Por Alex Belmonte
Um dia desses fui procurado por um jovem
obreiro que me abordou com o seguinte argumento: professor aprendi em
minha antiga igreja que a teologia destrói a nossa fé. Hoje, estou em
outra denominação e tenho desejo de estudar teologia, mas tenho medo! O
jovem então definiu me perguntando: é verdade que a teologia destrói
mesmo a fé das pessoas?
Subitamente
lhe respondi: Sim meu irmão, a teologia destrói a fé das pessoas! E
prossegui: a teologia destrói sua fé medíocre e flácida e lhe dá uma fé
verdadeira e ampla. A teologia destrói a sua fé sem base e sem vida e
lhe dá uma fé avivada e contagiante. A teologia destrói a sua fé
duvidosa, limitada, frágil, anêmica e temerosa e lhe proporciona uma fé
superior e fortalecida.
Infelizmente algumas pessoas herdaram um conceito de teologia tão desequilibrado que chega a se tornar até mesmo antibíblico.
É importante saber que a causa da
existência de principais vitalidades na esfera cristã, se deu justamente
por causa de teólogos com fervor espiritual e de uma teologia
comprometida com a Verdade.
Quero aqui apresentar os três gigantes momentos da questão em destaque:
A Reforma Protestante, A Bíblia para todo o povo e a Expansão do Evangelho de Cristo.
Se hoje existe a Igreja Evangélica, os
Movimentos Evangélicos, Os Grupos Musicais na Igreja, As Agências
Missionárias, Os pastores, Ministros e tudo que envolve o
protestantismo, a causa e efeito maior foi justamente a ação de
teólogos, que movidos pelo poder de Deus e conhecimento profundo nas
Escrituras Sagradas, denunciaram na época a decadência da Igreja Romana,
e buscaram a restauração da Igreja de Cristo, que estava num caminho de
podridão, desvio doutrinário e decadência espiritual por parte da visão
deturpada de seus “líderes”. Os nomes que fizeram parte dessa grande
“reação” foram de Martinho Lutero (1483-1546), John Calvino (1509-1564),
Úlrico Zwínglio (1484-1531), John Knox e muitos outros que
incrivelmente eram Teólogos com a mais acadêmica formação em teologia.
Lutero era Doutor em Teologia e
professor de uma grande universidade, Calvino foi um teólogo tão
expressivo que se tornou responsável pela sistematização doutrinária e
pela expansão do protestantismo reformado. Zwínglio foi considerado o
“pai do protestantismo reformado”. John Knox por sua vez se tonou o
teólogo da Escócia. Estudou teologia e foi ordenado sacerdote,
possivelmente em 1536.
Todo esse mover de Deus por meio dos Teólogos e da teologia ficou conhecido como Reforma Protestante.
As igrejas evangélicas (históricas, pentecostais, neopentecostais,
comunidades cristã, etc.) são todas dessa mesma raiz, salvo é claro os
pequenos movimentos desde a Idade Média, que bem antes rejeitavam as
práticas romanas.
Como pode então a teologia destruir a fé das pessoas?
Outra grande verdade que exponho aqui é a
questão das Traduções da Bíblia. Elas chegaram a nossas mãos! A Igreja
Romana havia proibido a leitura da Bíblia aos leigos, ao povo. Por
centenas de anos a Bíblia era uma exclusividade dos bispos, padres e
autoridades do clero. Nem mesmo a Escritura nas diversas línguas era
possível, pelo contrário, um ato desse seria uma grande “blasfêmia”,
“heresia” de acordo com a Igreja Romana.
Mais uma vez homens dotados de teologia e
de profundo conhecimento bíblico se colocam á disposição de Deus para
serem instrumentos de bênçãos para o mundo. Deus começa então um novo
mover, as várias traduções da Bíblia se tornam um marco na história da
Igreja Evangélica.
Os reformadores defendiam as Escrituras
Sagradas como única regra de fé e prática para todos os cristãos. Bem
antes da Reforma Deus já havia iniciado essa grande obra, movendo o
coração de um homem chamado John Wycliffe (1328-1384).
Esse era professor da Universidade de Oxford e Teólogo de expressiva
erudição, considerado um dos precursores da Reforma Protestante.
Wycliffe trabalhou na primeira tradução da Bíblia para o idioma inglês,
que ficou conhecida como a Bíblia de Wycliffe. A tradução de Wycliffe
foi perseguida, ironizada, ridicularizada pelo romanismo, mas Deus
levantou adiante outro teólogo chamado Willian Tyndale. A obra na pára.
Lutero mesmo traduziu as Escrituras para
o alemão. A sua tradução foi tão importante para o povo do seu país que
estudiosos têm considerado Lutero como o pai da língua alemã. Um primo
de Calvino traduziu a Bíblia para o Francês. A famosa versão King James,
considerada a mais “perfeita” tradução foi produzida na Inglaterra, o
sínodo de Dort, na Holanda, promoveu a tradução para o holandês. Meio
século mais tarde, mas ainda como fruto da Reforma, João Ferreira de
Almeida traduziu a Bíblia para a língua Portuguesa. Desde então,
centenas de línguas têm recebido o texto Sagrado.
Tudo isso está interligado á expansão do Evangelho de Cristo
em todo o mundo. Por meio de uma igreja saudável e doutrinariamente
ortodoxa, cheia de vida, restaurada, o poder de Deus e da chama do
Evangelho pelas nações do planeta têm sido vistos a cada dia.
Isso foi o poder de uma Teologia
verdadeiramente fiel e bíblica. Ela jamais destruirá a fé das pessoas,
mas as conduzirá como sempre fez, ao compromisso e conhecimento do Deus
Verdadeiro. A única teologia que destrói a fé das pessoas é aquele que
fere a Verdade, é a teologia interesseira, sem vida e sem os propósitos
da Palavra.
No demais, lembremos das palavras de
Calvino: “Os erros jamais podem ser arrancados do coração humano,
enquanto não for nele implantado o verdadeiro conhecimento de Deus.”
[João Calvino, As Institutas – edição Clássica, Vol I, pag. 74, Ed Cep].
Fonte: Napec
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