Textos básicos:
" Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo." (I Co 11.1)
"Ninguém despreze a tua mocidade; pelo contrário, torna-te padrão dos fiéis, na palavra, no procedimento, no amor, na fé, na pureza." (I Tm 4.12)
No primeiro texto encontramos o Apóstolo Paulo exortando aos crentes de Corinto a que fossem exemplo dele como ele o era de Cristo. Paulo compreendia que normalmente elegemos pessoas como referenciais, como modelo, às quais buscamos imitar em toda a nossa maneira de ser, seja no modo de andar, falar, agir, enfim, em todas as áreas das nossas vidas, até mesmo na nossa forma de ver o mundo e suas ideias; e, a partir desta compreensão ele ensinou aos irmãos coríntios que procurassem o melhor exemplo para seguir. Nos versículos anteriores podemos perceber o contexo em que se deu esta admoestação; aqueles irmãos estavam vacilantes quanto à vida cristã, a qual, agora que já nasceram de novo, deveria em tudo glorificar ao Pai celestial, porém, eles estavam dando importância a conselhos e convites à práticas que em nada agradavam a Deus. Paulo os advertiu a que procurassem em tudo parecer com Cristo, assim como ele mesmo procurava fazer. Trazendo este princípio para o nosso tempo, percebemos que ele se aplica perfeitamente à nossa realidade, mesmo depois de passados tantos anos.
Podemos constatar a situação em que se encontram os jovens e adolescentes desta nossa geração; desnorteados, em busca de um "referencial". A Sociologia aponta o porquê desta tão grande necessidade que o Ser Humano tem de ter alguém em quem se espelhar; explicando que, na verdade, a real necessidade é a de se auto- afirmar como ser social, a partir desta auto-afirmação, inconscientemente ele vai estabelecendo a sua personalidade, a qual será o resultado da sua personalidade, felizmente ou infelizmente (depende de quais foram as suas referências). E é nesta busca, que muitos acabam encontrando falsos padrões para nortearem seus passos. Vemos aí a idolatria por astros da música e do cinema, destaco mais ainda os da música. É claro que temos cantores cujas músicas são sadias, mas hoje em dia isto é coisa rara. A maioria delas fazem apologia ao sexo ilícito, à infidelidade conjugal, ao uso de drogas, à violência, enfim, são as ofertas dos"ídolos" desta nova geração que, sutilmente vão degenerando a personalidade dos seus fãs, alguns indo por este caminho definham até o mais profundo abismo, chegando a não encontrar mais razão para a sua existência. O que quero dizer com estas palavras é que é urgente a necessidade que estes jovens e adolescentes tem de encontrarem outros jovens e adolescentes que sejam exemplos fiéis de Cristo, que venham a influenciá-los positivamente. Jovens e adolescentes cujo modelo é Cristo, assim como Jesus foi modelo para Paulo, o qual, consequentemente tornou-se exemplo para tantos outros.
A igreja de Cristo deve procurar preparo para receber estes jovens e adolescentes que chegam na igreja totalmente desnorteados, com fome de Deus, mas com seus pensamentos tão confusos. Eles precisam encontrar dentro da Igreja um referencial, não apenas no seu Pastor, mas, principalmente naqueles que são da sua mesma faixa etária.
Ainda me lembro com alegria dos meus primeiros anos servindo ao Senhor. Cheguei na igreja, fui muito bem acolhida e pude, para a glória de Deus encontrar jovens e adolescentes comprometidos com Deus; pessoas da minha idade cujo maior desejo era o de agradá-lo. Vivi tempos muito edificantes com eles. Eram jovens que valorizavam o ato de congregar, de estar juntos na casa do Senhor, vivendo a comunhão uns com os outros; jovens que, ao chegar na igreja a primeira coisa que procuravam era orar juntos e buscar a face do Senhor, antes mesmo do ajuntamento para a liturgia do culto. Jovens que tinham o prazer de evangelizar e de, num feriado, retirar-se para vigílias e retiros espirituais, não retiros de "turismo", mas retiros espirituais. Eram jovens que buscavam o revestimento do poder do Espítiro Santo para as suas vidas (ou, "Batismo com o Espírito Santo", os dons, como prefiram chamar), eram jovens que buscavam com zelo os dons espirituais, como nos exortou Paulo (ICo 14.1), jovens que buscavam viver de forma coerente com a fé que professavam. Pois não adianta falarmos em línguas todo o tempo ou termos outros dons, se a nossa vida não fizer jus ao nome de cristãos (que significa "parecidos com Cristo") que levamos conosco por onde passarmos. Não falo desta época como forma de saudosismo, mas como um grito de alerta: Nós cristãos estamos deixando pouco a pouco o primeiro amor, as primeiras obras, a forma de vida cristã que agrada a Deus. Estamos nos esquecendo que o nosso testemunho diante daqueles que nos cercam fala mais alto que as nossas palavras. O verdadeiro avivamento ocorre quando há em nós uma profunda consciência de pecado, arrependimento, Fé e mudança de vida e este deve começar em nós; mas muitas vezes temos colocado a culpa da falta de avivamento nos outros. Se sabemos que este referencial está se perdendo, devemos ser os primeiros a corrermos atrás do prejuízo. Nós mesmos é que estamos perdendo com este abandono do primeiro amor, não é Deus; pois Ele continua sendo o mesmo Deus, mesmo que não o busquemos. Mas uma coisa é certa: Ele tem muito mais a nos dar, falo em termos espirituais, o banquete está preparado, e nós estamos ao lado da mesa, com as mãos para trás e com a boca e o coração fechados, sem buscá-lo, e é por isso que temos tido tão pouco a oferecer aos outros e até a nós mesmos.
Falando a Timóteo (I Tm 4.12), Paulo encoraja-0 a ser um jovem-exemplo, um jovem no qual outros possam encontrar o exemplo de Cristo, um jovem que seja modelo dos outros fiéis.
Faço agora algumas perguntas que primeiro vem para mim e só depois para os outros:
Quando um novo convertido começa a conviver com a igreja, que impressão ele tem ao olhar para o meu viver? Que referencial eu tenho sido para os mais novos na fé? De que maneira eu tenho marcado a sua vida? Tenho percebido que determinada atitude que tomei foi indigna de um servo de Cristo que deve ser exemplo dos fiéis? Tenho olhado para os jovens e adolescentes lá no meu trabalho ou na minha escola da mesma maneira que Jesus olhou para a multidão e se compadeceu delas (Mt 9.36)?
Pense nisso!
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