reformadas que adotaram esses Símbolos de Fé prevaleceram enquanto tantos modismos e pragmatismos devastaram outras denominações. Estes Símbolos de Fé são instrumentos de “fiel exposição das Escrituras Sagradas”. Não visam substituí-las, mas, sim, conduzir-nos no estudo e aplicação das Escrituras Sagradas ao nosso coração.

II – Resgatando a confessionalidade

“Mas, pastor, lá vem o senhor com doutrina de novo! Nós precisamos de ensinamentos que sejam atuais, que nos ajudem a enfrentar as questões do nosso cotidiano!”. Quase todos (senão todos) pastores que são zelosos pelo ensino e pregação doutrinária já ouviram esse tipo de comentário; e provavelmente, sucumbiram a ele.

É muito comum encontrarmos pastores que evitam ensinamento doutrinário nas igrejas, preferindo assuntos “do dia a dia”. Mas, queridos irmãos e colegas de ministério, definitivamente, esta não é a hora de cedermos a esses comentários. A Igreja de Cristo deve ser alimentada com a Sã Doutrina da Palavra de Deus. Não devemos ter medo de nos debruçarmos sobre esses assuntos, de transformá-los em algo prático (essa é a função daqueles que ensinam) para que as nossas Igrejas entendam que somente a Sã Doutrina sustentará seus corações quando as tribulações, provações e ataques vierem sobre nós.

Neste sentido, os nossos Símbolos de Fé são ferramentas imprescindíveis. Eles são riquíssimos, profundos e refletem com segurança o que a Palavra de Deus ensina. Por isso, faz-se necessário que os estudemos em nossas Escolas Dominicais, nos Estudos Bíblicos durante a semana, ou em outras reuniões da Igreja. Nós pregadores devemos saturar nossas exposições bíblicas citando trechos ou perguntas dos Símbolos de Fé explicando-os; devemos despertar a curiosidade das nossas ovelhas para conhecê-los, e, assim, amá-los. Devemos incentivar nossas crianças a memorizarem o Breve Catecismo, e os adultos, o Catecismo Maior, tal como era feito nas Escolas Dominicais, quando os professores davam a “tarefa da semana” que era a memorização de uma ou duas perguntas.

III – A importância da confessionalidade

A confessionalidade de uma igreja está diretamente ligada à sua estabilidade e crescimento. Alguém disse que as igrejas de hoje dão muita atenção à porta da frente, mas, pouca à porta dos fundos, ou seja, estão ansiosas para ver mais e mais pessoas entrarem na igreja, mas, não se preocupam em mantê-las. Daí tais igrejas serem comparadas a rodoviárias, pois, estão sempre cheias de pessoas, mas, a rotatividade destas faz com elas não permaneçam nas igrejas.

As nossas Igrejas que estão se empenhando para resgatar a nossa confessionalidade e identidade bíblica e reformada estão experimentando um crescimento consistente e constante; estão vendo pessoas entrando e permanecendo porque encontraram alimento real para os seus corações. Em dias como os nossos em que o descartável é a característica dos objetos, relacionamentos e das “programações” das igrejas, aqueles que bebem da Sã Doutrina e nela deleitam-se não saem atrás de “ventos de doutrinas”. Crentes que são alimentados com a Palavra de Deus e com pregação e ensino que refletem a autoridade da Palavra jamais se satisfarão com eventos e métodos carnais.

Numa época em que a identidade de tudo e de todos está sendo não só questionada, mas, desconstruída, nós, presbiterianos reformados e confessionais devemos ser firmes e zelosos pela Palavra de Deus. Ele sabe recompensar os fiéis, “Porque Deus não é injusto para ficar esquecido do vosso trabalho e do amor que evidenciastes para com o seu nome, pois servistes e ainda servis aos santos” (Hb 6.10).

Rev. Olivar Alves Pereira


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