Por Maurício Zágari
Já
fui vítima de alguns desgraçados erros médicos, que me fizeram pensar
muito sobre desgraçados erros bíblicos. Vou contar apenas duas histórias
para depois chegar ao ponto. Anos atrás comecei a sentir uma dor forte
na sola do pé, que mal me permitia andar. Fui a um centro de
reumatologia e ortopedia, daqueles de plano de saúde, onde você tem de
ser atendido em dez minutos para que se possa atender muita gente e os
donos da empresa faturarem muito. Peguei minha senha, sentei na filinha e
esperei minha vez. Depois de muito tempo, me chamaram e entrei no
consultório. A médica, sem sair de trás da mesa, perguntou o que eu
estava sentindo e descrevi o problema. Sem nem ao menos me examinar ou
mandar eu tirar o sapato, ela decretou de sua cadeira: "É fascite
plantar, você precisa pôr o pé em água gelada e fazer fisioterapia". Ela
é a médica, eu sou um leigo, logo obedeci caninamente o que ela disse:
passei a pôr o pé todo dia em água gelada e a fazer a fisioterapia. Mas a
dor não cedia. Pelo contrário: piorava. E piorava. E piorava. Chegou a
um ponto em que, não aguentando mais, paguei uma consulta cara com um
médico maravilhoso. Ele gastou tempo comigo. Mandou tirar o sapato e a
meia, mexeu, apertou, fez diversas perguntas e diagnosticou: eu não
tinha fascite plantar coisa alguma, tinha um músculo contraturado. O
tratamento: pôr o pé em água quente, a água gelada fazia o músculo se
contrair mais e a dor piorar. Com um dia pondo o pé no calor a dor
desapareceu.
Ou
seja: uma médica inconsequente, despreparada, que não fez o seu dever
de casa, não só não resolveu meu problema como ajudou a piorá-lo. E ela
tinha todo o aspecto de uma pessoa muito bem capacitada, vestia jaleco e
roupa branca, ocupava um consultório numa clínica aparentemente muito
bem estruturada. Tinha toda a aparência de deter o conhecimento
que me auxiliaria, que me mostraria o caminho. Mas piorou a minha vida.
Piorou a minha saúde. Cometeu um erro médico sério, que poderia ter
causado lesões piores.
O
segundo erro que relato foi ainda pior. Pois foi o erro de 4 médicos,
todos com aparência de ter todo o conhecimento, alguns famosos, com nome
na praça. Uma baixa de imunidade causada por estresse me fez ter
candidíase na virilha. Trata-se de um fungo que todos nós temos mas que,
quando as defesas do corpo baixam, isso permite que o fungo ataque seu
organismo. Com muita coceira e inchaço, procurei um médico. Ele olhou e
me receitou uma pomada que "me deixaria bom em 5 dias". Apliquei pelo
tempo prescrito mas o local continuava inchado. Erro médico número 1.
Como
eu viajaria para passar uma semana numa conferência teológica numa
cidade pequena e sem muita estrutura, resolvi procurar uma
dermatologista, para não ter surpresas desagradáveis durante a viagem.
Ela olhou e disse que realmente a doença ainda não havia cedido
completamente. "O outro médico não te receitou nenhum antifúngico
oral?", perguntou em tom condenatório. Eu disse que não. Ela então me
receitou um comprimido em dose única e mais um antifúngico de aplicação
local, que chamarei de X, para aplicar por 14 dias. Foi o que fiz. Erro
médico número 2.
Toda
vez que aplicava o remédio X sentia o local arder. O 14o dia coincidiu
com meu primeiro dia na Conferência, uma 2a feira. No dia seguinte,
quando bati os olhos no local da doença fiquei apavorado: estava cheio
de bolhas, inchaço, feridas em carne viva e sangrando. Tremi. Descobri
junto ao plano de saúde o único hospital da cidade onde havia
atendimento de emergência. Corri para lá e fui socorrido por um clínico
geral. Contei a história toda. Ele examinou o local e disse que poderia
ser herpes. Falou com uma tranquilidade assombrosa que eu poderia ter
HIV. Mandou passar somente uma pomada no local "até melhorar", pomada
que na verdade é um coquetel de antibióticos e antifúngicos. Erro médico
número 3.
Voltei
na 6a feira ao Rio e já sábado de manhã procurei um especialista, pois
em 5 dias não havia aparência de melhora. Novamente contei a história
toda. Ele olhou o local e disse que achava que era herpes. Mandou tomar aciclovir e continuar passando a mesma pomada. Erro médico número 4.
Quando
chegou na 5a feira seguinte, sem nenhum sinal de melhora, já cansado
emocionalmente e cheio de dores, decidi procurar mais um médico. E
graças a Deus que o fiz. Contei a via-crúcis inteira, ele examinou o
local e disse: "A médica te passou o remédio X? Ela está louca? Ele é
usado para micose de unhas! Isso parece ser uma queimadura causada pelo
remédio". Eu perguntei sobre a herpes. "Nenhum desses médicos a que você
foi pediu um exame de sangue? Não temos que especular, existe um exame
para isso, vamos fazer". Depois me pediu para ver a pomada que estava
passando. "Essa pomada é uma mistureba que não resolve nada, por isso o
local está infeccionado, você tem que passar a pomada Y", e me deu a
receita. Saí do consultório, fiz o exame de sangue e passei a usar a
pomada Y.
Resultado:
no dia seguinte a dor sumiu e as feridas começaram a cicatrizar. O
exame de herpes? Deu negativo. Não, eu não tinha herpes. Nem HIV. Tinha
feridas provocadas primeiro porque um médico não soube me tratar, o que
me levou a uma médica que me passou um remédio errado e piorou o meu
problema gerando queimaduras químicas na pele, que um terceiro médico
não soube diagnosticar e me receitou uma pomada que não resolveu nada e
por um quarto médico que, tendo recursos para fechar um diagnóstico, só
especulou, me apavorou e não ajudou em nada. Desgraçados erros médicos.
Quando finalmente encontrei alguém que sabia o que fazer, fiquei bom.
Essas
duas histórias mostram o estrago que aparentes especialistas que na
verdade são completamente mal-preparados são capazes de fazer com uma
pessoa.
O mesmo acontece em nossa vida espiritual.
Muitas
vezes, tomamos como referências pastores, pregadores, teólogos e até
mesmo blogueiros que têm toda a aparência de conhecer Deus, a Bíblia, a
Verdade, a sã doutrina. Nos apaixonamos por eles. Os seguimos cegamente.
Cada receita que eles nos passam nós cumprimos. Afinal, somos leigos e
eles, os detentores do conhecimento, os ungidos, os que sabem apontar o
caminho. Falam bonito. Citam poetas. Escrevem coisas lindas em seus
blogs e twitters. Gravam vídeos atraentes e bem produzidos no Youtube.
São charmosos. Muitos não usam "aquela ultrapassada toga sacerdotal" nem
terno e gravata, são in, falam a linguagem de nossos dias. Uns
até falam palavrão. Outros citam Vinícius de Morais, Cecília Meirelles e
Clarice Lispector.
Há
também o que nos conquistam porque falam como machos. Gritam. Poem o
dedo na cara dos pecadores. E daí se seus programas de TV só servem para
vender produtos de suas empresas e se defender das acusações dos
blogueiros pensantes? São nossos
porta-vozes. Dizem aos gays o que gostaríamos de dizer. Esbravejam.
Batem na mesa. Chamam outros cristãos de "trouxas", "bundões" e
adjetivos similares que demonstram como estão cheios de "poder de Deus"
ou da "graça de Deus". Os amamos.
Mas
o que não percebemos é que muitos deles cometem desgraçados erros
bíblicos. E, assim como os erros médicos que fizeram comigo e que tinham
a aparência de solução mas só me prejudicaram, esses formadores de
opinião arrastam multidões para longe de Deus. Pregam doutrinas de
demônios. Receitam práticas, crenças e conceitos "bíblicos" que vão
causar bolhas e feridas sanguinolentas em sua alma, meu irmão, minha
irmã, e vão deixar sua alma em carne viva. Por isso, é essencial
sabermos identificar esses homens.
Se
algum pregador que você admira diz que é possível ser salvo por
caminhos que não Jesus de Nazaré, ele está te prescrevendo veneno.
Se
algum pregador que você admira diz que Deus abriu mão de sua soberania e
não age nas tragédias do mundo, ele está te prescrevendo veneno.
Se
algum pregador que você admira diz que Deus não controla as forças da
natureza e que essa ideia é só influência de ensinos gregos, ele está te
prescrevendo veneno.
Se
algum pregador que você admira diz que se você der 900 reais ao
ministério dele receberá unção financeira, ele está te prescrevendo
veneno.
Se
algum pregador que você admira traz representantes da Teologia da
Prosperidade do exterior para dizer a você em seu programa de TV que
você deve dar-lhe dinheiro como forma de semeadura, ele está te
prescrevendo veneno.
Se
algum pregador que você admira usa palavras torpes - como falar
palavrão em púlpito, ofender outros pastores chamando-os de "bundões" ou
afirmar que quem oferta para a obra de Deus por amor e não querendo
receber dinheiro de volta é "trouxa" - ele está te prescrevendo veneno.
Se
algum pregador que você admira fala sobre graça mas é agressivo ao
mencionar outros pregadores, ele está te prescrevendo veneno.
Se
algum pregador que você admira manda você "tomar posse da bênção" ou
"decretar/declarar a vitória", ele está te prescrevendo veneno.
Se
algum pregador que você admira realiza exorcismos na TV em que o
suposto demônio diz que líderes de outras igrejas são guiados por
Satanás, ele está te prescrevendo veneno.
Se algum pregador que você admira diz que é a favor do aborto, ele está te prescrevendo veneno.
Se
algum pregador que você admira pede dinheiro e com isso compra fazendas
ou jatinhos particulares com os recursos sagrados que os fieis dão à
igreja, ele está te prescrevendo veneno.
Se algum pregador que você admira diz que é possível viver a fé cristã fora de uma comunidade, ele está te prescrevendo veneno.
Se
algum pregador que você admira diz que não tem problema algum ir a
shows de artistas do naipe de Ozzy Osbourne, ele está te prescrevendo
veneno.
Se
algum pregador que você admira diz que irmãos na fé são malditos porque
creem em doutrinas em que ele não crê, ele está te prescrevendo veneno.
Se
algum pregador que você admira diz que a Bíblia é apenas um conjunto de
mitos que revelam uma verdade maior, ele está te prescrevendo veneno.
Se algum pregador que você admira ama mais o dinheiro do que pessoas, ele está te prescrevendo veneno.
Se algum pregador que você admira é visivelmente vaidoso ou arrogante, ele está te prescrevendo veneno.
Se algum pregador que você admira participa de campanha política, ele está te prescrevendo veneno.
Se
algum pregador que você admira trai seu chamado sacerdotal e se
candidata a um cargo político, ele está te prescrevendo veneno.
E se algum pregador que você admira não admite ser criticado...ele é o veneno.
Desgraçados
erros bíblicos. Desgraçados não por ofensa, meu irmão, minha irmã, mas
simplesmente porque estão totalmente fora da graça de Deus. E fora da
graça de Deus não há salvação.
Deus tenha misericórdia de sua Igreja.
Paz a todos vocês que estão em Cristo.
Fonte: Apenas
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