segunda-feira, 11 de junho de 2012

O Jesus Frankenstein dos crentes imaturos

O Jesus Frankenstein dos crentes imaturos 
 Por Maurício Zágari
 
E ele designou alguns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres, com o fim de preparar os santos para a obra do ministério, para que o corpo de Cristo seja edificado, até que todos alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, e cheguemos à maturidade, atingindo a medida da plenitude de Cristo. O propósito é que não sejamos mais como crianças, levados de um lado para outro pelas ondas, nem jogados para cá e para lá por todo vento de doutrina e pela astúcia e esperteza de homens que induzem ao erro. Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo“. (Efésios 4.11-15 -versão NVI)
Confesso que tenho um apreço muito especial por essa passagem. Pois ela toca num ponto fundamental da vida cristã: maturidade espiritual. Algo que, para nossa tristeza, tem faltado em gigantesca escala na Igreja dos nossos dias. As igrejas institucionais, as comunidades que detestam ser chamadas de igrejas, os grupos domésticos e qualquer outra expressão de comunhão cristã no Brasil de nossos dias têm estado lotadas de pessoas que professam a fé em Cristo, comparecem aos cultos, andam com amigos cristãos…mas demonstram em seu falar e em seu proceder uma imaturidade espiritual espantosa.
Frequente por um dia as redes sociais e você ficará pasmo. A quantidade de irrelevância ou equívocos bíblicos que circula entre os cristãos é enorme. Ligue a TV: os programas ditos “evangélicos” são assustadores. Pior: aqueles que sentam-se para assistir engolem qualquer coisa que lhes é passada pelos telepastores – de livros e DVDs a heresias. Converse numa pizza após o culto com irmãos e verá que o conhecimento teológico ou da realidade da grande maioria é raso: em geral estão por dentro dos escândalos que veem na TV e olhe lá. Mas comece a falar sobre Bíblia e logo o assunto será conduzido para o campeonato de futebol. A verdade, meu irmão, minha irmã, é que uma enorme parcela da Igreja brasileira hoje está igualzinha a um barco numa tempestade, com seus passageiros sendo “levados de um lado para outro pelas ondas”.
O hábito de estudar a Bíblia a sério minguou. Lê-se a Bíblia, mas um versículo aqui, outro ali. A teologia dos cristãos é formada de tal modo imaturo que faz de Jesus um grande monstro de Frankenstein: um braço formado por uma pregação que se viu no Youtube, uma perna por tuítes de um pastor-celebridade, o pescoço por um louvor antropocêntrico da moda, o tronco por um texto que se leu num blog escrito sabe-se lá por quem, outro braço formado por ensinamentos apócrifos desses DVDs que pregam vitória, um quadril de conversas achistas em corredores de igrejas… enfim, na época da comida a quilo, cada pessoa forma em sua mente um Jesus conforme melhor lhe apraz: um pouquinho de cada coisa, que no final gera uma enorme mistureba sem identidade.
Afinal, dá menos trabalho isso do que cursar quatro anos de um seminário, ler livros de teologia sérios, densos e muitas vezes parrudos, participar de uma família de fé onde você será discipulado e acompanhado por um pastor que vai te chamar para conversar (por zelo a tua alma) se você estiver vivendo de modo antibíblico (e ninguém quer que se metam na sua vida, não é?). E isso gera o quê? Bebês espirituais.
Pois crescer não é fácil. E, por se manter na infância espiritual por anos e anos, às vezes décadas, legiões de cristãos estão caindo em qualquer conto do vigário gospel. Acreditam em Teologia da Prosperidade, Confissão Positiva, declaram, decretam, tomam posse, caem como bebês cambaleantes que ainda não sabem andar direito na conversa de qualquer espertalhão que lhes ofereça uma mandinga neopentecostal ou uma heresia poética travestida de intelectualidade. Os crentes em Cristo estão sendo “jogados para cá e para lá por todo vento de doutrina e pela astúcia e esperteza de homens que induzem ao erro” e se lambuzam com isso.
Fico pasmo ao ver certos pastores-celebridades que pregam a heresia de que Deus não controla as forças da natureza nem as tragédias da humanidade e que chamam seus irmãos calvinistas de “malditos”… e que têm quase 30 mil seguidores no twitter! Meu Deus, quase 30 mil almas consumindo todo aquele besteirol poético encharcado de ensinamentos antibíblicos e sendo induzidas ao erro. Também há os que doam seu suado dinheirinho em troca de “unções de x  reais” e outras propostas diabólicas feitas por mais pastores-celebridades…e acham que aquilo é sério! Mas, se formos pensar bem, como não achariam? São imaturos espiritualmente. Não sabem que o simples fato de um pastor ser americano e ter uma Bíblia sobre prosperidade financeira publicada não faz dele um homem de Deus.
Pastores abolindo o dízimo, blogueiros anatemizando termos corretos como “evangélico” e “religião”, teólogos do inferno atraindo cristãos sem base bíblica com suas heresias…o negócio é sério. Amadurecimento espiritual começa quando você descobre que aqueles pastores cuja pregação achava o máximo são na verdade hereges. Pois mostra que seu conhecimento bíblico e sua intimidade com Deus te elevaram a um patamar em que é capaz de discernir “homens que induzem ao erro”.
Quando digo que o negócio é sério não estou brincando. Como crianças, multidões de cristãos estão sendo levados de um lado para outro pelas ondas, jogados para cá e para lá por todo vento de doutrina e pela astúcia e esperteza de homens que induzem ao erro. Do jeitinho que o apóstolo Paulo falou. E qual é a consequência disso? Como diz o texto aos Efésios, os que assim fazem não alcançam a unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, não seguem a verdade em amor e muito menos crescem em tudo naquele que é a cabeça, Cristo. Em outras palavras, o imaturo espiritual torna-se um zumbi que corre atrás do primeiro que aparece com uma fórmula mágica ou uma teologia linda que fale de amor.
O resultado é uma igreja amorfa. Que segue não Jesus de Nazaré, o Deus encarnado revelado pelas Escrituras, mas um ídolo com cara de monstro de Frankenstein a quem chamam “jesus”. Mas que não tem as características do Jesus da Bíblia. E isso é sério. Pois se a salvação vem pela fé no Jesus da Bíblia e multidões estão seguindo um falso jesus… muitos não serão salvos e ao final terão de enfrentar a morte espiritual. E dirão: “Senhor, Senhor, em teu nome expulsamos demônios e…”.
Como se pode ver, maturidade espiritual é uma questão de vida ou morte – eterna. Assim como crianças imaturas trepam em janelas correndo o risco de despencar do décimo andar, cristãos imaturos seguem um cristo que não é o Cristo. E com isso, o grande risco da imaturidade espiritual é a morte espiritual. Não se deixe matar por imaturidade, meu irmão, minha irmã. É o destino eterno da tua alma que está em jogo. Fuja dos famosos. Busque o aprendizado. Corra das celebridades. Procure os anônimos e simples. Escape da fé de pé de ouvido. Mergulhe no estudo das Escrituras. Em outras palavras: já é hora de deixar para trás o leite e começar a comer um bom filé com salada. A digestão no início pode ser difícil, mas quando se acostuma o fruto é um entendimento e uma clareza numa antes obtidos e a vida eterna.
Paz a todos vocês que estão em Cristo.
Fonte: Gospelmais

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