segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Liderança e a Luta Contra o Pecado Parte I

Liderança e a luta contra o pecado (parte I)


Por: Ronaldo Lidório


“Quando um homem se torna melhor, compreende cada vez mais claramente o mal que ainda existe em si. Quando um homem se torna pior, percebe cada vez menos a sua própria maldade” . C. S. Lewis

A humildade é um claro sinal de maturidade cristã na jornada em busca de uma vida íntegra, pois ela, em si, é fruto da compreensão da nossa total dependência de Deus. Quanto mais buscamos uma vida íntegra na presença de Deus mais somos confrontados pelo Espírito nas áreas da nossa alma que precisam de conserto, de perdão, de libertação e cura. E este confronto gera, sempre, um espírito de humildade, pois percebemos quem somos e o quanto carecemos dEle em nossas vidas. Se deseja avaliar o crescimento espiritual de um amigo ou discípulo, observe sua humildade.

Devemos compreender que a busca pela integridade denuncia o pecado. Richard Baxter (1615-1691), teólogo, homem piedoso e autor de mais de 130 livros, afirma em seu livro O pastor aprovado que “é mais fácil julgar o pecado que dominá-lo” e desafia-nos: “somos exortados a olhar por nós mesmos para não suceder que convivamos com os mesmos pecados contra os quais pregamos” . Algo que deve nos fazer refletir com temor perante o Senhor a cada palavra proferida no púlpito de nossas igrejas. Em Gn 17:1 lemos que Deus disse a Abraão: “Eu sou o Deus todo poderoso; anda na minha presença e sê perfeito”. Andar na presença de Deus leva-nos ao caminho da perfeição ao mesmo tempo que andar em Sua presença aponta de forma clara as nossas imperfeições.

Não há outra forma de sermos santos e íntegros se o pecado em nossas vidas não for denunciado. O pecado é, sociologicamente, compreendido de forma simbólica na organização social humana. Ao falarmos de pecado vêm à nossa mente o que rotulamos como pior, ou inaceitável, como o adultério, o roubo e o assassinato. Outras sociedades tambémm possuem suas compreensões simbólicas do pecado. Entre os Konkombas de Gana o maior pecado é mentir. Entre os indígenas da Amazônia talvez seja ser pão duro, ou sovina, como se referem. De toda forma precisamos observar que o pecado, mesmo não embutido de um simbolismo socialmente degradante igualmente nos afasta de Deus. Facilmente censuramos a embriaguês, mas temos dificuldade em confrontar a gula. Apontamos com clareza a falta de domínio próprio nos relacionamentos, mas convivemos pacificamente com a inveja. Nos iramos contra o roubo mas somos tolerantes com o engano.

Quando Paulo nos advertiu dizendo que a carne luta contra o Espírito e este contra a carne , expõe que não derrotaremos a carne lutando contra a carne. Derrotaremos a carne nos enchendo do Espírito. Isto não dilui a necessidade de estarmos alertas e 1º Coríntios 10 descreve no mesmo versículo que é nossa tarefa resistir e suportar . Significa que os processos de transformação que contrariam a carne em nossa vida se darão pela presença e atuação do Espírito Santo em nós. Assim, o maior passo a ser dado para termos vida íntegra e santa é sermos cheios dEle.

Homens maduros e com longo tempo de liderança do povo de Deus sistematicamente nos alertam para o cuidado com a vida devocional. Richard Cecil expressa que o principal defeito dos ministros cristãos está centrado na deficiência quanto ao hábito devocional. Edward Bounds, citando Robert Murray McCheyne em seu belo texto Comece o dia em Oração , alerta: “Eu sinto que é muito melhor começar com Deus - ver a Sua face primeiro, elevar a minha alma para junto d’Ele - antes de me aproximar dos outros”.

João Calvino, reformador e teólogo, nos ensina: "Não somos nossos: portanto, nem nossa razão, nem nossa vontade devem presidir nossos planos ou nossos atos. Não somos nossos: portanto, não tenhamos como objetivo procurar o que convém à carne. Não somos nossos: portanto, esqueçamos, na medida do possível, a nós mesmos e tudo o que é nosso. Pelo contrário, somos do Senhor, logo vivamos e morramos para Ele. Somos de Deus: portanto deixemos a sua sabedoria e vontade presidir todas as nossas ações ".

Para os líderes cristãos uma das maiores barreiras para uma vida devocional é o próprio ministério. Por possuirmos um envolvimento integral com o ministério é muito fácil não termos tido tempo para a oração, leitura e reflexão na Palavra porque estávamos ocupados trabalhando para Ele. Tento manter minha mente dirigida pelo comentário de Jesus sobre Marta e Maria . O trabalho que Marta realizava era legítimo, valioso e honroso. Era para o Mestre. Ela deseja ter a casa arrumada, a comida pronta. Ela desejava servi-Lo. Maria, porém, estava aos seus pés e esta escolheu a melhor parte. Mantenho esta imagem mental para ajudar-me no dia a dia. O serviço que posso prestar para o Senhor não deve substituir minha vida com Ele, meu tempo com Ele. A melhor parte a que Ele se refere não está ligada tão somente ao desejo do Mestre, mas sim à necessidade de Maria. Ela precisava estar com Jesus.

A melhor parte não é apenas um ritual que agrada a Deus, mas também um elemento que sacia a nossa alma. Sem estarmos com Ele o serviço, eventualmente, também perecerá. Teremos perdido a visão do Alto, o rumo certo, as motivações bíblicas que antes estavam em nossos corações, a brandura no relacionamento com o outro, a paixão por Ele e pelos perdidos. Teremos, enfim, apenas uma casa bem arrumada, com uma mesa posta, bonita, e comida quente. Mas Ele não estará lá.

Marta estava ocupada com afazeres legítimos e Jesus a adverte que ela se preocupava demais com muitas coisas, mas poucas eram realmente necessárias. Uma delas é estar com Ele.

Não desejo expor aqui sobre a vida devocional de forma prolongada pois escrevo, sobretudo, para líderes que são crentes maduros que praticam e ensinam este assunto. Desejo lhe convidar a manter uma figura mental que lhe ajude a fazer as escolhas certas, de tempo e atenção, ao longo dos dias. Escolha estar com Ele.

A Bíblia nos leva a ter a verdadeira visão do pecado e entender o que é a verdadeira religião. Tiago nos diz que:

“Cada um, porém, é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência; então a concupiscência, havendo concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte... Se alguém cuida ser religioso e não refreia a sua língua, mas engana o seu coração, a sua religião é vã... religião pura e imaculada diante de nosso Deus e Pai é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas aflições e guardar-se isento da corrupção do mundo ”.

É surpreendente a explicação de Tiago a respeito do pecado que nasce na concupiscência e gera a morte. Ao comparar o verdadeiro cristianismo com a falsa religiosidade a partir daquilo que é santo ou pecaminoso ele simplifica a mensagem tornando-a aplicável à vida diária. Exemplica dizendo que é falsa religiosidade não refreiar a sua língua ao passo que é verdadeiro cristianismo visitar os órfãos e as viúvas.

O claro ensino é que precisamos lidar com o pecado de forma prática e objetiva. C. S. Lewis nos fala sobre o engano que sempre rodeia o pecado quando afirma que “um homem mediocrimente mau sabe que não é muito bom; um homem inteiramente mau pensa que é justo ”. Revela a mundana tendência de lidarmos com o pecado através de ilusões e fantasias, e não da verdade.

Há mensagens claras na Palavra do Senhor quanto ao pecado. Uma delas é que o pecado é combatido pelo poder de Deus. Que a carnalidade, tendência natural humana ao pecado, é controlada pelo Espírito. Que, por termos escolhas naturalmente má, sermos cheios do Espírito é a forma bíblica e certa de deixarmos morrer a carne. Que a vida devocional, buscar ao Senhor e escolher a melhor parte é a principal iniciativa para aqueles que desejam estar com Ele.

Creio que boa parte dos problemas ligados à liderança ou aos relacionamentos é resultado de questões espirituais. Observando de longe percebemos tão somente o conflito entre pessoas, a dificuldade em perdoar, a complexidade das demandas, a intolerância e os erros recorrentes. A raiz destes processos, porém, é espiritual. Não são consertados por livros de auto-ajuda ou pelo estudo das 20 regras para ser um bom líder. São coisas do coração. Boa parte dos conflitos que drenam nosso tempo e energia não aconteceria se tivéssemos uma vida devocional melhor.

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Fonte: http://www.ronaldo.lidorio.com.br




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Liderança e a Luta Contra o Pecado

Liderança e a luta contra o pecado (Parte II)


Por: Ronaldo Lidório


Há vários perigos a respeito do pecado. Um dos maiores é não o compreendermos e, com a mente confusa ou cauterizada, o tratarmos como parte da vida normal do crente. Outro perigo é nos acostumarmos com ele, mesmo com plena consciência de que peca contra o Pai. Em todas as situações a mente humana tende a desenvolver mecanismos ilusórios que colaboram para a perpetuação do pecado em nossas vidas. Tais mecanismos podem ser identificados através da racionalização, da fuga e da hipocrisia. A racionalizaçao argumenta sobre os motivos pelos quais se deve continuar pecando. A fuga impede que a mente pense de forma objetiva sobre o pecado tratando-o como um assunto distante, ligado apenas ao outro. A hipocrisia lida com o pecado através de um sentimento corrompido, justificando o pecado na observação de que outro peca ainda mais.

A racionalização

A racioanalização é facilmente perceptível em uma conversa. Quando o pecado é apontado na vida de outro e este possui já um padrão de racionalização sua primeira resposta é argumentativa e explicativa. Ele não assume o erro ou a fraqueza, mas fala com fervor do erro e fraqueza dos outros ao seu redor. Em determinado momento pode esboçar um reconhecimento de culpa, mas somente após uma longa caminhada de explicações e acusações que, em seu íntimo, lhe servem para gerar uma ilusória justificativa. A racionalização é uma tendência natural humana e a vemos presente no padrão comportamental infantil. Se confrontarmos nosso filho de 10 anos sobre sua atitude em meio a um conflito com o irmão ou a irmã, sua reação instintiva será justificar-se através do que o outro fez de errado. Quando uma criança, confrontada com seu erro, responde com a afirmação “ele me bateu primeiro...” está configurada a presença de um padrão mental de racionalização que podemos, ou não, carregar por toda nossa vida.

O problema central da racionalização é que ela nos distancia da verdade. Ajuda-nos, tão somente, a pensarmos sobre as razões que justificam o nosso erro, não nos confronta e jamais nos ajuda a termos corações transformados. Se você trabalha com um irmão que sempre racionaliza seus problemas pessoais há grave chance de que ele venha a repeti-los muitas e muitas vezes. A soberba e orgulho são aliados da racionalização, pois nos ajudam a pensar que o outro é inferior, está errado, e que somos vítimas neste processo. Ajuda-nos também a reconhecermos nosso erro, mas, mesmo assim, concentrar-nos nos erros do próximo. A soberba o faz pensar que de fato ele sempre está certo, ou que o outro sempre está mais errado. O orgulho o pretere de olhar para o próximo como Cristo olha para ele. Talvez a forma mais eficaz de combatermos a racionalização em nossas vidas seja cultivar a humildade. Corações humildes tendem a ser mais realistas e a realidade é um caminho para a verdade.

A fuga

A fuga, assim chamemos, impede que o pecado seja sequer avaliado ou reconhecido. Ele é tratado como um objeto distante e jamais deve ser seriamente observado. Tal mecanismo é mais dissimulado, porém se tornará perceptível pelas evasivas no pensamento ou discurso. Ambas as atitudes mentais possuem como característica um discurso evasivo e este é, em si, uma consequência direta do pecado.

A fuga, portanto, não segue um padrão primariamente comportamental, mas sim mental. É a forma como podemos aprender a pensar e é abundantemente encontrada em pessoas que cresceram em lares onde os problemas não eram jamais tratados. Simplesmente eram esquecidos em um canto. Lares onde os pais não assumiam a responsabilidade e não tinham conversas francas com seus filhos sobre os conflitos da vida e o pecado. A fuga, como padrão mental, leva a pessoa a distanciar-se internamente do problema. Mesmo quando se quebranta e reconhece o erro, não o expressa de forma clara.

O problema da fuga, bem como da racionalização, é que nos distanciamos da verdade e nos tornamos suceptíveis a cair novamente. A Palavra de Deus nos fala sobre o valor da verdade e seu valor em nossas vidas. E em um aconselhamento com irmãos que racionalizam ou fogem dos conflitos em pauta é necessário ser objetivo. Sugiro recapitular os problemas, descrecer objetivamente suas atitudes ou palavras, colocar o assunto sobre a mesa, com brandura e amor. Reitere, logo no início do aconselhamento, seu compromisso em caminhar com ele para que sinta que é amado e sinta-se seguro o suficiente para conversar de forma sincera e aberta. Ao colocar o assunto sobre a mesa, aguarde. Sua intenção não é pontuar seu erro, mas sim leva-lo a contornar o padrão de racionalização e fuga que tem seguido. Você não pode fazer isto para ele. Se nenhum passo for dado por ele inicie perguntas que possam ajudá-lo a caminhar, tais como: o que você acha sobre estas atitudes ou palavras? Como você se sente neste momento? O que você acha que está errado nesta atitude? Ore, e se puder peça outros que façam o mesmo, para que o Senhor ajude aquele que está no aconselhamento a transpor as barreiras da racionalização e fuga. Frequentemente o resultado é muito positivo, pois é maior aquEle que está em nós.

Gostaria de lhe propor um desafio, se este padrão mental e comportamental é encontrado em você. Coloque perante o Senhor estes desvios que lhe preterem de olhar objetivamente o pecado em sua vida: a racionalização e a fuga. Procure alguém para ajudá-lo e converse a respeito. Ore a Deus pedindo a Ele para mante-lo alerta e, sobretudo, com um olhar objetivo em relação a seus problemas. Um bom exercício é nomea-los. Não trate o pecado como erros gerais. Ele tem nome. Trate a mentira como mentira, a inveja como inveja. Nomeie seus problemas e converse com o Senhor e com um amigo chegado a respeito.

Necessitamos da Palavra que nos confronta, ensina, conduz à retidão e alinha nossos pensamentos impedindo a fuga irresponsável ou a racionalização improdutiva. Sendo assim, a busca por uma vida autêntica faz-nos olhar para Deus e torna-nos sensíveis ao pecado “... para que vos torneis irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus, inculpáveis no meio de uma geração pervertida corrupta, na qual resplandeceis como luzeiros no mundo” .

A hipocrisia

A hipocrisia já é, em si, uma ação objetiva em relação a um problema. Ou seja, há menor chance de alguém se manter hipócrita de forma insconciente, o que frequentemente acontece com a racionalização e a fuga.

A hipocrisia perante o pecado é bem retratada no filme A letra escarlate que mostra-nos a religiosidade no século XVII contando a história de peregrinos ingleses que haviam fundado uma cidade no Novo Mundo e desejam que esta fosse a Nova Jerusalém. Esta história mostra a hipocrisia humana perante o pecado. Um homem honesto e de boas intenções, o pastor que ensina aos índios, se apaixona por uma pessoa que julgava ser viúva e pecam, sendo levados à forca. Os líderes, seus algozes, os mais corruptos lobos vestidos de ovelhas selam seu destino. Um deles, prisioneiro do pecado, tenta viver uma vida aparentemente piedosa para esconder várias psico-patologias. Deseja adulterar e, quanto mais alimenta o desejo, acusa e condena os outros.

Outro grupo é representado por aqueles que vivem no pecado da mente e do espírito, vaidosos, egoistas, presunçosos e soberbos, e se autoafirmam através da perseguição que lançam aos pecados da carne. Acusando outros se sentem menos pecadores e justificam o próprio pecado, como a soberba e a altivez. Baxter salienta que iluminação é a primeira parte da santificação e que quanto mais clara for a luz de um crente, mais ardente e vivo será seu coração. Salomão enfatiza que Deus se entristece profundamente com tal conduta: “O senhor aborrece olhos altivos ” e “Em vindo a soberba, sobrevem a desonra ”. Gálatas 5 nos revela que as obras da carne estão todas no mesmo pé de igualdade, ou seja, os pecados contra a pessoa de Deus (idolatria, feitiçaria), contra o próprio corpo (prostituição, impureza, lascívia, bebedeiras e glutonarias) e contra o corpo de Cristo (inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções e invejas).

Devemos lutar não apenas contra a prostituição e a idolatria como claramente se faz na Igreja de Cristo, mas também contra a arrogância, a murmuração, o orgulho, a malícia, a avareza, a inveja, a altivez, a jactância, o desrespeito e o atrevimento.

Para a psicologia analítica a projeção é um mecanismo de defesa e consiste na dinâmica de “colocar” em alguém algo inaceitável de seu ego, geralmente negativo que é reprimido ou negado, na tentativa de sentir-se mais livre. A projeção, portanto, é um comportamento colaborador da hipocrisia.

A hipocrisia é um resultado direto da alma corrompida e provê maior corrupção. Leva aquele que dela é possuído a tratar dos erros alheios com veemência, dureza e intolerância, enquanto esconde em seu coração problemas semelhantes. Um dos frutos da hipocrisia, a meu ver, é o legalismo. O legalismo é uma forma de comunicá-la à sociedade, pois o legalista é aquele que se atém à forma da lei com tamanha intensidade que se torna um acusador, impiedoso, sem cores de misericórdia. Por outro lado, não raramente esconde seus problemas mais íntimos, neste caso o atrevimento, o desreipeito, a falta de amor.

Para sabermos se estamos tomando um caminho legalista devemos procurar os sinais. Cito dois deles. O primeiro é a facilidade no julgamento pois o legalismo se concentra em observar e julgar o outro, perdendo, assim, sua postura autoreflexiva, de avaliação de seu próprio coração. O segundo sinal é a arrogância, a falta de desejo e disposição de ouvir o outro, suas idéias e posições. A arrogância pretere o diálogo e, assim, o legalista acusa, jamais dialoga.

Se nossos corações andam nesta trilha. Se nos tornamos juizes de nossos irmãos e arrogantes o suficiente para evitarmos o diálogo e nos expressarmos tão somente pela crítica e acusação, é possível que já sejamos legalistas. Não é tarde para olhar para o Senhor, como quem busca misericórdia, amor ao próximo, zelo pela Palavra e um coração puro, coerente com a bondade do Senhor sobre nossas vidas.
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quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Analise Sobre a TULIP

Pastor Marcelo Lemos (Pastor Pentecostal Reformado)
Tenho notado um grande interesse pelos temas relacionados ao calvinismo. Tal interesse não ocorre apenas aqui na nossa “Apologética Cristã Evangélica” , mas em diversos outros lugares. Como sinaliza o Rev. Augustus Nicodemos, o Brasil esta despertando para as Doutrinas da Graça. De fato, podemos presenciar este despertar quase todos os dias. E grande parte deste renovado interesse pelas Doutrinas da Graça vem dos pentecostais. Temos notícias até de grandes ministérios assembleianos que já promovem fóruns relacionados ao assunto.

A nossa “Apologética Cristã Evangélica” tem presenciado muitos temas relacionados a este assunto e, atualmente, há certa proliferação de assuntos correlatos em tópicos distintos. Por um lado é bom ver tanto interesse pela Doutrina aqui na comuna; por outro, é ruim que isso se dê sem certa organização. Penso que se pudermos concentrar nossos esforços em um único lugar estaremos economizando tempo, espaço e energia.

Minha intenção neste novo tópico é tentar proporcionar um “pano de fundo” que nos possibilite dialogar sobre o assunto. Convicto de que boa parte de tais questões surge de um entendimento errôneo ou incompleto do calvinismo, iniciarei falando exatamente sobre este ponto. Em seguida, falo resumidamente sobre o que se convencionou chamar – a partir de ‘Dort’ – de “Os Cinco Pontos do Calvinismo”.

Desfazendo Erros…
A maioria das objeções contra o Calvinismo procede de pessoas que não sabem nada sobre ele. Por desinformação ou desonestidade, muitas pessoas criam uma caricatura daquela que foi, conforme declarou Lutero, a doutrina pilar da Reforma Protestante. Mesmo que seja apenas desinformação a situação é triste: como alguém se atreve a criticar algo que não conhece? Em um livro eletrônico, intitulado “Assim Diz o Senhor”, divulgado na Internet pela Igreja Adventista do Sétimo Dia, encontramos a seguinte acusação contra o Calvinismo:

“Segundo Calvino, existiria no mundo um grupo de pessoas que poderiam fazer tudo errado, mas seriam salvas. E outro grupo de pessoas poderia fazer tudo certo, mas jamais se salvariam!”.

[Não sei o site citado é oficial da IASD, me parece que sim. Fica registrado o endereço para quem desejar conferir a fonte: www.advir.com.br].

A afirmação do site se baseia em desonestidade ou falta de informação? Difícil julgar. O que sabemos, é que não se baseia em nada que Calvino, ou qualquer outro Reformador, tenha escrito. Na verdade, logo depois de fazer tal afirmação, o autor da acusação acima, cita um trecho cuja autoria é de Calvino, na clara intenção de “validar” sua calúnia:

“Ora, a semente da Palavra de Deus só se enraíza e produz frutos nas pessoas que o Senhor, por Sua eleição eterna, predestinou para serem filhos e herdeiros do Reino Celestial. Para todos os outros (que pelo mesmo conselho de Deus foram rejeitados antes da fundação do mundo) a clara e evidente pregação da verdade só pode ser um cheiro de morte para a morte” (Calvino).

Obviamente não existe nada neste trecho de Calvino que dê margens para a infame calúnia. Impossibilitado de citar algum trecho onde Calvino confirme a acusação, o autor do livro se dá ao luxo de citar uma porção onde o grande teólogo da Reforma diz exatamente o contrário do que ele acusa!! De fato, nem Calvino, nem qualquer outro reformador, jamais disse que o eleito pode fazer o que bem quiser de sua vida, e nem que o não-eleito, ainda que faça tudo certo, não poderá ser salvo.

O que o calvinismo ensina? Ensinamos que a graça de Deus irá capacitar os eleitos a chegarem à estatura do varão perfeito, não com base nos méritos deles, mas pelos méritos do próprio Cristo. Também afirmamos que os não-eleitos jamais irão fazer tudo certo – como tolamente considera possível o autor do livro – uma vez que isso é contrário à natureza pecaminosa que possuem:

“Porventura pode o etíope mudar a sua pele, ou o leopardo as suas manchas?” (Jeremias 13.23; João 6.44; 6.65; Ez. 11.19; etc.).

Mas a loucura de alguns parece não ter limite. Depois de ter citado Calvino, o autor do livro continua com suas acusações infundadas, e, portanto, inúteis. Ele diz que segundo o Calvinismo:

“Os que Deus destinou a salvação serão salvos mesmo pecando ou não querendo ser salvos. E os que destinou à perdição não serão salvos mesmo aceitando o Sacrifício de Jesus, e vivendo vida santificada.”

Se não fosse tão trágica, haja vista enganar milhares de pessoas, esse tipo de manobra seria hilária. Em que lugar do trecho que ele mesmo citou de Calvino, se diz que os eleitos serão salvos mesmo que não queiram? E onde se diz que os não eleitos, mesmo querendo, não poderão ser salvos? Em lugar algum! O Calvinismo jamais ensinou tamanha loucura!

Não é entranho, porém, que as Doutrinas da Graça despertem tanta perseguição. Desconheço qualquer outra doutrina que, como estas, humilhem tanto o homem e exalte unicamente a Deus sobre tudo e todos. Como já tenho dito aqui por diversas vezes, a doutrina pilar do calvinismo não é a eleição, mas sim a Soberania de Deus; a eleição, portanto, é apenas uma das expressões de sua Soberania na história da humanidade.

Com isso não quero dizer que as pessoas não tenham o direito de questionar as afirmações calvinistas. A semelhança dos crentes bereanos, sempre se faz necessário conferir todo ensino a luz das Escrituras Sagradas. De modo que o protesto acima não diz respeito aos que analisam, mas sim, aos que nos acusam de forma infame, como no exemplo analisado.

Quem se interessa pelo assunto pode encontrar grande auxilio lendo as obras de Calvino; a Confissão de Fé de Westiminster; O Catecismo Maior e Menor, e baixando literatura gratuita no site da Felire [www.felire.com].

Também aconselho que leiam pregadores fantásticos como Charles Spugeon [www.spurgeon.org]; pesquisem grandes comentaristas como Matthew Henry [publicado pela CPAD; e disponível gratuitamente em www.biblegatewaei.com]; e que não deixem de acompanhar o trabalho simples, mais genial, de pessoas como os irmãos da Revista Fé Para Hoje [www.fiel.com.br].

Esta ultima teve grande importância na minha vida. [Saiba mais...]

Mas cuidado! Pode ser que você descubra que o calvinismo tem em seu time cristão piedosos; cheios do Espírito Santo; sedentos por santificação e apaixonados por evangelismo e missões. Para aqueles que nos enxergam como um grupo de [i] eruditos carrancudos & desalmados [/i], tal descoberta pode ser um choque!

Para tentar facilitar um pouco mais o estudo, segue-se um resumo do que se convencionou chamar de “Cinco Pontos do Calvinismo”. Na verdade, estes cinco pontos foram escritos em resposta aos “Cinco Pontos” do protesto de Jacob Armínio [remonstrance]. Para saber mais sobre isso, jogue no GOOGLE a expressão “Cânones de Dort”.

Segue-se, então, um resumo dos cinco pontos do calvinismo:
1º) A ELEIÇÃO INCONDICIONAL

Nenhum cristão é louco o bastante a ponto de negar abertamente que a Bíblia fale de uma eleição e predestinação. Estes termos são facilmente encontrados nas Escrituras. Porém, não são poucos os que tentam alterar o significado óbvio destes termos e doutrinas. Consequentemente, não é errado dizer que grande parte dos cristãos, hoje, nega que haja uma eleição e predestinação na Escritura.

Os que negam a existência de uma predestinação que predestina gostam muito de usar a famosa analogia do barco. Dizem que Deus elegeu a Igreja, não pessoas, e assim, se alguém faz parte do Corpo, torna-se um predestinado. Como um barco dirigindo-se para o céu, a Igreja segue seu caminho vitorioso – se alguém pular pra dentro; será salvo, e caso um dia pule fora, estará perdido.

Existem diversos problemas com este conceito de predestinação. Primeiro, trata-se de uma predestinação que não predestina ; segundo, trata-se de um sistema de salvação meritório ; em outras palavras, Deus aponta uma chance de salvação e o homem precisa correr atrás.

Mas a predestinação bíblica não é geral, mas sim, pessoal e muito bem definida (Efésios 1.4,5; Romanos 8.28-30; Apocalipse 17.8; etc).

Além disso, a predestinação bíblica não é meritória , mas sim, um ato livre e soberano da graça de Deus (II Timóteo 1.9; Romanos 9; Efésios 2; etc).

Outros dizem que a eleição se deu na eternidade, contudo, tendo por base a fé prevista no homem. Porém, a Bíblia diz que mesmo a fé é fruto da eleição, portanto, não pode ser causa dela: Atos 13.48; Efésios 2.8-10; etc

2º) A TOTAL DEPRAVAÇÃO DA HUMANIDADE

A Bíblia nos ensina claramente que o homem, devido a Queda, está morto espiritualmente. O Calvinismo, ao aceitar a total depravação da humanidade, simplesmente leva a sério esse fato: o homem não regenerado está morto!

Estando morto, tudo o que o homem pode produzir por si mesmo é o fruto de sua natureza caída: “Porque do interior do coração dos homens saem os maus pensamentos, os adultérios, as prostituições, os homicídios, os furtos, a avareza, as maldades, o engano, a dissolução, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura” (Marcos 7.21,22).

Estando morto, nenhum homem pode de si mesmo, buscar sinceramente pelas coisas de Deus: “O SENHOR olhou desde os céus para os filhos dos homens, para ver se havia algum que tivesse entendimento e buscasse a Deus. Desviaram-se todos e juntamente se fizeram imundos: não há quem faça o bem, não há sequer um”(Salmos 14.2,3). Na verdade, o homem não regenerado sequer pode sequer compreender as coisas de Deus: “Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente” (I Coríntios 2.14).

Portanto, não é de se estranhar Paulo dizer que o homem natural não é , e nem pode ser sujeito à vontade de Deus (Romanos 8.7,8).

Todavia, alguns dizem que o homem, mesmo depois da Queda, manteve intacta uma capacidade fundamental para a sua salvação: [i] a capacidade de escolher o bem espiritual [/i]. Mas, ao se afirmar tal coisa, mesmo que sem querer, eles negam o que a Bíblia ensina sobre a total incapacidade do homem em fazer a vontade de Deus!

No mais, se conceito tão positivo sobre a liberdade humana quanto a salvação estiver correto, devemos concluir o seguinte: que faz o salvo diferente do não-salvo é o seu próprio mérito: o salvo foi mais sábio; foi mais rápido no entendimento; foi mais receptivo; foi mais maleável a ação do Espírito. Ou seja, a diferença está em algo bom no próprio homem.

Este conceito positivo sobre o homem pecador pode ser visto, por exemplo, na analogia do Sol que diversos arminianos usam. Em um livro publicado pela CPAD, o encontramos com as seguintes palavras:

“O Sol, pelo seu calor, torna a cera mole e o barro duro, endurecendo um, amolecendo outro, produzindo pela mesma ação resultados contrários. Assim, a longaminidade de Deus faz bem a alguns e mal a outros; alguns são amolecidos e outros endurecidos. Contudo, cremos que esse amolecimento ou esse endurecimento vêm daquilo que o homem apresenta a Deus: um coração contrito, ou orgulhoso”. – A Bíblia Responde; CPAD.

Em outras palavras, tudo depende do que o homem morto faz para Deus. Assim, admite-se que o homem morto possa fazer algo bom para Deus: como, por exemplo, ter um coração quebrantado para lhe apresentar!

Este conceito é um erro. Paulo diz que os crentes eram exatamente iguais aos incrédulos; não havia nada neles mesmos que os tornasse diferentes. No entanto, certamente algo os fez diferentes! Mas o que teria sido? Paulo responde:

“Entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também. MAS DEUS, QUE É RIQUÍSSIMO EM MISERICÓRDIA, PELO SEU MUITO AMOR COM QUE NOS AMOU, Estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos)” – Efésios 2.3-5.

Por qual razão os crentes deixaram a sepultura espiritual de Adão e passaram a viver com Cristo? Porque são alvos de um amor especial de Deus! Este é o ensino claro do apóstolo Paulo: “Mas Deus que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas…”. Os mortos não podem fazer nada, a menos que Cristo lhe chame para a vida: “Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora, e agora é, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus, e os que a ouvirem viverão!” (João 5.24).

3º) A GRAÇA EFICAZ

Algumas pessoas imaginam que o Espírito Santo chama de maneira igual a todas as pessoas; mas isso não é verdade. Há um chamado que se restringe apenas aos eleitos: “E aos que predestinou, a estes também chamou!” (Romanos 8.30).

Por “Graça Eficaz” nos referimos àquela certeza bíblica de que os eleitos do Senhor certamente irão responder positivamente ao chamado do Evangelho: “As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem” (João 10.27). Com isso, não queremos dizer que um eleito seja salvo na primeira pregação que ouve, mas sim, que mesmo que haja um longo e duro processo, ele se renderá aos pés do Senhor: “E, indo no caminho, aconteceu que, chegando perto de Damasco, subitamente o cercou um resplendor de luz do céu. E, caindo em terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? E ele disse: Quem és, Senhor? E disse o Senhor: Eu sou Jesus, a quem tu persegues. Duro é para ti recalcitrar contra os aguilhões. E ele, tremendo e atônito, disse: Senhor, que queres que eu faça? E disse-lhe o Senhor: Levanta-te, e entra na cidade, e lá te será dito o que te convém fazer” (Atos 9.3-6).

Alguns textos para consideração adicionais: João 6.37; João 5.21; João 10.16; Romanos 8.29-30; Atos 13.48; Efésios 1.18-20; I Cor. 4.7.

4º) A EXPIAÇÃO DEFINIDA

Apesar de aparentemente complicada, esta doutrina é de mui fácil assimilação. O mais importante aqui é saber exatamente qual o significado da morte do Senhor Jesus Cristo. Pode parecer tolice, porém, a maioria dos cristãos atuais possui apenas uma novação vaga do significado da morte de Cristo, como demonstraremos daqui a pouco.

Como sabemos, o Senhor Jesus Cristo é o “Cordeiro de Deus”. Esta expressão é análoga ao sacrifício de expiação realizado no Antigo Testamento. Segundo o preceito de Deus, o pecador apresentava um animal inocente diante do altar e o sacrificava. Deus, por sua vez, aceitava aquele sacrifício como pagamento pelo pecado; de modo que o pecador estava livre de sua justa condenação. Este ritual se denomina “expiação”; ou seja, o sangue do animal inocente “cobria” o pecado do transgressor.

Sendo Jesus o “Cordeiro de Deus”, estabelece-se o fato de que sua morte é uma morte expiatória; ou seja, trata-se de uma morte substutiva. Em outras palavras, “ao invés de requerer nossa própria morte, Deus enviou Jesus Cristo para pagar por nossos pecados, levando a nossa culpa e morrendo na cruz em nosso lugar”.– Vicente Cheung; Teologia Sistemática; monergismo.com.

De fato, quando o Senhor Jesus morreu, a Bíblia nos diz que Ele se sacrificou a fim de retirar nossos pecados: “Assim também Cristo, oferecendo-se uma vez para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para a salvação”(Hebreus 9.28). Por isso, Hebreus 9-10 nos mostra que a morte de Cristo foi VICÁRIA, SUBSTUTÍVA e PROPICIATÓRIA.

Quando se fala em “propiciação” – tornar propicio; tornar aceitável – significa que Cristo aplacou completamente a Ira de Deus; ou seja, Deus aceitou o pagamento realizado por Cristo:

“Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus. Ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus; Para demonstração da sua justiça neste tempo presente, para que ele seja justo e justificador daquele que tem fé em Jesus” (Romanos 3.24-26).

“Por isso convinha que em tudo fosse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote naquilo que é de Deus, para expiar os pecados do povo” (Hebreus 2.17).

“Nisto está o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou a nós, e enviou seu Filho para propiciação pelos nossos pecados” (1 João 4.10).

Se tal descrição da morte de Cristo é verdadeira, e é, pois quem a fez é a Bíblia Sagrada; compreendemos que em sua morte Cristo reconciliou com Deus aqueles que foram alvo de seu sacrifico, eliminando completamente a inimizade de outrora:

“Porque se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais, tendo sido já reconciliados, seremos salvos pela sua vida” (Romanos 5.10).

E com isso também os redimiu da maldição da Lei:

“Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro” (Gálatas 3.13).

Você concorda com esta definição sobre o significado da morte de Cristo? Se a sua resposta for “sim”, então precisas aceitar o fato de que Morte de Cristo foi “definida”, ou seja, apenas em favor dos eleitos.

Ora, se você aceita como fato Deus ter enviado Jesus para pagar por nossos pecados, levando a nossa culpa e morrendo na cruz em nosso lugar, e ao mesmo tempo defende a idéia que Jesus morreu em favor de cada indivíduo da face da terra, a sua teologia é incoerente. Se Jesus pagou o preço pelos pecados de todos os seres humanos, então, não é óbvio concluir que a dívida de todos os seres humanos está quitada? Não foi exatamente isto que Jesus fez na cruz: pagar completamente a dívida do pecador? E, se a dívida de todos os seres humanos está quitada, não é óbvio concluir que todos serão salvos?

A resposta mais comum a estas questões fundamentais é mais ou menos como se segue: “Bem, Jesus de fato pagou a dívida de todos os homens, porém, eles precisam tomar posse deste pagamento!” – responde o arminiano. Mas, o problema é que esta resposta, aparentemente piedosa, joga seu defensor em alguns problemas insolúveis. Citemos alguns:

a) Se isso for verdade, então na Cruz do Calvário, o Senhor Jesus não salvou ninguém, tudo o que fez foi tornar a salvação possível e, se alguém deseja ser salvo, que faça por merecer!

b) Se isso for verdade, então Deus ao mandar alguém para a condenação eterna, está na verdade COBRANDO DUAS VEZES A MESMA DÍVIDA; uma vez que o fato de alguém não “receber a benção” não mudar o fato de Deus aceitou o sacrifício de Cristo em relação a todas as pessoas.

c) Se isso for verdade, então Jesus tentou salvar a todos e conseguiu salvar apenas alguns; não podendo, portanto, ser dito que cumpriu totalmente a sua vontade. Se sua vontade na Cruz era salvar a todos os homens, então, sua vontade não foi feita.

A luz do Novo Testamento isso não faz sentido: a obra de Cristo foi completa e definida – Ele sabia exatamente por quem, e com qual objetivo, estava morrendo (João 6.37-40; Mateus 1.21; João 10.15,26; João 15,13; Atos 10.28; Efésios 5.25).



“Nisto está o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou a nós, e enviou seu Filho para propiciação pelos nossos pecados”– 1 João 4.10.

5º) A PRESERVAÇÃO DOS SANTOS

Gosto muito da forma como Edwin H. Palmer define esta doutrina: “Em outras palavras, perseverança dos santos significa segurança eterna. A pessoa que coloca sinceramente sua confiança em Cristo como seu salvador, está segura nos braços de Jesus. Está a salvo. Nada a pode ferir. Irá ao céu. E assim será por toda a eternidade. Está segura para sempre, não só por um tempo. Está eternamente segura!” – Doutrinas Chaves; Felire.

“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3.16).

“Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; mas aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece” (João 3.36).

“Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida” (João 5.24).

“Estas coisas vos escrevi a vós, os que credes no nome do Filho de Deus, para que saibais que tendes a vida eterna, e para que creiais no nome do Filho de Deus” (1 João 5.13).

“Respondeu-lhes Jesus: Já vo-lo tenho dito, e não o credes . As obras que eu faço, em nome de meu Pai, essas testificam de mim. Mas vós não credes porque não sois das minhas ovelhas , como já vo-lo tenho dito. As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem; e dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai” (João 10.25-29).

“Em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa. O qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão adquirida, para louvor da sua glória” – Efésios 1.13,14.

Conclusão:
Amados, como escreveu Spurgeon em seu sermão “Eleição e Chamamento”; precisamos atentar para o fato de que: [i] “O grande livro dos decretos de Deus está firmemente fechado para a curiosidade do homem” [/i]. Ou seja, sempre termos diante de nós elementos que Deus não quis nos revelar nas Sagradas Escrituras, e quanto a eles, nos calamos, ou humildemente conjeturamos, sem dogmatizar.

Este é o problema dos chamados “hipercalvinistas”. São aqueles que dizem: “Ora, se Deus elegeu alguém para ser salvo, então, não preciso evangelizar e nem pregar – ele será salvo”. Acontece que o mandamento de Deus é pregar e evangelizar. E uma vez que não conhecemos quem são os eleitos antes do Espírito Santo operar em seus corações, não faz o menor sentido se recusar a anunciar a todos o Evangelho da Graça de Deus.



Paz e Bem

Para quê novas Revelações?

A Infalibilidade da Escrituras
Por Vicent Cheung
A infalibilidade bíblica acompanha necessariamente a inspiração e a unidade da Escritura. A Bíblia não contém erro algum; ela está correta em tudo o que declara. Visto que Deus não mente nem erra, e que a Bíblia é a sua palavra, segue-se que tudo que nela está escrito tem que ser verdade. Jesus disse, “a Escritura não pode ser anulada” (João 10:35), e que “é mais fácil passar o céu e a terra do que cair um til da lei” (Lucas 16:17).

A INFALIBILIDADE da Escritura se refere a uma incapacidade para errar — a Bíblia não podeerrar. INERRÂNCIA, por outro lado, enfatiza que a Bíblia não erra. A primeira faz alusão ao potencial, enquanto a última se dirige ao real estado de coisas. Estritamente falando,infalibilidade é a palavra mais forte, e ela acarreta necessariamente a inerrância, mas algumas vezes as duas são intercambiáveis no uso.

É possível alguém ser falível, mas produzir um texto que esteja livre de erro. Pessoas que são capazes de cometer enganos, apesar de tudo, não erram constantemente.

Contudo, há aqueles que rejeitam a doutrina da inerrância, mas ao mesmo tempo desejam afirmar a perfeição de Deus e a Bíblia como a sua palavra, e como resultado, mantém a impossível posição de que a Bíblia é deveras infalível, mas contendo erros.

Algumas vezes, o que eles querem dizer é que a Bíblia é infalível num sentido, talvez no que se relaciona às coisas espirituais, enquanto que contém erros em outro sentido, talvez no que toca aos acontecimentos históricos.

Contudo, as afirmações bíblicas sobre as coisas espirituais estão inseparavelmente unidas às declarações bíblicas sobre a história, de forma que é impossível afirmar uma enquanto se rejeita a outra. Por exemplo, ninguém pode separar o que a Escritura diz sobre a ressurreição como um evento histórico e o que ela diz sobre seu significado espiritual. Se a ressurreição não aconteceu como a Bíblia diz, o que ela diz sobre seu significado espiritual não pode ser verdade.

O desafio para aqueles que rejeitam a infalibilidade e a inerrância bíblica é que eles não têm nenhum princípio epistemológico autorizado pelo qual possam julgar uma parte da Escritura como sendo acurada e outra não. Visto que a Escritura é a única fonte objetiva de informação a partir da qual todo o sistema cristão é construído, alguém que considere qualquer porção ou aspecto da Escritura como falível ou contendo erros deve rejeitar todo o cristianismo. Novamente, esse é o porquê de não haver um princípio epistemológico mais alto para julgar uma parte da Escritura como sendo correta e outra errada.

Não se pode questionar ou rejeitar a autoridade última de um sistema de pensamento e ainda reivindicar lealdade a ele, visto que a autoridade última em qualquer sistema define o sistema inteiro. Uma vez que uma pessoa questiona ou rejeita a autoridade última de um sistema, ele não é mais um adepto dele, pelo contrário, é alguém que adere ao princípio ou autoridade pelo qual ele questiona ou rejeita a autoridade última do sistema, a qual acabou de deixar para trás. Ter uma outra autoridade última além da Escritura é rejeitá-la, visto que a própria Bíblia reivindica infalibilidade e supremacia.

Alguém que rejeita a infalibilidade e a inerrância bíblica assume a posição intelectual de um incrédulo, e deve prosseguir para defender e justificar sua cosmovisão pessoal contra os argumentos dos crentes a favor da veracidade da fé cristã.

A confusão permeia o estado psicológico prevalecente no meio teológico de hoje; logo, é melhor afirmar tanto a infalibilidade como a inerrância bíblica, e explicar o que queremos dizer com esses termos. Deus é infalível, e visto que a Bíblia é a sua palavra, ela não pode ter e não contém nenhum erro. Nós afirmamos que a Bíblia é infalível em todo sentido do termo, e, portanto, ela deve ser também inerrante em todo sentido do termo. A Bíblia não pode e não contém erros, seja falando de coisas espirituais, históricas ou de outros assuntos. Ela é correta em tudo o que afirma.

Fonte: Fé Reformada

Você Prega Sempre a Salvação?

A salvação é uma doutrina peculiar da Revelação. A Revelação nos proporciona uma história completa da salvação, e não poderíamos encontrar indícios da salvação em outro lugar. Deus escreveu muitos livros, porém, apenas um de Seus Livros tem como objetivo ensinar os Caminhos da Misericórdia. Ele escreveu o grandioso Livro da Criação, que é nosso dever ler admirados. Trata-se de um volume com uma capa decorada com joiás reluzentes, e com cores do arco-íris; e em suas páginas possui maravilhas que exatasiam o sábio ao longo de todos os séculos, e das quais obteve renovados temas para suas conjecturas. A natureza é o professor com o qual o homem aprende a ler, e onde aprende acerca de seu Criador. O Criador a decorou com bordados, com ouro e com joias.


C. H. Spurgeon
Encontramos doutrinas sobre a verdade nas incontáveis estrelas, e descobrimos lições escritas sobre a terra verde, e nas flores que brotam em meio ao cipestre. Lemos os livros de Deus quando vemos a tormenta e a tempestade, pois todas as coisas nos transmitem uma mensajem de Deus; e se nossos ouvidos estivessem abertos, poderíamos ouvir a voz de Deus nas ondas dos riachos, e no soar dos trovões, e nos estalido dos raios, no tilitar das estrelas, e no brotar das flores… Deus tem escrito o grandioso Livro da Criação, para nos ensinar a conhecê-lo: quão grande és! E quão poderoso!

Porém, na criação não posso ler a respeito da Salvação. As letras me dizem: “a salvação não está aqui”. Os ventos uivam, todavia, não anunciam Salvação. As ondam quebram na costa, porém, entre os restos dos naufrágios que chegam a praia, não se mostra nenhum vestigio da Salvação. As insondáveis cavernas do ocenano escondem pérolas, porém, não são as pérolas da Salvação. Os céus, cheios de estrelas, possuem meteóros fulgurantes, porém, não falam de Salvação!

Não encontro que a salvação esteja escrita em parte alguma. Apenas Neste Volume de graça de meu Pai, [A Bíblia] descubro Seu amor bendito manifesto a toda a grande família humana, ensinando-lhe que está perdia, todavia, que Ele pode salva-la, e que ao salvá-la, “é Justo, e o que justifica o ímpio”. Então, a Salvação se descobre nas Escrituras, e unicamene nas Escrituras, pois não podemos ler nada acerca da Salvação em qualquer outro lugar!

E, como somente podemos encontrá-la na Escritura, eu sutento que a doutrina peculiar da Revelação é a Salvação. Não creio que a Bíblia tenha sido inspirada para me ensinar acerca de História, antes, para me revelar a Graça. Não foi revelada para me dar um sistema de filosogia, antes, para me entregar um sistema de teologia. Não foi dada para me ensinar sabedoria mundana, antes, sabedoria espiritual.

Por tal razão, eu sustento que toda pregação sobre filosofia e ciência, está completamente fora de lugar. Não pretendo reprimir a liberdade de ninguém quanto a este assunto, pois unicamente Deus é o Juiz da consciência do homem; porém, sou da firme opinião que se professamos ser cristãos; se professamos ser ministros cristãos, e todavia oferecemos conferencias sobre botânica, ou geologia – ao inves de pregar sermões a respeito da salvação, estariamos despedicando o dia do Senhor, estaríamos zombando de nossos ouvintes, e insultando a Deus. Aquele que não predica sempre o Evangelho, não deveria ser considerado um ministro com um chamado verdadeiro.

[Traduzido por Marcelo Lemos, para o projeto "Olhar Reformado"]

Publicado em Pregação & Homilética, TODOS OS ARTIGOS, Vida Cristã

Jesus virá em breve. Sim ou não?

Fazer uma afirmação destas pode causar alguns anticorpos e reacções extemporâneas de repúdio e reprovação. Como defensores da verdade, os cristãos não devem ter frases feitas que não se fundamentem absolutamente na revelação bíblica.

Cresci no meio cristãos com esta expectativa sempre presente, com todos os defeitos e problemas, que causava á socialização e formas de encarar o dia a dia. Todo o esforço estava centrado em evangelizar o maior número de pessoas no mais curto espaço de tempo, até porque o tempo estava a esgotar-se, os “sinais” eram por demais evidentes, a vinda do Senhor Jesus estava próxima e podia dar-se a qualquer momento. Construir um futuro, pensar em planos a médio e longo prazo era considerado inútil e até pouco espiritual, pois era tudo uma questão de meses, dias ou horas para se dar o “arrebatamento secreto”. Toda a construção teológica, antropológica, social e até eclesiástica estava assente nesta construção psicológica que tudo era perene e a qualquer momento se iria deteorar desaparecendo para sempre o nosso modo de vida actual.

A base bíblica para esta ideia é bem conhecida pela citação constante de algumas afirmações da escritura que dizem o que dizem mas nunca o que nos querem fazer crer que dizem. Ap.22.7,12 e 20 “Eis que (certamente) cedo venho” O livro da Revelação deixa esta afirmação enfática e clara, Jesus promete vir no mais breve curto espaço de tempo, referido aqui pela expressão “cedo”. Kenneth L. Gentry Jr. Define esta palavra com o significado de: “Rápidamente”, “depressa”, “imediato” “agora”.

Se Jesus está a deixar este aviso tão sério aos seus primeiros ouvintes, não será o mais correcto aplicar este sentido de cedo, para cada época ou tempo que nos pareça mais apropriado. Antes pelo contrário, devemos perceber em primeiro lugar, a quem estava esta carta sendo dirigida e quem o primeiro público alvo que foi destinada.

Não será muito honesto a apropriação da frase e aplica-la consoante o interesse de cada um ao momento que lhe parece mais sugestivo.

Jesus escreveu primariamente para os cristãos de sete igrejas da Ásia próximo do ano 70, preparando-os para as coisas que brevemente devem acontecer. (Ap.1.1.).

Todo o teor desta carta deve subscrever-se à intenção original do autor, tanto em temporalidade como geográfico.

Afinal a minha afirmação inicial não será assim tão descabida quando a colocamos na análise critica da revelação bíblica, em contraste com alguma tradição recente que nos quer fazer crer numa vinda eminente de Jesus cíclica em todas as décadas desde à século e meio para cá.

Creio que Jesus voltará para a sua igreja, será o momento mais importante da História depois da sua primeira vinda na “plenitude dos tempos”. Mas quando se referiu à sua vinda “breve” não estava a prometer ou a exigir que em todas as épocas os cristãos vivam manietados com uma inquietação de não poder desenvolver uma perspectiva transgeracional da implantação do reino de Deus na terra, porque não há tempo, tudo tem de ser feito com urgência e não vale a pena investir em projectos de longo tempo; porque a sua vinda está para breve.

Este é o meu ponto principal; uma expectativa errada causa motivações erradas e interfere com tudo o que estamos a construir para o futuro. Cristãos que aguardam a eminência da vinda de Jesus a todo o momento não constroem um futuro, não semeiam com esperança e vivem sempre em sobressaltos.

O mundo precisa de nós! Da nossa influência, da nossa esperança, do nosso investimento nas gerações seguintes, de todo o envolvimento para mudar e transformar o que está mal em bem. Só quem crê que há tempo para tal se envolve de corpo e alma na tarefa árdua de contrariar o “status quo” e remar contra a cultura corrente de superficialidade que caracteriza a geração actual.

Um cristão que crê que Jesus ainda demorará algum tempo para vir, está melhor preparado para cumprir tal tarefa fundamental nos dias actuais.

Jesus não vem em breve é uma mensagem fundamental para mudar a mentalidade cristã, tornando-a mais saudável e apta para os desafios contemporâneos.

Bem-haja!

Fonte: http://www.preterismo.org/voltaraembreve.html

Ditadura Gaysista

Desde 1998, quando seu livro O movimento homossexual foi lançado pela Editora Betânia, Julio Severo começou a chamar a atenção. Ele se posiciona como um crítico ferrenho do comportamento gay, que combate com argumentos religiosos, sociológicos e políticos. Diferentemente de outros cristãos, que fazem da própria trajetória a motivação para sua militância, Severo, de 43 anos, garante que nunca teve qualquer envolvimento com a homossexualidade – é casado e pai de três filhos – e se diz um ativista pró-família, chamado para salvar o Brasil de uma “ditadura homossexual”. Segundo o próprio, a atividade tem lhe causado muitas dores de cabeça: “Sou alvo de todo tipo de ataque. Ameaças, xingamentos”.

O blog que mantém, e que é o principal veículo de divulgação de suas ideias, já chegou a ser tirado do ar a partir de denúncias de entidades de defesa dos direitos da comunidade gay, que o acusam de homofóbico. Severo diz que a pressão foi tanta que ele teve que deixar o Brasil no fim de março. Ele não revela o lugar onde está de jeito nenhum. “Seria perigoso para mim e para minha família”, justifica. Lá, afirma que tem frequentado uma igreja “muito humilde” e se mantido graças à ajuda que recebe de colaboradores e instituições que o apoiam.

Severo é daqueles crentes quixotescos, disposto a lutar contra moinhos que talvez só ele consiga enxergar. Nas suas palavras, até mesmo o governo brasileiro teria interesse em pedir sua deportação por conta das críticas que faz a Luiz Inácio Lula da Silva. “O presidente faz defesa intransigente do homossexualismo e do aborto. Quanto ainda falta para considerarmos Lula e seu governo como possessos? Ele está acabando com a moralidade e a honestidade da sociedade”, dispara. O tom histriônico dá ao perfil de Julio Severo um contorno incendiário que ele faz questão de alimentar, e não apenas quando fala da homossexualidade. Ele defende, por exemplo, o direito de os pais crentes educarem seus filhos em casa (prática proibida pela legislação brasileira) como forma de mantê-los a salvo de supostas influências perniciosas da escola. Além disso, diz que o casamento é a solução contra a promiscuidade sexual entre os jovens evangélicos. “Querem sexo? Então, que se casem”, prega Severo, para quem as famílias não deveriam estimular seus filhos a postergar o matrimônio em busca de qualificação educacional e profissional, e sim, fazer justamente o contrário. É provável que poucos crentes concordem com ele, mas Severo avisa: “Quando meu livro foi publicado, muitos o acharam exagerado. Quem leu, hoje me chama de profeta.”

CRISTIANISMO HOJE – Que tipo de ameaças o senhor recebeu por conta de sua militância contra a homossexualidade e que o obrigaram a deixar o país?

JULIO SEVERO – Precisei sair do país depois que procuradores federais, numa atitude abusiva, intimaram um amigo meu a revelar minha localização. A alegação deles é que havia uma queixa de homofobia registrada contra mim em 2006 [N.da Redação: Procedimento Administrativo Cível nº 1.34.001.006020/2006-44, aberto a pedido da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Travestis e Transexuais, a ABGLT ]. Sou alvo de outros tipos de ataques. Ameaças, xingamentos. Em julho de 2007, meu blog foi fechado pelo Google depois de uma longa campanha de denúncias de ativistas homossexuais. Graças à intervenção de advogados evangélicos e de um procurador, o Google liberou meu blog, entendendo que meu direito de livre expressão estava sendo violado. Tempos atrás, interceptei uma mensagem do líder máximo do movimento homossexual brasileiro, Luiz Mott, direcionada a outros dirigentes gays, onde havia o pedido para que se levantasse a meu respeito informações pessoais, como nome completo, endereço, fotos, histórico etc. Regularmente, aparecem páginas na web com conteúdo de pornografia homossexual contendo meu nome, como se eu estivesse ligado a tais obscenidades. Um conhecido site esquerdista chegou a publicar uma entrevista forjada, onde um falso “Julio Severo” se confessa um homossexual promíscuo.

Quando o senhor saiu do Brasil?

Saí no fim de março deste ano.

Onde o senhor está atualmente?

Não posso revelar o lugar por motivo de segurança para mim e minha família.

Qual tem sido sua atividade e o que o senhor está fazendo para se manter?

Minha atividade aqui é exatamente a mesma que desenvolvia no Brasil: alertar, informar e conscientizar a sociedade através do meu blog. Não vou abandonar minhas responsabilidades para com o Brasil. Meu sustento atual está vindo da colaboração voluntária dos leitores e admiradores do meu trabalho.

Com base em qual instrumento legal o senhor tem sido denunciado?

Na base da pura truculência estatal. A Visão Nacional para a Consciência Cristã (Vinacc) teve seu direito de livre expressão totalmente violado numa campanha de defesa da família, pois sob pressão de ativistas gays e do governo federal, uma juíza acolheu uma queixa de homofobia contra a entidade. A Vinacc foi obrigada a remover seus outdoors, com mensagens como “Homossexualismo: E Deus os criou homem e mulher e viu que isso era bom”. Essa simples declaração foi considerada criminosa e homofóbica.

E como está a ação movida pela ABGLT?

Não sei. Pelo tempo que já passou, considero essa ameaça sem efeito. Foi o que fiz também em 2006, quando recebi um e-mail da Associação da Parada do Orgulho Gay de São Paulo, dizendo que estavam entrando com queixa contra mim no Ministério Público Federal [MPF]. Não dei atenção, pois recebo muitas ameaças. Em maio de 2008, Luiz Mott declarou publicamente que entraria com queixas contra mim no MPF e outros órgãos. Depois da nossa saída do Brasil, sei que o MPF do Rio Grande do Sul pediu o arquivamento do caso, o que será decidido pela Procuradoria Federal paulista, de onde a ação é originária.

Por que o senhor começou sua militância nesta área? Já teve algum envolvimento homossexual?

Eu nunca fui homossexual. No começo de 1995, senti claramente Deus me dirigindo a escrever um livro sobre a ameaça do movimento homossexual. Durante algumas semanas, hesitei, pois o tema era um tabu enorme. Não havia paradas gays, nem a obsessão homossexual que vemos hoje na mídia, nas escolas e em outros segmentos. Depois de algum tempo, venci meus temores e aceitei o chamado do Espírito Santo, começando a pesquisar sobre o movimento homossexual. Quando, em meados de 1995, ocorreu no Brasil a primeira conferência internacional da ILGA [International Lesbian and Gay Association] no Hemisfério Sul, entendi a intenção divina de me chamar para o combate, pois depois daquele evento os grupos gays brasileiros ganharam um impulso extraordinário. Foi assim que nasceu meu livro O movimento homossexual.

Muitos de seus detratores o chamam de radical. O senhor se considera um fundamentalista?

Sou apenas um servo de Deus, radicalmente apaixonado por Jesus. Muitas igrejas do Brasil, tanto evangélicas quanto católicas, estão comprometidas com a esquerda, e é natural que queiram tachar de radical quem ouse pensar diferente da ideologia predominante na sociedade e nas igrejas. Quanto às designações, no final vai valer somente o que Deus disser. Por isso, minha meta é agradar a Deus.

Embora desagrade à Igreja, a regulamentação da união civil entre homossexuais ganha força em todo o país, já que os tribunais têm não apenas reconhecido os direitos decorrentes das uniões homoafetivas, como também concedido aos parceiros gays o direito à adoção de filhos na condição de “dois pais” ou “duas mães”. Em um Estado democrático de Direito, o segmento religioso tem legitimidade para interferir na vida em sociedade?

Em um legítimo Estado democrático de Direito, a família natural e seus interesses são respeitados e protegidos acima de todo e qualquer interesse de outros grupos. O que a falsa democracia brasileira quer impor é a descaracterização da família e sua importância, colocando como prioridade um comportamento sexual antinatural que nenhuma função tem para a preservação da espécie humana ou para a estabilidade da família. Do ponto de vista natural, a homossexualidade é uma das maiores aberrações e ameaças à família natural. Ora, a sociedade é dividida em diferentes segmentos ideológicos. Há o segmento que tem ideologias religiosas e o segmento que tem a ideologia homossexual. Se a maioria religiosa não tem o direito de impor sobre a sociedade seus valores, que direito tem então a minoria homossexual de fazê-lo? Do ponto de vista da democracia tradicional, é ditatorial submeter a vontade da maioria à de uma minoria. Só uma democracia deturpada permitiria tal medida.

O aborto é outro tema importante na atual agenda pol´tica brasileira. Setores do governo, do Poder Legislativo e da sociedade defendem a ampliação de sua legalidade, hoje restrita aos casos em que a gravidez ameaça a vida da mãe ou é originada de estupro. O que o senhor pensa a respeito?

Acho o aborto um problema muitíssimo importante, pois envolve o sacrifício de inocentes. A legalização do aborto faz parte de um projeto das trevas para expandir a atividade demoníaca na sociedade, com suas consequentes devastações. As igrejas evangélicas, de forma geral, estão em cima do muro. Igrejas como a Universal, que apoiam o aborto, se descaracterizam completamente como entidades cristãs. Uma cultura que desvaloriza crianças – e temos de reconhecer que a atual cultura é fundamentalmente contraceptiva – fatalmente valoriza o aborto. Ao invés de confrontar essa cultura, tudo o que as igrejas têm conseguido fazer é se adaptar. É uma apostasia que começou na área sexual, afetou o casamento e a família e agora atinge em cheio os púlpitos, tornando as igrejas cristãs e suas mensagens quase que socialmente insignificantes.

Falta conscientização política e social aos pastores brasileiros?

Muitos pastores desconhecem os embates culturais e preferem não se envolver na política, por causa da corrupção presente até mesmo entre políticos evangélicos. A esquerda evangélica hoje detém quase que exclusivamente o monopólio da tal “conscientização política e social”. Daí, quando se fala em ação política ou social evangélica, a primeira imagem que vem à mente do público cristão é a imagem de igrejas e grupos religiosos atuando como se fossem meros braços assistencialistas do Estado socialista. Essa visão deformada é praticamente a única que os evangélicos do Brasil têm de “ação social”. Falta uma visão genuína de Reino de Deus para a atuação dos evangélicos na política brasileira.

O combate ao sexo pré-conjugal é uma de suas bandeiras, assim como da maioria das igrejas evangélicas. Como convencer o jovem cristão a manter a castidade num mundo que enfatiza o prazer e o descompromisso das relações?

O tipo de castidade que as igrejas evangélicas hoje defendem é impossível, pois requer dos jovens abstinência sexual, mas não propõem casamento quando seus impulsos exigem satisfação a todo custo. O adolescente evangélico vai à escola, onde recebe doutrinação estatal para fazer sexo de todas as formas possíveis; vê seus amigos namorando e fazendo sexo; o que ele acaba fazendo? Para piorar, as igrejas e as famílias dizem ao adolescente e ao jovem que reprima suas tentações e não pense em casamento até acabar os estudos. O resultado é que acontece hoje entre os jovens evangélicos exatamente o que está acontecendo entre os jovens não-cristãos: sexo promíscuo. Num tempo de suas vidas em que a prioridade de seus sentimentos está voltada ao sexo, as pressões principais sobre os jovens — vinda dos pais, dos amigos e das igrejas — colocam o casamento em último plano. Falta muita valorização do casamento e família para os jovens.

O senhor não acha mais sensato orientar os jovens a priorizar o preparo intelectual e profissional visando ao seu futuro?

A Bíblia nos instrui: é melhor casar do que abrasar-se. O jovem vive muitas vezes abrasado, pois está cercado de lascívia e prostituição. Por isso, quando o jovem não consegue mais se controlar, é fundamental não pressioná-lo a sacrificar possibilidades de casamento por causa de metas educacionais. De que adianta, do ponto de vista do Reino de Deus, um evangélico ter diploma universitário e um rastro de prostituição ao longo de sua caminhada? Ele terá grandes perdas espirituais e problemas pelo resto da vida, inclusive conjugais, pois sacrificou todos os seus valores em prol da educação. Portanto, se o jovem sente que é hora de casar, em vez de pressioná-lo ao contrário, as famílias evangélicas envolvidas deveriam apoiar e ajudar o moço e a moça a começarem sua vida juntos. Eles precisam se casar.

Não é arriscado apostar num casamento tão prematuro?

O que pude constatar em várias igrejas é que a maioria dos jovens que namoram já está fazendo sexo. Filhos de pastores estão engravidando moças fora do casamento. Filhas de pastores estão tendo bebês sem casar – isso quando não os matam através do aborto. Tudo é sacrificado: bebês, casamento, moral, espiritualidade, comunhão com Deus. Tudo – menos as idolatradas metas educacionais. O caminho certo é encaminhar rapidamente esses jovens ao casamento. Por isso, quando as famílias evangélicas sentem que o rapaz e a moça já estão num namoro, é recomendável ajudar num casamento sem demora. Aliás, o conceito de namoro é uma invenção moderna sem nenhum apoio na Bíblia. Na área sexual e em outras áreas importantes, o que deve haver é compromisso. Não quer casar? Não namore. Quer sexo? Case-se. A cultura do namoro leva menos ao casamento do que ao sexo promíscuo. Só os rapazes e moças que não estão namorando ou não tendo nenhum tipo de relacionamento abrasante é que podem prosseguir com suas metas educacionais. Os outros, para o seu próprio bem-estar físico, moral, espiritual, psicológico e conjugal, precisam se casar o mais cedo possível.

Em seu blog, o senhor fez uma relação de líderes evangélicos que apoiaram ou apoiam o governo Lula, aos quais não poupa críticas. Por quê?

É triste constatar que famosos pastores e outros líderes com forte presença política conhecem os graves problemas do Brasil, mas não assumem uma postura profética de ação e denúncia porque querem aproveitar suas ligações e alianças políticas para avançar em suas ambições pessoais, ministeriais ou denominacionais. A grande tragédia é que, assim como eles usaram Lula, Lula também os usou. Como eles conseguirão denunciar profeticamente a promoção do aborto e do homossexualismo na sociedade brasileira, sabendo que o principal responsável por tal promoção é o “ungido” que eles escolheram para a presidência do Brasil? A maioria dos líderes evangélicos deste país tem grande responsabilidade por tudo o que está acontecendo na sociedade brasileira e um dia darão contas a Deus por terem trocado a fidelidade ao Senhor por ambições e dinheiro. O apoio deles a Lula foi público, de modo que minha exposição do nome deles no meu blog nada mais faz do que tornar público o que já o é. É para que ninguém se esqueça e possa orar por eles – além de perceber que, em questões políticas, os conselhos que dão são inconfiáveis.

O senhor costuma associar o avanço da militância homossexual à ideologia esquerdista e denuncia uma suposta simpatia do governo Lula à causa da homossexualidade. Qual seria a intenção do governo em favorecer os gays?

Quem diz que apoia a agenda gay é o próprio presidente Lula, que declarou recentemente que “setores atrasados” e “hipócritas” têm criticado seu governo por apoiar iniciativas que criminalizam palavras e atos ofensivos à homossexualidade. No início de seu primeiro mandato, em 2003, a equipe diplomática de Lula apresentou na Organização das Nações Unidas e na Organização dos Estados Americanos resolução pioneira, classificando o homossexualismo como direito humano inalienável. No Brasil, há o programa federal Brasil Sem Homofobia, para impor a doutrinação homossexual à sociedade, pois conforme divulgou instituição de pesquisa ligada ao PT [partido do presidente], 99% da população do Brasil não aceita o homossexualismo. E quem é que pode esquecer que Lula declarou que a oposição ao homossexualismo é uma “doença perversa”, convertendo assim a vasta maioria dos brasileiros em “doentes”? Quando um povo não vê a doença moral do seu próprio presidente, o doente é que acabará acusando os sãos de serem doentes! O que faz Lula apoiar tanto o homossexualismo? O mesmo que fazia o rei Acabe do antigo Israel apoiar o homossexualismo inerente ao culto de Baal. Quanto ainda falta para classificarmos Lula e seu governo como possessos? Décadas atrás, quando o Brasil era muito mais católico e conservador do que hoje, Lula seria muito merecidamente enxotado aos pontapés da presidência do Brasil. Hoje, é ele quem está enxotando aos pontapés a moralidade e a honestidade do governo e da sociedade.

Qual o papel da mídia neste processo?

A doutrinação homossexual da mídia é notória e descarada. Homossexuais são falsamente retratados como anjos inocentes e os não-homossexuais como desequilibrados e desajustados. Nas novelas, os parceiros gays são os grandes exemplos de paz e harmonia, enquanto que o casamento normal é apresentado como palco de conflitos, ódio, inveja, traição etc. Quem não se lembra da novela Duas Caras, da Rede Globo, escrita pelo homossexual Aguinaldo Silva, militante de esquerda? Sua obra literalmente pintou os evangélicos como loucos e violentos, enquanto personagens homossexuais promíscuos foram retratados como símbolos de gentileza, educação e comportamento politicamente correto.

O Projeto de Lei 122/2006, que entre outros pontos criminaliza a prática da homofobia no Brasil, tem sido combatido de maneira intensa pelos evangélicos, que identificam no seu conteúdo uma ameaça à liberdade religiosa no país. Contudo, o Artigo 5º da Constituição Federal assegura ampla liberdade de crença e direitos individuais de opinião, inclusive na forma de cláusulas pétreas. Não tem havido muitos exageros nesta questão?

A perseguição aos cristãos alcançou a Alemanha e a Rússia no passado porque os cristãos não souberam reconhecer que, por trás das mentiras e da fachada, o nazismo e o comunismo eram ideologias destrutivas. É sempre assim: o sistema de perseguição entra na sociedade em roupagem elegante, como eram elegantes o nazismo e o comunismo. Depois da lua-de-mel, vem o poço do abismo. O PL 122 é um projeto que mal consegue disfarçar suas más intenções. Quando meu livro foi publicado, muitos o acharam exagerado e disseram que suas previsões nunca ocorreriam. Infelizmente, acabaram ocorrendo. E quem leu hoje me chama de profeta.

Autor: Carlos Fernandes

Fonte: Cristianismo Hoje

Publicado em Apologia & Controvérsias, TODOS OS ARTIGOS

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Aos Pregadores

por

John Wesley e John Trembath



O que tem lhe prejudicado excessivamente nos últimos tempos e, temo que seja o mesmo atualmente, é a carência de leitura. Eu raramente conheci um pregador que lesse tão pouco. E talvez por negligenciar a leitura, você tenha perdido o gosto por ela. Por esta razão, o seu talento na pregação não se desenvolve. Você é apenas o mesmo de há sete anos. É vigoroso, mas não é profundo; há pouca variedade; não há seqüência de argumentos. Só a leitura pode suprir esta deficiência, juntamente com a meditação e a oração diária. Você engana a si mesmo, omitindo isso. Você nunca poderá ser um pregador fecundo nem mesmo um crente completo. Vamos, comece! Estabeleça um horário para exercícios pessoais. Poderá adquirir o gosto que não tem; o que no início é tedioso, será agradável, posteriormente. Quer goste ou não, leia e ore diariamente. É para sua vida; não há outro caminho; caso contrário, você será, sempre, um frívolo, medíocre e superficial pregador."
Fonte: Revista Fé para Hoje, Editora Fiel

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Pr. Altino Firmino da Silva Júnior
(Ruciene Barros da Silva Firmino e Thaís Ellen Barros Firmino)
Rua Epaminondas de Azevedo, 43 Centro - Monteiro - Paraíba.
CEP: 58500-000
Fones: (83) 9990-1060
Igreja (83) 3351-2753
"Amado, acima de tudo, faço votos por tua prosperidade e saúde, assim como é próspera a tua alma" (3 Jo 3)
Pregação Superficial

John MacArthur


John MacArhtur, autor de mais de 150 livros e conferencista internacional, é pastor da Grace Comunity Church, em Sum Valley, Califórnia, desde 1969; é presidente do Master’s College and Seminary e do ministério “Grace to You”; John e sua esposa Patrícia têm quatro filhos e quatorze netos.



Estou comprometido com a pregação expositiva. Tenho a convicção inabalável de que a proclamação da Palavra de Deus sempre deve ser o âmago e o foco do ministério da igreja (2 Timóteo 4.2). E a pregação bíblica correta deve ser sistemática, expositiva, teológica e teocêntrica.



Esse tipo de pregação está em falta nestes dias. Há abundância de comunicadores talentosos no movimento evangélico moderno, porém os sermões de hoje tendem a ser curtos, superficiais e tópicos. Fortalecem o ego das pessoas e centralizam-se em assuntos completamente insípidos como relacionamentos, vida de sucesso, problemas emocionais e outros temas práticos, mas seculares.

Assim como os púlpitos de materiais leves e transparentes dos quais as mensagens são apresentadas, esse tipo de pregação não tem peso nem consistência; é barata e sintética, deixando pouco mais do que uma impressão efêmera na mente dos ouvintes.



Há algum tempo realizei um seminário sobre pregação em nossa igreja. Ao preparar-me para as palestras, peguei um caderno de anotações, uma caneta e comecei a listar os efeitos negativos desse tipo superficial de pregação, tão predominante no evangelicalismo moderno.



Inicialmente, pensei que seria capaz de identificar pelo menos dez efeitos negativos, mas, no final, eu havia alistado sessenta e uma conseqüências devastadoras! Apresento aqui as mais importantes como um aviso contra a pregação superficial — tanto para os pastores, nos púlpitos, quanto para seus ouvintes, nos bancos das igrejas.

USURPA A AUTORIDADE DE DEUS



Quem possui o direito de falar à igreja? O pregador ou Deus? Sempre que a Palavra de Deus é substituída por qualquer outra coisa, a autoridade dEle é usurpada. Que atitude arrogante! Na verdade, substituir a Palavra de Deus pela sabedoria do homem é uma atitude insolente.



DESAFIA O SENHORIO DE CRISTO



Quem é o cabeça da igreja? Cristo é realmente a autoridade dominante no ensino da igreja? Se isso é verdade, por que há tantas igrejas nas quais a Palavra dEle não está sendo proclamada com fidelidade?



Quando observamos o ministério contemporâneo, vemos programas e métodos que são fruto da invenção humana, resultado de pesquisa de opinião pública e avaliação da vizinhança da igreja, além de outros artifícios pragmáticos. Os especialistas em crescimento de igreja têm lutado para assumir o controle das atividades da igreja, tomando-o de seu verdadeiro Cabeça, o Senhor Jesus Cristo.



Quando Jesus Cristo é exaltado no meio de seu povo, seu poder é manifestado na igreja. Quando a igreja é controlada por comprometedores cuja única ambição é conformar-se à cultura, o evangelho é minimizado, o verdadeiro poder é perdido, uma energia artificial precisa ser fabricada, e a superficialidade toma o lugar da verdade.

OBSTRUI A OBRA DO ESPÍRITO SANTO



Ele usa a Palavra de Deus para realizar a sua obra. Ele a usa como instrumento de regeneração (1 Pe 1.23; Tg 1.18) e de santificação (Jo 17.17). Na verdade, a Palavra de Deus é a única ferramenta que o Espírito Santo usa (Ef 6.17). Então, quando os pregadores negligenciam a Palavra de Deus, debilitam a obra do Espírito Santo, produzindo conversões superficiais e crentes aleijados em sua vida espiritual — e, talvez, completamente falsos.

Conseqüentemente, o púlpito perde o seu poder. “A palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes” (Hb 4.12). Qualquer outra coisa é impotente, oferecendo apenas uma ilusão de poder. A habilidade do homem em seduzir as pessoas não deve impressionar-nos mais do que a capacidade da Bíblia em transformar vidas.

DEMONSTRA FALTA DE SUBMISSÃO



Nas abordagens modernas de “ministério”, a Palavra de Deus é deliberadamente subestimada; o opróbrio de Cristo (Hb 11.26), repudiado com sagacidade; a ofensa do evangelho, removida com cuidado; e a “adoração”, moldada com o propósito de se ajustar às preferências dos incrédulos. Isto não é nada mais do que uma recusa em se submeter ao mandamento bíblico para a igreja. A insolência dos pastores que seguem um caminho como esse é assustadora para mim.

SEPARA O PREGADOR DA GRAÇA DE SANTIFICAÇÃO



O maior benefício pessoal que recebo da pregação é a obra que o Espírito de Deus realiza em minha própria alma, quando estudo e me preparo para duas mensagens expositivas a cada Dia do Senhor. Semana após semana, o dever da exposição cuidadosa mantém o próprio coração focalizado e fixo nas Escrituras; e a Palavra de Deus me alimenta, enquanto me preparo para alimentar o rebanho.



Deste modo, eu mesmo sou abençoado e fortalecido espiritualmente por meio deste empreendimento. Ainda que não houvesse qualquer outra razão, eu jamais abandonaria a pregação bíblica. O inimigo de nossa alma persegue os pregadores, e a graça santificadora da Palavra de Deus é essencial à nossa proteção.

OBSCURECE A TRANSCENDÊNCIA DE NOSSA MENSAGEM



Conseqüentemente, a pregação superficial enfraquece tanto a adoração congregacional como a adoração pessoal. O que hoje é recebido como pregação, em algumas igrejas, é tão superficial quanto as mensagens que os pregadores de gerações anteriores ministravam em cinco minutos às crianças. Isto não é exagero. Esse tipo de abordagem torna impossível a verdadeira adoração, porque a adoração é uma experiência transcendente que deveria nos elevar acima do que é mundano e simplista.

A verdadeira adoração é uma resposta do coração à verdade de Deus (Jo 4.23). O nosso povo não pode ter pensamentos sublimes a respeito de Deus, se não os fazemos mergulhar nas profundezas da auto-revelação de Deus. Mas a pregação de hoje não é profunda nem transcendente. Não se aprofunda nem se eleva às alturas. Almeja apenas entreter.

IMPEDE O PREGADOR DE DESENVOLVER A MENTE DE CRISTO

Os pastores devem viver em submissão a Cristo. Muitos pregadores modernos se mostram de tal modo determinados a compreender a cultura, que desenvolvem a mente da cultura, e não a mente de Cristo. Começam a pensar como o mundo, e não como o Salvador.



Sinceramente, as nuanças da cultura mundana são irrelevantes para mim. Quero conhecer a mente de Cristo e usá-la para influenciar a cultura, não importando qual seja a cultura em que ministro. Se tenho de subir ao púlpito e ser representante de Jesus Cristo, quero conhecer o que Ele pensa — e declarar isso ao seu povo.

DEPRECIA A PRIORIDADE DO ESTUDO BÍBLICO PESSOAL

O estudo bíblico pessoal é importante? Claro que sim! Mas, que exemplo o pregador oferece quando negligencia a Bíblia em sua própria pregação? Por que estudariam a Bíblia, se o próprio pregador não a estuda com seriedade, ao preparar seus sermões?



Alguns dos gurus do ministério “Sensível aos Interessados” nos aconselham a retirar do sermão todas as referências explícitas à Bíblia. Eles dizem: “Nunca peça à sua congregação que abra a Bíblia em uma passagem específica, porque esse tipo de coisa deixa os interessados desconfortáveis”.

Algumas igrejas “sensíveis aos interessados” desencorajam veementemente seus membros a trazerem Bíblias à igreja, com receio de que a visão de tantas Bíblias intimide os interessados. Como se fosse perigoso dar ao povo a impressão de que a Bíblia é importante!

SILENCIA A VOZ DE DEUS

Jeremias 8.9 diz: “Os sábios serão envergonhados, aterrorizados e presos; eis que rejeitaram a palavra do SENHOR; que sabedoria é essa que eles têm?”



Quando eu falo, quero ser o mensageiro de Deus. Não estou interessado em interpretar o que algum psicólogo, ou guru de negócios, ou professor universitário tem a dizer sobre qualquer assunto. O meu povo não precisa de minha opinião; precisa ouvir o que Deus tem a dizer. Se pregarmos como a Escritura nos ordena, não será difícil saber de quem é a mensagem que vem do púlpito.

PRODUZ INDIFERENÇA EM RELAÇÃO À GLÓRIA DE DEUS

A pregação “sensível aos interessados” nutre pessoas centralizadas em seu próprio bem-estar. Quando você diz às pessoas que o principal ministério da igreja é consertar para elas o que estiver errado nesta vida — suprir suas necessidades e ajudá-las a enfrentar seus desapontamentos neste mundo — a mensagem que você está enviando é que os problemas desta vida são mais importantes do que a glória de Deus e a majestade de Cristo. Novamente, isto corrompe a verdadeira adoração.

ROUBA ÀS PESSOAS A SUA ÚNICA FONTE DE AJUDA VERDADEIRA

As pessoas que vivem sob um ministério de pregação superficial tornam- se dependentes da habilidade e criatividade do orador. Assim, elas se tornam espiritualmente inativas e vão à igreja apenas para serem entretidas. Não têm interesse pessoal na Bíblia, porque os sermões que ouvem não emergem das Escrituras. São impressionadas pela criatividade do pregador e manipuladas pela música; e isso se torna toda a sua perspectiva de espiritualidade.

ENGANA AS PESSOAS QUANTO AO QUE ELAS REALMENTE PRECISAM

Em Jeremias 8.11, Deus condena os profetas que tratavam de modo superficial as feridas do povo. Este versículo se aplica poderosamente aos pregadores artificiais que ocupam muitos púlpitos evangélicos proeminentes, em nossos dias. Tais pregadores omitem as verdades mais severas sobre o pecado e o julgamento. Abrandam as partes ofensivas da mensagem de Cristo.



Enganam as pessoas sobre aquilo que elas realmente precisam, prometendo- lhes “satisfação” e bem-estar terreno, quando o que necessitam é de arrependimento, fé e uma visão exaltada de Cristo, bem como de um verdadeiro entendimento do esplendor da santidade de Deus.

Portanto, os pastores têm de pregar a Palavra, embora fazê-lo esteja fora de moda em nossos dias (2 Tm 4.2). Essa é a única maneira pela qual o ministério deles pode dar frutos. Além do mais, a pregação da Palavra assegura que os pastores serão frutíferos no ministério, porque a Palavra de Deus jamais volta vazia para Ele; ela sempre faz aquilo que Lhe apraz e prospera naquilo para o que foi designada (Is 55.11).


http://www.gty.org/


Fonte: www.editorafiel.com.br
Enviada pelo Rev. Altino Jr
A Importância dos Presbíteros
Dean Allen
A natureza deste ofício supõe a importância dos presbíteros



O presbiterato implica em liderança. A liderança deste ofício se manifesta: a) por meio de administração ou governo; b) por meio de instrução, ensino e pregação; c) por meio de exemplo. Vemos isto claramente em Hebreus 13.17: “Obedecei [esta é uma norma para a igreja] aos vossos guias e sede submissos para com eles; pois velam por vossa alma, como quem deve prestar contas, para que façam isto com alegria e não gemendo; porque isto não aproveita a vós outros”. Em seguida, considere o versículo 7 deste mesmo capítulo: “Lembrai-vos dos vossos guias, os quais vos pregaram a palavra de Deus; e, considerando atentamente o fim da sua vida, imitai a fé que tiveram”.



Nestes dois versículos, vemos aqueles três elementos da liderança. Primeiro, existem aqueles que governam sobre os crentes (“os vossos guias”); eles têm governado sobre os crentes e velado por estes. Segundo, eles têm pregado a Palavra de Deus para os crentes. Terceiro, considerando atentamente a maneira como eles vivem, os crentes têm de imitar a fé exercida por seus líderes. Portanto, o presbiterato bíblico é um ofício de autoridade que se expressa por meio de governo, instrução e exemplo.



O verdadeiro cristianismo depende de presbíteros bíblicos que agem de conformidade com as Escrituras, pregando todo o conselho de Deus e cuidando do rebanho. Este foi o exemplo de Paulo diante dos presbíteros de Éfeso. Várias vezes, ele disse: “Jamais deixei de vos anunciar todo o desígnio de Deus” (Atos 20.27); ou seja, “não me esquivei de ensinar-vos qualquer coisa proveitosa, fazendo-o publicamente e de casa em casa; eu vos ensinei e preguei o arrependimento para com Deus e a fé no Senhor Jesus Cristo”. O apóstolo Paulo pregou...pregou...pregou!



A função bíblica do presbítero não é somente pregar todo o conselho de Deus, mas também a indispensável supervisão do rebanho. Observe: “Pois velam por vossa alma, como quem deve prestar contas” (Hebreus 13.17); “Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constitui bispos [supervisores], para pastoreardes a igreja de Deus” (Atos 20.28). Eles governam sobre vocês para o próprio bem de vocês. Quando é necessário, eles têm de se colocar no meio do caminho e dizer-lhes: “Parem! O que vocês estão fazendo?”, porque eles velam pela alma de vocês, como aqueles que prestarão contas delas no Dia do Juízo”.



A condição do homem exige o ofício de presbítero



Presbíteros, os líderes bíblicos da igreja, preservando a Palavra da Vida através de um exemplo santo, são extremamente essenciais em nossos dias, assim como sempre foram, por causa da condição dos homens. Em Atos 20.29, o apóstolo Paulo advertiu os crentes de Éfeso a respeito dos lobos que se introduziriam na igreja, não poupando o rebanho. O Espírito Santo havia constituído aqueles homens como presbíteros de um rebanho de ovelhas. O perigo: lobos vorazes sobreviriam ao rebanho para devorar as ovelhas. As ovelhas, por natureza, são errantes e vulneráveis aos lobos. Elas precisam de vigilância e proteção; elas necessitam de uma boa e sábia liderança de presbíteros fortes.



O apóstolo se mostrou urgente em sua última visita aos presbíteros de Éfeso, a fim de incutir em suas consciências o dever que agora estava sobre eles. Estes presbíteros não veriam mais o rosto do apóstolo. Eles não teriam mais consigo o apóstolo, para vir e resolver os problemas deles. Portanto, eles tinham de atentar por si mesmos, primeiramente, e depois por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo os havia constituído presbíteros, por causa dos lobos perigosos que se introduziriam na igreja e não poupariam o rebanho. A existência de presbíteros é imprescindível. Eles têm de velar e alimentar as ovelhas. A condição do homem exige isto.



A ordenança de Cristo requer o ofício de presbítero



Efésios 4 diz que estes oficiais foram estabelecidos por Cristo, para que nós (os santos) não sejamos mais crianças levadas de um lado para o outro por todo vento de doutrina. Cristo sabia que necessitamos de presbíteros. Observe em Atos 20.28: “...o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos”. O presbítero bíblico não é presbítero apenas porque ele escolheu esta função como sua carreira; o presbítero bíblico é alguém colocado por Cristo neste ofício. O Espírito Santo o constituiu um supervisor do rebanho de Cristo. O presbítero tem de cuidar do rebanho e alimentá-lo (literalmente, fornecer pasto). Esta não é uma posição que você designa para si mesmo.



Somos mais sábios do que Deus? Ele, que designou tal ministério, haverá de rejeitá-lo com leviandade, porque decidimos que temos superado a necessidade de tal ministério? O ofício do presbítero que proclama a Palavra da Vida com regularidade, a cada semana, noite e dia, de casa em casa ou publicamente, é extremamente essencial. É uma ordenança de Cristo.



A essência da obra necessita do ofício de presbítero



Em Romanos 10.14, Paulo nos apresenta a razão (o objetivo ou propósito) fundamental por que Cristo estabeleceu os presbíteros – “Como, porém, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem nada ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue?” Observe a pergunta de Paulo, a pergunta do Novo Testamento: como é que Cristo falará à sua alma, para a sua salvação, se não houver um pregador?



Quando Paulo esteve entre os efésios durante aqueles muitos meses, a essência de sua mensagem foi o arrependimento e a fé para a salvação. Em essência, o propósito de todo o trabalho de Paulo foi pregar o arrependimento para com Deus e a fé em Jesus, para a salvação dos pecadores e a edificação do corpo de Cristo.



Em 1 Timóteo 4.16, o apóstolo Paulo disse a Timóteo: “Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Continua nestes deveres; porque, fazendo assim, salvarás tanto a ti mesmo como aos teus ouvintes”. O coração de Paulo vibrava com a salvação daqueles que ouviam a pregação do evangelho. O alvo, o objetivo e a própria essência de nossa obra é a salvação da alma daqueles que se encontram sob o nosso ministério.



Paulo não partiu de Creta sem deixar ali alguém para completar a obra iniciada. O apóstolo disse a Tito: “Por esta causa te deixei em Creta, para que pusesses em ordem as coisas restantes, bem como, em cada cidade constituísses presbíteros” (Tito 1.5). Isto era vital! Os apóstolos sabiam que era melhor não deixar a obra apenas em seu estágio inicial. O objetivo do presbiterato não termina quando pessoas se convertem ou você pensa que elas estão convertidas. É por isso que temos de ir de casa em casa, com lágrimas e labores; é por isso que temos de permanecer de joelhos e temos de perscrutar as consciências. O objetivo do presbiterato é a salvação de pessoas e nada menos do que isto.



A tarefa do presbítero consiste em edificar as muralhas de Sião, em meio a inimigos violentos. Nas Escrituras somos chamados de cooperadores de Deus – “Porque de Deus somos cooperadores; lavoura de Deus, edifício de Deus sois vós” (I Coríntios 3.9). Somos cooperadores de Deus no edificar a igreja. Você lembra de Neemias quando ele trabalhava na reconstrução das muralhas de Jerusalém? As pessoas se mostraram dispostas para fazer a obra. Em uma das mãos, elas tinham uma colher de pedreiro e na outra mão, uma espada. Enquanto edificavam a muralha com os materiais de construção, os judeus tinham necessidade de defender-se contra os inimigos que desejavam destruir a muralha. Houve zombaria, blasfêmias, resistência, táticas e artifícios políticos que visavam arruinar a obra – tudo que os inimigos podiam fazer para destruir aquela muralha, a cidade e a sua proteção. Quando Sambalate desejou que Neemias descesse para conversar com ele sobre a obra, Neemias, respondeu-lhe: “Não posso descer. Tenho de construir uma muralha e não posso desperdiçar meu tempo conversando com você”.



Cristo estabeleceu o ofício de presbítero para a construção das muralhas de Sião em meio aos inimigos. Pessoas que se passam por ovelhas freqüentemente deixam rastros de lobos. O pastor corre o risco de ter todo o seu rebanho devorado, enquanto ele próprio se assenta e dorme, na vã esperança de que seu rebanho está se alimentando sozinho.



Conclusões



É dever da igreja fortalecer, e não enfraquecer, as mãos dos ministros de Deus. Irmãos, vocês não sabem que, às vezes, também somos sensíveis. Uma das coisas que nos qualifica para o presbiterato é que nos preocupamos com as pessoas. Uma das razões por que somos tardios em repreender é que desejamos ser gentis. Queremos ter certeza de que pensamos de maneira completa no assunto, de que procuramos conselho e de que não sobrecarregamos, não ferimos, nem machucamos vocês, que são nossas ovelhas. Somos sensíveis. Quando sentimos que vocês não nos amam, não nos apreciam nem gostam de nós e que prefeririam que deixássemos a igreja, isto nos magoa. Entendam que os presbíteros precisam da ajuda de vocês. O diabo está cochichando, em todo o tempo, no ouvido dos presbíteros, os pecados, os erros, as fraquezas deles mesmos. Suportem e sustentem os presbíteros.



Honrem o ofício dos supervisores designados por Deus. Obedeçam-nos, como aqueles que têm de prestar contas da alma de vocês, para que cumpram seu ministério com alegria e sem tristeza. Ouçam-nos. Orem por eles. Trabalhem para a edificação deles. Preparem os filhos de vocês para este ofício, visto que Deus os auxiliará a fazê-lo. Sustentem esse ofício. E que Deus conceda graça àqueles que, dentre nós, exercem o ofício de presbítero, para que o façamos com fidelidade, por amor à alma de vocês.Ajuda-nos, ó Pai. Ajuda-nos a entender a crucial necessidade dos meios de graça escolhidos por Ti e depositados nos dons que tens dado à igreja, em seus homens que estão no ministério.
Mensagem enviada pelo Rev. Altino Jr. (Igreja Presbiteriana do Brasil em Monteiro).

Fonte: Fé para Hoje

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Reforma Protestante


A Reforma Protestante foi um movimento reformista cristão iniciado no século XVI por Martinho Lutero, que, através da publicação de suas 95 teses,[1] protestou contra diversos pontos da doutrina da Igreja Católica, propondo uma reforma no catolicismo. Os princípios fundamentais da Reforma Protestante são conhecidos como os Cinco solas. [2]

Lutero foi apoiado por vários religiosos e governantes europeus provocando uma revolução religiosa, iniciada na Alemanha, e estendendo-se pela Suíça, França, Países Baixos, Reino Unido, Escandinávia e algumas partes do Leste europeu, principalmente os Países Bálticos e a Hungria. A resposta da Igreja Católica Romana foi o movimento conhecido como Contra-Reforma ou Reforma Católica, iniciada no Concílio de Trento.

O resultado da Reforma Protestante foi a divisão da chamada Igreja do Ocidente entre os católicos romanos e os reformados ou protestantes, originando o Protestantismo.

Índice
1 Pré-Reforma
2 Reforma
2.1 Na Alemanha, Suíça e França
2.2 No Reino Unido
2.3 Nos Países Baixos e na Escandinávia
2.4 Em outras partes da Europa
3 Conseqüências
3.1 Contra-reforma
3.2 Protestantismo
4 Comparação entre o Catolicismo e o Protestantismo no século XVI
5 Referências
6 Ver também
7 Ligações externas


[editar] Pré-Reforma
A Pré-Reforma foi o período anterior à Reforma Protestante no qual se iniciaram as bases ideológicas que posteriormente resultaram na reforma iniciada por Martinho Lutero.

A Pré-Reforma tem suas origens em uma denominação cristã do século XII conhecida como Valdenses, que era formada pelos seguidores de Pedro Valdo, um comerciante de Lyon que se converteu ao Cristianismo por volta de 1174. Ele decidiu encomendar uma tradução da Bíblia para a linguagem popular e começou a pregá-la ao povo sem ser sacerdote. Ao mesmo tempo, renunciou à sua atividade e aos bens, que repartiu entre os pobres. Desde o início, os valdenses afirmavam o direito de cada fiel de ter a Bíblia em sua própria língua, considerando ser a fonte de toda autoridade eclesiástica. Eles reuniam-se em casas de famílias ou mesmo em grutas, clandestinamente, devido à perseguição da Igreja Católica, já que negavam a supremacia de Roma e rejeitavam o culto às imagens, que consideravam como sendo idolatria. [3]


John Wycliffe.No seguimento do colapso de instituições monásticas e da escolástica nos finais da Idade Média na Europa, acentuado pelo Cativeiro Babilônico da igreja no papado de Avignon, o Grande Cisma e o fracasso da conciliação, se viu no século XVI o fermentar de um enorme debate sobre a reforma da religião e dos posteriores valores religiosos fundamentais.

No século XIV, o inglês John Wycliffe, [4] considerado como precursor da Reforma Protestante, levantou diversos questionamentos sobre questões controversas que envolviam o Cristianismo, mais precisamente a Igreja Católica Romana. Entre outras idéias, Wycliffe queria o retorno da Igreja à primitiva pobreza dos tempos dos evangelistas, algo que, na sua visão, era incompatível com o poder político do papa e dos cardeais, e que o poder da Igreja devia ser limitado às questões espirituais, sendo o poder político exercido pelo Estado, representado pelo rei. Contrário à rígida hierarquia eclesiástica, Wycliffe defendia a pobreza dos padres e os organizou em grupos. Estes padres foram conhecidos como "lolardos". Mais tarde, surgiu outra figura importante deste período: Jan Hus. Este pensador tcheco iniciou um movimento religioso baseado nas ideias de John Wycliffe. Seus seguidores ficaram conhecidos como Hussitas. [5]

[editar] Reforma
[editar] Na Alemanha, Suíça e França
No início do século XVI, o monge alemão Martinho Lutero, abraçando as idéias dos pré-reformadores, proferiu três sermões contra as indulgências em 1516 e 1517. A 31 de outubro de 1517 foram pregadas as 95 Teses na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg, com um convite aberto ao debate sobre elas. [6] Esse fato é considerado como o início da Reforma Protestante. [7]


Martinho Lutero, aos 46 anos de idade.Essas teses condenavam a "avareza e o paganismo" na Igreja, e pediam um debate teológico sobre o que as indulgências significavam. As 95 Teses foram logo traduzidas para o alemão e amplamente copiadas e impressas. Após um mês se haviam espalhado por toda a Europa. [8]

Após diversos acontecimentos, em junho de 1518 foi aberto um processo por parte da Igreja Romana contra Lutero, a partir da publicação das suas 95 Teses. Alegava-se, com o exame do processo, que ele incorria em heresia. Depois disso, em agosto de 1518, o processo foi alterado para heresia notória. [9] Finalmente, em junho de 1520 reapareceu a ameaça no escrito "Exsurge Domini" e, em janeiro de 1521, a bula "Decet Romanum Pontificem" excomungou Lutero. Devido a esses acontecimentos, Lutero foi exilado no Castelo de Wartburg, em Eisenach, onde permaneceu por cerca de um ano. Durante esse período de retiro forçado, Lutero trabalhou na sua tradução da Bíblia para o alemão, da qual foi impresso o Novo Testamento, em setembro de 1522. [10]


Extensão da Reforma Protestante na Europa.Enquanto isso, em meio ao clero saxônio, aconteceram renúncias ao voto de castidade, ao mesmo tempo em que outros tantos atacavam os votos monásticos. Entre outras coisas, muitos realizaram a troca das formas de adoração e terminaram com as missas, assim como a eliminação das imagens nas igrejas e a ab-rogação do celibato. Ao mesmo tempo em que Lutero escrevia "a todos os cristãos para que se resguardem da insurreição e rebelião". Seu casamento com a ex-freira cisterciense Catarina von Bora incentivou o casamento de outros padres e freiras que haviam adotado a Reforma. Com estes e outros atos consumou-se o rompimento definitivo com a Igreja Romana. [11] Em janeiro de 1521 foi realizada a Dieta de Worms, que teve um papel importante na Reforma, pois nela Lutero foi convocado para desmentir as suas teses, no entanto ele defendeu-as e pediu a reforma. [12] Autoridades de várias regiões do Sacro Império Romano-Germânico pressionadas pela população e pelos luteranos, expulsavam e mesmo assassinavam sacerdotes católicos das igrejas,[13] substituindo-os por religiosos com formação luterana.[14]

Toda essa rebelião ideológica resultou também em rebeliões armadas, com destaque para a Guerra dos camponeses (1524-1525). Esta guerra foi, de muitas maneiras, uma resposta aos discursos de Lutero e de outros reformadores. Revoltas de camponeses já tinham existido em pequena escala em Flandres (1321-1323), na França (1358), na Inglaterra (1381-1388), durante as guerras hussitas do século XV, e muitas outras até o século XVIII. A revolta foi incitada principalmente pelo seguidor de Lutero, Thomas Münzer, [14] que comandou massas camponesas contra a nobreza imperial, pois propunha uma sociedade sem diferenças entre ricos e pobres e sem propriedade privada,[14] Lutero por sua vez defendia que a existência de "senhores e servos" era vontade divina,[14] motivo pelo qual eles romperam,[15] sendo que Lutero condenou Münzer e essa revolta. [16]


O Muro dos Reformadores. Da esquerda à direita, estátuas de Guilherme Farel, João Calvino, Teodoro de Beza e John Knox.Em 1530 foi apresentada na Dieta imperial convocada pelo Imperador Carlos V, realizada em abril desse ano, a Confissão de Augsburgo, escrita por Felipe Melanchton [17] com o apoio da Liga de Esmalcalda. Os representantes católicos na Dieta resolveram preparar uma refutação ao documento luterano em agosto, a Confutatio Pontificia (Confutação), que foi lida na Dieta. O Imperador exigiu que os luteranos admitissem que sua Confissão havia sido refutada. A reação luterana surgiu na forma da Apologia da Confissão de Augsburgo, que estava pronta para ser apresentada em setembro do mesmo ano, mas foi rejeitada pelo Imperador. A Apologia foi publicada por Felipe Melanchton no fim de maio de 1531, tornando-se confissão de fé oficial quando foi assinada, juntamente com a Confissão de Augsburgo, em Esmalcalda, em 1537. [18]

Ao mesmo tempo em que ocorria uma reforma em um sentido determinado, alguns grupos protestantes realizaram a chamada Reforma Radical. Queriam uma reforma mais profunda. Foram parte importante dessa reforma radical os Anabatistas, cujas principais características eram a defesa da total separação entre igreja e estado e o "novo batismo" [19] (que em grego é anabaptizo). [20]


João Calvino.Enquanto na Alemanha a reforma era liderada por Lutero, Na França e na Suíça a Reforma teve como líderes João Calvino e Ulrico Zuínglio .

João Calvino foi inicialmente um humanista. Nunca foi ordenado sacerdote. Depois do seu afastamento da Igreja católica, este intelectual começou a ser visto como um representante importante do movimento protestante. [21] Vítima das perseguições aos huguenotes na França, fugiu para Genebra em 1533 [22] onde faleceu em 1564. Genebra tornou-se um centro do protestantismo europeu e João Calvino permanece desde então como uma figura central da história da cidade e da Suíça. Calvino publicou as Institutas da Religião Cristã, [23] que são uma importante referência para o sistema de doutrinas adotado pelas Igrejas Reformadas. [24]

Os problemas com os huguenotes somente concluíram quando o Rei Henry IV, um ex-huguenote, emitiu o Édito de Nantes, declarando tolerância religiosa e prometendo um reconhecimento oficial da minoria protestante, mas sob condições muito restritas. O catolicismo se manteve como religião oficial estatal e as fortunas dos protestantes franceses diminuíram gradualmente ao longo do próximo século, culminando na Louis XIV do Édito de Fontainebleau, que revogou o Édito de Nantes e fez do catolicismo única religião legal na França. Em resposta ao Édito de Fontainebleau, Frederick William de Brandemburgo declarou o Édito de Potsdam, dando passagem livre para franceses huguenotes refugiados e status de isenção de impostos a eles durante 10 anos.

Ulrico Zuínglio foi o líder da reforma suíça e fundador das igrejas reformadas suíças. Zuínglio não deixou igrejas organizadas, mas as suas doutrinas influenciaram as confissões calvinistas. A reforma de Zuínglio foi apoiada pelo magistrado e pela população de Zurique, levando a mudanças significativas na vida civil e em assuntos de estado em Zurique. [25]

[editar] No Reino Unido
O curso da Reforma foi diferente na Inglaterra. Desde muito tempo atrás havia uma forte corrente anticlerical, tendo a Inglaterra já visto o movimento Lollardo, que inspirou os Hussitas na Boémia. No entanto, ao redor de 1520 os lollardos já não eram uma força ativa, ou pelo menos um movimento de massas.


Henrique VIII.Embora Henrique VIII tivesse defendido a Igreja Católica com o livro Assertio Septem Sacramentorum (Defesa dos Sete Sacramentos), que contrapunha as 95 Teses de Martinho Lutero, Henrique promoveu a Reforma Inglesa para satisfazer as suas necessidades políticas. Sendo este casado com Catarina de Aragão, que não lhe havia dado filho homem, Henrique solicitou ao Papa Clemente VII a anulação do casamento. [26] Perante a recusa do Papado, Henrique fez-se proclamar, em 1531, protetor da Igreja inglesa. O Ato de Supremacia, votado no Parlamento em novembro de 1534, colocou Henrique e os seus sucessores na liderança da igreja, nascendo assim o Anglicanismo. Os súditos deveriam submeter-se ou então seriam excomungados, perseguidos [27] e executados, tribunais religiosos foram instaurados e católicos foram obrigados à assistir cultos protestantes,[28] muitos importantes opositores foram mortos, tais como Thomas More, o Bispo John Fischer e alguns sacerdotes, frades franciscanos e monges cartuchos. Quando Henrique foi sucedido pelo seu filho Eduardo VI em 1547, os protestantes viram-se em ascensão no governo. Uma reforma mais radical foi imposta diferenciando o anglicanismo ainda mais do catolicismo. [29]

Seguiu-se uma breve reação católica durante o reinado de Maria I (1553-1558). De início moderada na sua política religiosa, Maria procura a reconciliação com Roma, consagrada em 1554, quando o Parlamento votou o regresso à obediência ao Papa. [26] Um consenso começou a surgir durante o reinado de Elizabeth I. Em 1559, Elizabeth I retornou ao anglicanismo com o restabelecimento do Ato de Supremacia e do Livro de Orações de Eduardo VI. Através da Confissão dos Trinta e Nove Artigos (1563), Elizabeth alcançou um compromisso entre o protestantismo e o catolicismo: embora o dogma se aproximasse do calvinismo, só admitindo como sacramentos o Batismo e a Eucaristia, foi mantida a hierarquia episcopal e o fausto das cerimônias religiosas.


John Knox.A Reforma na Inglaterra procurou preservar o máximo da Tradição Católica (episcopado, liturgia e sacramentos). A Igreja da Inglaterra sempre se viu como a ecclesia anglicanae, ou seja, A Igreja cristã na Inglaterra e não como uma derivação da Igreja de Roma ou do movimento reformista do século XVI. A Reforma Anglicana buscou ser a "via média" entre o catolicismo e o protestantismo. [30]

Em 1561 apareceu uma confissão de fé com uma Exortação à Reforma da Igreja modificando seu sistema de liderança, pelo qual nenhuma igreja deveria exercer qualquer autoridade ou governo sobre outras, e ninguém deveria exercer autoridade na Igreja se isso não lhe fosse conferido por meio de eleição. Esse sistema, considerado "separatista" pela Igreja Anglicana, ficou conhecido como Congregacionalismo. [31] Richard Fytz é considerado o primeiro pastor de uma igreja congregacional, entre os anos de 1567 e 1568, na cidade de Londres. Por volta de 1570 ele publicou um manifesto intitulado As Verdadeiras Marcas da Igreja de Cristo. [32] Em 1580 Robert Browne, um clérigo anglicano que se tornou separatista, junto com o leigo Robert Harrison, organizou em Norwich uma congregação cujo sistema era congregacionalista, [33] sendo um claro exemplo de igreja desse sistema.

Na Escócia, John Knox (1505-1572), que tinha estudado com João Calvino em Genebra, levou o Parlamento da Escócia a abraçar a Reforma Protestante em 1560, sendo estabelecido o Presbiterianismo. A primeira Igreja Presbiteriana, a Church of Scotland (ou Kirk), foi fundada como resultado disso. [34]

[editar] Nos Países Baixos e na Escandinávia

Erasmo de Roterdão.A Reforma nos Países Baixos, ao contrário de muitos outros países, não foi iniciado pelos governantes das Dezessete Províncias, mas sim por vários movimentos populares que, por sua vez, foram reforçados com a chegada dos protestantes refugiados de outras partes do continente. Enquanto o movimento Anabatista gozava de popularidade na região nas primeiras décadas da Reforma, o calvinismo, através da Igreja Reformada Holandesa, tornou a fé protestante dominante no país desde a década de 1560 em diante. No início de agosto de 1566, uma multidão de protestantes invadiu a Igreja de Hondschoote na Flandres (atualmente Norte da França) com a finalidade de destruir das imagens católicas,[35][36][37] esse incidente provocou outros semelhantes nas províncias do norte e sul, até Beeldenstorm, em que calvinistas invadiram igrejas e outros edifícios católicos para destruir estátuas e imagens de santos em toda a Holanda, pois de acordo com os calvinistas, estas estátuas representavam culto de ídolos. Duras perseguições aos protestantes pelo governo espanhol de Felipe II contribuíram para um desejo de independência nas províncias, o que levou à Guerra dos Oitenta Anos e eventualmente, a separação da zona protestante (atual Holanda, ao norte) da zona católica (atual Bélgica, ao sul). [34]

Teve grande importância durante a Reforma um teólogo holandês: Erasmo de Roterdã. No auge de sua fama literária, foi inevitavelmente chamado a tomar partido nas discussões sobre a Reforma. Inicialmente, Erasmo se simpatizou com os principais pontos da crítica de Lutero, descrevendo-o como "uma poderosa trombeta da verdade do evangelho" e admitindo que, "É claro que muitas das reformas que Lutero pede são urgentemente necessárias.".[38] Lutero e Erasmo demonstraram admiração mútua, porém Erasmo hesitou em apoiar Lutero devido a seu medo de mudanças na doutrina. Em seu Catecismo (intitulado Explicação do Credo Apostólico, de 1533), Erasmo tomou uma posição contrária a Lutero por aceitar o ensinamento da "Sagrada Tradição" não escrita como válida fonte de inspiração além da Bíblia, por aceitar no cânon bíblico os livros deuterocanônicos e por reconhecer os sete sacramentos. [39] Estas e outras discordâncias, como por exemplo, o tema do Livre arbítrio fizeram com que Lutero e Erasmo se tornassem opositores.


Catedral luterana em Helsinque, Finlândia.Na Dinamarca, a difusão das idéias de Lutero deveu-se a Hans Tausen. Em 1536 [40] na Dieta de Copenhaga, o rei Cristiano III aboliu a autoridade dos bispos católicos, tendo sido confiscados os bens das igrejas e dos mosteiros. O rei atribuiu a Johann Bugenhagen, discípulo de Lutero, a responsabilidade de organizar uma Igreja Luterana nacional. [41] A Reforma na Noruega e na Islândia foi uma conseqüência da dominação da Dinamarca sobre estes territórios; assim, logo em 1537 ela foi introduzida na Noruega e entre 1541 e 1550 [40] na Islândia, tendo assumido neste último território características violentas.

Na Suécia, o movimento reformista foi liderado pelos irmãos Olaus Petri e Laurentius Petri. Teve o apoio do rei Gustavo I Vasa,[42] que rompeu com Roma em 1525, na Dieta de Vasteras. O luteranismo, então, penetrou neste país estabelecendo-se em 1527. [40] Em 1593, a Igreja sueca adotou a Confissão de Augsburgo. Na Finlândia, as igrejas faziam parte da Igreja sueca até o início do século XIX, quando foi formada uma igreja nacional independente, a Igreja Evangélica Luterana da Finlândia.

[editar] Em outras partes da Europa
Na Hungria, a disseminação do protestantismo foi auxiliada pela minoria étnica alemã, que podia traduzir os escritos de Lutero. Enquanto o Luteranismo ganhou uma posição entre a população de língua alemã, o Calvinismo se tornou amplamente popular entre a etnia húngara. [43] Provavelmente, os protestantes chegaram a ser maioria na Hungria até o final do século XVI, mas os esforços da Contra-Reforma no século XVII levaram uma maioria do reino de volta ao catolicismo. [44]

Fortemente perseguida, a Reforma praticamente não penetrou em Portugal e Espanha. Ainda assim, uma missão francesa enviada por João Calvino se estabeleceu em 1557 numa das ilhas da Baía de Guanabara, localizada no Brasil, então colônia de Portugal. Ainda que tenha durado pouco tempo, deixou como herança a Confissão de Fé da Guanabara. [45] Na Espanha, as idéias reformadas influíram em dois monges católicos: Casiodoro de Reina, que fez a primeira tradução da Bíblia para o idioma espanhol, e Cipriano de Valera, que fez sua revisão, [46] originando a conhecida como Biblia Reina-Valera. [47]

[editar] Conseqüências
[editar] Contra-reforma
Ver artigo principal: Contra-Reforma

Massacre de São Bartolomeu.Imediatamente após o início da Reforma Protestante, a Igreja Católica Romana decidiu tomar medidas para frear o avanço da Reforma. Realizou-se, então, o Concílio de Trento (1545-1563), [48] que resultou no início da Contra-Reforma ou Reforma Católica, [49] na qual os Jesuítas tiveram um papel importante. [50] A Inquisição e a censura exercida pela Igreja Católica foram igualmente determinantes para evitar que as idéias reformadoras encontrassem divulgação em Portugal, Espanha ou Itália, países católicos. [51]

O biógrafo de João Calvino, o francês Bernard Cottret, escreveu: "Com o Concílio de Trento (1545-1563)… trata-se da racionalização e reforma da vida do clero. A Reforma Protestante é para ser entendida num sentido mais extenso: ela denomina a exortação ao regresso aos valores cristãos de cada "indivíduo"". Segundo Bernard Cottret, "A reforma cristã, em toda a sua diversidade, aparece centrada na teologia da salvação. A salvação, no Cristianismo, é forçosamente algo de individual, diz mais respeito ao indivíduo do que à comunidade", [52] diferente da pregação católica que defende a salvação na igreja. [53]

O principal acontecimento da contra-reforma foi a Massacre da noite de São Bartolomeu. As matanças, organizadas pela casa real francesa, começaram em 24 de Agosto de 1572 e duraram vários meses, inicialmente em Paris e depois em outras cidades francesas, vitimando entre 70.000 e 100.000 protestantes franceses (chamados huguenotes